O
Parlamento da Guiné-Bissau juntou nos últimos dias diferentes técnicos e
políticos para os trabalhos preparatórios da revisão da Constituição,
considerada fonte de vários conflitos entre órgãos de soberania.
José
Carlos da Fonseca, secretário técnico da comissão eventual do Parlamento para a
revisão da Constituição, disse hoje à Lusa que os preparativos "estão a um
ritmo acelerado" e dentro de pouco tempo será iniciado o processo de
auscultação aos guineenses.
Aos
políticos, membros da sociedade civil, ao poder tradicional, às confissões
religiosas, às organizações representativas, será questionada sobre que aspetos
gostariam de ver incluídos do novo texto constitucional e que regime se adequa
melhor à Guiné-Bissau.
Os
guineenses residentes fora do país, nomeadamente em países de maior
concentração de emigrantes, serão também auscultados, adiantou.
Para
já, a comissão composta por 47 elementos e presidida pelo deputado João Seidibá
Sani está a ultimar o orçamento, o cronograma, o regulamento e o modelo de
comunicação a serem adotados.
José
Carlos da Fonseca acredita que se houver financiamento - que deve ser suportado
pela comunidade internacional - a comissão poderá iniciar as auscultações
"o quanto antes", talvez ainda no decurso deste ano.
Carlos
da Fonseca, que é também secretário-geral do Parlamento, explicou à Lusa que a
auscultação "poderá ser facilitada" tendo como base a Constituição
revista, aprovada pelos deputados em 2001, mas entretanto vetada pelo então
Presidente guineense, Kumba Ialá.
Fonseca
considera o texto "bastante avançado", tendo em conta os novos
dispositivos e institutos que contempla.
O
jurista não é da opinião que a atual Constituição seja fonte de conflitos
institucionais, como advogam várias correntes políticas.
Admite
"lacunas", nomeadamente sobre os poderes que são atribuídos ao Supremo
Tribunal de Justiça para a fiscalização de atos públicos de titulares de órgãos
de soberania, mas ainda assim diz ser uma Constituição "aceitável, desde
que haja o respeito pela separação de competências", concluiu.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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