Brasília –
Uma campanha lançada pelo Ministério da Justiça tenta falsificar a história e
apresentar os milhões de negros que foram escravizados por quase 4 séculos em
imigrantes. O tema da campanha não poderia ser mais direto: “Eu também sou
imigrante”. Ao lado da frase um jovem negro, que se assina Mateus Gomes, 18
anos, diz: “Meu avô é angolano, meu bisavô ganês. Brasil, a imigração está no
nosso sangue”.
Angolanos
e ganeses, assim como vários outros povos do continente africano, ao contrário
do que tenta fazer crer a campanha do Governo Federal, vieram para o Brasil não
como imigrantes, mas escravizados nos navios negreiros.
A
campanha diz ainda que “há cinco séculos, imigrantes de todas as partes do
mundo ajudam a construir nosso país”. Depois de uma saraivada de críticas de
ativistas do movimento negro e antirracista, uma Nota do Minstério tenta se
explicar e diz que “o objetivo da campanha é enfrentar a xenofobia e toda forma
de ódio, preconceito e a intolerância, inclusive o racismo.
A
tentativa de falsficação histórica, propõe que a população esqueça os quase
quatro séculos de escravismo.
Para
Reginaldo Bispo, do Movimento Negro Unificado (MNU), a campanha é “uma
manipulação histórica, falsa, desonesta, rasteira e criminosa”. “Isso não pode
ser deslize, é contextual, ideológico e uma fraude criminosa. Não sou
imigrante, meus avós foram escravizados. Quero meus direitos, minha reparação
histórica.
Bispo
acrescenta que trata-se de demagogia pura. “Começou a campanha oficial [de
Dilma e do PT] contra a reparação histórica. Fomos sim “imigrantes” forçados,
que não receberam passagem de uma viagem digna, viemos pelados, amontoados,
esfomeados para trabalhar de graça, sob a violência de torturas e nossos filhos
são assassinados pelo Estado e pelas elites que se beneficiou e se beneficia
até hoje do nosso suor e sangue.
Pior
que o soneto
Diante
da enorme repercussão negativa, o Ministério divulgou uma Nota em que afirma
que "o foco da campanha é enfrentar a xenofobia e toda forma de ódio,
preconceito e a intolerância, inclusive o racismo, e também mostrar que a
sociedade brasileira é composta de descendentes de migrantes de todas as partes
do mundo".
Veja
abaixo:
"O Ministério da Justiça agradece as contribuições dos comentários e apoia a importante discussão sobre a escravidão na nossa história. Esclarecemos que o foco da campanha é enfrentar a xenofobia e toda forma de ódio, preconceito e a intolerância, inclusive o racismo, e também mostrar que a sociedade brasileira é composta de descendentes de migrantes de todas as partes do mundo.
A
campanha contra a xenofobia abordará várias histórias de brasileiros e
brasileiras que são descendentes de nacionalidades as mais diversas – incluindo
africanas, latino-americanas, europeias, asiáticas. São pessoas que ajudaram a
construir o país que conhecemos hoje. Queremos mostrar que o encontro de
culturas é a riqueza de nosso país, e desestimular qualquer manifestação discriminatória.
De
todo modo, é muito importante lembrar que o governo promove diversas medidas de
inclusão para reverter essa triste herança, como é o caso das políticas de
ações afirmativas e de enfrentamento ao preconceito, como o Disque 100. Além
disso, o Ministério da Justiça participa da coordenação da Política Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas."
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