"SELFIE-LIXO"
é uma campanha no Facebook que visa denunciar o estado precário em que se
encontra o saneamento básico em Luanda. Cerca de 1.500 toneladas de resíduos
sólidos ficam por recolher todos os meses na cidade.
A
capital angolana Luanda, está cada vez mais suja. Cerca de 1.500 toneladas de
resíduos sólidos ficam por recolher todos os meses na cidade. O lixo espalhado
pelas ruas não está a ser recolhido tornando a cidade numa lixeira gigante sob
o risco de propagação de doenças respiratórias e contaminação da água.
Por
este motivo um grupo de cidadãos decidiu criar uma campanha no Facebook,
pedindo aos residentes de Luanda que tirem uma fotografia com o lixo das ruas
como pano de fundo – a conhecida "selfie".
O
estudante de economia Magno Domingos, um dos organizadores da iniciativa, diz
que “criaram esta campanha de forma a chamar a atenção do Governo para ver que
a situação é grave e que já não dá para esconder. Há estradas que estão
encerradas por causa do lixo e onde já não se pode transitar. Alguém tirou uma
foto do lixo, para mostrar a lixeira. Eu fiz uma "selfie" a que lhe
chamei “meu querido lixo” e aí as pessoas juntaram-se à ideia.”
A
plataforma escolhida pelos organizadores foi o Facebook mas há vontade de
expandir para outras redes sociais, “fizemos as primeiras imagens, e as pessoas
foram seguindo a ideia. Vão ao lixo fazem uma foto e publicam-na nas suas
páginas pessoais. Em seguida, vão às paginas que criamos onde republicam as
"selfies". Nesta altura só no Facebook, pretendemos conectar com o
Twitter."
Entretanto
alguns utlizadores já publicaram as selfies no Twitter.
Situação
pode agravar-se com a época das chuvas
A
situação tem de ser resolvida sobretudo antes que venha a época da chuva.
Receia-se o surgimento de várias epidemias, alerta o estudante ao explicar que
“em Angola quase não chove entre maio e outubro. Ainda há tempo para a limpeza.
Se isso não se fizer o que vai acontecer, na época da chuva, é o surgimento de
doenças como o paludismo, que assola Angola há muito tempo. Com certeza haverá
surtos de cólera, sarampo, a poliomielite e outras doenças. O que estamos a
prever é isso acontecer se não for removido o lixo das ruas. Vamos acabar o ano
com várias epidemias. E este problema não é só em Luanda. Outras cidades estão
com a mesma situação quanto à recolha de lixo,” declara o estudante de economia.
Domingos
acredita que “a questão do lixo deve ser atacada pelos dois lados, tanto pelo
Estado como pela população. O Estado tem a incumbência de educar a população.
Não podemos dizer que a culpa é toda do Estado mas é o Estado que tem que
limpar e recolher o lixo da rua. Mas também existe falta de educação das
pessoas. Há muita gente que não trata o lixo como deve ser. As pessoas agridem
o ambiente de várias formas. O Estado tem feito muita coisa em relação a isso.
Existem organizações que tentam com campanhas sensibilizar a população”.
Novo
modelo, aprovado em agosto, não está a resultar
A
principal razão porque não se tem recolhido o lixo nos últimos tempos deve-se
ao facto do baixo orçamento atribuído ao Governo Provincial de Luanda no novo
modelo de limpeza da cidade aprovado em agosto.
Este novo modelo de financiamento levou as várias empresas a desistirem da sua atividade e retirarem das ruas os meios onde se podia depositar o lixo.
De acordo com a agencia Lusa “as empresas queixam-se que os valores agora fixados não cobrem as despesas operacionais e os salários dos seus funcionários”.
José Patrocino da organização OMUNGA opina que “não existe pagamento por parte do Estado, existem divida e valor que não estão a ser aceites pelas empresas privadas para executar esse trabalho.”
O ativista pensa que “as empresas antigas, quando se sentiram postas fora do processo, tiraram das ruas os contentores havendo menos espaços para as pessoas colocarem o lixo. O que veio agravar a situação.
Patrocino “acredita que as empresas não estão a intervir como deviam e possivelmente tenha a ver com as relações que estão difíceis, nomeadamente no que concerne aos pagamentos. Há uma ausência do próprio Estado no papel de fiscalização e responsabilização”, declara o ativista da OMUNGA à DW África.
Este novo modelo de financiamento levou as várias empresas a desistirem da sua atividade e retirarem das ruas os meios onde se podia depositar o lixo.
De acordo com a agencia Lusa “as empresas queixam-se que os valores agora fixados não cobrem as despesas operacionais e os salários dos seus funcionários”.
José Patrocino da organização OMUNGA opina que “não existe pagamento por parte do Estado, existem divida e valor que não estão a ser aceites pelas empresas privadas para executar esse trabalho.”
O ativista pensa que “as empresas antigas, quando se sentiram postas fora do processo, tiraram das ruas os contentores havendo menos espaços para as pessoas colocarem o lixo. O que veio agravar a situação.
Patrocino “acredita que as empresas não estão a intervir como deviam e possivelmente tenha a ver com as relações que estão difíceis, nomeadamente no que concerne aos pagamentos. Há uma ausência do próprio Estado no papel de fiscalização e responsabilização”, declara o ativista da OMUNGA à DW África.
Palestra
para sensibilizar as pessoas como tratar o lixo
Os
organizadores da campanha dizem que da parte deles [campanha
"Selfie-lixo"] estão a tentar ajudar. “No dia 10 de setembro vamos
fazer uma palestra para ensinar as pessoas como devem lidar com o lixo. Temos
também algumas propostas para apresentar ao Estado” concluiu Magno Domingos.
Manuel
Ribeiro / Lusa – Deutsche Welle
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