O
secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, disse hoje, em Lisboa, que a
democracia precisa da contratação coletiva do trabalho, pois trata-se de
"um instrumento determinante" para a sua afirmação.
Falando
à agência Lusa à margem de uma concentração de dezenas de trabalhadores do
setor do abate de aves, que hoje se manifestaram junto à sede da associação
patronal do setor, a Associação Nacional dos Centros de Abate de Aves (ANCAVE),
o líder sindical considerou que "a contratação coletiva é um instrumento
determinante da afirmação da democracia portuguesa".
"Esta
manifestação vem provar aquilo que a CGTP desde há muito tem vindo a denunciar,
que são as estratégias de bloqueamento desenvolvidas pelas associações
patronais com vista, não só a pôr em causa a atualização dos salários, mas
também, por esta via, a impedirem a contratação coletiva do trabalho",
salientou o dirigente sindical.
Neste
sentido, Arménio Carlos realçou que os trabalhadores presentes na concentração,
nomeadamente, os da empresa Avipronto, mostram "uma grande coragem e uma
afirmação da dignidade".
Os
trabalhadores querem ver atualizados "os seus baixos salários", disse
ainda o líder sindical, esclarecendo que "é justo" que "seja
assim", porque "produzem e criam riqueza", logo "devem ter
acesso a parte da mesma".
"Eles
estão [aqui] a dizer que defendem o seu contrato coletivo e não aceitam
propostas que visam desregular os horários de trabalho e permitir que se
continue a política de retribuição, através de propostas que visam reduzir,
nomeadamente, o valor do trabalho extraordinário", salientou.
Para
a CGTP, este é o "momento certo" para dizer que "o Governo,
através do Ministério do Trabalho deve assumir o compromisso que o ministro do
Trabalho, Vieira da Silva, de que todos os processos, nomeadamente de denúncia
de convenções coletivas de trabalho, de acordos celebrados depois de 2003, não
podiam ser aceites e como tal e tinham de ser revistas".
"É
a altura de passar das palavras aos atos", enfatizou, adiantando que
"é necessário distribuir a riqueza de outra forma" e que é preciso
que impor a "estabilidade e a segurança do emprego e o combate ao
desemprego e à precariedade" como elementos fundamentais do
desenvolvimento económico e social.
A
deputada do PCP, Rita Rato, também presente na concentração disse que o partido
está solidário com a luta dos trabalhadores do setor do abate das aves.
"São
milhares de trabalhadores no país ameaçados pela caducidade do contrato
coletivo de trabalho, o que vai liquidar os seus direitos e colocar o
conta-quilómetros a zero", afirmou à Lusa, realçando que o PCP "não
pode aceitar esta postura por parte do patronato de recusar negociar com os
trabalhadores os seus direitos" e a sua renovação.
Assim,
o PCP vai continuar a intervir para "defender a contratação coletiva e o
fim da sua caducidade" e apoiar os seus direitos na Assembleia da
República.
Lusa, em Notícias ao Minuto (ontem)
Lusa, em Notícias ao Minuto (ontem)
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