O
Comité Central (CC) da Frelimo, partido no poder em Moçambique, apelou hoje aos
órgãos de justiça para responsabilizarem criminalmente os membros da Renamo,
principal força de oposição, e o seu líder, Afonso Dhlakama, por alegados
ataques a civis.
"O
Comité Central considera que, face às investidas do senhor Afonso [Dhlakama] e
da Renamo, que põem em perigo a paz, e porque Moçambique é um país de direito e
democrático, apela às instituições de direito para que, à luz da lei,
responsabilizem todos os que fora e à margem da lei atuam criando pânico no
seio da população", disse o porta-voz da Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo).
António
Niquice falava em conferência de imprensa de balanço do terceiro dia da 5.ª
Sessão Ordinária do CC do partido no poder.
Questionado
se a Frelimo considera que o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo)
tem responsabilidade direta nos ataques atribuídos pelas autoridades ao braço
armado do movimento no centro do país, Niquice declarou ser essa a perceção de
todo o povo moçambicano.
"Esta
é uma perceção de todo o povo moçambicano, o povo moçambicano clama pela paz e
tem estado a condenar veementemente os ataques, a paz não pode ser chantageada,
não tem preço", realçou o porta-voz da Frelimo.
Enfatizando
que as supostas ações da Renamo têm caráter criminoso, António Niquice frisou
ser contra a lei que um partido político disponha de armas, referindo-se ao
braço armado do principal partido de oposição.
Apesar
de insistir na responsabilização criminal dos membros da Renamo alegadamente
envolvidos na instabilidade que se vive no centro do país, o CC encoraja o
Presidente moçambicano e da Frelimo, Filipe Nyusi, a apostar no diálogo para a
resolução do conflito militar em curso na região centro.
"O
CC considera que a paz deve ser mantida por via do diálogo e, nesse sentido,
reitera o apelo deviamente feito pelo camarada presidente Filipe Nyusi e por
todas as forças vivas da sociedade moçambicana no sentido de que todos os
partidos políticos, em particular a Renamo, devem responder positivamente ao
convite formulado para, através do diálogo, encontrarem caminhos que visam a
manutenção e a promoção da paz efetiva no nosso pais", disse o porta-voz
da Frelimo.
Segundo
António Niquice, o CC do partido no poder apreciou positivamente a proposta da
Comissão Política da Frelimo de convocar o XI congresso da organização para
setembro de 2017, faltando apenas a marcação da data e do local da mais
importante reunião do partido.
Moçambique
vive uma crise política e militar caracterizada por confrontos entre as forças
de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da Renamo, no centro do
país, e por ataques a veículos militar e civis em vários troços da principal
estrada do país na região, atribuídos ao principal partido de oposição.
Além
disso, a economia moçambicana tem sido atingida por uma queda vertiginosa do
metical face ao dólar, descida das exportações e subida de inflação, por efeito
não só de causas externas, como a baixa cotação de matérias-primas, como também
de uma persistente seca que atinge centenas de milhares de pessoas no sul e
centro do país.
Outra
ameaça prende-se com as contas do Estado, envolvendo o risco de agravamento da
dívida pública, num momento em que Moçambique conseguiu restruturar o
empréstimo de 850 milhões de dólares (752 milhões de euros), contraído para a
empresa estatal de atum, mas em que surgem notícias dando conta da existência
de um segundo encargo até agora desconhecido, no âmbito do mesmo dossiê.
PMA
(HB) // EL - Lusa
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