Mesmo
em se vivendo num país onde a justiça é a pior farsa nacional, o que aconteceu
ontem (16) dentro e fora do Tribunal de Luanda foi absolutamente aquilo que
qualquer ser racional considera de bizarro, perverso, vergonhoso e nojento.
Antes
de tudo vale frisar que é mais uma nota zero para os juízes ao serviço de José
Eduardo dos Santos (JES)/MPLA e da ditadura pois até lhes faltou vergonha na
cara, senão teriam abandonado aquilo que mais se pareceu com um círculo onde
eles eram os palhaços como figura principal.
Este
''julgamento'', apesar de ser o mais injusto e fantasiado, aumentou a sua
importância por estarem desta vez envolvidas vítimas que estremeceram o regime,
em especial JES, apenas com canetas e livros com destaque para Luaty
Beirão, que por pouco não vimos os seus carrascos festejarem a sua morte.
Os
angolanos precisam, quanto antes, de arranjarem estratégias de luta que
lhes permitam se livrar desta fingida, apodrecida, pressionada e encomendada
justiça, sob o risco disto se tornar em cultura nacional se é que já não é.
Quem
olha para o rosto dos juízes sem juízo ao serviço da ditadura facilmente dá
conta que são homens que vivem também pressionados pelo regime que os
instrumentaliza e sob risco permanente em serem mortos caso não interpretem os
julgamentos conforme o coordenado pela Casa Militar da Presidência da República
em sintonia com o famigerado Procurador Geral.
Não
faz tempo questionei o trabalho de um advogado da minha velha relação amistosa
ao serviço do eduardismo criticando o seu papel de lacaio e falamos entre
outros assuntos de julgamentos á que ele chegou á ter processos em suas mãos.
Deixo-vos
aqui um extrato de duas respostas que por ele me foram dadas e que provam o que
acabei de frisar sobre a pressão sobre os agentes da justiça, o que vem
reforçar a ideia de que no fundo é tudo encomendado pela Presidência da
República através da Casa Militar, sintonizado e baralhado pelo famigerado PGR.
Primeira
resposta: "Não digo que tenha recebido ameaças todas as vezes, mas, na
verdade já fui alvo de uma série de tentativas de intimidações e
constrangimentos inéditos na carreira que tenho de mais de (+++) anos de
serviço público", concluiu o meu ex-amigo, hoje feito lacaio do sistema.
Segunda
resposta: "Claro que, forçado por documentos forjados, já fantasiei factos
em relação a acusados porque as ordens eram de condenar a todo custo.''
É
por essas e outras que não acredito que este regime aceite criar uma Comissão
de Verdade (sem corruptos ligados ao regime) para dar as pessoas a oportunidade
de se pronunciarem sobre factos ainda mais arrepiantes do que estes.
Meu
Deus!, existem tantas provas documentais e gravações, muito embora nem todas
feitas com o consentimento das pessoas contactadas e envolvidas nalguns casos.
Entre
tantas aberrações, finalmente, a única pergunta feita com um pouco de mais
coerência foi quando o juiz ignorante quis saber quem é afinal o ditador em
Angola e foi pena a plateia não ter respondido em coro que o único ditador em
Angola chama-se José Eduardo Dos Santos.
*Fórum
Livre Opinião & Justiça
- Os
artigos de opinião refletem as opiniões dos autores e não do PG como tribuna de
opinião livre, não se responsabilizando nem podendo ser responsabilizado pelos
mesmos, nem pelas informações neles contidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário