terça-feira, 9 de junho de 2015

Portugal. CAVACO SILVA VAI DESMAIAR EM LAMEGO? JÁ SE FAZEM APOSTAS




As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades deste ano terão lugar em Lamego. Cavaco Silva já está na região, no seu Cavaquistão, zona viseense que em tempos idos votava massivamente em Cavaco. As regiões do norte de Portugal têm sido as de preferência para Cavaco fazer este tipo de comemorações. Talvez por se sentir mais em "casa" e serem minimas as possibilidades de ser apupado como é costume noutras regiões.

O ano passado, na Guarda, onde ocorreram as comemorações do 10 de Junho, uma surpresa feita por sindicalistas e outros em contestação à situação de miséria em que se encontram a maioria dos portugueses, interromperam e sobrepuseram-se ao discurso de Cavaco Silva. O incómodo a Cavaco causou-lhe um desmaio a meio do discurso. Cavaco teve de sair em braços dos seus acólitos, que o rodearam e levaram para atrás do palanque em que discursava. Não foi a primeira vez que Cavaco desmaiou em cerimónias oficiais.

Este ano, nas comemorações em Lamego pode voltar a acontecer - Cavaco Silva voltar a repetir a dose e desmaiar. Certo é que, por isso, já existe quem aposte em como Cavaco vai desmaiar novamente. Uns dizem que sim e apostam, outros que não. Que ganhem os melhores.

Prognósticos... Só no final do discurso e das cerimónias que têm vindo sempre a "cheirar" a salazarismo. O que não admira, vindo de um salazarista que elegeram incompreensivelmente para presidente da República. Pecado semelhante só equiparado a terem-no eleito para primeiro-ministro com direito a repetições. O que causa arrepios e até dá para desmaiar.

Redação PG

O LINGUAREIRO EM LAMEGO





No início das comemorações do 10 de Junho, em Lamego, o presidente elogiou a capacidade do país de se reinventar. (Sandra Sá Couto, Paulo Nunes - RTP)

“Mais de 3 décadas a "chular" os portugueses, cheio de nódoas negras e agora, o canto do cisne, a dar o berro, manda para a praça públicas baboseiras indecentes sem ter vergonha de as proferir. Poucos portugueses podem erguer a cabeça entre e miséria e pobreza  em que estão envolvidos e de que ele foi um dos que contribuiu para isso".

José Martins, em Aqui Tailândia  

“VERÃO QUENTE” NO LESTE DA UNIÃO EUROPEIA



 Martinho Júnior, Luanda 

1 – Os persistentes indicadores que nos chegam do leste da União Europeia desde meados de 2014, fazem-nos prever um “verão quente” para 2015 e para os próximos anos, não tanto por causa das alterações climáticas em curso, mas por causa do crescendo de tensões e conflitos que se estão a esboçar, algo compreensível se atendermos à “folha diária” dos acontecimentos.

Quer no Báltico, quer no Mar Negro sinais de desdobramentos de tropas e de exercícios de todo o tipo por parte da NATO e da Rússia, têm vindo a ocorrer, ao mesmo tempo que em relação à Ucrânia, a meia distância entre os dois mares interiores, o precário Acordo de Minsk está em risco de colapso.

Sintomaticamente, há também indicadores dum relativo aumento de tensões nos Balcãs e na Moldávia.

2 – No Báltico, a NATO leva em especial atenção a posição físico-geográfica do enclave russo de Kaliningrado pelo que aumentou o desdobramento de tropas e a quantidade de exercícios nos países Bálticos e na Polónia, ao redor do enclave.

Ao mesmo tempo, aumentaram as manobras navais da NATO, integrando os papéis da Suécia, Dinamarca, Finlândia, Polónia, Estónia, Letónia e Lituânia.

No Báltico as tensões preenchem o espaço a norte da Ucrânia.

3 – Na Ucrânia o conflito pode-se agora reacender, pondo fim ao Acordo de Minsk.

Nos últimos dias tem-se assistido a movimentos de tropas, de ambos os lados, duelos de artilharia e acções tácticas de infantaria, com um aumento do número de mortos, feridos e deslocados em ambos os lados do “front”.

Se não houver uma acção concertada para se pôr fim à tendência de incremento de combates, toda a região do Donbass pode ser afectada, assim como os territórios a oeste, tendo em conta que as forças armadas da Ucrânia já antes de Minsk haviam sido derrotadas pela coligação Donetsk / Lugansk.

A situação da economia e das finanças da Ucrânia não pode deixar de ser levada em conta: enquanto o enfeudamento ao “ocidente” está a conduzir o país para uma situação socialmente explosiva, a leste a Rússia procura influir em sentido contrário, tirando partido de razões sócio-culturais e hostóricas.

Tornar possível a restauração histórica da Novo Rússia, com base nos séculos XVIII e XIX, é uma tentação que pela contradição se opõe à Euro-Maidan, ao golpe da “Revolução Laranja” que está a levar o nacionalismo ao extremo propício à formatação neo nazi, algo também afim à NATO e às suas “redes stay behind”.

A presença naval da NATO no Mar Negro, em estreita conexão com a Bulgária, a Roménia e a Ucrânia, são um prolongamento do aumento das tensões no continente e um dos fulcros a levar em conta é ainda a questão da Crimeia.

Os condimentos para uma escalada de acções militares estão instalados e o facto de Mikheil Saakashvili ter sido nomeado por Kiev, governador de Odessa, é um indicativo evidente de hostilidade, tendo em conta o histórico dos conflitos na Geórgia, onde ele foi Comandante-em-Chefe das forças militares da Geórgia, derrotadas pelos russos, apesar do deliberado apoio da NATO.

Ao plasmar as alianças das sucessivas “revoluções laranja” e “revolução rosa” no sul da Ucrânia, o“ocidente” subiu a parada em relação à Rússia precisamente na região onde os conflitos em cadeia podem expandir-se.

