O
ministro da Educação de Moçambique, Jorge Ferrão, defendeu a decisão das
escolas moçambicanas de proibirem o uso de saias curtas no uniforme escolar,
considerando que visa proteger "a própria menina".
"Existe
uma descrição clara e medidas exatas que devem ser usadas para se costurar os
uniformes dos ensinos primário e secundário, todas estas medidas para o
vestuário visam salvaguardar a própria menina, dando-lhe integridade e fazer
com que ela apareça de forma decente", afirmou Ferrão, citado hoje pelo
jornal País, principal diário privado em Moçambique.
O
ministro moçambicano da Educação criticou as ativistas que lutam pelos direitos
das mulheres que repudiaram a interdição da minissaia e que promoveram um
protesto que levou à detenção na sexta-feira em Maputo, por algumas horas, de
cinco mulheres que se envolveram na manifestação.
"Os
adultos que dizem não faça A, B e C têm a vida organizada, têm casa, têm
carros, têm conta bancária e estão bem. Aquelas crianças vão ficar sem emprego,
sem profissão, porque alguém decidiu defendê-las por causa dos seus direitos.
Mas essas pessoas nunca as fizeram cumprir os seus deveres", sublinhou
Jorge Ferrao.
O
grupo de mulheres, que inclui uma espanhola e uma brasileira, foi detido na
sexta-feira na 7.ª Esquadra de Maputo, depois de tentar apresentar uma peça
teatral nas imediações da Escola Secundária Francisco Manyanga para repudiar a
diretiva aplicada por algumas escolas que veda o uso de minissaias,
considerando esse tipo de veste responsável pelo assédio nas instituições do
ensino em Moçambique.
A
porta-voz do Fórum Mulher, Maira Domingos, disse à Lusa que as cinco mulheres
foram libertadas na sexta-feira, sete horas após serem detidas.
As
ativistas do Fórum Mulher defendem que o assédio nas escolas moçambicanas é
estrutural e a sua resolução exige políticas e estratégias de proteção das
raparigas mais elaboradas e a identificação das principais causas, considerando
que a proibição do uso de minissaias vem simplesmente responsabilizar as
meninas pelo problema.
A
proibição do uso de saias curtas entrou em vigor no início do presente ano
letivo em algumas escolas da capital moçambicana e, desde a sua adoção, tem
dividido opiniões no que respeita à sua eficácia, com as organizações que
apoiam as raparigas a defenderem que, mais do que uma proibição, são
necessárias novas políticas para combater o assédio nas escolas.
Casos
de assédio e violação de raparigas nas escolas moçambicanas continuam a ser
comuns nos últimos tempos, principalmente nas zonas mais recônditas, onde o
sistema de proteção da menina ainda é deficitário, uma situação continuamente contestada
por organizações internacionais que defendem os direitos humanos devido ao alto
nível de impunidade.
PMA
(EYAC) // EL - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário