terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O LABORATÓRIO AFRICOM – XVIII




1 – A Líbia, sujeita a um “novo programa” de desestabilização, preencheu uma das principais preocupações secretas iniciais do AFRICOM, que contou desde logo com a estreita conexão à NATO e suas bases em Itália, em função das históricas ligações mediterrânicas…

Para a Líbia “a programação” em função do petróleo, depois das guerras secretas que envolveram a plataforma do Chade, seguiu uma trilha inicial “para o desenvolvimento”, o engodo (a “cenoura Bush”) em vigor para atrair Kadafi, enquanto, com o jogo das inteligências conjugadas dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Israel, se preparava a fase da “primavera árabe” tendo a conjugação do petróleo finalmente exposta “enquanto excremento do diabo”… que culminou com o assassínio de Kadafi.

A extensão da guerra do Médio Oriente à Líbia foi decidida já com a administração democrata de Barack Hussein Obama, que com as “primaveras árabes” instaladas na Tunísia, na Líbia e no Egipto pôde elevar a fasquia da disseminação do caos estendendo-o à Líbia, de forma a projectá-lo em consequência, explorando o êxito, pelo Sahara e Sahel (imensas regiões marcadas pela antropologia-cultural nómada).

O plano pretendia ser “exemplar” e “surpreendente” (em termos da aplicação do “cacete” segundo métodos de persuasão activa característicos da manobra de ingerência e manipulação previstos para África) e precisamente quando Kadafi havia ganho bastante espaço na União Africana: persuadir todos no continente, explorando os aspectos emocionais, utilizando o “cacete” no momento próprio e de forma cirúrgica sobre um estado-alvo que apesar das imensas conquistas realizadas em termos de progresso económico e estrutural, apesar do entesouramento colocando grande parte de suas finanças em bancos externos ocidentais, era afinal tremendamente vulnerável na base da sua composição sócio-política e institucional e nos critérios em que se havia formado sob a orientação de Kadafi.

Para a hegemonia unipolar havia a vantagem de, logo que se removesse Kadafi as portas de todo o Sahara e Sahel ficariam abertas a uma manipulação e ingerência maior (permitindo disseminar o caos terrorista) e, por via disso, com uma incidência capaz de justificar a manobra militar e de inteligência que tirava proveito tácito do terror jihadista em socorro dos fragilizados estados da região, onde de há longa data estavam implantados agentes (acima de tudo “francófonos”) instalados por décadas de exercício dum “pré carré” funcional até na essência da arquitectura financeira que sustenta o “Franco CFA”!

Abriria as portas também à manipulação maior que seria o democrata Barack Hussein Obama cronologicamente a explorar: a contradição entre a disseminação do caos armado “de baixa intensidade” a norte, com predominância da religião muçulmana reinterpretada pelo jihadismo (Sahara, Sahel Sudão e Somália-Iémen), e a paz a sul, onde a implantação cristã é maior, permitindo a estabilidade para a fermentação de elites afins ao jogo africano da aristocracia financeira mundial.

O processo contaminado fazendo uso do AFRICOM, tornou-se possível nessa direcção por via particularmente da instrumentalização tácita do AQMI e do Boko Haram a norte: para implantar forças no continente africano, o Pentágono precisaria de “conflitos de baixa intensidade” pelo menos a norte, até por que eles seriam benéficos à manobra de agentes de alto nível instalados directamente nos países-alvo atingidos desde a costa Atlântica à costa Índica, ao longo de todo o Sahel!

Como prova disso:

O Mali seguiu-se à desestabilização da Líbia logo que as condições para a proliferação do caos foi conseguida e mais uma vez as questões religiosas e étnicas serviram à fermentação das iniciativas quer do AQMI, quer dos tuaregues…

A Argélia, cuja experiência em enfrentar o terrorismo jihadista tinha sido consolidada, conseguiu restringir o novo fluxo que se limitou a muito esporádicas iniciativas…

O Chade, conjuntamente com a Nigéria, o Níger e os Camarões, viriam a sofrer com o rescaldo do processo líbio como se fosse um “efeito boomerang” ao seu alinhamento, quando do início do processo de disseminação do caos.

