Rui Peralta, Luanda
Em Kunduz, uma cidade afegã, no norte
do país, sitiada pelos Taliban, a força aérea norte-americana atacou um
hospital da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), causando 22 mortos (12 membros da
ONG e 10 pacientes, 3 deles crianças) e mais de 36 feridos. O ataque durou
cerca de 30 minutos, continuando mesmo quando ao fim de 10 minutos as forças
afegãs e norte-americanas forma avisadas de que tinham bombardeado o Hospital. A
MSF exigiu um inquérito internacional independente.
Segundo algumas testemunhas o avião
sobrevoou o Hospital por 4 ou 5 vezes, bombardeando e metralhando em cada
passagem, durante cerca de 30 minutos. O Hospital fora construído á 4 anos e
ocupava uma área superior ao de um campo de futebol. As coordenadas eram
conhecidas pelas forças militares e de segurança e o Hospital era considerado o
principal da cidade. Por outro lado o tempo que durou o ataque e a forma como
foi efectuado levou a MSF a não aceitar a comunicação efectuada pelos comandos
militares afegãos e norte-americanos que consideraram o caso como um “dano
colateral”, num primeiro comunicado governamental.
Para a MSF trata-se de um crime de
guerra e como tal, apenas pode ser alvo de um inquérito internacional
independente, sendo insuficiente o inquérito interno que o comando militar
norte-americano diz que vai efectuar. Alguns oficiais afegãos alegam que os
Taliban estavam a usar o Hospital, o que agrava ainda mais a questão e leva a
concluir que estamos, efectivamente, na presença de um crime de guerra. O que
leva á inutilidade do comunicado norte-americano que considerava que o caso
como “dano colateral”. No entanto o Pentágono prometeu uma “investigação
completa” e o Secretário para Defesa, falou no seu “engajamento na procura da
verdade sobre o que se passou em Kunduz”.
A
verdade é que estamos na presença de um acto bárbaro, absolutamente contrário á
Convenção de Genebra. O grave é que este não é um caso único isolado, bem pelo
contrário. E estes actos bárbaros não são apenas cometidos em situações de
guerra (Afeganistão, Paquistão, Iraque, Síria, Líbia, Líbano, Palestina estão ensanguentados
com crimes de guerra). Os crimes contra a humanidade tornaram-se uma realidade
do nosso tempo e da actual desordem internacional. Não apenas sobre os Povos
vítimas da guerra, mas também sobre a parte da Humanidade vítima da fome e
sobre os Homens e Mulheres vítimas da proibição de assumirem a condição de
imigrantes. Tornou-se ilegal ser imigrante (também nunca se compreendeu muito
bem o que levou a estabelecer uma condição legal para o percurso do Homem sobre
a Terra, em busca de uma vida melhor).
No
fundo, muito provavelmente, o que tentam ilegalizar é a condição humana… Se é
que existe contexto jurídico para tal.
Leituras
aconselhadas
Kathy,
K. Enough! A Campaign to End War and Focus on Food and Health in http://www.huffingtonpost.com
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