O
braço armado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) anunciou hoje
ter travado nas últimas semanas três confrontos militares com as Forças Armadas
(FAA) Angolanas e desaconselha a permanência de estrangeiros naquele enclave.
Em
comunicado enviado à Lusa, em Luanda, as Forças Armadas Cabindesas (FLEC/FAC)
afirmam que "devido a intensos combates" com as FAA, nos dias 29 de
fevereiro, 13 e 16 de março, aconselham "vivamente todos expatriados
ocidentais que vivem em Cabinda a retirarem provisoriamente do território"
e "desaconselha seriamente" as visitas de "todos os turistas e
não residentes".
Nenhuma
fonte das FAA confirmou a ocorrência destes confrontos militares com a FLEC,
desconhecendo-se também a existência de vítimas mortais ou feridos.
"A
situação securitária em Cabinda está muito tensa e imprevisível, podendo
confrontos acontecer a todo o momento em todo o território. Estamos em estado
de guerra e somos vítimas de uma invasão militar massiva de Angola", lê-se
no comunicado assinado pelo porta-voz da organização, Jean-Claude Nzita.
O
braço armado da FLEC/FAC, que reivindica a independência de Cabinda, anunciou
em fevereiro o regresso à luta armada naquele enclave, alertando ainda
tratar-se de "um território em estado de guerra" e que a circulação
de pessoas passava a ser "seriamente desaconselhada", até que Luanda
se disponibilize "séria e concretamente" para o diálogo.
Contudo,
pouco dias depois, a representação diplomática da FLEC na Bélgica e na União
Europeia (UE) considerou que esta decisão conduz à "deterioração do clima
político" em Cabinda e que põe em risco toda a sub-região da África
Central.
No
comunicado de hoje, a FLEC/FAC afirma que o Presidente angolano, José Eduardo
dos Santos, "é o responsável pela instabilidade que reina no enclave assim
como do perigoso agravamento da situação que irá deteriorar nos próximos
dias" e que o Governo de Angola "continua a recusar um diálogo de
paz, honesto e sincero".
"A
FLEC/FAC reafirma uma vez mais a profunda vontade e disponibilidade para
negociar uma paz durável e definitiva para Cabinda", conclui o comunicado.
A
FLEC luta pela independência de Cabinda, província de onde provém a maior parte
do petróleo angolano, e considera que o enclave é um protetorado português, tal
como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.
PVJ
// JPF
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