O “efeito dominó”, que um dia foi aplicado no jogo africano quando se decidia a sorte da África Austral, justificava-se agora em socorro dos interesses e conveniências da aristocracia financeira mundial (sob o ponto de vista dialéctico da hegemonia unipolar) na própria instrumentalização do Pentágono, pois no Sahel, da África do Oeste, à costa do Índico, as vulnerabilidades africanas em terras onde as nomadizações existiam desde sempre (não poupando sequer no “miolo” os nilóticos), permitiam todo o tipo de ingerências e manipulações, utilizando a base disponível das contradições históricas e antropológicas “no terreno”.

Assim os Grandes Lagos, que ficam sensivelmente a meio caminho entre a Nigéria e a Somália, integrariam sob o ponto de vista das contradições humanas entre nómadas e sedentários, as contradições suficientes capazes de disseminação das tensões propícias ao caos e é essa uma das explicações da longevidade do “Lord´s Resistence Army” do Uganda, (a emanação cristã fundamentalista da região dos Grandes Lagos e Alto Nilo), que também mobiliza comunidades nómadas.

Os frutos da agressão à Líbia foram entretanto de tal forma saborosos que a NATO / AFRICOM está já pronta para uma 2ª dose de voracidade sangrenta!

2 – Conforme dizia no início da série:

“Em África há uma íntima correlação entre os fenómenos de natureza físico-geográfico-ambiental e as culturas humanas, com uma história longa, de milénios.

Essa correlação não passou despercebida aos laboratórios de desestabilização de algumas potências, tendo como objectivo último a manutenção dos seus próprios processos de domínio que incluem o continente africano, mantendo-o no seu papel subdesenvolvido de fornecedor de matérias-primas e de mão-de-obra barata e, por essa via na deliberada periferia dos seus sistemas-em-cadeia.

O lançamento do AFRICOM que, é preciso lembrar, mantém o seu centro de decisões na Europa, veio estimular de forma muito subtil a arquitectura de planos que fazem o aproveitamento dessa correlação, com vista a objectivos que começam até a pôr em causa o desenho do mapa sócio-político africano estabelecido com a Conferência de Berlim”.

A manipulação do AFRICOM arrasta os países da África Austral que conseguiram uma plataforma mais consolidada de paz, onde se concentram as comunidades mais sedentárias e afectas a religiões cristãs que estão antropologicamente menos expostas às interpretações fundamentalistas e radicais.

De facto, tendo em conta a progressão conseguida pela disseminação do caos, os países da África Austral com Angola em destaque, estimulam políticas que por vias do diálogo procuram consensos em busca de paz e estabilidade, de que África tanto carece, que não deixam por isso mesmo de alinhar com os expedientes de assimilação global característicos da “era Bush” para com África.

Todos esses esforços, que na maior parte dos casos são feitos por vias político-diplomáticos e alguns também com recurso à força militar, estão, em relação à contradição guerra-paz em África (guerra no norte e paz a sul) gorados por que implicam na alienação dos processos de resistência em relação aos impactos sobre causas profundas fomentadas (manipuladas) pela hegemonia unipolar, pois o jihadismo terrorista possui suas próprias fontes de financiamento e se elas escapam aos serviços de inteligência, o jihadismo tem sempre formas de renascer e sobreviver onde quer que seja, de tão fragilizadas que estão as sociedades africanas.

Guardar armamento, estabelecer santuários clandestinos e aproveitar as enormes deficiências da malha político-administrativa nas fronteiras desenhadas pela Conferência de Berlim, concorrem para a capacidade de sobrevivência geo estratégia dos rebeldes fundamentalistas, étnicos e outros radicais: no Sahara como no Sahel, os Toyota vieram dar outra mobilidade a todo o tipo de movimentos que eles precisam adequando os processos de nomadização ao contexto.

Isso significa que para as potências ocidentais está garantida tacitamente a continuidade da subversão numa trilha de “baixa intensidade” (embora com espectaculares episódios sangrentos), o que facilita a implantação de forças da NATO / AFRICOM onde quer que seja onde se registe o caos.