4 – Essa expansão pode abarcar a Moldávia, ela própria a braços com a crise da Transnítria, envolvendo o alinhamento da Roménia e da Bulgária, já membros da NATO.

Na Moldávia as questões étnicas agudizaram-se após a implosão da URSS e com a frágil independênia, pelo que a instabilidade é aproveitada pelos “ocidentais” e os russos, (que tal como na Ucrânia têm uma presença importante no país).

Em Maio na Moldávia, o “ocidente” assistiu ao colapso duma tentativa de “revolução colorida”, que marca a instabilidade interior do país mais pobre da Europa.

A Moldávia tem sido, em termos de evolução de sua situação interna e numa escala menor, uma réplica quase fiel da Ucrânia!

O facto das frotas tradicionais da NATO, com os Estados Unidos à cabeça, estarem a realizar sucessivos exercícios navais no Mar Negro envolvendo as armadas da Roménia e da Bulgária, (tal como havia acontecido com a Geórgia, antes da sua derrota face à Rússia em Agosto de 2008), amplia os factores de tensão também dentro da Moldávia.

A situação pode querer significar o reacender do conflito Rússia-Geórgia, agora num muito mais vasto campo de batalha que se estende do Báltico ao Mar Negro… as características dos conflitos em cadeia que se desenham a leste da União Europeia, são sensivelmente os mesmos.

Tudo isso, por seu turno, é em parte uma reedição dos conflitos nos Balcãs que levaram à dissolução da Jugoslávia e à derrota da Sérvia, procurando a NATO obrigar a Rússia a colocar-se numa posição similar já antes experimentada pela Sérvia, o que beneficia a sua propaganda!

As “experiências” da implosão da URSS e da ofensiva da NATO nos Balcãs, servem de antecâmara a tudo o mais no leste da União Europeia!
  
5 – Os Estados Unidos, recorrendo ao seu papel preponderante na hegemonia unipolar, utilizam como “arma ofensiva” contra a Federação Russa um poderoso “cocktail” que envolve componentes sócio-culturais, étnicas, religiosas e sócio-políticas, com o objectivo de implodir, ou fragmentar o maior estado territorial do globo e o único que se estende em dois continentes.

É evidente que a manobra de inteligência, a manobra militar e os jogos relativos às disputas energéticas, são mais visíveis, tendo em conta a leitura quotidiana dos acontecimentos, no entanto a hegemonia sabe que a implosão da Rússia, da China e eventualmente de outros emergentes, é sempre um recurso que serve aos interesses de domínio unipolar e isso só poderá ser conseguido pelas vias humanas, por vias sócio-culturais, sócio-políticas, étnicas e religiosas!

O retorno a premissas feudais nos relacionamentos internacionais, inauguradas com a “era Bush”por parte das condutas da hegemonia unipolar, implicam a ofensiva contra a Rússia, como contra a China, ou de forma latente contra a União Indiana...

A Rússia, ao ser obrigada a aceitar esse tipo de critérios, assume o risco de sua própria implosão, ou na fragmentação da Federação!

A fragmentação da Federação Russa, resolveria duma vez por todas a questão do domínio unipolar sobre os imensos recursos naturais do globo.

6 – O “efeito dominó” do “cocktail ofensivo” dos Estados Unidos sobre a Federação Russa, forja-se no carácter dos vizinhos que foram disseminados após o fim do Pacto de Varsóvia e a implosão da URSS, algo que tem que ver com o exacerbamento de nacionalismos que na Ucrânia assumem o extreme neo nazi!

Tudo isso foi sendo permitido “em democracia”!

Os Estados Unidos demonstram estar de tal forma determinados nos seus objectivos que permitem que a própria União Europeia, em resultado do carácter do “cocktail ofensivo” contra a Federação Russa, possa sofrer “efeitos colaterais”, tal a margem de manipulação e ingerência que dispõem!

É notório em toda a sua extensão, o exercício conservador e ultra conservador da deriva do poder na União Europeia!

Esse plano socorre-se da vitória alcançada sobre a URSS, explora êxitos do fim da Guerra Fria (o fim do Pacto de Varsóvia e o alinhamento na NATO quer de países que o compunham, quer de alguns estados europeus que faziam parte da URSS), lança na acção as “redes stay behind” geradas desde o fim da IIª Guerra Mundial na Europa e tira partido de “pequenos ensaios” como foram as guerras nos Balcãs e no Cáucaso.

Um dos próximos passos que a hegemonia pode dar, é a introdução no teatro do leste da União Europeia, de componentes do fundamentalismo religioso que com tanto êxito têm sido explorados pela hegemonia unipolar no caos que foi incrementado nos Balcãs, no Médio Oriente e em África…

O facto da Federação Russa recorrer à memória histórica e épica da URSS na IIª Guerra Mundial, tem muito mais a ver com a mobilização para a resistência hoje, de forma a garantir a inviobilidade da Federação Russa, do que com qualquer nostalgia dessa época, ou uma referência consistente ao socialismo de então!

O governo do tandem Putin-Medvedev é obrigado a enveredar por uma doutrina nacionalista com recurso a essa memória histórica, capaz de garantir o máximo de homogeneidade no imenso espaço euro-asiático da Federação Russa e os desfiles comemorativos do 70º aniversário da vitória sobre a Alemanha Nazi, são disso testemunho.

Quer a Federação Russa, quer a União Europeia podem não resistir ao que está a ser imposto pela hegemonia unipolar e o afastamento da Grã Bretanha de Bruxelas é um sinal dos horizontes de chumbo que podem despontar por aí.

Cada verão que ocorra nos tempos mais próximos no leste da União Europeia, pode tornar-se cada vez mais quente, mesmo que a ameaça dum definitivo inverno nuclear possa ser a estação final… de não retorno!

Mapa: “Experiências da NATO” no leste da União Europeia em 2014, um “arranque” nas disputas contemporâneas entre o Báltico e o Mar Negro.

