A
porta-voz bloquista, Catarina Martins, disse hoje que a ministra das Finanças,
Maria Luís Albuquerque, "é tão de fiar nas suas contas como a contagem das
emissões de gases da Volkswagen", reiterando que "as contas da
Parvalorem forem marteladas".
No
final de uma visita a uma fábrica de calçado, em Santa Maria da Feira, Catarina
Martins foi de novo questionada sobre a notícia hoje avançada pela Antena 1 de
que o Governo deu indicações para esconder prejuízos do antigo BPN com o
objetivo de não agravar as contas do défice de 2012, tendo entretanto a
ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, reconhecido ter questionado
Parvalorem sobre expetativas "pessimistas", mas rejeitando qualquer
espécie de manipulação de contas.
"O
que nós ficamos a saber é que as contas da Parvalorem forem marteladas para
disfarçar o impacto do buraco do BPN no défice e que Maria Luís Albuquerque é
tão de fiar nas suas contas como a contagem das emissões de gases da
Volkswagen", disse a porta-voz do BE aos jornalistas.
Na
opinião de Catarina Martins, "não há ninguém hoje que possa confiar em Maria
Luís Albuquerque quando ela diz seja o que for sobre contas do país".
"A
Parvalorem tinha contas fechadas e auditadas e a ministra das Finanças deu
instruções para alterarem as contas, para disfarçarem o impacto do buraco do
BPN nas contas do défice do país. As contas foram alteradas e quem tinha
auditado as contas disse logo: as contas assim não estão certas",
reiterou.
Sobre
este tema, a deputada bloquista aproveitou, ainda, para referir que reparou
"como hoje o primeiro-ministro ficou incomodado face às notícias da forma
como as contas da Parvalorem foram marteladas".
"Ficou
incomodado com os jornalistas e eu devo dizer que talvez fosse bom informar
Pedro Passos Coelho que esta é uma democracia. A função dos jornalistas não é
reproduzir comunicados de imprensa dos conselhos de ministros. É investigar e
mostrar a realidade do país, mesmo quando isso incomoda o Governo e,
principalmente, quando o Governo está a esconder dos seus cidadãos as contas do
país", disse, num recado direto ao primeiro-ministro.
A
ministra das Finanças admitiu hoje ter questionado a Parvalorem, empresa que
gere os ativos tóxicos do ex-BPN sobre as expetativas "demasiado
pessimistas" sobre os prejuízos de 2012, mas rejeitou novamente qualquer
espécie de manipulação de contas.
"Fiz
a pergunta [se as perdas registadas nas contas de 2012] podiam ser mais
otimistas, porque me pareceu que a expetativa estava excessivamente negativa
quanto àquilo que seria a evolução da economia e da capacidade de,
efetivamente, os créditos serem satisfeitos", afirmou Maria Luís
Albuquerque aos jornalistas da RTP, SIC e Antena 1, numa deslocação à Moita
(Setúbal).
Segundo
uma investigação da Antena 1, quando a ministra soube, em fevereiro de 2013,
que as contas da empresa pública responsável pelos ativos de má qualidade do
ex-Banco Português de Negócios (BPN) apresentavam perdas de 577 milhões de
euros com créditos em riscos de incumprimento, o que iria agravar o défice
orçamental, pediu à administração da Parvalorem que mexesse nas contas para que
estas revelassem um cenário de perdas mais otimista do que o real, reduzindo os
prejuízos reconhecidos em 2012.
Lusa,
em Notícias ao Minuto - na foto Maria Luís
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