A intervenção russa na Síria colocou a descoberto as fontes de financiamento do DAESH e da Frente Al Nushra, algo que em África é muito mais difícil em relação aos fundamentalismos, etnicismo e outros radicalismos existentes no continente, pois nas imensas regiões onde existe a nomadização, na falta de possibilidades de rapina sobre as riquezas naturais, o contrabando e as migrações bastam, estimulando a disseminação de populações quer na direcção da Europa, atravessando o Mediterrâneo, quer em direcção à África Austral (conforme se constata em relação a Angola).

3 – O AFRICOM instalou-se, veio para ficar por que o seu fermento possibilita articulações a muito longo prazo e garante políticas de neo colonização como a experiência de 200 anos na América Latina onde a luta pela independência continua correspondendo à “expansão” do império de cultura eminentemente anglo-saxónica), apesar das bandeiras içadas no fim da colonização de Espanha.

A “redutibilidade francófona”, com uma França submissa a partir da perda de influência no Ruanda (a partir da “Operação Turquoise”) e sujeita à experiência traumatizante de Kadafi (Sarkozi, ainda que financiado por Kadafi, aprendeu bem a doutrina de choque conforme tão bem explica Naomi Klein), teve de encaixar os interesses geo estratégicos gauleses no “pré carré”, alinhando-os com os interesses da hegemonia unipolar em conformidade e sintonia com a aspirações de domínio da aristocracia financeira mundial.

O capitalismo neo liberal aproveitou-se do colapso socialista e da constante fragilização do Movimento de Libertação em África para alcançar os seus objectivos e nem mesmo a presença de emergentes ao nível da China (que procura estimular o renascimento africano apesar de muitos erros que vai praticando) está a alterar o quadro do “Laboratório AFRICOM”.

Por fim as tensões em torno do petróleo e outros produtos energéticos estimula o processo de passagem do já de si perverso “petróleo enquanto fonte de desenvolvimento” (segundo o “AOPIG” e a paternalista “doutrina Bush”), para o processo ainda mais perverso de “petróleo enquanto excremento do diabo”, uma fronteira que ara ser vencida basta a queda do valor do barril.

Nem mesmo os países africanos produtores de petróleo estão imunes a essa “transição” que a administração republicana de George W. Bush escondeu dos africanos antes e durante os primeiros anos do AFRICOM e para que assim fosse, muito contribuiu o facto de essa “transição”só ter ocorrido após o assassínio de Kadafi e a disseminação do caos pelo Sahara e Sahel, integrando os factores desestabilizadores crónicos nos Grandes Lagos e na Somália-Iémen.

4 – Mesmo os países que enveredam por articulações de paz (como os da SADC, tendo como“ariete” Angola), estão atingidos pela crise da baixa dos preços do petróleo e a braços com capacidades de resposta fragilizadas, vulnerabilizadas e por isso considerados de manipuláveis.

As elites africanas (e sobretudo a angolana), forjadas na “era Bush” e não correspondendo em tempo oportuno a processos de diversificação económica com orientação geo estratégica, (muito menos aberta à consciência dialéctica com os olhos do sul), estão a ser apanhadas nas malhas dos vícios da globalização minados pela hegemonia unipolar, enquadrando “transvases”instrumentalizados, como por exemplo as “parcerias público privadas”, que tendem a tornar cancerígenos os tecidos do próprio estado, mas tão bem servem aos processos de assimilação.

Esse processo não está pois só vocacionado à gestação de elites afins: delimita também seu campo de manobra!

As elites angolanas, que têm correspondido no âmbito da “era Bush” à dialéctica imposta pela aristocracia financeira mundial, a dialéctica do império que implica processos de formatação, assimilação e de agenciamento descaracterizando a sequência legítima que o Movimento de Libertação exigia desde o passado próximo, estão à prova: ou continuam numa senda mercenária e anti-patriótica de mau augúrio, colocando em risco os pressupostos básicos da harmonia (integração, solidariedade, equilíbrio e justiça social, com redistribuição da renda em benefício de todo o povo angolano), ou assumem o patriotismo que tanto estimulou os processos do próprio Movimento de Libertação em África, reabrindo aberta ou veladamente mas com todo o rigor e vigor, o processo socialista!