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Por que é urgente lutar contra a OTAN e redescobrir o sentido da ação política



Domenico Losurdo

Àqueles que na esquerda manifestam reservas e hesitações sobre o apelo e a campanha "Não à guerra, não à OTAN; por um país soberano e neutro" – gostaria de sugerir que dediquem particular atenção para aquilo que a imprensa e demais meios de comunicação estadunidenses escrevem há algum tempo.

A guerra permanece no centro do discurso permanece; e esta, longe de se configurar como uma perspectiva hipotética ou remota, é discutida e analisada nas suas implicações políticas e militares. Em The National Interest de 7 de maio último, pode-se ler um artigo particularmente interessante. O autor, Tom Nichols, não é uma pessoa qualquer, é "professor de assuntos de Segurança Nacional na Academia da Marinha de Guerra". O título é de per si eloquente e alarmante: "Como a América e a Rússia poderiam provocar uma guerra nuclear" ( How America and Russia Could Start a Nuclear War). É um conceito muitas vezes repetido no artigo (assim como nas aulas) do ilustre docente:   a guerra nuclear "não é impossível"; mais do que removê-la, os Estados Unidos fariam bem em preparar-se para esta nos planos militar e político.

Mas como? Eis o cenário imaginado pelo autor estadunidense: a Rússia, que já com Ieltsin, em 1999, por ocasião da campanha de bombardeios contra a Iugoslávia, proferiu terríveis ameaças e com Putin, muito menos resignado com a derrota sofrida na Guerra Fria, acaba provocando uma guerra que de convencional se torna nuclear e conhece uma progressiva escalada. E eis o resultado: nos EUA são incontáveis as vítimas; a sorte dos sobreviventes talvez seja ainda pior, para encurtar o sofrimento, cogita-se levá-los à morte por eutanásia; o caos é total e só se pode fazer respeitar a ordem pública mediante a "lei marcial".

Agora vejamos o que ocorre no território do inimigo derrotado e golpeado não só pelos EUA mas também pela Europa e em particular pela França e o Reino Unido, duas potências nucleares: "Na Rússia, a situação será ainda pior [do que nos EUA]. A plena desintegração do Império Russo, iniciada em 1905 e interrompida apenas pela aberração soviética, finalmente acontecerá. Eclodirá uma segunda guerra civil russa e a Eurásia, por décadas ou mesmo por mais tempo, será apenas uma mistura de Estados étnicos devastados e governados por homens fortes. Qualquer resquício do Estado russo poderia reemergir das cinzas, mas provavelmente será sufocado de uma vez por todas por uma Europa sem a intenção de perdoar uma tão grande devastação".

No título, o artigo aqui citado se refere apenas à possível guerra nuclear entre os Estados Unidos e a Rússia, mas claramente o autor não se contenta com pouco. O seu discurso prossegue evocando uma réplica desse cenário na Ásia. Nesse caso, não é Moscou, mas Pequim, que provoca primeiro a guerra convencional, depois a nuclear com consequências ainda mais terrificantes. O resultado, porém, é o mesmo: "Os Estados Unidos da América, de qualquer modo, sobrevivem. A República Popular da China, analogamente à Federação Russa, deixará de existir como entidade política".

É uma conclusão reveladora, que involuntariamente lança luz ao projeto, ou melhor, ao sonho, acalentado pelos campeões da nova guerra fria e quente. Não se trata de rechaçar a "agressão" atribuída à Rússia e à China, e não se trata tampouco de desarmar esses países e de pô-los na condição de não fazer nenhum mal. Não, trata-se de aniquilá-los enquanto Estados, enquanto "entidades políticas". Ao menos no que se refere à Rússia, o autor deixa escapar que sua "desintegração" é o resultado de um processo benéfico iniciado em 1905, desgraçadamente interrompido pelo poder soviético, mas que poderia "finalmente" (finally) alcançar sua conclusão. A retardar a "desintegração" total da Rússia que se impõe, esteve apenas a "aberração" do país que emergiu da revolução de outubro. Pareceria que o autor estadunidense aqui citado exprime seu desapontamento e desilusão com a derrota sofrida pela Alemanha nazista em Stalingrado.

Uma coisa é certa: destruir a Rússia como "entidade política" era o caro projeto do Terceiro Reich. E, portanto, não é um acaso que a OTAN, ao menos na Ucrânia, colabore abertamente com movimentos e círculos neonazistas. Destruir a China como "entidade política" era, por seu turno, o caro projeto do imperialismo japonês, êmulo na Ásia do imperialismo hitleriano. E, portanto, não é por acaso que os Estados Unidos reforçam o seu eixo com o Japão, que renega sua Constituição pacifista e está empenhado em um tresloucado revisionismo histórico, reduzindo a trapo um dos capítulos mais horríveis da história do colonialismo e do imperialismo (os crimes com que se manchou o Império do Sol Nascente na tentativa de sujeitar e escravizar o povo chinês e outros povos asiáticos).

O artigo que citei longamente é sintomático. Já de acordo com a doutrina proclamada por Bush Jr., os Estados Unidos se atribuíam o direito de quebrar tempestivamente a emergência de possíveis competidores da superpotência então única. Claramente tal doutrina continua a inspirar na república norte-americana círculos militares e políticos prontos a correr o risco mesmo de uma guerra nuclear.

É a esta ameaça que querem responder – finalmente! – o apelo e a campanha "Não à guerra, não à OTAN; por um país soberano e neutro". É encorajador que nesta iniciativa estejam empenhadas personalidades ilustres com diversas orientações políticas e ideológicas. É possível promover um alinhamento de forças bastante amplo em defesa da paz mundial e da salvação do país.

