Ana
Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão
Em
bom rigor, estava na altura do ministro das Finanças alemão falar sobre as
finanças de Portugal. Até esta simples frase causa estranheza e incómodo.
Assim,
Shaüble, uma das figuras máximas da destruição europeia, afirma que Portugal ia
no bom caminho até à entrada em funções do Executivo de António Costa.
Com
efeito, Passos Coelho e a sua ministra das Finanças já não tinham língua, tal
como Schaüble já não tinha rabo de tão gastos. A capitulação, julgava o
ministro das Finanças alemão, havia sido completa.
De
repente, trocam-lhe as voltas: um governo socialista em Portugal apoiado pelos
partidos de esquerda qu,e não virando as costas às regras europeias, tem
conseguido contorná-las, devolvendo – pasme-se! - rendimentos aos que haviam
sido delapidados. Contrariamente ao falhanço grego que tanto agradou a
Schaüble, Portugal apresentou uma solução exequível que não cai nos desejos do
ministro alemão.
É
evidente que viver de superavits – à custa quer das regras europeias, quer dos
Estados-membros – o terá habituado mal. É claro que o pagamento à banca alemã
(uma verdadeira e perigosa farsa como se tem visto) de dívidas por parte dos
Estados-membros era essencial para a estratégia alemã. De resto, sabe-se que a
situação periclitante do Deutsche Bank não é de agora.
E
é precisamente sobre o maior banco alemão que deveriam recair as atenções e
preocupações do ministro Schaüble. Assim, como todos nos deveríamos preocupar
com o referendo italiano que se aproxima e que pode por em causa quer a
continuação de Matteo Renzi, quer a própria permanência italiano na UE, ou até
dedicarmos a nossa atenção à questão dos refugiados.
Não.
A grande preocupação de Schaüble não é o Deutsche Bank, não é a situação
política italiana, não é a questão dos refugiados, nem tão-pouco se prende com
as derrotas que o seu partido tem sofrido em eleições regionais e com a
ascensão de partidos que fazem lembrar outros tempos. As verdadeiras
inquietações de Schaüble estão relacionadas com Portugal e com António Costa.
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