Folha
8 digital
A
vacina contra a febre-amarela que seria grátis para imunização de todos os
citadinos, de acordo a narrativa oficial, está a ser depositada nas farmácias,
de onde são comercializadas por 500 kzs cada ampola, soube o F8 de diversos
cidadãos que acorreram em diferentes postos de vacinação, distribuídos por
Luanda.
A
referida denúncia já confirmada pelo governador de Luanda, General Higino
Carneiro, resultou no entanto, na detenção de cerca de sete suspeitos, logo às
primeiras horas do dia 10.02.16.
Segundo
Rosa António, que acorrera na companhia do marido e rebentos, ao posto de
vacinação do Zango III, município de Viana, zona que mais mortes registou por
conta da propalada febre-amarela, alguns técnicos de saúde ali destacados,
retiram as ampolas do interior do posto oficial e depositam nas farmácias mais
próximas.
“Por
causa do elevado número de pessoas que formam longas filas para serem
vacinadas, alguns técnicos sugerem, discretamente, a determinados cidadãos,
para que se desloquem à farmácia, onde estão a comercializar as vacinas por 500
Kzs”, disse, acrescentando, “estes técnicos estão mesmo a fazer dinheiro. Muita
gente não quer e outras não conseguem aguentar estas longas filas, preferem ir
às farmácias comprar as ampolas, e simplesmente procuram um enfermeiro no
bairro para as administrar. É muito simples quanto isso, se eu tivesse
dinheiro, também faria o mesmo, são apenas 500 kzs, ouvi que noutros bairros
estão mais caras”, alertou.
Entretanto,
história mais ou menos similar à de dona Rosa, do Zango, nos foi reportada por
Jorge Sebastião, na zona do Km30, também em Viana. Este luandense confessa não
ter sido ele a vivenciar o facto, mas sim, sua sobrinha.
“Por
causa do trabalho que me tem ocupado muito, orientei a minha sobrinha a levar
os primos ao posto de vacina- ção, mas face à demanda populacional, só dois dos
cinco meninos foram vacinados, nem ela mesma conseguiu”, lamentou, adicionando,
“para além disso, ela trouxe-me um relatório muito negativo, que só se
compreende pela falta de patriotismo destes técnicos de saúde. Negociar ampolas
com as farmácias para estas venderem aos cidadãos? Isto já é de mais, quer
dizer que quem não tiver dinheiro, não se imuniza contra a doença, e permanece
propenso ao surto”.
Também
visivelmente irritada, está Marília Victória de 28 anos de idade, que tem três
filhos e, tal como muitos, não conseguiu vacinar nenhum.
A
jovem diz ter nalguns dias saído de casa às 3 horas da manhã, para conseguir a
“sagrada” sorte de vacinar os rebentos, mas todo esforço tem sido um fracasso
face ao elevado número de pessoas que se apresentam nos respectivos postos de
vacinação.
“Sr.
Jornalista, as pessoas podem chegar cedo aqui, mas os vacinadores iniciam muito
tarde seu trabalho, alegam estar a aguardar pela chegada das vacinas, e
irritam- -nos ainda mais, porque após vacinarem uma dúzia de pessoas, dizem que
as ampolas de vacinação acabaram. Presumo que fazem isso para pressionar as
pessoas a adquirirem as vacinas nas farmácias de seus amigos”, afirmou.
No
entanto, ao mesmo coro de denúncias, juntou-se o ministro do interior, Ângelo
de Veiga Tavares. O responsável confirmou o facto, e solicitou à população para
que continue a denunciar todos aqueles que neste período difícil se aproveitam
das dificuldades de outrem para encarecer ainda mais suas vidas.
“Deveremos
estar atentos com cidadãos oportunistas que não poucas vezes e sem pejo,
procuram no momento de dificuldades, tentar tirar proveito”, alertou o também
coordenador da Comissão Nacional de Protecção Civil, acrescentando, “já fizemos
a detenção de alguns cidadãos que têm estado a subtrair do canal normal da
saúde as vacinas, fazendo vacinação cobrando valores, nalguns casos bastantes
avultados”.
Sem comentários:
Enviar um comentário