O
comentarista e antigo deputado da Unita Makuta Nkondo exortou a oposição
angolana a unir-se para tornar possível a alternância do poder no país.
Voz
da América, em Angola Fala Só
“Vamos
lavar a roupa suja em família,” exortou Nkondo defendendo que que é preciso que
as forças da oposição e as organizações da sociedade civil “deixem as
querelas”.
Falando
no programa “Angola Fala Só”, Nkondo disse contudo não acreditar nas eleições
previstas para 2017, porque “a fraude já começou”.
As
únicas eleições angolanas que tiveram uma “certa transparência” foram as de
1992, disse Nkondo. Desde então o que houve “são encenações e não eleições”.
“O
MPLA tem a faca e o queijo na mão”, disse, fazendo referência ao controlo que
este partido exerce sobre a Comissão Nacional Eleitoral e Tribunal
Constitucional, que tem o poder de julgar as disputas eleitorais.
Nkondo
disse que uma das razões por que em África, em geral, e em Angola, os líderes
se recusam a abandonar o poder é o medo da vingança.
“Muitos
desses líderes são como Pol Pot”, disse em referência ao dirigente genocida do
Camboja.
No
que diz respeito a Angola “o revanchismo é inevitável”.
“Houve
muito sangue”, recordou, e recomendou a criação de uma comissão da verdade
“para se apurar os crimes” cometidos por todos os partidos.
Nkondo
recordou ainda que famílias inteiras foram dizimadas em lutas internas dos três
partidos.“Não é só o MPLA, pois na UNITA na FNLA também houve sangue”.
Nessa
comissão da verdade ou “numa missa” de todas as religiões “os três partidos
devem confessar tudo,” sugeriu.
O
comentarista angolano disse que uma das razões de Angola não ter mais
manifestações é o medo da repreensão, pois os “os angolanos estão vestidos de
medo”.
Nkondo
manifestou cepticismo quanto a medidas do governo para lidar com a crise
financeira, como a promessa de controlar os preços de produtos básicos.
“Estas
medidas não têm pernas para andar," disse. Ele deu o exemplo de o pequeno
comércio estar a fechar as portas e empresas que controlam supermercados
ameaçam o mesmo.
Nkondo
tem dúvidas sobre a crise financeira, e para ele a razão crise é simples: “Dos
Santos e a sua família delapidaram o dinheiro do povo (...) a família é uma das
mais ricas do mundo (...) a filha que nunca trabalhou é a mais rica de África”.
O
analista foi interrogado por um ouvinte sobre a recente eleição de Raul Danda
para vice-presidente da UNITA.
Nkondo
disse ter “dúvidas” sobre o apoio de Danda dentro da UNITA, particularmente
sobre a sua possibilidade de ser o próximo líder da UNITA, como interrogou o
ouvinte.
“Tenho
dúvidas, porque mesmo como vice-presidente não tem consenso,” mesmo ao mais
alto nível da liderança do partido.
“Esse
é um problema de Isaías Samakuva,” afirmou depois de fazer notar que na UNITA
há o principio de que “o líder tem que ser do sul”.
Nkondo
disse estar “entre a espada e a parede” quando à possibilidade de ser convocado
para testemunhar no julgamento dos activistas acusados de rebelião pelo facto
do seu nome ter surgido numa lista de um suposto governo de salvação nacional.
Nkondo
reafirmou que não reconhece a legitimidade do tribunal e que o julgamento é
“uma palhaçada" e o tribunal "um comité de especialidade de
bárbaros".
A
lista desse governo de salvação foi criada "para incriminar os
jovens" activistas, disse.
Contudo,
Nkondo reconheceu que a sua ausência, se for chamado, pode ser usada para
prolongar o julgamento e manter os acusados presos.
Por
isso, disse, “estou entre a espada e a parede”.
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