Andam
à procura de um homem e o Expresso Curto começa por aí. O homem é um suposto
terrorista e ficou plasmado nas câmaras de videovigilância do aeroporto de
Bruxelas. Mais um terrorista, alegadamente. Juntamos a foto que profusamente
anda por aí. Chamam-lhe o terrorista do chapéu. Terror, sangue, suor, lágrimas,
vidas que se esvaíram… Um crime hediondo e cobarde. Mais um. A Austrália
declarou que a Europa descurou na segurança dos seus cidadãos. Pois. Quem sabe
se os que decidem essa coisa de segurança não estariam de férias. Na Europa
tudo é possível e o seu contrário.
Quem imagina que um cúmplice da invasão do
Iraque com base em mentiras seria presidente da Comissão Europeia? Mas foi o
que aconteceu. Por Portugal chamam-lhe o Cherne mas é conhecido por Durão
Barroso. Atualmente está enriquecendo à farta. O crime compensa. Também Tony Blair
está a apodrecer de rico. Estão a pagar-lhe bem. O crime compensa. Quem nos
garante que um dia um outro terrorista qualquer, dos que têm feito os europeus
despedaçarem-se com os ataques bombistas e em rajadas de metralhadora, não virá
a ser presidente da Comissão Europeia e ficar a abarrotar de riquezas? Quem
sabe se aquele terrorista do chapéu não será o próximo a ser compensado… na
Europa e no mundo? O crime compensa, está provado. Compensa, mas só a alguns.
Àqueles. Do mal, o menos. Ainda bem que não é generalizado. Fiquem com a foto
de, talvez, um candidato a compensado. Como Blair, como Barroso, como tantos outros. Exagero? A história diz que não é exagero. Vá ver.
Apesar
de estarmos de luto desejemos que os deuses de todas as religiões permitam que tenhamos um bom dia e
que rendamos as homenagens devidas a todas as vítimas desta onda terrorista
despoletada, principalmente, por George W. Bush, Tony Blair, Aznar, Durão
Barroso… e capangas. Todos eles com os cofres cheios. O crime compensa. Os
crimes contra a humanidade ainda mais, pelo visto.
Raspe-se
para o Expresso Curto, leia e pense pela sua cabeça.
Redação
PG / MM
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
João
Vieira Pereira – Expresso
É
este homem que todos procuram
Não
tem nome, ainda. Só umas fotos de uma câmara de vigilânciado
aeroporto internacional de Bruxelas. A figura, aparentemente pacífica, de
chapéu e casaco bege a empurrar um daqueles carrinhos de aeroporto, é o novo
rosto do terror.
Informações não confirmados dizem poder tratar-se de Najim Laachraoui, que já era procurado pela polícia.
Adelma Tapia Ruiz é uma das suas vítimas. Aos poucos começamos a saber o nome das primeiras vítimas de quem morreu ou ficou ferido no ataque. A, peruana de 36 anos, estava no aeroporto.
Prossegue, hoje de manhã, uma enorme caça ao homem para tentar encontrar aquele que será um dos terroristas responsáveis pelos atentados de Zaventem. O único que terá saído com vida do aeroporto. As suspeitas da Polícia Federal belga apontam para queos três indivíduos na foto sejam os autores do atentado. Os dois da esquerda terão feito explodir as bombas que traziam escondidas nas malas, e já terão sido identificados. Segundo os últimos relatórios, são dois irmãos, Khalid e Brahim El Bakraoui, de 27 e 30 anos, de nacionalidade belga. De acordo com o jornalista Durte Levy foram eles que ajudaram a esconder Salah Abdeslam, o mentor dos atentados de Paris capturado há dias, e têm um longo currículo criminal na Bélgica. Mais informações sobre os dois irmãos podem serlidas aqui. Esta madrugada a polícia voltou a divulgar mais fotografias, pedindo ajuda e informação sobre os mesmos.
O taxista que os transportou foi crucial para apontar o distrito deSchaerbeek como a origem dos alegados terroristas. Nas buscas acabaram por ser encontrados materiais explosivos e uma bandeira doautoproclamado Estado Islâmico. Os atentados, que para já deixaram um balanço trágico de 31 mortos e 250 feridos, acabaram por ser reivindicados pelo Daesh.
Bruxelas acordou fria sob o manto de uma enorme operação de segurança. A polícia está a fazer buscas em várias residênciasà procura do suspeito. Nas estações de metro que estão abertassoldados inspecionam as malas de todos os que entram.