Contudo, como mencionei acima, às vezes nos deparamos com reservas e hesitações que se manifestam em ambientes inesperados e insuspeitos e que até mesmo pertencem ao movimento comunista. São reservas e hesitações cujo sentido não se compreende bem. Será que para começarmos a nos organizar contra a guerra devemos esperar que surja a perspectiva de destruição e de morte em larga escala que emerge da imprensa internacional e em primeiro lugar da estadunidense? Seria uma posição irresponsável e suicida. É verdade, as forças que compreenderam a real natureza da OTAN e que estão prontas a lutar contra ela são hoje mais reduzidas. Mas desta constatação deriva não a legitimidade do adiamento do nosso empenho na luta pela paz, mas ao contrário, a sua absoluta urgência. Temos uma grande história sobre nossos ombros. Em sua época, Lênin lançou a palavra de ordem da transformação da guerra em revolução, quando os jovens, em diversos países europeus, cegos durante algum tempo pela ideologia dominante, acorriam entusiasmados e em massa ao alistamento voluntário como se fossem a um encontro amoroso.  Obviamente, a situação contemporânea é diferente, mas não há motivos para abdicar do dever de difundir a consciência do perigo de guerra e de denunciar a política de guerra da OTAN. Agora é possível contestar e refutar uma a uma as manipulações da indústria da mentira que é ao mesmo tempo a indústria da propaganda bélica; agora é possível e necessário contrastar cada medida política e militar que ameaça a aproximação da catástrofe. E tudo isto sem nunca perder de vista o objetivo estratégico de expulsar a OTAN de nosso país.

As reservas e hesitações em face do apelo e da campanha contra a OTAN não têm nenhuma plausibilidade política e moral. Há, porém, uma explicação, que não é uma justificativa. Ao menos na Europa ocidental, a dura derrota sofrida pelo movimento comunista entre 1989 e 1991 comportou um terrível empobrecimento não só teórico, mas também ético-político. O primeiro é amplamente conhecido, e tentei contribuir para esclarecê-lo em primeiro lugar com os meus livros sobre a "esquerda ausente" e sobre o "revisionismo histórico".

Agora direi algo sobre o empobrecimento ético-político: mesmo os intelectuais que não se associam ao coro empenhado em denegrir a "forma-partido", frequentemente se revelam incapazes de agir coletivamente. Parece que se esqueceram do significado da ação política e sobretudo de uma ação política que pretenda transformar radicalmente a realidade existente e que, portanto, é obrigada a defrontar-se com um aparato de manipulação mais poderoso do que nunca. Sabemos desde os nossos clássicos que a pequena produção é o terreno sobre o qual se enraíza o anarquismo. O moderno desenvolvimento das comunicações digitais comporta de fato um forte relançamento da pequena produção intelectual. Eis que no clima que se criou depois da derrota de 1989-1991 e ao correlato empobrecimento ético-político, não poucos intelectuais, mesmo de orientação comunista, tendem a fechar-se cada qual em seu blog e sítio de internet. No blog e no sítio o intelectual isoladamente tem que se haver consigo mesmo, sem se confrontar com as contradições e conflitos que são próprios da ação política enquanto ação coletiva.

Temos agora blogs e sítios de orientação comunista, não poucas vezes valiosos e algumas vezes muito valiosos, mas frequentemente em diversas medidas atingidos por aquela velha doença que é o anarquismo de grande senhor, que se tornou mais grave e mais dificilmente curável pelo empobrecimento ético-político que mencionei e agora em condições de manifestar-se sem obstáculos graças aos milagres da comunicação digital. Para todos esses intelectuais o próprio blog e o próprio sítio são ao mesmo tempo o partido e o jornal como tais. E esses intelectuais se posicionam de tal modo pelo fato de que – lamentam – faltam o partido e o jornal.

Sobretudo no que se refere ao primeiro ponto, os leitores deste blog já conhecem as posições que assumi publicamente, e não preciso repetir. Quero acrescentar apenas uma observação. Se os diversos sítios e blogs de que falei se empenhassem em conduzir a campanha "Não à guerra, não à OTAN; por um país soberano e neutro", denunciando dia após dia os planos de expansão e de guerra da OTAN e as suas manobras para desestabilizar por todos os meios (até recorrendo ao ISIS) os países que se opõem a tudo isso, daríamos um passo concreto e importante para a fundação de um jornal nacional (no sentido leninista e gramsciano do termo). E se no curso desta campanha um número considerável de intelectuais e militantes redescobrissem o desejo e o sentido da ação política, que é sempre uma ação coletiva sobretudo quando se persegue objetivos de transformação radical da realidade político-social, então daremos um passo concreto e importante para a solução do problema do partido, objetivo para o qual todos somos chamados a nos empenhar. 


O original encontra-se em www.domenicolosurdo.blogspot.pt/ e a versão em português em domenicolosurdoinfobrasil.blogspot.pt

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
 

Grécia - Tsipras: “O POVO PEDE-NOS PARA NÃO CEDERMOS”




Alexis Tsipras foi ao parlamento desafiar a oposição a dizer se está de acordo com as “exigências descabidas” dos credores. Mas apesar delas, continua a dizer que “o acordo está mais próximo que nunca”.

O primeiro-ministro grego surgiu no parlamento após deixar claro que a proposta dos credores que lhe foi apresentada por Jean-Claude Juncker é “inaceitável” para o governo. “O povo grego diz-nos para não abandonarmos as nossas propostas razoáveis e para não cedermos às propostas absurdas” dos credores, acrescentou.

“Devo dizer que a proposta que Juncker me apresentou foi uma surpresa desagradável. Não imagino nenhum deputado neste parlamento a votar a favor” do aumento de 10% do IVA sobre a eletricidade, ou o fim do apoio aos pensionistas mais pobres, afirmou Tsipras, desafiando a oposição a clarificar se está ou não de acordo com as “exigências irracionais” feitas esta semana pelos credores.

“Provámos o nosso empenho no ideal europeu ao apresentarmos uma proposta completa”, que refletia não as posições do governo de Atenas, mas os consensos alcançados na mesa das negociações técnicas, explicou Tsipras aos deputados, reafirmando que “esta proposta é a única proposta realista”.

