Jornal
de Angola, editorial
Costuma-se
dizer que um país se faz com homens e livros. A
valorização do capital humano é nos dias de hoje
uma necessidade incontornável. Sem capital humano de elevado valor
não poderemos atingir o progresso.
O
investimento no sector da Educação constitui pois uma opção que
deve ser uma das grandes prioridades de qualquer país que
prossiga o aumento do nível de desenvolvimento humano. O processo de
construção de desenvolvimento passa por uma educação de alto nível,
que proporcione a formação de quadros altamente qualificados.
Os países que apostaram na educação e que valorizam os seus quadros têm tido resultados positivos ao nível dos vários sectores produtivos. Com quadros bem formados, pode-se ter no país boas empresas, públicas ou privadas, e boas instituições do Estado.
Felizmente, já temos no país mais de uma dezena de estabelecimentos de ensino superior que todos os anos formam várias centenas de quadros. É certo que a quantidade de quadros formados e que saem anualmente das universidades e de outras escolas superiores é animadora, mas temos de começar a olhar para a qualidade.
A qualidade do nosso ensino é assunto que continua a suscitar preocupação das nossas autoridades, em particular as que estão ligadas à Educação. E ainda bem que há esta preocupação, uma vez que o que todos nós pretendemos é que haja no país quadros nacionais capazes de resolver os problemas da sociedade. Que não haja apenas a preocupação de se formar um grande número de quadros. Que as universidades e escolas superiores tenham também a preocupação de licenciar para o mercado de trabalho quadros bem formados para que estes tenha oportunidade de conseguir emprego e ao mesmo tempo contribuir para potenciar em termos produtivos vários sectores da actividade económica. A economia desenvolve-se também se contar com capital humano que seja empreendedor e inovador.
É preciso pois que haja atenção em relação aos nossos talentos que saem do ensino médio e superior. As empresas que são um segmento indispensável para alavancar a economia devem estar também focadas nos melhores quadros que são formados pelas nossas instituições de ensino médio e superior. É preciso que se crie a cultura de as empresas interagirem com os estabelecimentos de ensino para poderem, se for caso disso, recrutar e seleccionar quadros que possam contribuir para o desenvolvimento de unidades de produção de diversa natureza.
Estamos envolvidos num processo de diversificação da economia, que se deve fazer com quadros qualificados. Diversificar a economia implica a existência de quadros qualificados em várias áreas do saber, porque são vários os sectores produtivos a desenvolver.
É pois pertinente que se descubram e se valorizem os talentos que temos no país. A classe empresarial deve ser activa neste processo de descoberta de talentos para que estes possam servir a produção , em termos de qualidade e quantidade.
Era bom que as empresas se preocupassem em estabelecer parcerias com estabelecimentos de ensino, para que possam absorver os “cérebros” para os seus projectos produtivos, o que resultaria em benefício para toda a sociedade. Há no país pessoas com competências e habilidades capazes de ajudar empresas a ter bons resultados.
Sabe-se que nem tudo vai bem no nosso ensino, em termos de qualidade, mas isso não deve impedir que as unidades produtivas estabeleçam uma cooperação com instituições escolares, com o objectivo de se identificarem os quadros que podem ajudar a consolidar projectos empresariais.
Há hoje no país uma grande comunidade estudantil ao nível do ensino médio e superior, ao mesmo tempo que vai aumentando o número de empresas. As empresas, se tiverem actividade produtiva, podem tornar-se grandes empregadoras, com capacidade para admitirem quadros médios e superiores que se formam em diferentes regiões do país. As instituições de ensino médio e superior devem estar atentas ao processo de diversificação da economia e estarem alinhadas com as necessidades dos nossos sectores produtivos.
As instituições de ensino não devem estar alheias ao que se passa ao nível da diversificação da economia. É o sector do Ensino que vai proporcionar à produção quadros para que sejamos auto-suficientes em vários produtos, evitando-se a importação do que podemos produzir internamente.
A auto-suficiência em banana é um bom incentivo para produzirmos cada vez mais noutras áreas. Somos sim capazes de produzir no nosso próprio país muitas coisas e até de ter excedentes para exportar. O que é preciso é trabalho, muito trabalho, a fim de construirmos o bem-estar. O progresso constrói-se com trabalho. Não temos outra alternativa. Se trabalharmos intensamente, havemos de viver melhor. O nosso empresariado tem , no quadro da diversificação da economia, uma grande oportunidade de mobilizar talentos, para que os seus projectos sejam rentáveis e duradouros.
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