Por isso ouso questionar: haverá realmente paz em África na ausência substantiva de socialismo?

A paz adjectivada pela “era Bush” e pelas suas sequelas, é a paz do “Laboratório AFRICOM”!

Ilustrações:
- As exportações de petróleo líbias no tempo de Kadafi eram feitas substancialmente em direcção a compradores ocidentais (só 5% seguiam para a China);
- As multinacionais do petróleo ocidentais dominam em toda a África o que facilita a manobra de inteligência do AFRICOM;
- O AQMI (Al Qaeda do Magreb Islâmico) estava já implantado no Sahara e no Sahel antes das “Primaveras Árabes” e do derrube de Kadafi na Líbia.

BREVE REFLEXÃO SOBRE AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS EM PORTUGAL



Rui Peralta, Luanda

As eleições presidenciais portuguesas terminaram com a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, de 67 anos, com 52% dos votos (2,4 milhões de votos, menos 363 mil do que o seu antecessor – presidente actual – Cavaco Silva, nas eleições de 2006), ganhando em todos os distritos do país e obtendo uma clara vitória eleitoral, logo á 1ª volta. Foram os resultados eleitorais marcados por uma forte abstenção (cerca de 50%), factor contra o qual nem mesmo o número de candidatos (10, o que levava a pensar numa maior participação eleitoral) foi suficiente assumindo-se este comportamento eleitoral como uma estrutura já instalada na democracia portuguesa.

A forte divisão da Esquerda (que concorria, pelo menos, com 4 candidatos: Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém, Marisa Matias e Edgar Silva, sendo os dois primeiros do PS), a existência de 5 candidatos que não contavam com qualquer apoio partidário (apostando num discurso, muitas vezes ingénuo e populista, sempre profundamente demagógico), foram factores que beneficiaram o candidato vencedor, apoiado pelo centro-direita, mas que soube captar eleitorado ao centro-esquerda, através de um hábil discurso e dando garantias de colaboração com o actual governo do 1º ministro, António Costa. Marcelo fez uma campanha distante dos partidos que o apoiaram (PSD e CDS/PP) e o seu discurso foi sempre baseado na cultura do compromisso e do consenso social.

À Esquerda, Sampaio da Nóvoa, com o apoio de parte do aparelho socialista, de grande parte do Governo liderado por António Costa e que contou com o apoio oficial de três ex-presidentes (Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio), conseguiu 22% dos votos (mais de um milhão de votos). Já a votação em Maria de Belém (outra das candidaturas da área PS) foi desastrosa (4,2%, 196 mil votos), bastante atrás de Marisa Matias (Bloco de Esquerda) que acabou por fazer um bom resultado (cerca de 10% dos votos). Edgar Silva, do PCP, acabou por ter um resultado que é, também, desastroso (3,9%, cerca de 182 mil votos), na medida em que está bastante abaixo da capacidade representativa do PCP.

Dos restantes candidatos, pouco ou nada a dizer, sendo a única excepção Vitorino Silva (ex-militante do PS) que teve quase tantos votos como Edgar Silva. Este sector de “candidatos independentes, fora das máquinas partidárias” teve no seu geral, uma total ausência de ideias, projectos e propostas. Limitaram-se a uma lengalenga baseada no combate á “partidocracia” e revelavam, na maioria dos casos, desconhecimento sobre o papel presidencial.

De um modo geral a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa era esperada. A única candidatura que poderia representar um risco real para Marcelo era Maria de Belém. As lutas e as cotoveladas que se fizeram sentir no aparelho socialista e na teimosia em fazer do populista e demagogo (embora sempre intelectualizado e académico quanto baste),Sampaio da Nóvoa, uma alternativa viável. Não sendo assim e revelando-se a campanha de Maria de Belém um sucedâneo de acontecimentos menos claros (que, de certeza, serão devidamente analisados pelos responsáveis da campanha) que impediram o normal prosseguimento da sua acção eleitoral, o novo presidente dos portugueses é Marcelo Rebelo de Sousa.

