Milhares
de pessoas já morreram ao perseguir o sonho de fugir à miséria africana e
conseguir pisar o solo europeu. "Uma vala comum" que cresce no
Mediterrâneo que a União Europeia não consegue parar.
É
o mais recente possível grande acidente com imigrantes no Mediterrâneo, depois
de um fim-de-semana tragico. Itália e Malta confirmaram, esta segunda-feira,
estar a trabalhar no resgate de pelo menos duas embarcações no Mediterrâneo com
centenas de imigrantes abordo.
O
primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, confirmou que um dos barcos era
proveniente da costa Líbia e que estaria à deriva com 100 a 150 pessoas. A
outra embarcação terá 300 pessoas a bordo.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) disse ter
recebido um pedido de ajuda de uma embarcação que se estava a afundar
no Mediterrâneo e que transportava mais de 300 pessoas.
O
porta-voz da OIM Joel Millman referiu que o gabinete da organização em Roma
recebeu o pedido de uma de três embarcações próximas que se encontravam em
águas internacionais.
"O
interlocutor disse que havia 300 pessoas na sua embarcação e que esta se estava
a afundar (e) falou de mortes, 20 pelo menos", escreveu um colega de
Millman em Roma, Federico Soda, num correio eletrónico.
Hoje também, na Grécia, mais um barco com emigrantes naufragou. Três
pessoas, incluindo uma criança, morreram e 80 foram salvas.
UE
sob pressão
A
União Europeia está sob pressão depois de ter decidido, no ano passado, reduzir
os esforços de patrulha e salvamento de barcos carregados com os sonhos
destruídos de muitos migrantes vindos de África em direção ao continente
europeu. Milhares já morreram.
Com
a subida dos partidos de extrema-direita no coração da Europa, as posições
anti-imigração ganharam terreno na Europa nos últimos anos, colocando
obstáculos a uma política de emigração bem sucedida.
"Não
podemos ficar como se cada tragédia seja a última e esperar que não aconteça
outra", declarou ao jornal francês "Le Monde", o ministro
italiano dos Assuntos Europeus. Sandro Gozi lamentou a "total
ausência" de uma política europeia para lidar com os refugiados que chegam
ao continente.
Hoje, os líderes da UE decidiram reunir de emergência para
enfrentar a situação "dramática que se vive no Mediterrâneo".
"Não podemos aceitar que centenas de pessoas morram ao tentar atravessar o
mar rumo à Europa. É por isso que decidi convocar um Conselho Europeu
extraordinário para esta quinta-feira", afirma Donald Tusk, o presidente
do Conselho Europeu,
A
Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros disse ter
constatado "finalmente", no Luxemburgo, um "sentido de
urgência" na Europa relativamente ao problema da imigração, na sequência
da mais recente tragédia no Mediterrâneo.
Federica
Mogherini considerou que a presença de mais de quatro dezenas de ministros
"não é apenas sinal de boa vontade", mas demonstra também "um
novo sentido de urgência e de vontade política da UE".
A
primeira resposta foi apresentar, esta segunda-feira, através do comissário
europeu para a Migração, um plano com 10 ações imediatas para prevenir novas tragédias
no Mediterrâneo.
Vala
comum
"Está
ser criada uma vala comum no Mar Mediterrâneo e as políticas europeias são
responsáveis", disse Loris de Filippi, o presidente dos "Médicos sem
Fronteiras", citado pela CNN. Loris de Filipo disse que os números
tragicos são comparáveis aos de uma "zona de guerra" e exortou aos
estados Europeus que lancem imediatamente operações busca e salvamento de
larga-escala o mais próximas possíveis das margens líbias.
Um
programa italiano, o Mare Nostrum conseguiu resgatar mais de 160 mil
imigrantes em 2014 . Mas em Outubro foi terminado devido a cortes orçamentais e
na sequência das críyicas feitas pela UE, que defendia que as operações de
salvamento estavam servir de encorajamento aos imigrantes.
"A
reputação da Europa está em risco", disso o Ministro dos Negócios
Estrangeiros Paolo Gentiloni. "Tenho dito há semanas e meses que a Europa
tem de fazer mais. E agora a realidade atingiu-nos na cara", acrescentou.
Jornal
de Notícias - foto DARRIN
ZAMMIT LUPI/REUTERS
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