O
Primeiro-ministro, Carlos Correia, reconheceu na passada sexta-feira, que “há
pessoas que vivem na insegurança alimentar” no país. O Chefe do executivo que
falava durante a cerimónia de comemoração da Jornada Mundial de Alimentação, 16
de Outubro, cujo acto central teve lugar no sector de Safim (Região de Biombo).
Carlos
Correia afirmou na sua declaração que o lema escolhido este ano para celebrar o
Dia Mundial da Alimentação e consequente 70º aniversário da Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), “Protecção Social e
Agricultura – Quebrar Ciclo Vicioso da Pobreza Rural”, serviu na sua visão,
como a forma de chamar atenção da sociedade sobre a importância da segurança
alimentar, garantindo alimentação adequada para todos.
O
chefe do executivo guineense assinalou que além da importância do lema e sua
actualidade, o presente lema interpela a todo mundo para uma reflecção profunda
sobre a necessidade do reforço da protecção social e da criação das condições
cada vez mais justas e favoráveis para uma vida mais digna no nosso planeta.
“Neste
contexto, a promoção da agricultura e do desenvolvimento rural revestem-se de
uma importância capital enquanto um instrumento importante para criação das
condições favoráveis para o combate a pobreza, a malnutrição e a insegurança
alimentar”, exortou.
Para
o Eng. Carlos Correia, a jornada mundial de alimentação, 16 de Outubro,
constitui também uma ocasião de fazer balanço das metas fixadas e dos
resultados alcançados, no que refere a melhoria da situação nutricional e da
segurança alimentar no seio da população guineense.
No
entender do Primeiro – ministro, a data serve também para renovar os nossos
compromissos no combate a pobreza e malnutrição e insegurança alimentar no
nosso país, através de implementação de programas e projectos concretos
contidos no programa do governo.
“Não
obstante aos esforços de sucessivos governos vêm realizando ao longo dos anos,
há ainda pessoas que vivem numa situação de muita precariedade e da insegurança
alimentar no nosso país”, alertou o líder do executivo guineense.
JOACHIM
LAUBHOUET: “CERCA DE 800 MILHÕES PASSAM FOME NO MUNDO”
O
Representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO) na Guiné-Bissau, Joachim Laubhouet – Akadié, considerou que a comemoração
do Dia Mundial da Alimentação, no passado dia 16 de Outubro é importante,
atendendo que ela coincide com a celebração dos 70 anos da FAO. Para de seguida
sublinhar que a comemoração vem enquadrada dentro dos Objectivos do
Desenvolvimento do Milénio (ODM) que passa pelo Desenvolvimento Durável lançado
recentemente pela Organização das Nações Unidas.
Akadié
disse que o 70º aniversário da FAO reflecte 70 anos de acção, 70 anos de
operação e de inovação, onde a FAO acompanhou a população agrícola, ou seja, a
população vulnerável africana e mundial no combate a malnutrição, ajudando na
segurança alimentar, sobretudo as crianças, jovens e mulheres do mundo rural.
Referenciando que é isso o objectivo da FAO, que consiste em reduzir a fome e
permitir que cada pessoa, seja mulher, homem, criança e jovem tenha uma
alimentação adequada em sua família. Alertando que o mesmo objectivo deve ser
implementado na Guiné-Bissau.
“Actualmente
no mundo existem grandes progressos feitos para atingir os Objectivos do
Desenvolvimento do Milénio, mas ainda há pessoas que estão a passar fome no
Mundo. Por exemplo, cerca de um milhão de pessoas vivem na extrema pobreza em
todo mundo. E cerca de 800 milhões passam fome no mundo. Na Guiné-Bissau mais
de 70 por cento vive com menos de dois dólares, ou seja, menos de 1.000 francos
CFA por dia. A população mais exposta a essa situação vive no mundo rural, onde
defrontam problemas de crédito, do financiamento agrícola, aumento dos produtos
alimentares e das mudanças climáticas como referiu a mensagem do régulo de
Safim, sobre as cheias deste ano que estragaram os cultivos”, explicou o
representante da FAO em Bissau.
