O
comandante-geral da Polícia Nacional angolana pediu hoje aos partidos políticos
para comunicarem às autoridades locais a pretensão de realizar atividades
partidárias, para evitar incidentes iguais ao ocorrido com a UNITA, com três
mortos.
Ambrósio
de Lemos reagia aos confrontos entre militantes do maior partido da oposição
angolana e do partido no poder, MPLA, na quarta-feira, na comuna de Capupa,
município do Cubal, província de Benguela, que terá resultado em três mortes,
quatro desaparecidos e três feridos, um dos quais agente da Polícia Nacional,
admitindo que a atividade foi comunicada, mas que o programa inicial foi
alterado.
Segundo
o comandante-geral da Polícia Nacional, "há um órgão do Estado encarregue
para estas questões e os membros dos partidos precisam de comunicar as
autoridades locais para se criar medidas de segurança".
"As
informações que me chegaram foram que as autoridades locais, a Polícia
Nacional, a administração local e o Governo provincial tomaram medidas
pertinentes, chamando à razão as áreas políticas, no sentido de evitar que
situações do género tenham lugar no nosso país", disse o comissário-chefe
Ambrósio de Lemos, citado pela agência noticiosa angolana, Angop.
Reiterou
a necessidade de se dar a conhecer às autoridades a realização de qualquer
ação, com vista a serem criadas condições para que haja recetividade por parte
da população.
Sem
comunicação, Ambrósio de Lemos frisou que situações como essas são suscetíveis
de acontecer, porque, "somos todos angolanos, mas cada um tem as suas
razões em relação à situação que está a viver ou que se viveu".
"E
é preciso quebrar-se isso para evitar estes confrontos entre populares nas
localidades", disse Ambrósio de Lemos, confirmando que a UNITA informou
que pretendia realizar a referida atividade, mas o programa anunciado foi
alterado.
A
UNITA já anunciou que vai pedir uma comissão de inquérito urgente aos
incidentes ocorridos, que envolveram ainda ameaças a três deputados do maior
partido da oposição angolana.
A
informação foi avançada, quinta-feira, à Lusa por Adalberto da Costa Júnior, um
dos três deputados, que, segundo o próprio relatou, terão sido alvo, juntamente
com outros militantes, de "emboscadas" e "ataques"
alegadamente perpetrados por "apoiantes" do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA), no poder, durante a visita de trabalho.
"É
uma zona ciclicamente de muita intolerância política e onde nunca houve
responsabilização deste tipo de ação. Mas o que aconteceu connosco não foi
intolerância política e sim um ataque para matar", denunciou o deputado e
líder da bancada parlamentar da UNITA, um dos visados.
Os
ataques à comitiva e militantes da UNITA, disse ainda, terão envolvido, além de
agressões e destruição de casas e viaturas de apoiantes do partido do
"galo negro" durante o dia, "várias emboscadas num perímetro de
oito a dez quilómetros". Inclusive com "árvores cortadas no meio da
estrada para parar as viaturas" e a utilização de flechas, porretes,
catanas e paus.
A
UNITA associa "sem dúvidas" o ataque a apoiantes do MPLA,
nomeadamente pela utilização de bandeiras daquele partido e pelo historial
deste tipo de ações.
NME
// EL - Lusa
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