Este é um Expresso Curto diferente. Um que preferia não ter de escrever. Onde escrevo e apago vezes sem conta sem saber o que deixar aqui como relato do que se está a passar. Se acordou agora, aqui fica o resumo possível do que se sabe até ao momento. Ou pode ver este pequeno vídeo do Le Monde.
O aeroporto de Toulouse foi hoje parcialmente evacuado à medida que se espalha o medo de novos ataques. E quem está já a caminho de Bruxelas é o FBI e a polícia de Nova Iorque, já que terão sido identificados cidadãos americanos entre as vítimas.
O jogo particular entre as seleções da Bélgica e de Portugal,que se devia realizar na próxima semana, poderá ser anulado ou transferido para outro sítio. A Federação Portuguesa de Futebol já se disponibilizou para receber o jogo.
A Europa continua a ser um dos melhores sítios para viver em todo o mundo. Nós, os europeus, muitas vezes só nos lembramos disso quando é posta em causa essa segurança. Um atentado na Somália nunca terá o mesmo impacto que outro, até de menor dimensão, na Europa. E se nos lembramos de Paris, Londres, Madrid, quase ignoramos os atentados na Turquia. O Expresso fez as contas e, se recuarmos ao verão de 2014, altura em o terrorismo se tornou ainda mais global, com o aparecimento do Daesh, ocorreram 190 ataques em todo o mundo que resultaram em 7000 mortos. Mas é das 31 vítimas mortais em Bruxelas que agora nos lembramos.
O ataque ao coração da Europa deixou todo um continente em estado de alerta. Esta infografia da AFP dá-lhe uma ideia exata decomo cada país está a reagir aos atentados.
Para compreender o que está em causa com estes ataques o primeiro texto obrigatório é do colunista do Expresso Miguel Monjardino, que em 12 pontos analisa esta nova onda de terror.
A Europa chora. Mas a Europa também está preocupada com a reação ao terror. E, se como diz Henrique Monteiro, “a ideia de sermos positivos perante estas tragédias é a pior das contrariedades que lhes podemos oferecer. É a sua derrota, a sua não razão de existência”, chamo a atenção para um outro texto escrito por Bleri Lleshi, um filósofo político que vive em Bruxelas. Lleshi, que trabalha com a população jovem do bairro de Molenbeek, onde foi capturado aquele que é considerado o cérebro dos ataques de Paris, coloca o dedo na ferida: “Por causa de alguns indivíduos, uma comunidade de 100 mil pessoas é agora considerada um lugar perigoso recheado de terroristas”. Mas o autor vai mais longe e diz que estas atitudes de ódio e falta de tolerância são aquilo que os terroristas procuram fomentar, de forma a conseguirem recrutar mais membros. Isto numa cidade onde “40% dos jovens vive na pobreza”. É por isso que responder com ódio só vai alimentar o Daesh. “O maior pesadelo do Daesh foi como alguns países europeus, como a Alemanha, receberam refugiados sírios de braços abertos”, conclui.
Sobre textos que tem que ler, espreite o relato de Miguel Calado Lopes, jornalista que já fez o favor de pisar durante muitos anos esta redação, sobre o dia de ontem, na sua cidade. “Estou condenado por juízes de causas assassinas a olhar o meu próximo como se fosse um alienígena, habitante de um planeta com o qual não me faço entender. Falamos línguas diferentes. Na tentativa quimérica de me pôr a salvo de um destino desejado por gente desconhecida, tento descobrir no seu olhar, ou na sua ausência, uma intenção malévola. Não consigo.”
Como seria de esperar, os jornais de todo o mundo dão amplo destaque aos atentados. Aqui fica um resumo e a imagem da primeira página de alguns. Começando pelos jornais belgas, o De Morgenpreferiu uma ilustração; O Le Soir titula “Resistir”; o Het Belang van Limburg coloca na capa a data do dia de ontem 22/3 e escreve por baixo “O nosso dia mais negro”; o De Tijd escolheu uma foto do ataque ao metro onde escreveu “nunca a salvo”. Pode ver aqui também as capas de jornais como o The Guardian; The Daily Telegraph; The Times; Les Echos; El Mundo.
Não fosse a Bélgica famosa pelos artistas de banda desenhadapode ver aqui e aqui alguns dos cartoons em resposta aos atentados. Um dos que acabou por ter mais sucesso nas redes sociais foi este, divulgado pelo Le Monde, do cartoonista Plantu.
Toda a informação sobre os atentados em Bruxelas continuará a ser acompanhada ao minuto no Expresso.