“Mais do que as listas de reformas, o que é crucial é acabar com o círculo vicioso da crise que se autoalimenta”, prosseguiu Tsipras, defendendo que “é preciso uma solução para o problema da sustentabilidade da dívida grega e não basta uma leve referência em tom de promessa, como existe na proposta dos credores”.

No seu discurso de abertura do debate, Tsipras resumiu ainda os “objetivos estratégicos” que o governo grego tem assumido nas negociações: “saldos orçamentais baixos, restruturação da dívida, proteger pensões e salários reais, distribuição do rendimento a favor da maioria, regresso da contratação coletiva, reverter a desregulação do mercado laboral e um forte programa de investimento que aproveite os recursos e crie um choque positivo na economia”.

InfoGrécia

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Uma difícil conversão financiada pela UE para o aeroporto utilizado pela CIA na Polónia




Um pequeno aeroporto utilizado pela CIA para enviar prisioneiros raptados para "locais secretos" da agência recebeu mais de 30 milhões de euros em fundos da UE para ser convertido num aeroporto internacional. No entanto, pode nunca vir a ser viável, uma vez que se espera tráfego suficiente em breve. Excertos.


“Um pequeno aeroporto no nordeste da Polónia utilizado pela CIA para enviar prisioneiros raptados para tortura num campo de formação em serviços secretos próximo recebeu mais de 30 milhões de euros em fundos da UE”, escreve o EUobserver.

Segundo a investigação do site noticioso baseado em Bruxelas, “o dinheiro da UE faz parte de uma soma mais avultada de 48,5 milhões de euros para transformar a antiga pista de aviação militar num aeroporto internacional comercial conhecido como Szymany”.

A Comissão Europeia não tem poder de supervisão sob a forma como o dinheiro, retirado do fundo de desenvolvimento regional europeu, é gasto, uma vez que, as somas são demasiado pequenas para esta ter uma participação direta. Desta forma, o dinheiro é administrado e gerido pelas autoridades regionais que desviaram todos os fundos para uma empresa que criaram após terem obrigado um empresário polaco-israelita, que tinha tido um papel fundamental na obtenção da subvenção da UE, a transferir a titularidade do arrendamento do aeroporto.

Há sete anos que está a ser desenvolvida uma investigação criminal “que pode implicar alguns dos altos-funcionários da Polónia e outras personalidades políticas”.

“Além das páginas negras da sua história”, acrescenta o EUobserver, o aeroporto é o exemplo de como, e onde, não se deve criar projetos de infraestrutura com o dinheiro da UE: em 2005, o pequeno aeroporto registou apenas uma aterragem e descolagem internacional. Registaram-se cerca de 151 descolagens e 152 aterragens de destinos nacionais.

Para o aeroporto ser viável precisava de receber um milhão de pessoas por ano, mas os seus promotores dizem que não será possível atingir tal valor antes de 2035. Mariola Przewlocka, antiga diretora do aeroporto, afirma que “Szymany só conseguirá um equilíbrio orçamental com um milhão de pessoas a passar pelas suas portas de embarque. É uma tarefa impossível”. Demitiu-se “depois de fornecer provas do programa de extradição conduzido pela CIA ao Parlamento Europeu em 2007.”

Entretanto, o seu antigo superior hierárquico, Jerzy Kos, presidia o conselho de administração do aeroporto quando os americanos faziam aterrar aeronaves Gulfstream e Boeing 737 em plena noite, em 2003. Cerca de um ano depois, foi raptado por rebeldes iraquianos em Bagdad e, mais tarde, salvo graças a uma operação de resgate de alto risco por uma equipa de operações especiais dos Estados Unidos.

Jacek Krawczyk, antigo presidente do conselho de diretores da LOT Polish Airlines (companhia aérea nacional polaca), considera que o projeto não faz qualquer sentido de um ponto de vista operacional e económico: “As autoridades locais vão encarar isto como um monumento que lhes permitiu gastar fundos europeus”, contou ao EUobserver, acrescentando que o aeroporto em Gdansk, situado mais para o norte, já tem boas ligações para a Escandinávia e outras partes da Europa de leste e ocidental.

A oito quilómetros do aeroporto, e quase à mesma distância da base Stare Kiejkuty, o centro de formação em serviços secretos polaco onde os americanos terão cometidos os crimes, está Szczytno, uma cidade com 20 mil habitantes. Esta beneficia dos mesmos fundos regionais da UE usados para cofinanciar o aeroporto. “O dinheiro permitiu renovar edifícios, parques e as ruínas de um castelo, tendo cada obra um cartaz a indicar a contribuição da UE”, escreve o EUobserver. No entanto, apesar do seu envolvimento direto no projeto, o presidente da câmara recusou-se a responder às nossas perguntas acerca da viabilidade económica do aeroporto, das previsões turísticas e dos possíveis impactos nos mercados locais de trabalho.

EUOBSERVER.COM / Vox Europ

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ALEMANHA AMEAÇA A ESTABILIDADE DA ZONA EURO




O diário britânico The Daily Telegraph estima que não só o excedente da balança corrente da Alemanha está fora de controlo, mas que pelo quinto ano consecutivo a Comissão 

Europeia não impôs multas à Alemanha por colocar em perigo a estabilidade da zona euro e por ter violado o procedimento relativo ao desequilíbrio macroeconómico da UE. O diário afirma que “os cínicos poderiam concluir justificadamente que os grandes países seguem as suas próprias regras na Europa e que a Alemanha pode desafiar todas as regras”.

O artigo faz ainda referência ao Fundo Monetário Internacional, que no ano passado alertou a Alemanha para o facto de o seu excedente orçamental ser destrutivo para a união monetária no seu conjunto, não servir os interesses da Alemanha e complicar a saída da crise para os países da zona euro afetados. O jornal insiste que o excedente é um abuso estrutural crónico, que acaba por debilitar o funcionamento da união monetária a longo prazo, e é certamente mais perigoso para a unidade da zona euro do que o quer se se passe na Grécia.


