terça-feira, 29 de setembro de 2015

Portugal. "Maria Luís é tão de fiar nas contas como emissões de gases da VW" – Catarina Martins



A porta-voz bloquista, Catarina Martins, disse hoje que a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, "é tão de fiar nas suas contas como a contagem das emissões de gases da Volkswagen", reiterando que "as contas da Parvalorem forem marteladas".

No final de uma visita a uma fábrica de calçado, em Santa Maria da Feira, Catarina Martins foi de novo questionada sobre a notícia hoje avançada pela Antena 1 de que o Governo deu indicações para esconder prejuízos do antigo BPN com o objetivo de não agravar as contas do défice de 2012, tendo entretanto a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, reconhecido ter questionado Parvalorem sobre expetativas "pessimistas", mas rejeitando qualquer espécie de manipulação de contas.

"O que nós ficamos a saber é que as contas da Parvalorem forem marteladas para disfarçar o impacto do buraco do BPN no défice e que Maria Luís Albuquerque é tão de fiar nas suas contas como a contagem das emissões de gases da Volkswagen", disse a porta-voz do BE aos jornalistas.

Na opinião de Catarina Martins, "não há ninguém hoje que possa confiar em Maria Luís Albuquerque quando ela diz seja o que for sobre contas do país".

"A Parvalorem tinha contas fechadas e auditadas e a ministra das Finanças deu instruções para alterarem as contas, para disfarçarem o impacto do buraco do BPN nas contas do défice do país. As contas foram alteradas e quem tinha auditado as contas disse logo: as contas assim não estão certas", reiterou.

Sobre este tema, a deputada bloquista aproveitou, ainda, para referir que reparou "como hoje o primeiro-ministro ficou incomodado face às notícias da forma como as contas da Parvalorem foram marteladas".

"Ficou incomodado com os jornalistas e eu devo dizer que talvez fosse bom informar Pedro Passos Coelho que esta é uma democracia. A função dos jornalistas não é reproduzir comunicados de imprensa dos conselhos de ministros. É investigar e mostrar a realidade do país, mesmo quando isso incomoda o Governo e, principalmente, quando o Governo está a esconder dos seus cidadãos as contas do país", disse, num recado direto ao primeiro-ministro.

A ministra das Finanças admitiu hoje ter questionado a Parvalorem, empresa que gere os ativos tóxicos do ex-BPN sobre as expetativas "demasiado pessimistas" sobre os prejuízos de 2012, mas rejeitou novamente qualquer espécie de manipulação de contas.

"Fiz a pergunta [se as perdas registadas nas contas de 2012] podiam ser mais otimistas, porque me pareceu que a expetativa estava excessivamente negativa quanto àquilo que seria a evolução da economia e da capacidade de, efetivamente, os créditos serem satisfeitos", afirmou Maria Luís Albuquerque aos jornalistas da RTP, SIC e Antena 1, numa deslocação à Moita (Setúbal).

Segundo uma investigação da Antena 1, quando a ministra soube, em fevereiro de 2013, que as contas da empresa pública responsável pelos ativos de má qualidade do ex-Banco Português de Negócios (BPN) apresentavam perdas de 577 milhões de euros com créditos em riscos de incumprimento, o que iria agravar o défice orçamental, pediu à administração da Parvalorem que mexesse nas contas para que estas revelassem um cenário de perdas mais otimista do que o real, reduzindo os prejuízos reconhecidos em 2012.

Lusa, em Notícias ao Minuto - na foto Maria Luís

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