Informações não confirmados dizem poder tratar-se de Najim Laachraoui, que já era procurado pela polícia.
Adelma Tapia Ruiz é uma das suas vítimas. Aos poucos começamos a saber o nome das primeiras vítimas de quem morreu ou ficou ferido no ataque. A, peruana de 36 anos, estava no aeroporto.
Prossegue, hoje de manhã, uma enorme caça ao homem para tentar encontrar aquele que será um dos terroristas responsáveis pelos atentados de Zaventem. O único que terá saído com vida do aeroporto. As suspeitas da Polícia Federal belga apontam para queos três indivíduos na foto sejam os autores do atentado. Os dois da esquerda terão feito explodir as bombas que traziam escondidas nas malas, e já terão sido identificados. Segundo os últimos relatórios, são dois irmãos, Khalid e Brahim El Bakraoui, de 27 e 30 anos, de nacionalidade belga. De acordo com o jornalista Durte Levy foram eles que ajudaram a esconder Salah Abdeslam, o mentor dos atentados de Paris capturado há dias, e têm um longo currículo criminal na Bélgica. Mais informações sobre os dois irmãos podem serlidas aqui. Esta madrugada a polícia voltou a divulgar mais fotografias, pedindo ajuda e informação sobre os mesmos.
O taxista que os transportou foi crucial para apontar o distrito deSchaerbeek como a origem dos alegados terroristas. Nas buscas acabaram por ser encontrados materiais explosivos e uma bandeira doautoproclamado Estado Islâmico. Os atentados, que para já deixaram um balanço trágico de 31 mortos e 250 feridos, acabaram por ser reivindicados pelo Daesh.
Bruxelas acordou fria sob o manto de uma enorme operação de segurança. A polícia está a fazer buscas em várias residênciasà procura do suspeito. Nas estações de metro que estão abertassoldados inspecionam as malas de todos os que entram.
Este é um Expresso Curto diferente. Um que preferia não ter de escrever. Onde escrevo e apago vezes sem conta sem saber o que deixar aqui como relato do que se está a passar. Se acordou agora, aqui fica o resumo possível do que se sabe até ao momento. Ou pode ver este pequeno vídeo do Le Monde.
O aeroporto de Toulouse foi hoje parcialmente evacuado à medida que se espalha o medo de novos ataques. E quem está já a caminho de Bruxelas é o FBI e a polícia de Nova Iorque, já que terão sido identificados cidadãos americanos entre as vítimas.
O jogo particular entre as seleções da Bélgica e de Portugal,que se devia realizar na próxima semana, poderá ser anulado ou transferido para outro sítio. A Federação Portuguesa de Futebol já se disponibilizou para receber o jogo.
A Europa continua a ser um dos melhores sítios para viver em todo o mundo. Nós, os europeus, muitas vezes só nos lembramos disso quando é posta em causa essa segurança. Um atentado na Somália nunca terá o mesmo impacto que outro, até de menor dimensão, na Europa. E se nos lembramos de Paris, Londres, Madrid, quase ignoramos os atentados na Turquia. O Expresso fez as contas e, se recuarmos ao verão de 2014, altura em o terrorismo se tornou ainda mais global, com o aparecimento do Daesh, ocorreram 190 ataques em todo o mundo que resultaram em 7000 mortos. Mas é das 31 vítimas mortais em Bruxelas que agora nos lembramos.
O ataque ao coração da Europa deixou todo um continente em estado de alerta. Esta infografia da AFP dá-lhe uma ideia exata decomo cada país está a reagir aos atentados.
Para compreender o que está em causa com estes ataques o primeiro texto obrigatório é do colunista do Expresso Miguel Monjardino, que em 12 pontos analisa esta nova onda de terror.
A Europa chora. Mas a Europa também está preocupada com a reação ao terror. E, se como diz Henrique Monteiro, “a ideia de sermos positivos perante estas tragédias é a pior das contrariedades que lhes podemos oferecer. É a sua derrota, a sua não razão de existência”, chamo a atenção para um outro texto escrito por Bleri Lleshi, um filósofo político que vive em Bruxelas. Lleshi, que trabalha com a população jovem do bairro de Molenbeek, onde foi capturado aquele que é considerado o cérebro dos ataques de Paris, coloca o dedo na ferida: “Por causa de alguns indivíduos, uma comunidade de 100 mil pessoas é agora considerada um lugar perigoso recheado de terroristas”. Mas o autor vai mais longe e diz que estas atitudes de ódio e falta de tolerância são aquilo que os terroristas procuram fomentar, de forma a conseguirem recrutar mais membros. Isto numa cidade onde “40% dos jovens vive na pobreza”. É por isso que responder com ódio só vai alimentar o Daesh. “O maior pesadelo do Daesh foi como alguns países europeus, como a Alemanha, receberam refugiados sírios de braços abertos”, conclui.
