@Verdade,
editorial
As
nossas vidas deterioram-se com o definhar da economia. Entendidos na matéria e
aqueles que nos emprestam dinheiro não duvidam: a depreciação do metical está
excessivamente elevada. Consequentemente, o custo do dinheiro está a aumentar.
Alguns bens essenciais como o pão, a electricidade e a água já são mais caros,
e muito, que há poucos meses. Provavelmente, haja, por ai, outros aumentos à
socapa de que ainda não demos conta.
Esquecemos,
momentaneamente, de um outro problema sério, a tensão político-militar.
Todavia, apesar desta crise e ao contrário dos discursos apaziguadores
propalados pelo Governo do nosso empregado Filipe Nyusi, as armas e os
blindados não param de chegar ao país. As armas não matam a fome, nem resolvem
os problemas com que nos debatemos!
Os
preços de diversos produtos e serviços vão também subir de forma generalizada
em 2016. O alerta que chega de todos os lados elucida que o custo de vida será
equiparável ao sufoco que vivemos entre finais de 2008 e início de 2012, em
virtude da crise financeira. Se cada um de nós permanecer de braços cruzados só
a reclamar, nada vai mudar. Pelo contrário, morreremos suplicando a apoio de um
Governo descarado, que trama contra nós e aumenta os preços de serviços sem nos
avisar. Que falta de consideração!
Quando
os argumentos sobre esta derrapagem esgotarem, algum governante dirá, com
certeza, que mergulhamos no custo de vida porque somos um país consumista e que
sobrevive de importações. Mas o que farão algumas famílias como as que se
encontram em Gaza, onde a fome e a seca imperam porque não chove há quase um
ano?
Os
tempos difíceis avizinham-se e temos de nos preparar, sabe-se lá de que forma,
para quando a situação atingir níveis insuportáveis não sermos homens física e
moralmente fracos e incapazes de lutar pela nossa própria dignidade!
A
vida deverá continuar no meio da subida do custo de transporte que, certamente
será o próximo revés de todos nós que dependemos do já deficitário “chapa” para
as nossas deslocações diárias. Quiçá, que os “vândalos” de que um ministro
falou aquando da greve de 2010 contra a subida do preço de pão, a luz e outros
bens básicos não façam das suas, procurando resolver as coisas com recurso a
pneus e pedregulhos.
Tudo
vai subir e a factura vai pesar, sobremaneira, no bolso das famílias mais
sacrificadas. “Os desafios que temos pela frente vão certamente implicar novas
atitudes colectivas e individuais”, conforme disse o empregado Filipe Nyusi, no
dia em que o empossamos.
Certamente,
apesar de Moçambique ser “um país abençoado em recursos naturais, em especial
terras aráveis, florestas, recursos minerais e marinhos, reservas de carvão,
gás e areias pesadas”, nenhum dividendo obtido da exploração dos mesmos será
suficiente para atenuar a nossa miséria. A vida será um caos e as nossas
assimetrias serão nessa altura mais visíveis!
Porque
temos sido fortes ao longo de décadas perante as mesmas dificuldades, temos de
sobreviver e adaptarmo-nos, de cabeça erguida, a estas e outras adversidades
até o dia em que nos acostumarmos a novos tempos difíceis e esperar que o prometido
bem-estar não seja um discurso gatafunhado num papel.
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