A
Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da
Assembleia da República de Moçambique inicia no sábado na província de Manica a
investigação a duas dezenas de corpos encontrados ao abandono no centro do país.
Citado
hoje na imprensa local, o presidente da comissão, Edson Macuácua, afirmou que a
sua equipa vai deslocar-se ao distrito de Macossa, para continuar a investigar
as circunstâncias em que apareceram pelo menos 20 corpos abandonados e
dispersos em vários pontos da zona.
Esta
é a segunda fase das investigações depois das audições da comissão parlamentar
em Maputo e na cidade da Beira e de na terça-feira ter negado a existência de
uma vala comum em Canda, distrito de Gorongosa, denunciada por camponeses no final
de abril à Lusa.
"O
resultado [das investigações] permite-nos afirmar de forma categórica,
inequívoca e definitiva que não há uma vala comum em Canda", afirmou na
terça-feira Edson Macuacua, que dirigiu, um mês depois do testemunho dos
camponeses, uma visita da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos
Humanos e Legalidade da Assembleia da República à zona da denúncia.
A
30 de abril, jornalistas de vários órgãos de comunicação social, incluindo a
Lusa, testemunharam e fotografaram 15 corpos espalhados no mato, entre os
distritos da Gorongosa, província de Sofala, e Macossa, Manica.
Estes
corpos foram posteriormente observados por vários órgãos de comunicação social
moçambicanos e pela cadeia de televisão Al-Jazeera, que mostrou restos humanos
ainda visíveis três semanas depois de terem sido descobertos.
Mais
cinco corpos foram encontrados por um grupo de jornalistas da France Presse
(AFP) e Deutsche Welle (DW) em Macossa, centro de Moçambique, aumentando para
vinte o número de cadáveres descobertos na região, informou na quarta-feira a
agência noticiosa francesa.
Os
corpos foram abandonados nas proximidades do local onde camponeses alegaram à
Lusa ter observado uma vala comum com mais de cem cadáveres, até ao momento
desmentida pelas autoridades, e sem que os jornalistas tenham conseguido ter
acesso ao local, numa zona de forte presença militar, no quadro do conflito que
se vive no centro do país.
Quer
a Comissão Nacional de Direitos Humanos, vinculada ao Estado, como a ONU e
organizações não-governamentais não se pronunciaram entretanto sobre se
tentaram ou conseguiram ter acesso ao local.
A
região da Gorongosa, onde se presume encontrar-se o líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, tem sido marcada por confrontos entre o seu braço armado e as forças
governamentais.
PMA
(HB/PJA/AYAC/EYAC) // PJA - Lusa
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