Sobre textos que tem que ler, espreite o relato de Miguel Calado Lopes, jornalista que já fez o favor de pisar durante muitos anos esta redação, sobre o dia de ontem, na sua cidade. “Estou condenado por juízes de causas assassinas a olhar o meu próximo como se fosse um alienígena, habitante de um planeta com o qual não me faço entender. Falamos línguas diferentes. Na tentativa quimérica de me pôr a salvo de um destino desejado por gente desconhecida, tento descobrir no seu olhar, ou na sua ausência, uma intenção malévola. Não consigo.”
Como seria de esperar, os jornais de todo o mundo dão amplo destaque aos atentados. Aqui fica um resumo e a imagem da primeira página de alguns. Começando pelos jornais belgas, o De Morgenpreferiu uma ilustração; O Le Soir titula “Resistir”; o Het Belang van Limburg coloca na capa a data do dia de ontem 22/3 e escreve por baixo “O nosso dia mais negro”; o De Tijd escolheu uma foto do ataque ao metro onde escreveu “nunca a salvo”. Pode ver aqui também as capas de jornais como o The Guardian; The Daily Telegraph; The Times; Les Echos; El Mundo.
Não fosse a Bélgica famosa pelos artistas de banda desenhadapode ver aqui e aqui alguns dos cartoons em resposta aos atentados. Um dos que acabou por ter mais sucesso nas redes sociais foi este, divulgado pelo Le Monde, do cartoonista Plantu.
Toda a informação sobre os atentados em Bruxelas continuará a ser acompanhada ao minuto no Expresso.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Ainda não há luz verde para o acordo entre o Caixa Bank e Isabel dos Santos por causa do BPI. Os jornais de hoje dizem que o acordo não está concluído e que está preso apenas por detalhes.
O Negócios noticia hoje que o relatório da auditoria feita à supervisão do Banco de Portugal “levanta problemas” desde o período de Vitor Constâncio.
Lula teve ontem uma vitória depois do Supremo Tribunal do Brasil ter decidido que o juiz Sérgio Moro tem de enviar a investigação para aquele tribunal. Moro foi também proibido de divulgar mais escutas telefónicas. Mas a grande novidade é que o empresário Marcelo Odebrecth cedeu e já começou a depor nocaso Lava Jato depois de ter chegado a um acordo de delação premiada. A Veja noticia que há outros executivos da empresa que irão também depor nas mesmas condições.
Por cá o luso-brasileiro detido no âmbito da mesma operação ficará em prisão preventiva. Raul Schmidt ficará assim preso até que seja decidido o pedido de extradição.
Quem também está em apuros é o ex-presidente francês Sarkozy,que deverá vir a ser mesmo julgado por corrupção e tráfico de influências depois das escutas das conversas telefónicas que manteve com o seu advogado terem sido consideradas válidas pela justiça francesa.
Terminou a visita de Barack Obama a Cuba. Ontem foi o dia do grande discurso no renovado Gran Teatro de Havana, de onde o presidente norte-americano pediu aos cubanos para abraçar a mudança e que deixem para trás as batalhas ideológicas do passado.
Quinito voltou a aparecer em público para ser homenageado pela Associação Nacional de Treinadores. O ex-treinador fez um discurso emocionado onde assumiu ter-se afastado do futebol devido à morte do seu filho.
Rui Moreira apresentou ontem na Fundação Serralves o seu livro (em co autoria com o seu adjunto, Nuno Nogueira Santos) sobre os bastidores das negociações do aeroporto do Porto e a privatização da ANA. A obra “TAP—Caixa Negra” é, de acordo com o autarca, a prova do desinvestimento da transportadora no Porto. O livro foi apresentado por António Lobo Xavier e hoje será apresentado em Lisboa, na livraria Almedina do Atrium Saldanha, por Miguel Sousa Tavares, às 18:30.
Em Nova Iorque, mais de 40 milionários pedem que lhes subam o imposto sobre o rendimento, para combater a pobreza e melhorar as infraestruturas da região.
A Global Rep Trak 100 divulgou a lista das empresas com melhor reputação em todo o mundo e a liderar estão a Rolex, The Walt Disney Company e a Google.
