sábado, 16 de abril de 2016

Moçambique. Comité Central da Frelimo exige responsabilização criminal da Renamo



O Comité Central (CC) da Frelimo, partido no poder em Moçambique, apelou hoje aos órgãos de justiça para responsabilizarem  criminalmente os membros da Renamo, principal força de oposição, e o seu líder, Afonso Dhlakama, por alegados ataques a civis.

"O Comité Central considera que, face às investidas do senhor Afonso [Dhlakama] e da Renamo, que põem em perigo a paz, e porque Moçambique é um país de direito e democrático, apela às instituições de direito para que, à luz da lei, responsabilizem todos os que fora e à margem da lei atuam criando pânico no seio da população", disse o porta-voz da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

António Niquice falava em conferência de imprensa de balanço do terceiro dia da 5.ª Sessão Ordinária do CC do partido no poder.

Questionado se a Frelimo considera que o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) tem responsabilidade direta nos ataques atribuídos pelas autoridades ao braço armado do movimento no centro do país, Niquice declarou ser essa a perceção de todo o povo moçambicano.

"Esta é uma perceção de todo o povo moçambicano, o povo moçambicano clama pela paz e tem estado a condenar veementemente os ataques, a paz não pode ser chantageada, não tem preço", realçou o porta-voz da Frelimo.

Enfatizando que as supostas ações da Renamo têm caráter criminoso, António Niquice frisou ser contra a lei que um partido político disponha de armas, referindo-se ao braço armado do principal partido de oposição.

Apesar de insistir na responsabilização criminal dos membros da Renamo alegadamente envolvidos na instabilidade que se vive no centro do país, o CC encoraja o Presidente moçambicano e da Frelimo, Filipe Nyusi, a apostar no diálogo para a resolução do conflito militar em curso na região centro.

"O CC considera que a paz deve ser mantida por via do diálogo e, nesse sentido, reitera o apelo deviamente feito pelo camarada presidente Filipe Nyusi e por todas as forças vivas da sociedade moçambicana no sentido de que todos os partidos políticos, em particular a Renamo, devem responder positivamente ao convite formulado para, através do diálogo, encontrarem caminhos que visam a manutenção e a promoção da paz efetiva no nosso pais", disse o porta-voz da Frelimo.

Segundo António Niquice, o CC do partido no poder apreciou positivamente a proposta da Comissão Política da Frelimo de convocar o XI congresso da organização para setembro de 2017, faltando apenas a marcação da data e do local da mais importante reunião do partido.

Moçambique vive uma crise política e militar caracterizada por confrontos entre as forças de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo, no centro do país, e por ataques a veículos militar e civis em vários troços da principal estrada do país na região, atribuídos ao principal partido de oposição.

Além disso, a economia moçambicana tem sido atingida por uma queda vertiginosa do metical face ao dólar, descida das exportações e subida de inflação, por efeito não só de causas externas, como a baixa cotação de matérias-primas, como também de uma persistente seca que atinge centenas de milhares de pessoas no sul e centro do país.

Outra ameaça prende-se com as contas do Estado, envolvendo o risco de agravamento da dívida pública, num momento em que Moçambique conseguiu restruturar o empréstimo de 850 milhões de dólares (752 milhões de euros), contraído para a empresa estatal de atum, mas em que surgem notícias dando conta da existência de um segundo encargo até agora desconhecido, no âmbito do mesmo dossiê.

PMA (HB) // EL - Lusa

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