Uma
missão do Conselho de Paz e Segurança da União Africana visitou a Guiné-Bissau
e deixou um aviso: caso a crise política não seja resolvida internamente, a
União Africana poderá assumir as rédeas.
Após
a visita
à Guiné-Bissau do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no início
de março, foi a vez de uma missão do Conselho de Paz e Segurança da União
Africana (UA) ir até ao país. A visita durou cinco dias. Foi deixado um aviso:
a UA poderá assumir as rédeas da situação, se necessário.
Massaxi
Guey, chefe da delegação, deixou claro que não quis interferir nos esforços da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para pôr fim à
crise política.
"Esta
missão já deveria ter vindo à Guiné-Bissau desde 2014 para evitar a duplicação
de esforços. Como sabem, a CEDEAO esteve aqui presente com o [ex-Presidente da
Nigéria, Olesegun] Obasanjo, mas subordina-se à União Africana. Portanto, agora
é a própria União Africana que vai tomar conta da matéria. E posso garantir-vos
que é sério", garantiu o representante da UA.
Mas
Guey sublinhou que o impasse político deve, primeiro que tudo, ser resolvido
internamente: "É a Guiné-Bissau que tem de resolver os seus
problemas", disse Guey.
A
missão deverá entregar à União Africana um relatório sobre a crise política na
Guiné-Bissau até 29 de março.
"A
solução tem de ser dos guineenses"
Em
reação, Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), referiu que sempre defendeu uma
solução interna para a resolução da crise guineense.
Para
o líder do partido no poder, nem a UA, nem a CEDEAO ou mesmo as Nações Unidas
vão resolver os problemas da Guiné-Bissau - estas organizações poderiam ajudar
na obtenção de consensos. "Mantemos, contudo, a nossa disponibilidade
para, através do diálogo, facilitarmos os compromissos possíveis. A solução tem
de ser dos guineenses e tem de ser feita por nós próprios e pelas nossas
instituições", declarou.
Agnelo
Regala, líder da União para a Mudança (UM), avisa que é preciso deixar o
partido vencedor das legislativas de 2014 cumprir o mandato: "Quem
efetivamente ganhou as eleições deve governar".
Por
sua vez, e em nome das organizações da sociedade civil, o padre Keilândio
Djaguité defende que a solução passa pelo consenso entre os guineenses na base
de um verdadeiro diálogo, que se paute pela verdade, e do "respeito"
pelas instituições.
A
crise política prevalece no país. As partes em litígio aguardam pela resposta
dos tribunais aos recursos apresentados sobre a perda de mandato no Parlamento
de 15 deputados que foram expulsos do PAIGC.
Braima Darame (Bissau) –
Deutsche Welle
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