Para já pode-se dizer que estas eleições significaram que, apesar de toda a máquina populista, antidemocrática, que bombardeia a opinião pública portuguesa, a democracia politica contínua de pé e com uma boa base de sustentação. Referir a abstenção de 50%, ou que Marcelo ganhou com 20% dos votos e depois pôr o rótulo de que estamos na presença de “arteriosclerose democrática” é típico da miopia politica de pequeno sector (um mini-sector, um “grupelho” que não chega á importância de um pequeno nicho) ideologicamente esclerosado, que se pegou á esquerda (porque é seu produto) como a lapa á rocha. Afirmar que a função exercida por Marcelo Rebelo de Sousa como comentador e analista político, durante vários anos, foi determinante na escolha dos cidadãos portugueses é passar um atestado de ignorância e desprezar a capacidade e a maturidade política democrática do povo português, o que não corresponde á realidade. Falar que Portugal tem uma ambiente conservador é passar por cima do facto de Portugal ser o país de Abril, ter uma das Constituições mais progressistas da democracia contemporânea e….Ter um governo sustentado por uma aliança á esquerda, que é…MAIORITÁRIA!

É falso que a abstenção tenha aumentado. Ela diminuiu em relação á primeira volta das últimas presidenciais (e na segunda volta, que reelegeu Cavaco Silva, a abstenção foi muito superior). Se quiserem misturar trigo com joio (para melhor fermentar a metafisica “análise dialéctica”) e quiserem comparar comportamentos eleitorais entre processos eleitorais presidenciais e processos eleitorais legislativos, chegarão, obviamente, á conclusão que a abstenção é crescente. Mas essa é uma leitura enganosa e sem qualquer credibilidade. Por outro lado as razões que levam o centro-direita a manter-se coeso são exactamente as mesmas que levam a esquerda portuguesa a manter-se plural: a sua identidade, ou seja, a identidade da cidadania que posiciona-se em torno do centro-direita (uma mistura de conservadorismo cultural com liberalismo politico) e a identidade da cidadania que posiciona-se em torno do centro-esquerda e da esquerda de uma forma geral (diversificação social e cultural, maior cosmopolitismo e maior leque de opções).

Por fim, o drama a que a esclerosada dialéctica chega: a teoria da conspiração. Pois…a culpa é das cadeias televisivas, dos grupos de lobbys, da maçonaria, dos judeus, da aristocracia financeira, do 1%, e mais alguns bodes expiatórios…De uma só assentada os “eleitos da consciência revolucionária” matam dois coelhos: a soberania popular e o mundo real, que não corresponde ao seu cenário metafisico. Da análise das dinâmicas internas nem uma palavra e das dinâmicas externas no contexto português apenas resta a esta esclerosada seita de “guardiões da pureza ideológica” a falsa interpretação geopolítica dos gabinetes, a nova astrologia dos cartomantes da análise política internacional. É a mais completa pobreza de conceitos, a derrocada absoluta, o deserto, o mesmo deserto em que mergulhou a direita política…é um deserto que passado á realidade portuguesa tem um nome, desde que Camões assim os chamou: os Velhos do Restelo.

Para terminar, gostaria de referir o que a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa tem de importante para Angola: o relacionamento entre os Estados. Numa nota de imprensa da Casa Civil do Presidente da República, o Presidente José Eduardo dos Santos felicitou na passada segunda-feira, o jurista Marcelo Rebelo de Sousa pela sua recente vitória eleitoral. Augura o Presidente José Eduardo dos Santos que durante o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, sejam consolidadas e aprofundadas as relações de amizade e cooperação entre os dois países e povos. Considera, ainda, o Presidente José Eduardo dos Santos que as qualidades políticas, intelectuais e pessoais de Marcelo Rebelo de Sousa são uma garantia que irá corresponder às expectativas nele depositadas pela maioria do povo português.