A TEIA NO PORTUGAL DOS PEQUENINOS


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

A MANELA ANDA PASSADA

Moderadora num programa da TVI “passa-se” e abandona programa em direto. Daria para rir se não fosse triste. Um profissional não faria aquilo. A Moura Guedes de há uns anos atrás, uns anos largos, não faria aquilo. Reformem-na, porque já não há remédio que cure os excessos da Manela. Verdade que ela sempre foi intempestiva, verdade que a vida lhe tem pregado grandes e desagradáveis partidas, verdade que já foi uma boa e grande profissional da televisão e da informação… Tudo verdade. Mas a Manela já não reúne as condições mínimas para estar frente às câmeras a moderar e conduzir um programa. A Manela anda passada, sem paciência, sem tabelas para a sua própria condução profissional. Manela, com muito apreço e carinho: devia ter saído pela porta grande e anda a escavar para saír a rastejar. Chega. Basta. Não tem o direito de fazer tanto mal à Manuela Moura Guedes!

LIBERTEM SÓCRATES E DEPOIS LEVEM COM ELE

Sócrates, o ex-primeiro-ministro, está preso em Évora há seis meses. Preso sem acusação formada. Esquisito. É adverso à democracia e ao Estado de Direito em que se pretende viver - em que alguns dizem (mentindo) que é isso que se vive em Portugal – manter em prisão alguém pela real gana de um juiz com alegados argumentos que não lembram ao diabo. Lembrou a Carlos Alexandre, aquele a quem chamam super-juíz. Super pelos excessos, provavelmente. Super por se sentir bem no personagem de ditador. E aos ditadores não é reconhecida razoabilidade. Aqui há gato. Há qualquer coisa em todo o processo que nos escapa (ou não). Por isso o Carlos não é super na profissão que se exige seja desempenhada com toda a dignidade e moralidade que a justiça exige em Estado de Direito, numa sociedade efetivamente democrática. Que andam muitos milhões na baila é verdade, que Sócrates pode ter algo que ver com isso e até poder ser um dos que não se coibiu de cometimento de ilegalidades também é verdade. E provas? E acusação fundamentada das ilegalidades cometidas? Quer dizer, prende-se primeiro e depois investiga-se? E seis meses não chegam? Carlos Alexandre meteu a pata na poça ou tem muito mais alguma coisa neste processo de “queimar” o PS pela via de Sócrates? Acusem o homem com provas fundamentadas e que sejam criminosas e então depois prendam-no. Assim é que não é nada. Faz bem Sócrates em dar luta, agora que o querem mandar para casa. Com esta Carlos Alexandre não contava, nem o Ministério Público. Querem lavar a alma? Pois então expliquem lá realmente de que crimes Sócrates é realmente acusado? Que fundamentos? Que provas inequívocas? Acusem-no formalmente. Há milhões e milhões no caso mas… isso incrimina Sócrates? Se sim, acusem-no, formalmente. Milhões também há em casos como Cavaco Silva, Paulo Portas (CDS), Dias Loureiro, e tantos outros. E isso, saído na imprensa, deu em nada. Loureiro até teve “cunha” para que não mexessem mais no caso. Certamente que não foi o Zé da Esquina que intercedeu para que “deixassem o caso de Loureiro nas faldas do esquecimento, da ignorância”. Justiça? Onde pára a justiça? Não a vimos. O que vimos é saber que há poderosos que mandam parar investigações. Poderosos da máfia, certamente. Há ou não uma teia criminosa que envolve políticos e a política? Acusam ou não acusam objetivamente e legalmente José Sócrates? Não? Então deixem o homem em paz. Libertem-no. Levem com ele por o terem privado da liberdade que qualquer cidadão em Portugal deve ter se não existirem provas concretas e incriminatórias que levem a uma acusação fundamentada de facto. Libertem Sócrates e levem com ele. É disso que têm medo? Já agora, que jogada suja é que será toda esta “história”? Pergunta-se pelas ruas. O juiz que responda. Ele melhor que ninguém deverá saber. Saberá também que é por estas e outras que a justiça está tão desacreditada? Carlos Alexandre esticou-se indevidamente? Então ficará na memória dos do Portugal dos Pequeninos, talvez na fila de Cavaco Silva e outros. Que pena. Parece que Carlos Alexandre, o pseudo super-juíz, afinal não tem a vassoura que possa arrasar a teia. Que pena, se fosse, nesse caso, efetivamente justo. Sem sofismas. Sem teias.

Portugal. José Sócrates vai recorrer se for mandado para prisão domiciliária




José Sócrates recusou a medida de coação proposta pelo Ministério Público, de prisão domiciliária com pulseira eletrónica.

O antigo primeiro-ministro, José Sócrates aguarda uma decisão por parte do juiz Carlos Alexandre em relação à medida de coação. Caso o juiz mande o socialista para casa, sem pulseira eletrónica, mas com um polícia à porta, a sua defesa recorrerá da decisão, avança o Público.

“Irei recorrer de qualquer decisão que implique uma restrição à liberdade do meu cliente”, afirma um dos advogados do ex-governante, João Araújo.

Mas se Carlos Alexandre decidir então pela sua permanência na prisão de Évora, também verá essa decisão ser alvo de contestação, acrescenta o Público.

Depois de Sócrates ter recusado a medida de coação de prisão domiciliária com pulseira eletrónica, deixou de ser necessário deslocar-se a Lisboa para se apresentar diante do juiz. Numa carta dirigida ao Tribunal de Instrução Criminal, o socialista fez saber que “prescinde de ser ouvido pessoalmente”, afirma o advogado.

Sócrates encontra-se detido por indícios de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção.

