A
Frelimo acusou hoje Afonso Dhlakama de assumir uma postura terrorista,
afirmando que a maior formação política da oposição é financiada por mão
externa para desestabilizar o país.
"O
senhor Dhlakama continua a assumir a postura de um homem terrorista que não tem
sentimento humano e é inimigo da paz e do desenvolvimento", disse Damião
José, porta-voz da Frelimo, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Convidando
os moçambicanos a uma "análise sobre o histórico da Renamo" no país,
como um movimento que "fez sofrer o povo moçambicano durante 16
anos", Damião José afirmou que o partido de Afonso Dhlakama está a ser
financiado por uma mão externa, que não identificou mas que acusa de possuir
uma agenda que coloca em causa os interesses do povo moçambicano.
"As
condições que a Renamo tem estado a exibir - frota de carros novos, equipamento
novo, o material bélico -, mostram que realmente a Renamo tem os seus
patrões", sustentou o porta-voz da Frelimo, reiterando que o principal
interesse destes financiadores é retardar o desenvolvimento do país.
O
porta-voz do partido no poder há 40 anos no país sublinhou que Dhlakama continua
a "afirmar-se como inimigo do povo" e de um Estado de Direito
Democrático, convidando-o a meter a mão na consciência e a esquecer a sua
"ambição desmedida pelo poder".
"O
povo moçambicano, em 1992 [ano da assinatura dos Acordos de Paz], mesmo com lágrimas,
recebeu o senhor Afonso Dhlakama confiante de que passaria a ser um homem útil
à sociedade e jamais voltaria a ser um instrumento de guerra, o que não
aconteceu", acrescentou Damião José.
Questionado
sobre a afluência massiva de populares aos comícios que o líder da Renamo
realiza no centro e norte, o porta-voz da Frelimo disse que as enchentes
devem-se à curiosidade das populações, considerando que, "se um dia for
anunciada a presença do diabo num determinado estádio, as populações vão afluir
em massa".
Na
quinta-feira, a Renamo anunciou a instalação de um quartel em Morrumbala,
província da Zambézia, para treinar o exército e a polícia, além de garantir a
protecção da população no centro e norte do país.
Hoje,
na sua intervenção, Damião José condenou o posicionamento da Renamo,
considerando que as populações locais estão assustadas com os pronunciamentos
do partido de Afonso Dhlakama e sofrem alegados ataques dos homens armados do
partido, que não têm condições para se sustentar nas matas.
"Os
moçambicanos não querem saber mais da guerra, não querem ouvir falar mais da
guerra", assinalou Damião José, acrescentando que o facto de o líder da
Renamo ter recusado recentemente o convite do Presidente moçambicano, Filipe
Nyusi, para discutir questões relacionadas com a paz prova que Afonso Dhlakama
é "alérgico ao diálogo".
A
maior força de oposição exige a criação de autarquias provinciais em todo o
país e quer governar as seis regiões onde reclama vitória eleitoral nas
eleições nacionais de Outubro último, sob ameaça de tomar o poder à força.
O
país vive um momento de incerteza devido às ameaças da Renamo e há registos de
confrontações na últimas semanas na província de Tete envolvendo o exército e
as forças militares da oposição, o que levou um número indeterminado de pessoas
a fugir da região para o vizinho Malawi.
Em
2013, o braço armado da Renamo bloqueou a única estrada que liga o centro ao
norte do país, levando a confrontações entre as Forças de Defesa e Segurança e
a Renamo durante 17 meses.
Os
confrontos cessaram formalmente a 05 de Setembro do ano passado, com a
assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares entre Afonso
Dhlakama e o então Presidente, Armando Guebuza.
Após
114 rondas negociais entre o Governo e a Renamo, as partes ainda não chegaram a
um consenso sobre a desmilitarização do braço armado da Renamo, uma das
principais cláusulas do acordo assinado há um ano, e o partido de Afonso
Dhlakama anunciou recentemente a suspensão das sessões de diálogo, apesar de a
contra-parte lamentar não ter sido notificada dessa decisão.
Lusa,
em Sapo
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