As expectativas são, pois, grandes. Um sinal que poderá garantir e fundamentar o cumprimento destas expectativas: o discurso de vitória do presidente português eleito, foi na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e não num qualquer hotel de luxo da capital…Haverá melhor espaço para afirmar o compromisso assumido para com os cidadãos portugueses?

Portugal. OS RICOS ENTRE OS MAIS RICOS NÃO PAGAM OS IMPOSTOS DEVIDOS



Paulo Sá [*]

Em Portugal, os mais ricos entre os ricos não pagam os impostos devidos e o prejuízo para o Estado estima-se na ordem dos 3 mil milhões de euros! 

A denúncia foi feita por um ex-Director da Autoridade Tributária e Aduaneira numa recente entrevista a um órgão de comunicação social e confirmada num Memorando enviado à Assembleia da República pela própria Autoridade Tributária. Não é nada que o PCP não venha afirmando há muito tempo, mas agora temos a confirmação deste facto pelo próprio organismo público que procede à cobrança dos impostos.

A Autoridade Tributária, recorrendo às suas bases de dados e a informação externa, procedeu ao levantamento dos contribuintes que detêm um património superior a 25 milhões de euros e/ou têm rendimentos anuais superiores a 5 milhões de euros, ou seja, os mais ricos entre os ricos. Numa primeira abordagem, foram identificados nesta categoria 240 pessoas, que, em 2014, pagaram em sede de IRS apenas 48 milhões de euros. Um valor verdadeiramente insignificante, tendo em conta os elevadíssimos rendimentos e património destas pessoas.

Esta é uma situação escandalosa! Não se pode aceitar que aqueles que mais têm fujam ao pagamento dos impostos, sonegando ao Estado receitas fiscais essenciais para assegurar as suas funções, em particular as funções sociais, e exigindo aos restantes contribuintes, em particular aos trabalhadores, um esforço fiscal desmesurado.

A Autoridade Tributária, com os seus escassos recursos, conseguiu até ao momento identificar 240 contribuintes que se enquadram nesta categoria dos muito ricos. Mas são mais, muitos mais! Um estudo internacional, que a Autoridade Tributária identifica como sendo um estudo de referência, estima que em Portugal são cerca de 930. Uma empresa que vende serviços de consultadoria fiscal a estes contribuintes, considera um universo de 1.000 pessoas. Um milhar de cidadãos que, tendo um património e/ou rendimento muito elevado, foge ao pagamento dos impostos devidos.

Um simples cálculo permite estimar em cerca de 3 mil milhões de euros a receita fiscal anual que resultaria da tributação adequada em sede de IRS deste grupo de 1.000 milionários. Mas esta receita potencial tem sido desperdiçada, por opções políticas que favorecem uma ínfima minoria de privilegiados à custa da esmagadora maioria que vive do seu trabalho.

Importa recordar que, em 2013, o anterior Governo PSD/CDS impôs um brutal saque fiscal sobre os rendimentos do trabalho, incluindo os rendimentos mais baixos. Num só ano, a receita de IRS aumentou 35%, mais de 3.200 milhões de euros. Esta medida de ataque aos rendimentos de quem vive do seu trabalho, acompanhada de muitas outras medidas de austeridade, contribuiu para o alastramento da pobreza e para a degradação das condições de vida de largas camadas da população.

Este brutal aumento de impostos não era inevitável. Foi uma opção! Uma opção do anterior Governo PSD/CDS, que, podendo tributar de forma adequada uma ínfima minoria de milionários, arrecadando milhares de milhões de euros de receita fiscal adicional, preferiu ir buscar esses milhares de milhões de euros aos trabalhadores, aos reformados, às famílias e às micro e pequenas empresas.

Estas opções são bem reveladoras da natureza da política de direita tão diligentemente aplicada pelo anterior Governo PSD/CDS, uma política que os portugueses, de forma tão expressiva, rejeitaram nas eleições legislativas do passado dia 4 de outubro.

