domingo, 30 de outubro de 2016

SCHAUBLE OUTRA VEZ



Ana Alexandra GonçalvesTriunfo da Razão

Em bom rigor, estava na altura do ministro das Finanças alemão falar sobre as finanças de Portugal. Até esta simples frase causa estranheza e incómodo.

Assim, Shaüble, uma das figuras máximas da destruição europeia, afirma que Portugal ia no bom caminho até à entrada em funções do Executivo de António Costa.

Com efeito, Passos Coelho e a sua ministra das Finanças já não tinham língua, tal como Schaüble já não tinha rabo de tão gastos. A capitulação, julgava o ministro das Finanças alemão, havia sido completa.
De repente, trocam-lhe as voltas: um governo socialista em Portugal apoiado pelos partidos de esquerda qu,e não virando as costas às regras europeias, tem conseguido contorná-las, devolvendo – pasme-se! - rendimentos aos que haviam sido delapidados. Contrariamente ao falhanço grego que tanto agradou a Schaüble, Portugal apresentou uma solução exequível que não cai nos desejos do ministro alemão.

É evidente que viver de superavits – à custa quer das regras europeias, quer dos Estados-membros – o terá habituado mal. É claro que o pagamento à banca alemã (uma verdadeira e perigosa farsa como se tem visto) de dívidas por parte dos Estados-membros era essencial para a estratégia alemã. De resto, sabe-se que a situação periclitante do Deutsche Bank não é de agora.

E é precisamente sobre o maior banco alemão que deveriam recair as atenções e preocupações do ministro Schaüble. Assim, como todos nos deveríamos preocupar com o referendo italiano que se aproxima e que pode por em causa quer a continuação de Matteo Renzi, quer a própria permanência italiano na UE, ou até dedicarmos a nossa atenção à questão dos refugiados.

Não. A grande preocupação de Schaüble não é o Deutsche Bank, não é a situação política italiana, não é a questão dos refugiados, nem tão-pouco se prende com as derrotas que o seu partido tem sofrido em eleições regionais e com a ascensão de partidos que fazem lembrar outros tempos. As verdadeiras inquietações de Schaüble estão relacionadas com Portugal e com António Costa.

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