Analistas
do BAI Europa dizem que "é agora expectável, com o maior deslizamento
cambial, uma aceleração dos preços", estando em risco a meta de 9% para a
inflação.
Os
preços em Luanda subiram mais de 10% no último ano, até Julho, voltando a
ultrapassar a meta definida pelo Governo para 2015, segundo informação do
Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
De
acordo com o mais recente relatório de INE sobre o comportamento da inflação
até Julho, a variação homóloga dos preços em Luanda situou-se em 10,41%, um
aumento de 3,43 pontos percentuais face ao mesmo mês de 2014, motivado pela
crise decorrente da quebra na cotação internacional do petróleo.
Angola
viu reduzir a receita fiscal para metade e a entrada de divisas no país,
agravando o custo das importações e o acesso a produtos, inclusive alimentares.
Estes
dados do INE indicam que, analisando a situação a meio do ano (mas com o total
de doze meses), voltou a ser ultrapassado, tal como em Junho, o intervalo (7 a
9%) para a inflação anual previsto pelo Governo angolano no Orçamento Geral do
Estado (OGE) para 2015, revisto em Março precisamente devido à crise
petrolífera.
A
taxa de inflação a doze meses representa um máximo de praticamente três anos,
tendo em conta os dados do INE.
Ainda
segundo o mesmo relatório, o nível geral do Índice de Preços no Consumidor
(IPC) em Luanda - única província com dados a 12 meses - registou uma subida de
1,35% entre Junho e Julho de 2015, com a classe "Bebidas Alcoólicas e
Tabaco" a liderar os aumentos (1,93%).
A
Lusa noticiou em Agosto que, segundo o Banco Angolano de Investimento (BAI)
Europa, a crise que afecta Angola deverá comprometer as metas do Governo de
manter a inflação abaixo dos 9% em 2015.
A
situação é explicada no boletim daquele banco sobre o comportamento da economia
angolana no terceiro trimestre com as consequências da crise da quebra da
cotação internacional do barril de crude.
"É
agora expectável, com o maior deslizamento cambial, uma aceleração dos preços,
afigurando-se razoável admitir, desde já, a impossibilidade de cumprir o
objectivo anual da inflação que, segundo a proposta de Revisão do OGE, não
deveria exceder 9%, em média anual", escrevem os analistas do BAI Europa.
A
posição é justificada também com base no conjunto de políticas - orçamentais,
cambiais, monetária e outras -, preparado pelo Governo para lidar com as
dificuldades, nomeadamente de acesso a divisas. Dizem os especialistas daquele
banco - cujo grupo é um dos maiores em Angola - que "uma das consequências
prováveis" destas medidas "deverá fazer-se sentir ao nível dos preços
no consumidor, devido ao peso dos produtos importados nas despesas de consumo
das famílias".
Económico
com Lusa
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