A falta de vontade política e de eficácia no combate ao incumprimento fiscal dos mais ricos entre os mais ricos contrasta com a sanha persecutória do anterior Governo PSD/CDS dirigida contra os pequenos e médios contribuintes, sejam eles particulares ou empresas. Se os milionários pagam de impostos uma pequeníssima fracção do que deveriam pagar, encolhe-se os ombros e fala-se das dificuldades e dos obstáculos a uma tributação adequada. Se o pequeno contribuinte comete uma infracção, mesmo que involuntária, ou se atrasa no pagamento dos impostos, aplica-se uma coima exorbitante, penhora-se o salário, o carro e até a casa.

No que diz respeito aos contribuintes de elevada capacidade patrimonial, os tais com rendimento anual superior a 5 milhões de euros e/ou património superior a 25 milhões de euros, exigem-se medidas urgentes que dotem a Autoridade Tributária e Aduaneira de meios e instrumentos que lhe permitam proceder à cobrança dos impostos devidos.

Porque não nos conformamos com uma política fiscal injusta e iníqua, porque não nos conformamos com o esmagamento fiscal dos trabalhadores e das pequenas empresas para favorecer um ínfimo grupo de contribuintes milionários, o Grupo Parlamentar do PCP irá apresentar na Assembleia da República uma iniciativa com um conjunto de medidas decisivas no combate à fuga e evasão fiscais dos contribuintes mais ricos.

É necessário considerar medidas ao nível da legislação fiscal, mas também dos meios humanos e tecnológicos colocados à disposição da Autoridade Tributária e Aduaneira, da criação de parcerias com outras organizações e entidades que acedam ou estudem informação considerada sensível em termos do apuramento da realidade patrimonial e de rendimentos dos contribuintes mais ricos, assim como de uma intervenção no seio das organizações internacionais, nomeadamente na União Europeia, FMI, ONU e Organização Mundial do Comércio, de forma a combater a chamada competitividade fiscal cujo objectivo é a captura de receitas fiscais com origem em patrimónios e rendimentos obtidos em países terceiros.

O PCP reafirma aqui a necessidade de uma nova e alternativa política fiscal, mais justa e mais adequada às necessidades do País. Uma política fiscal, articulada com a dimensão orçamental, que tribute de forma adequada as grandes empresas, os grupos económicos e financeiros, os rendimentos e patrimónios mais elevados, ao mesmo tempo que desonere os trabalhadores, os reformados, as famílias, assim como as micro e pequenas empresas.

É com esse objectivo que nos iremos bater por estas propostas.

[*] Deputado. Intervenção na AR em 21/Janeiro/2016

O original encontra-se em http://www.pcp.pt/node/290679

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 
 


Portugal. CUMPRA-SE, É UMA ORDEM EUROPEIA



Francisco Louçã – Público, opinião

Foi divulgado no fim de semana passado, com pouco eco no meio dos cartuchos quase finais das presidenciais, o email do Banco Central Europeu ao governo a determinar que o Banif fosse entregue ao Santander. O texto em si próprio é um manifesto ao descaramento. Lê-se e não se imagina que seja possível. Num telefonema, numa conversa, quem sabe, já seria afronta. Escrito, escarrapachado, é só porque o Banco e a Comissão se sentem inexpugnáveis e gostam de alardear a sua dominação.

Vejam só: “A conversa com o Santander correu muito bem e a Comissão Europeia vai aprovar”. E mais: “Há outras ofertas pelo Banif que, de acordo com a Comissão, não respeitam as regras da UE das ajudas de Estado, e por isso não podem seguir em frente”.

Continua a ordem para entregar o banco ao Banif: “A comissão Europeia foi muito clara neste aspecto, por isso recomendo que nem percam tempo a tentar fazer passar essas outras propostas”.

Para o BCE e para a Comissão Europeia, a ordem era clara, todo o dinheiro para o Santander e em força.

O email dizia mais ainda: “o Santander está a comportar-se de uma maneira muito profissional e tem um departamento legal excelente” e “a Comissão Europeia vai começar a trabalhar com o Santander assim que as autoridades estiverem prontas para começar o processo”.

É assinado por Danièle Nouy, presidente do Conselho de Supervisão do Banco Central Europeu. O governador do Banco de Portugal cumpriu, o governo aprovou, o Santander recebeu o Banif em que tinham acabado de ser injectados ou prometidos três mil milhões.

