A
UNITA anunciou que já deu entrada com um pedido formal de constituição de uma
comissão parlamentar de inquérito aos incidentes envolvendo militantes e
deputados do partido em Benguela, Angola, que terminaram em maio com três
mortos.
Em
nota enviada hoje à Lusa, em Luanda, o grupo parlamentar da União Nacional para
a Independência Total de Angola (UNITA) anuncia que remeteu esta semana ao
presidente da Assembleia Nacional um pedido para a criação desta comissão para
investigar, de forma independente, os acontecimentos de Capupa, Cubal, na
província de Benguela, "contra uma delegação de deputados", a 25 de
maio.
Acrescenta
que este pedido surge depois de audiências com o presidente daquele órgão de
soberania, Fernando da Piedade Dias dos Santos, e com o ministro do Interior,
Ângelo da Veiga Tavares, nos quais os deputados da UNITA afirmam ter
apresentado "documentos que provam" que o programa da visita foi
"comunicado às autoridades", bem como a "respetiva assunção de
responsabilidade das autoridades policiais".
O
Ministério do Interior angolano confirmou a 26 de maio a existência de três
mortos em resultado dos confrontos em Benguela, envolvendo elementos da UNITA,
incluindo deputados, que dizem ter sido atacados por apoiantes do Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder.
Em
comunicado, a delegação provincial de Benguela do Ministério do Interior
confirmou na altura três mortos entre civis, quatro desaparecidos e três
feridos, um dos quais um agente da Polícia Nacional.
Na
origem do caso, referia o comunicado, terá estado a presença de uma delegação
de deputados e apoiantes da UNITA no município do Cubal, que chegaram à comuna
de Capupa "sem comunicação prévia às autoridades locais".
"Terá
havido desentendimentos e rixas entre membros da delegação e a população",
lê-se no comunicado, que foi assinado pelo delegado provincial do Ministério do
Interior, comissário Simão Queta.
O
partido do "Galo Negro" afirma, contudo, que os detalhes de todo o
programa da visita eram do conhecimento das autoridades, sendo por isso
"fundamental" que face à informação do Ministério do Interior em
Benguela, "em que se pretendia responsabilizar a UNITA pelos
incidentes", seja agora "realizado um inquérito multidisciplinar e
independente, com o objetivo de escutar todas as partes envolvidas neste triste
episódio".
"Deverá,
por isso, o inquérito permitir apurar responsabilidades e encaminhá-las ao
Ministério Público, para determinar em que medida a Assembleia Nacional pode
utilizar o seu peso político, representativo e institucional para a salvaguarda
do interesse público na manutenção da estabilidade política do país",
lê-se na informação do grupo parlamentar da UNITA.
O
Ministério do Interior abriu um inquérito a estes incidentes.
Adalberto
da Costa Júnior, líder parlamentar da UNITA, foi um dos três deputados que,
segundo o próprio relatou à Lusa, terão sido alvo, juntamente com outros
militantes, de "emboscadas" e "ataques" alegadamente
perpetradas por "apoiantes" do MPLA, no poder, durante a visita de
trabalho.
Os
ataques à comitiva e militantes da UNITA, disse ainda o deputado, na altura,
terão envolvido, além de agressões e destruição de casas e viaturas de
apoiantes do partido do "galo negro" durante o dia, "várias
emboscadas num perímetro de oito a dez quilómetros". Inclusive com
"árvores cortadas no meio da estrada para parar as viaturas" e a
utilização de flechas, porretes, catanas e paus.
A
UNITA associa "sem dúvidas" o ataque a apoiantes do MPLA,
nomeadamente pela utilização de bandeiras daquele partido e pelo historial
deste tipo de ações.
PVJ
// VM - Lusa
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