Termino esta parte com uma notícia que vai deixar muitos espantados e algumas mulheres muito contentes. É que, afinal, as loiras são mais inteligentes que as morenas.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
2,7% Valor estimado para o défice pelo Conselho de Finanças Públicas para este ano. Contudo o organismo liderado por Teodora Cardoso alerta que “tendo em conta os riscos inerentes a uma projeção de médio prazo (…) o valor projetado do défice (...) não parece conter uma margem de segurança suficiente relativamente ao limite de 3%“. Por isso, é preciso novas medidas de consolidação se Portugal quiser cumprir as regras orçamentais europeias.
92% do PIB é o valor das responsabilidades contingentes em 2014. Ou seja, toda a dívida que pode ter de vir a ser assumida pelo Estado no futuro. No limite, se todas as responsabilidades fossem assumidas, a dívida pública dispararia para 220% do PIB.
10 mil milhões. É o número de toneladas de emissões de CO2 por ano. Para encontrarmos registos semelhantes é preciso recuar 66 milhões de anos, até à época dos dinossauros.
O QUE EU ANDO A LER
A notícia de que está a ser preparado mais um manifesto surgiu no início desta semana. Alexandre Patrício Gouveia e João Salgueiro estão a produzir um texto contra a espanholização da banca portuguesa. E querem juntar 50 assinaturas. É por isso de prever que devido à excelente imaginação lusa este fique conhecido como o manifesto dos 50. O assunto já está a ter repercussões em Espanha com a imprensa a noticiar a posição anti-espanhola.
Sobre este ‘pseudo movimento’ já disse o que penso neste texto — (Mais) Um manifesto pelo direito a centros de incompetência — mas este novo manifesto fez-me recordar 2002, quando ficou conhecida a primeira destas iniciativas — O manifesto dos 40.
O texto escrito na altura por Vítor Bento, e assinado por mais 39 personalidades, pode (tem de) ler aqui. É um tratado em defesa dos centros de decisão nacional de um conjunto de pessoas que sabia que a entrada no euro ia colocar a nu as duas grandes fragilidades da economia portuguesa: a falta de capital e a anacrónica dependência do Estado. Este pequeno excerto diz tudo: “os centros de decisão nacionais não podem deixar de se constituir como uma preocupação estratégica prioritária do Governo português, que, para tal, deverá ser capaz de promover a necessária e eficaz articulação com os empresários e a elite política e intelectual”.
Apesar de o mesmo deixar explícito que não está a defender o protecionismo –“embora a retenção de relevantes centros de decisão nacionais seja muito importante para o País, não pode confundir-se tal desiderato com a restauração de anacrónicos e ineficientes protecionismos” — acabou por ser usado como uma bandeira disso mesmo.
Depois, surgiu já em 2004 o movimento Compromisso Portugal, que pretendia ser muito mais do que um manifesto. “ Os 550 promotores querem dar o seu contributo para que tenhamos uma Sociedade Civil mais ativa. O papel dos empresários e gestores ultrapassa a intervenção nas empresas e instituições onde trabalham, mesmo que as suas responsabilidades perante a sociedade sejam assumidas a partir daí.” Apesar das muitas ideias nobres que defendiam, na prática substituíram centros de decisão por centros de competência. E pronto. Dois anos depois ainda houve uma tentativa de reacender este movimento… sem sucesso.
Já no fim da presença da troika apareceu outro manifesto. Desta vez em defesa da reestruturação da dívida. Eis parte da prosa do manifesto dos 74: “Deixemo-nos de inconsequentes otimismos: sem a reestruturação da dívida pública não será possível libertar e canalizar recursos minimamente suficientes a favor do crescimento…” Dos 74 nomes presentes, da esquerda à direita, faziam parte alguns ministros deste governo. Curiosamente, a reestruturação da dívida é hoje assunto tabu no seio do Executivo.
E finalmente, se ainda tiver tempo, passe os olhos pelo último dos manifestos, o dos 100 empresários, talvez o mais inconsequente de todos. Liderado pela associação das empresas familiares, surgiu em plena formação do atual Governo, lembrando que “caso certas medidas sejam percecionadas como uma inversão da estratégia de contenção orçamental, as agências internacionais de rating já anunciaram que tal terá consequências negativas para a classificação de risco da República Portuguesa”.
Este Expresso curto fica hoje por aqui. Amanhã regressa pela mão de Miguel Cadete
Tenha uma ótima quarta feira.
Sem comentários:
Enviar um comentário