@Verdade
- Editorial
Não
se podia esperar resultado diferente daquele que a Comissão dos Assuntos
Constitucionais, Direitos Humanos e Legalidade da Assembleia da República
apresentou a respeito da vala comum com cerca de 120 corpos no centro do país.
Até porque a referida Comissão, constituída maioritariamente pelos deputados da
bancada parlamentar da Frelimo, partiu para a investigação com a certeza de que
não existia nenhuma vala comum na região centro do país. Na verdade, a Comissão
saiu de Maputo para a província de Sofala com a ideia fixa de reforçar o
posicionamento do Governo, que inescrupulosamente defende a não existência da
vala comum.
Foi
visível o esforço empreendido pela Comissão para desacreditar as notícias
veiculadas pela agência de informação portuguesa, a Lusa, dando conta da
existência de uma vala comum em Gorongosa. A Comissão, liderada por então
porte- -parole do partido Frelimo, não passou de uma fantochada para produzir
um relatório lavrado num português tosco para o inglês ver e aplaudir, e fazer
crer que há uma preocupação com os direitos humanos dos moçambicanos. É sabido
que o Governo da Frelimo está marimbando-se dos moçambicanos cujos corpos foram
abandonados nas matas de Gorongosa.
A
investigação feita pela Comissão Parlamentar foi, na verdade, uma grande
trapaça para entreter os moçambicanos que aguardam ansiosamente por um
posicionamento responsável por parte das autoridades governamentais. Diga-se em
abono da verdade, o cúmulo do teatro mal encenado foi assistir a Edson Macuácua
a agir qual um juiz, e com ar de um funcionário público roboticamente preparado
para dizer tudo aquilo que o Governo de turno quer ouvir.
Além
de ter sido provado ou não a existência da vala comum, houve registo de pelo
menos 15 corpos encontrados nas matas de Sofala e Manca, porém, a falsa e
mafiosa Comissão encarregue de investigar a situação ignorou deliberadamente
esse facto. A Comissão limitou-se a questionar se existia ou não a tal vala com
mais de 100 corpos. Foi, diga-se de passagem, uma manobra previamente estudada
para enganar os incautos. Em Gorongosa, a Comissão recusou- -se a atravessar
Rio Nyadwe e percorrer os cinco quilómetros de distância para a região onde os
corpos foram encontrados. Macuácua apresentou como justificação que o trabalho
da Comissão, nesta fase, era só em Sofala. Portanto, a Comissão não passou de
uma vergonha de proporções gigantescas.
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