Guerrilheiros
da Renamo e forças governamentais atacam-se, a instabilidade política agrava-se
e Moçambique celebra 23 anos de paz sem paz
Emildo Sambo - @Verdade
A
zona de Zipingaumwe, no distrito de Gondola, província de Manica, esteve sob o
fogo cruzado desde a madrugada de sexta-feira (02) até o princípio da tarde em
virtude de confrontos entre os homens armados da Renamo e as forças
governamentais, as mesma que, de forma combinada, segundo António Muchanga,
porta-voz desta formação política, promoveram ataques contra as populações de
Chitaka e destruíram as suas casas sob a acusação de que elas protegem Afonso
Dhlakama, de novo em “parte incerta”, há uma semana. Residentes da região
confirmaram ao @Verdade terem ouvido a troca de tiros desde as primeiras horas
do dia. Com esta sequência de choques militares, a paz em Moçambique torna-se
cada vez mais utópica, numa altura em que se celebra, no domingo (04), o 23o aniversário
do Acordo Geral da Paz.
Uma
testemunha, que é funcionário da educação e residente na vila de Gondola contou
ao @Verdade que os tiros começaram a ser ouvidos com o raiar do sol o que gerou
agitação e pânico.
Outras
testemunhas, que residem em Zipingaumwe e procuraram refúgio na vila de
Gondola, também relataram momentos de terror que os levaram a abandonar as suas
casas.
O
Governo ainda não se pronunciou sobre estes ataques, que acontecem oito dias
depois da emboscada que culminou com a morte de 23 pessoas, entre elas um
civil, ferimento no braço de uma criança de um ano de idade na Estrada Nacional
número seis (EN6), em Zimpinga, na mesma província.
Todavia,
sem delongas, a Renamo convocou uma conferência de imprensa para denunciar as
movimentações das forças da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e Armadas de
Defesa de Moçambique (FADM) em vários locais em Manica, supostamente para
abater Afonso Dhlakama, o que no seu entender contraria os apelos para a
efectivação de um diálogo político sério com vista ao restabelecimento da paz e
democracia.
As
referidas duas forças governamentais chegaram à região de Chitaka, na
localidade de Mupindonhanga, em Gondola, fazendo-se transportar em sete
viaturas e atacaram as populações, de acordo com António Muchanga.
“A
destruição de casas das populações pelas FDS e os sistemáticos ataques contra
Afonso Dhlakama e outros membros do seu partido podem resultar em confrontos de
maior proporção com consequências imprevisíveis. Apelamos à paz porque estamos
em paz”, disse Muchanga, acrescentando que o Comandante em Chefe das FADM e os
outros segmentos da sociedade devem intervir rapidamente para “assegurara
normalidade política e militar no país”.
Os
23 anos do Acordo Geral da Paz são festejados num momento em que a insatisfação
da “Perdiz” e a sua luta pelo poder são a cada dia acutilantes. O Acordo de
Cessação das Hostilidades Militares assinado a 05 de Setembro de 2014 por este
antigo movimento beligerante e o Estado está literalmente posto de lado desde a
suspensão do diálogo político. Mais uma vez, as conversações, defendida como
única alternativa para a paz, falharam. Os momentos de instabilidade em
Moçambique deterioram-se e agudiza-se a crise entre o maior partido da
oposição, a Renamo, e o Governo da Frelimo, o que ameaça deixar o país de
rastos.
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