O
Governo Provincial de Benguela proibiu uma manifestação, pedindo a libertação
dos 17 ativistas condenados em Luanda e organizada por jovens locais, prevista
para sábado, alegando que há duas semanas foi realizado protesto idêntico.
A
resposta do governador provincial, Issac Maria dos Anjos, indeferindo a
realização deste protesto, foi hoje divulgada pelos promotores, depois de
quatro destes jovens terem sido levados na quinta-feira para uma esquadra local
da polícia, em Benguela, quando distribuíam panfletos sobre a apelidada
"manifestação pacífica" de sábado.
Os
quatro jovens passaram a noite em instalações policiais, não sendo conhecidas
ainda as acusações de que são alvo, denunciaram colegas, do Movimento
Revolucionário de Benguela, que contesta o regime angolano.
A
Lusa tentou esclarecer os motivos da detenção junto do comando provincial de
Benguela da Polícia Nacional, mas até ao momento sem sucesso.
A
manifestação de sábado pretendia, lê-se na informação dos promotores,
"exigir a liberdade de todos os presos políticos que estão presos
injustamente e que são alvo de intolerância política", recordando os 17
ativistas condenadas em Luanda, entre os quais o luso-angolano Luaty Beirão,
por rebelião e associação de malfeitores até oito anos e meio de cadeia, caso que
a 20 de junho (data das detenções).
Na
resposta do gabinete do governador provincial pode ler-se que o pedido de
realização da manifestação foi "Indeferida" porque "há menos de
duas semanas foram autorizados pelos mesmos propósitos".
Cerca
de 40 jovens manifestaram-se a 04 de junho em Benguela, na altura pedindo a
libertação dos ativistas condenados a penas de prisão em Luanda, no primeiro
protesto naquela localidade angolana sem confrontos conhecidos com a polícia.
A
manifestação decorreu no centro da cidade, organizada pelo Movimento
Revolucionário de Benguela e com os jovens a pedirem na rua a libertação dos 17
ativistas condenados.
"Tudo
correu bem, uma vez que o Governo Provincial fez um despacho a autorizar a
manifestação - mas a manifestação não se autoriza pela nossa Constituição -, e
a polícia esteve ali para garantir a ordem e a segurança dos manifestantes.
Gostamos do papel da polícia e que da próxima vez seja assim também",
disse naquele dia, à Lusa, o ativista Avisto Bota, da organização do protesto.
Este
ativista será um dos quatro jovens detidos em Benguela quando distribuíam
panfletos sobre a manifestação de sábado, apurou hoje a Lusa.
Contrariamente
a todas as manifestações anteriores, que não tinham sido autorizadas pelo
Governo Provincial de Benguela, na 04 de junho não se registaram detenções ou
confrontos com a polícia.
"Desde
o ponto de partida até à chegada, correu tudo sem confusões. Foi a primeira vez
sem confrontos, mostramos ao regime do MPLA [partido no poder desde 1975] que
manifestar não é guerra", disse na ocasião Avisto Bota.
Só
em Benguela, desde abril, estes jovens ativistas, que contestam o Governo
liderado por José Eduardo dos Santos, tentaram sair à rua em protesto por duas
vezes, iniciativas que acabaram com a intervenção da polícia e várias
detenções, por não estarem autorizadas pelo Governo Provincial.
Estes
protestos em Benguela já se realizam há mais de um ano, pedido a libertação do
que os organizadores dizem ser os presos políticos em Angola.
No
caso dos 17 jovens ativistas, contestatários do regime angolano e conhecidos
como "revolucionários", foram condenados pelo tribunal de Luanda, a
28 de março, a penas de cadeia entre os dois anos e três meses e os oito anos e
seis meses, as quais já começaram a cumprir, enquanto aguardam decisão dos
recursos interpostos pela defesa.
PVJ
// VM - Lusa
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