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A CPLP E O MAR



Jornal de Angola, editorial

A economia do mar é  hoje  um assunto que interessa a  muitos Estados. Em  tempo de crise,  ainda não superada ainda por vários países, o tema  tem  suscitado  as atenções de Governos, que  têm estabelecido politicas públicas  no sentido de potenciar um recurso  que pode contribuir grandemente para resolver  muitos problemas económicos

O mar tem imensos recursos  e, em tempo diversificação de economias  naqueles países que  dependem excessivamente do petróleo , compreende-se que vários Estados estejam agora a considerar  investimentos  numa área  que pode  ajudar  a dar oportunidades a agentes económicos  e consequentemente  reduzir o desemprego.

O combate ao desemprego preocupa muitos Governos , que  adoptam políticas de incentivo à criação de pequenas e médias empresas , de modo a aumentarem os postos  de trabalho.

O emprego é uma das questões centrais  de muitos Estados e não é por acaso que há países com departamentos ministeriais  para tratar  especificamente  de questões relativas ao acesso  ao mercado de trabalho.

A economia do mar  é  uma área  a que  se está a dar  particular importância,  pois sabe-se que os oceanos  constituem  também fonte  de recursos para o desenvolvimento sustentável e é assunto que se discute a nível multilateral.

Os ministros responsáveis pelos assuntos mar  da  Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)  reuniram-se recentemente,  em Lisboa, para abordar  questões relacionadas com a chamada “economia azul”, tendo  as discussões  sido centradas   no papel dos  agentes privados e públicos na exploração de  recursos dos oceanos, na perspectiva  da criação de riqueza e de combate à pobreza.

O facto de os Estados membros da CPLP possuírem territórios marítimos leva-os a interessarem-se  em discutir problemas que  em muitos casos lhes são comuns , podendo na troca de experiências  e de conhecimentos todos ganhar no sentido de se avançar para  projectos de cooperação  dinâmica e  exequíveis.

Os ministros  da CPLP manifestaram na reunião  a intenção de avaliarem as iniciativas definidas da comunidade para os oceanos  e realçaram a importância  de concertar esforços  para a partilha de informação relevante sobre projectos  de extensão  da plataforma continental.

O multilateralismo tem a vantagem de  permitir aos Estados  tirarem proveito  do que há de mais avançado no mundo para  adaptá-lo  às suas realidades.  Num mundo complexo,  precisamos todos de  partilhar não somente informações, mas também conhecimentos que fazem  gerar o crescimento e o desenvolvimento económico.

A CPLP é uma comunidade na qual   estão inseridos países  com diferentes níveis de desenvolvimento e de potencialidades económicas  e essa diversidade faz dela um espaço  capaz de  impulsionar uma cooperação que aproveite  a todos os seus  membros.

A língua comum e  o longo período de contacto entre si sob diversas formas  facilitam  uma colaboração multilateral frutuosa, apesar da descontinuidade geográfica, que não tem  impedido  a aproximação  entre os povos da comunidade , que têm tudo para  ir mais longe em termos  de relações económicas.

Os dirigentes  dos países já perceberam isso  e certamente querem tirar partido das potencialidades que  cada Estado da comunidade comporta . É necessário passar à acção, com  mecanismos de cooperação que possam  ajudar  todos  a progredir.

Afinal, é o progresso que interessa a todos os seus Estados membros. E o progresso de cada um em determinadas áreas  consegue-se procurando a cooperação  com os outros  que apresentem vantagens   neste  ou naquele domínio.

O importante é que haja sempre disponibilidade para  a discussão dos problemas e de os resolver em conjunto  quando  for necessária  concertação, para se avançar para  o bem-estar de todos os povos  de uma comunidade  que já  ganhou prestígio internacional e que é integrada por povos de quatro continentes. O mar é hoje visto como mais uma potencialidade que pode transformar as economias  do Estados da CPLP. A necessidade de resolução de muitos problemas económicos dos povos da comunidade justifica este empenho em encontrar soluções para  a “economia azul “ ser  próspera  em todo o espaço  onde se fala a língua portuguesa.


É  acertado não subestimar os recursos marinhos numa altura em que é necessário diversificar a economia , um processo que no nosso país ganha nova dinâmica, prevendo-se  uma intensificação de actividades em diferentes áreas da produção.  Que a economia do mar venha a ter futuramente um grande peso no nosso Produto Interno Bruto.

NOVOS INVESTIMENTOS EM ANGOLA CHEGAM DA CHINA



Kumuênho da Rosa, Pequim – Jornal de Angola

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tem esta tarde um encontro, no Palácio do Povo, em Pequim, com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.

Além de passarem em revista vários dossiers da actual conjuntura mundial, os dois líderes  discutem as bases do reforço da cooperação bilateral, com a assinatura de acordos nos domínios financeiro, agrícola, diplomático, energia e águas, do ensino superior e educação.

A assinatura dos acordos de cooperação é o culminar de uma intensa maratona negocial que envolveu técnicos e responsáveis ministeriais dos dois países, no âmbito da Comissão Mista Bilateral, mecanismo que os dois Governos querem tornar mais dinâmico e actuante.

Angola e a China estão determinadas a reforçar a parceria estratégica existente e, mais do que isso, desenvolver uma cooperação que resulte em ganhos recíprocos e com reflexos tangíveis no bem-estar das respectivas populações.

Antes do encontro com o líder chinês, o Chefe de Estado angolano vai conferenciar com Yu Zhengsheng, presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, e com o primeiro-ministro Li Keqiang. À noite está presente no jantar oficial oferecido por Xi Jinping e, tal como na abertura das conversações oficiais, os dois líderes  discursam.

O Chefe de Estado angolano visita, amanhã, o Monumento aos Heróis do Povo, na Praça da Paz Celestial, hoje uma das mais conhecidas relíquias históricas da milenar arquitectura chinesa e a maior praça do mundo, com os seus 440 mil metros quadrados.