Para
Joachim Laubhouet – Akadié, o Dia Mundial da Alimentação deste ano sob o lema:
Protecção Social e Agricultura, Quebrar Ciclo Vicioso da Pobreza Rural, espelha
que não podemos ter uma segurança alimentar e nutricional na Guiné-Bissau sem
apoiar outras áreas como a Saúde e Educação. Em tudo isto, disse que a
protecção social é muito importante, porque no seu entender, ajuda as
comunidades ou famílias com problemas económicas a saírem da pobreza.
Prosseguindo no entanto, que a Guiné-Bissau deve apostar na Protecção Social.
“A
protecção social no âmbito da agricultura apoiará bastante o próprio pequeno
agricultor a elevar o seu nível de vida e dos seus familiares. A protecção
social aqui na Guiné-Bissau deve ter seus efeitos positivos, ou seja, deverá
ser grande coisa na nossa comunidade, sobretudo para a economia social, porque
permite as famílias investirem na saúde, na educação e na melhoria das
condições de vida das crianças”, contou.
Joachim
Laubhouet – Akadié considera que tudo isso pode ser uma realidade, quando
houver uma acção coordenada, juntando os esforços tanto do Governo, assim como
os parceiros do desenvolvimento, para poderem complementar as acções com vista
a sairmos da situação de fome.
“Apelo
que trabalhemos juntos a fim de atingirmos este objectivo que é de acabar com a
fome e a malnutrição na Guiné-Bissau. Quero que as gerações da Guiné-Bissau, sobretudo,
crianças, mulheres e jovens seja uma geração – fome zero, ou seja, para que a
geração vindoura não passe mais fome. Peço as autoridades da Guiné- Bissau a
nomearem as crianças da “Escola Pefine de Safim” que actuaram aqui hoje como
crianças que vão crescer dentro de uma situação onde não haja fome nunca mais”,
concluiu o representante da FAO, Joachim Laubhouet – Akadié.
ANÍBAL
PEREIRA: “AGRICULTURA JOGA UM PAPEL FUNDAMENTAL NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
SOCIAIS”
O
titular da pasta de Agricultura e Desenvolvimento Rural, João Aníbal Pereira
disse que o lema é muito actual e pertinente, apontando como exemplo o mundo
rural, na qual o governante considera que “se olharmos para o nosso mundo
rural, constata-se que há muitos problemas sociais para resolver”. Acrescentou
ainda que até é “normal ouvir uma pessoa dizer que acordou sem nenhum dinheiro,
ou sem arroz para comer, ou o filho não foi a escola, tudo por causa da
pobreza”.
“Estes
são as questões que o governo tem dentro do seu programa e das políticas para
resolver. E agricultura joga um papel fundamental na resolução destes problemas
sociais, por isso, agradecemos a FAO pela escolha deste tema: Protecção Social
e Agricultura – Quebrar Ciclo Vicioso da Pobreza Rural para assinalarem o do
Dia Mundial da Alimentação”, sublinhou Aníbal Pereira.
Recorde-se
que a cerimónia oficial que teve lugar em Safim contou com a presença dos
membros do governo e das ONG’s que actuam nas áreas sociais sobretudo no
domínio da agricultura. Depois da cerimónia comemorativa, a comitiva
deslocou-se até ao complexo da empresa agrícola AGRO SAFIM.
Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), é uma das agências das Nações
Unidas cujo objectivo é de aumentar a capacidade da comunidade
internacional para que de forma eficaz e coordenada, promover o suporte
adequado e sustentável para a Segurança Alimentar e Nutrição global. Para isso,
realiza programas de melhoria da eficiência na produção,
elaboração, comercialização e distribuição de alimentos e produtos
agro-pecuários, além de projectos que contribuem para a redução da pobreza
rural e o crescimento económico global.
A
FAO foi fundada em 16
de Outubro de 1945, em Quebeque, Canadá. Em 1951 a sua sede foi
transferida para Roma,
por iniciativa do governo italiano, que teria
investido quatro milhões de dólares na construção da nova sede. No ano de 2000, já contava com 181 membros
(180 países e a União
Europeia).
Sene
Camará – O Democrata - Foto: Marcelo N’Canha Na Ritchi
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