sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Portugal. UMA SEMANA E MEIA



João Quadros – Jornal Económico, opinião

Tal como tinha previsto aqui neste local, faz hoje uma semana, Cavaco indigitou Passos e, num acesso de raiva, passou o BE e o PCP para a clandestinidade.

Tal como tinha previsto aqui neste local, faz hoje uma semana, Cavaco indigitou Passos e, num acesso de raiva, passou o BE e o PCP para a clandestinidade. Provavelmente, voltaremos a ouvir o PR de alguns portugueses aquando da cerimónia de tomada de posse do XX para vir dizer aos portugueses que a coligação de direita está sólida; confirmando, assim, que depois são mais 15 dias até ao Governo cair. Depois do discurso de indigitação de Passos, Cavaco Silva transformou-se na Pinhata da Nação. 

Este "novo" Governo de Passos e Portas é como o meu frigorífico: cheio de iogurtes e leite na semana em que estão os miúdos, tudo para deitar fora na semana seguinte. Vão ser apenas quinze dias mas vai ser inesquecível. Basta ver o que aconteceu na eleição de Ferro Rodrigues para PAR. Quase que houve bulha. Vai ser melhor do que ver a bola. Finalmente, vale a pena ver o canal Parlamento.

Quanto ao Executivo "zombie" de Passos, para começar, parece-me que é claramente melhor que o anterior. Um Governo que, à partida, exclui Crato, Pires de Lima e Paula Teixeira da Cruz, é porque passou a ter mínimos (ou balão). Também me parece bem ter aumentado o número de ministros, mas o CDS ter ficado com os mesmos que tinha. É claramente Passos a dizer ao número 2: "até posso meter aqui quarenta mil e infinitos ministros que tu não passas de onde estás, velhinha".

Já vou escrutinar este XX mas, se eu fosse o Passos, pelo menos tinha feito um Ministério dos Pobres e Oprimidos só para dizer que a esquerda o deitou abaixo. Ficava com esse quentinho.

Olhando para os novos nomes do Executivo, o meu favorito é Fernando Mimoso Negrão. Acho Mimoso Negrão um nome espectacular; soa a "soft porno". Não é tão bom como o do ex-treinador Rolão Preto, mas era uma boa dupla de polícias porno. Não fazia ideia que o Fernando Negrão era Mimoso. É verdade que fez ali um bocadinho de birra quando viu o Ferro no lugar que era para ele, segundo a tradição. Se tivesse dúvidas que o Governo só ia durar quinze dias, bastava-me ver o Fenando Negrão no Governo para ter a certeza, porque o Mimoso Negrão é um grande pé frio. Quando está quase a ter um emprego porreiro, pumba. Também não fazia ideia que o Mota Soares é Russo, não sei o Aníbal vai aceitar.

Confesso que dá um certo prazer conhecer melhor este Governo porque dá ainda mais noção do que nos livrámos. Olhamos para eles como se fosse a feijões. Não fosse sabermos que é só meia dúzia de dias, já todos tínhamos entrado em depressão só de imaginar o que seriam quatro anos deste "novo" ministro da saúde, que parece que foi acampar para Chernobyl. Há que reconhecer que, pelo menos, Passos Coelho tem escolhido ministros da saúde que não fazem inveja aos doentes.

Nos nomes "novos", destaco, no Ministério das polícias, Calvão da Silva, conhecido benemérito responsável pelo parecer que atestou da idoneidade do Salgado, o que faz dele a única pessoa naquele Governo que leva mala para mais de quinze dias. Calvão da Silva foi o homem que justificou o cheque de 14 milhões que Salgado recebeu, de um conhecido construtor, como "uma prenda". Portanto, eu sei que são só quinze dias, mas convém estar com atenção, não vá o ministro Calvão fazer anos duas vezes nestas semanas. 

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