terça-feira, 17 de novembro de 2015

O "JULGAMENTO" MAIS BIZARRO DO SÉCULO EM ANGOLA




Mesmo em se vivendo num país onde a justiça é a pior farsa nacional, o que aconteceu ontem (16) dentro e fora do Tribunal de Luanda foi absolutamente aquilo que qualquer ser racional considera de bizarro, perverso, vergonhoso e nojento.

Antes de tudo vale frisar que é mais uma nota zero para os juízes ao serviço de José Eduardo dos Santos (JES)/MPLA e da ditadura pois até lhes faltou vergonha na cara, senão teriam abandonado aquilo que mais se pareceu com um círculo onde eles eram os palhaços como figura principal.

Este ''julgamento'', apesar de ser o mais injusto e fantasiado, aumentou a sua importância por estarem desta vez envolvidas vítimas que estremeceram o regime, em especial  JES, apenas com canetas e livros com destaque para Luaty Beirão, que por pouco não vimos os seus carrascos festejarem a sua morte.

Os angolanos precisam, quanto antes, de  arranjarem estratégias de luta que lhes permitam se livrar desta fingida, apodrecida, pressionada e encomendada justiça, sob o risco disto se tornar em cultura nacional se é que já não é.

Quem olha para o rosto dos juízes sem juízo ao serviço da ditadura facilmente dá conta que são homens que vivem também pressionados pelo regime que os instrumentaliza e sob risco permanente em serem mortos caso não interpretem os julgamentos conforme o coordenado pela Casa Militar da Presidência da República em sintonia com o famigerado Procurador Geral.

Não faz tempo questionei o trabalho de um advogado da minha velha relação amistosa ao serviço do eduardismo criticando o seu papel de lacaio e falamos entre outros assuntos de julgamentos á que ele chegou á ter processos em suas mãos.

Deixo-vos aqui um extrato de duas respostas que por ele me foram dadas e que provam o que acabei de frisar sobre a pressão sobre os agentes da justiça, o que vem reforçar a ideia de que no fundo é tudo encomendado pela Presidência da República através da Casa Militar, sintonizado e baralhado pelo famigerado PGR.

Primeira resposta: "Não digo que tenha recebido ameaças todas as vezes, mas, na verdade já fui alvo de uma série de tentativas de intimidações e constrangimentos inéditos na carreira que tenho de mais de (+++) anos de serviço público", concluiu o meu ex-amigo, hoje feito lacaio do sistema.

Segunda resposta: "Claro que, forçado por documentos forjados, já fantasiei factos em relação a acusados porque as ordens eram de condenar a todo custo.''

É por essas e outras que não acredito que este regime aceite criar uma Comissão de Verdade (sem corruptos ligados ao regime) para dar as pessoas a oportunidade de se pronunciarem sobre factos ainda mais arrepiantes do que estes.

Meu Deus!, existem tantas provas documentais e gravações, muito embora nem todas feitas com o consentimento das pessoas contactadas e envolvidas nalguns casos.

Entre tantas aberrações, finalmente, a única pergunta feita com um pouco de mais coerência foi quando o juiz ignorante quis saber quem é afinal o ditador em Angola e foi pena a plateia não ter respondido em coro que o único ditador em Angola chama-se José Eduardo Dos Santos.

*Fórum Livre Opinião & Justiça

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