A Praça da Paz Celestial encerra grande simbolismo e, além de acolher o Monumento aos Heróis do Povo, integra o Mausoléu do Presidente Mao Tse Tung, no eixo principal norte-sul da praça. 

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, tem agendada para quinta-feira uma deslocação a Tianjin, próximo de Pequim, onde visita a Área de Desenvolvimento Económico-Tecnológico (TEDA), um dos ex-libris da parte moderna da cidade. Com as autoridades angolanas focadas na redução do peso do petróleo no PIB, na diversificação da economia e no aumento da produção local, a deslocação do Presidente José Eduardo dos Santos à cidade de Tiajin assume uma importância fulcral. Também conhecida como Tientsin, a cidade é uma das maiores e mais importantes do país. Tianjin é uma das quatro cidades-municípios da China, e tal como muitas das recém-surgidas metrópoles do país, é dividida entre a velha e a moderna Tianjin.

Na parte velha da cidade é possível encontrar monumentos históricos e na mais moderna e economicamente desenvolvida de Tianjin surge a Área de Desenvolvimento Económico-Tecnológico e a Binhai New Area. Juntas servem de base para  todos os pólos industriais, comerciais e financeiros da região.

Grandeza dos números

Com um crescimento de mais de 30 por cento ao ano, a Área de Desenvolvimento Económico-Tecnológico e a Binhai New Area constituem uma das maiores bases na China para indústrias relacionadas com a alta tecnologia e telecomunicações. O PIB de cerca de 172 mil milhões de dólares, em 2011, tornou Tianjin a quinta cidade mais rica da China, depois de Xangai, Pequim, Guangzhou, Shenzhen e região autónoma de Hong Kong.

As principais indústrias instaladas na cidade estão relacionadas com a petroquímica, têxteis, automóveis, metalurgia e produtos farmacêuticos. Em 2010, Tianjin atraiu um total de 13,2 mil milhões em investimentos, com mais de 21 mil empresas estrangeiras instaladas e/ou a investir na cidade nos últimos anos, acumulando, desde 2008, investimentos estrangeiros de mais de 48 mil milhões de dólares.

Fazem parte da delegação presidencial o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Edeltrudes Costa, e os ministros das Relações Exteriores, Georges Chikoti, dos Transportes, Augusto Tomás, do Comércio, Rosa Pacavira, e da Energia e Águas, João Baptista Borges.

Foto: Francisco Bernardo, Pequim

CHINA COMPROU QUASE METADE DAS EXPORTAÇÕES ANGOLANAS EM 2014




A balança comercial angolana registou um saldo positivo de 22,2 mil milhões de euros em 2014, com a China a liderar as compras, quase metade, e Portugal em primeiro nas vendas, indica o anuário estatístico do comércio externo.

De acordo com o documento do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, o país exportou bens e serviços no valor de 5,7 biliões de kwanzas (44,4 mil milhões de euros) em 2014, uma redução de 12 por cento face ao ano anterior.

Já as importações aumentaram cerca de 5%, para 2,8 biliões de kwanzas (21,5 mil milhões de euros), traduzindo-se num saldo da balança comercial de Angola - reimportações também contabilizadas pelo INE - de 2,9 biliões de kwanzas (22,2 mil milhões de euros).

Apesar de ainda largamente positiva, a balança comercial agravou-se 23,8% em 2014, sobretudo influenciado pela quebra nas receitas com as vendas de petróleo, que sustentam a economia angolana (97,8% das exportações de 2014) e que enfrentaram na segunda metade do ano a crise da quebra na cotação internacional do barril de crude.

Embora comprando menos a Angola face a 2013 (-12,5%), a China continua a liderar os destinos das exportações angolanas (petróleo), tendo garantindo 2,7 biliões de kwanzas (20,7 mil milhões de euros) e uma quota de 47% em 2014.

Distantes na lista das exportações angolanas estão países como a Índia (quota de 7,7%), a Espanha (6,4%), o Canadá (4,6%) e os Estados Unidos da América (4,4%). Já Portugal surge apenas na 10.ª posição, com uma quota de 3,3%, tendo comprado a Angola produtos no valor de 189,5 mil milhões de kwanzas (1,4 mil milhões de euros).

A lista das importações angolanas é liderada por Portugal, com uma quota de 15,9% e um volume total, em 2014, nas contas do INE de Angola, de 447 mil milhões de kwanzas (3,4 mil milhões de euros), um aumento de praticamente 1% face ao ano anterior.

A China aproximou-se de Portugal, subindo praticamente 26% nas vendas a Angola (agora com uma quota de 13,3%), passando para 373,5 mil milhões de kwanzas (2,8 mil milhões de euros).

Só em produtos agrícolas Angola gastou em 2014 mais de 259,3 mil milhões de kwanzas (quase dois mil milhões de euros) em importações, tendo exportado, no mesmo segmento, apenas 4.940 milhões de kwanzas (38 milhões de euros), segundo o INE.

Lusa, em Notícias ao Minuto

PRESIDENTE ANGOLANO INICIOU PROGRAMA OFICIAL EM PEQUIM




O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, encontrou-se hoje com o presidente da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, Yu Zhengsheng, no primeiro ato oficial de uma visita destinada a "injetar um novo ímpeto" nas relações sino-angolanas.

Yu Zhengsheng, 70 anos, é também membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês, a cúpula do poder na China, liderada pelo secretário-geral do PCC e Presidente da Republica, Xi Jinping, constituída apenas por sete elementos.

O encontro decorreu num dos salões do Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, onde logo à tarde (hora local) Eduardo dos Santos irá encontrar-se com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Keqiang.

A cerimónia de boas vindas, com honras militares, está marcada para as 17.00 (10:00 em Lisboa e em Luanda). Eduardo dos Santos chegou na segunda-feira à tarde a Pequim, acompanhado pela mulher, Ana Paula dos Santos.

É a sua quarta visita oficial à China no espaço de 27 anos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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