Estamos
a observar um país com um sistema judicial gerido por matumbos e com órgãos de
informação, do Estado, povoados de e parasitados por patetas.
Domingos
Kambunji – Folha 8, opinião
Esta
é a triste realidade ao verificarmos o espectáculo macabro, incoerente e
vergonhosamente estúpido em que se desenrola o julgamento dos presos políticos,
em Angola.
Num
país civilizado, os réus, inocentes, seriam indemnizados pelo Estado, após
processos civis, por danos morais e materiais causados. Em Angola,
provavelmente serão condenados, por um sistema que demonstra ser ignorante,
incompetente e corrupto.
Num
país civilizado, os órgãos de comunicação social têm livre acesso aos
julgamentos e estes poderão ser transmitidos, em directo, por canais de
televisão ou pela rádio. Em Angola o sistema selecciona quem pode e quem não
pode assistir ao espectáculo macabro, presidido por um juiz que, tudo leva a
crer, não sabe quais são as mais elementares normas e regras do Direito, da
Ética, da Decência e da Competência.
Num
país minimamente civilizado e com profissionais sofrivelmente competentes, a
acusação e a defesa são obrigadas a apresentar as provas para o processo,
antecipadamente, para que sejam respeitados os direitos e deveres de ambas as
partes.
Em
Angola, neste processo dos cidadãos perseguidos politicamente vão surgindo
argumentações e vídeos fantasmas, manipulados e paridos pela acusação. Isso é
aceite por um juiz que não honra o cargo que desempenha nem a profissão que
exige imparcialidade, numa tentativa de forçar e manipular a prova.
Num
país civilizado isso seria motivo suficiente para destituir o juiz, anular o
julgamento, libertar os réus e indemnizá-los pelos danos causados.
Num
país civilizado, os repórteres de televisão e rádio, em processos judiciais,
têm formação em Direito e têm a obrigação de saberem o que dizem. Em Angola, os
matumbos da TPA escalam repórteres diplomados em ignorância e estupidez, com
anquilosados sentidos de observação.
Estes
repórteres, matumbos, até são capazes de se armarem em especialistas em
psicologia, tentando ler os estados de alma. “Luaty Beirão alterou o seu humor,
comportamentos e atitudes quando foi confrontado com o vídeo em que se afirma
que os “jovens revolucionários” iriam receber cem milhões de dólares para
prepararem um Golpe de Estado”.
Qual
é a formação académica e profissional dos repórteres matumbos da TPA para serem
capazes de analisar estados de espírito? Que competência técnica e profissional
possuem para chegarem a conclusões, tão estúpidas?
A
TPA, depois de ouvir a advogada de acusação, marionete do Reigime, e de ver e
ouvir os vídeos dos bufos do sistema, já conseguiu demonstrar de onde viriam os
tais milhões? Da SONANGOL ou de outra companhia do “Pitrol”?
Em
tribunal e na informação um boato não é prova. O repórter da TPA ao
alimentar-se de boatos, para tentar fazer a “prova”, acaba por fazer uma enorme
figura de parvo.
A
Procuradoria Geral da Reipública, de Angola, está a demonstrar que o Sistema
Judicial angolano não faz parte do grupo dos Sistemas Judiciais de países
minimamente civilizados. Em Angola, para a PGR, o cambalacho e a gasosa são
mais importantes do que o Direito, como ciência, e do que a Ética, como bússola
orientadora para os caminhos que desaguam no universo da dignidade e do
respeito dos Direitos e Deveres Humanos.
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