terça-feira, 12 de abril de 2016

Portugal. COSTA NO PAÍS EM QUE OS AMIGOS DÃO “UM JEITINHO”



Ingénuo é o último adjetivo que se pode aplicar a António Costa e, no entanto, há qualquer coisa lateralmente ingénua na justificação do primeiro-ministro sobre a contratação do seu melhor amigo, Diogo Lacerda Machado, para mediador de alguns dos principais conflitos existentes no país nos últimos tempos.

Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

Diogo trabalhou primeiro a custo zero e o primeiro-ministro, por ele, não lhe pagava um tostão. Agora, depois de ter sido convencido, com relutância, a fazer um contrato para “o Diogo”, António Costa diz que o resultado final é que “é mais caro para o Estado. É simplesmente um dinheiro que podia não ser gasto”. A questão da transparência não lhe ocorre. Ocorre-lhe o desperdício de dinheiro. Na entrevista que deu ao “DN” e à TSF, Costa achou inclusivamente “estonteante” o interesse dos jornalistas pelo seu melhor amigo e negociador permanente do seu governo. Estamos em Portugal, senhores, onde os melhores amigos dão sempre “um jeitinho” e ninguém deve ter nada a ver com isso, segundo o primeiro-ministro.

Nem toda a gente tem a sorte de os seus melhores amigos serem, como Diogo Lacerda Machado, “uma pessoa que tem um jeito nato para procurar sentar as pessoas à mesa, para procurar encontrar soluções, para servir de mediador, para servir de conciliador”. Costa convidou Diogo Lacerda Machado - que já foi seu secretário de Estado no passado - e não conseguiu convencê-lo a vir para o governo. Mas Diogo prontificou-se a ajudar e a ajuda envolveu casos tão complexos como a TAP, as negociações entre Isabel dos Santos e o La Caixa, o caso dos lesados do BES.

Não está em causa a competência profissional de Diogo Lacerda Machado nem o facto de ser o “melhor amigo” do primeiro-ministro. Provavelmente, todos os governos contaram com os melhores amigos dos primeiros-ministros. A questão é Costa não perceber que o voluntariado de Diogo coloca efetivamente um problema de transparência pública.

1 comentário:

carlos lima disse...

CERTAMENTE QUE NINGUÉM ESPERARIA QUE ANTÓNIO COSTA FOSSE CONVIDAR MIGUEL RELVAS OU OUTRO QUE TA!.QUE DIRIAM OS JORNALISTAS DE AGORA SE UM QUALQUER CONTINUO DE UM QUALQUER MINISTÉRIO DO GOVERNO DE ANTÓNIO COSTA SE ESQUECESSE (OU DISSESSE NÃO SABER TER QUE PAGAR) HÁ SEGURANÇA SOCIAL COMO FEZ P.COELHO ENQUANTO CHEFE DO GOVERNO .??

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