É a União Europeia e, se me permitem, aqui está uma questão essencial para uma eleição presidencial e para a nossa vida em 2016.

TRIBUNAL EUROPEU ARRASA PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA A PORTUGAL



O Tribunal de Contas Europeu considera que a Comissão Europeia não estava preparada para os primeiros pedidos de assistência no quadro da crise financeira de 2008 e aponta várias falhas na sua gestão dos "resgates" a países como Portugal.

Num relatório hoje divulgado em Bruxelas sobre a "assistência financeira prestada a países em dificuldades", o Tribunal de Contas Europeu (TCE) analisa a gestão, por parte da Comissão, da assistência financeira prestada a cinco países -- Hungria, Letónia, Roménia, Irlanda e Portugal -, concluindo que a mesma foi "globalmente fraca" e pode ser melhorada caso surja a necessidade de novos "resgates", embora julgue que os programas cumpriram os seus objetivos.

Entre as falhas apontadas ao executivo comunitário -- e a auditoria deixou de fora análises às decisões tomadas no plano político da UE -, o TCE considera que, no plano de supervisão, "alguns sinais de alerta" relativamente a crescentes desequilíbrios macroeconómicos no início da crise "passaram despercebidos", e, na gestão dos programas de assistência, houve diferenças de tratamento aos países, controlo de qualidade limitado, fraca monitorização da implementação dos memorandos e insuficiente documentação.

Apontando que "os Estados-membros cumpriram a maioria das condições estabelecidas nos respetivos programas, apesar de alguns atrasos provocados essencialmente por fatores que escapam ao controlo da Comissão", o TCE refere que, "no entanto, a Comissão estipulou por vezes prazos irrealistas para reformas de grande amplitude".

"Um elevado nível de cumprimento não significa que todas as condições importantes tenham sido cumpridas. Além disso constatou-se que os Estados-membros tendiam a adiar para a fase final da vigência do programa o cumprimento das condições importantes", sustenta o relatório.

Além disso, o Tribunal aponta que muitas vezes os países sob programa, incluindo Portugal, recorreram a medidas extraordinárias para cumprir as metas de défice com que se tinham comprometido, e observa que "medidas orçamentais temporárias não levam a uma melhoria sustentável do défice", aliviando apenas a pressão a curto prazo.

O TCE reconhece todavia que as reformas do Pacto de Estabilidade e Crescimento, em 2011, 2013 e 2014, procuraram dar resposta às insuficiências do período anterior à crise, introduzindo uma maior supervisão macroeconómica, e a Comissão, que teve que reagir numa primeira fase sob pressão a um contexto de crise, ganhou experiência das suas "novas funções de gestão dos programas".

Ainda assim, o relatório deixa uma série de recomendações, considerando que "a Comissão deve estabelecer um quadro aplicável a toda a instituição para permitir uma rápida mobilização dos seus recursos humanos e conhecimentos especializados caso surja a necessidade de um programa de assistência financeira".

De acordo com o TCE, "o processo de elaboração de previsões (económicas) deve ser objeto de controlos de qualidade mais adequados", a Comissão deve "reforçar a manutenção de registos", "tentar formalizar a cooperação interinstitucional com os outros parceiros nos programas" e "deve analisar mais aprofundadamente os principais aspetos do ajustamento dos países".

O Tribunal recomenda ainda ao executivo comunitário que se centre "nas reformas verdadeiramente importantes".

Portugal esteve sob programa de assistência financeira entre 2011 e 2014, tendo, entre os cinco países analisados, recebido a maior ajuda financeira (78 mil milhões de euros).

Jornal de Notícias – Foto: Gonçalo Villaverde / Global Imagens

Portugal. COSTA. DE DERROTA EM DERROTA ATÉ À VITÓRIA FINAL



Ana Sá Lopes – jornal i, opinião

Mais uma derrota para o PS. Mais uma noite em que António Costa apareceu feliz perante as câmaras – agora na pele de primeiro-ministro – a parabenizar o novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de quem espera uma coabitação feliz. 

Se, na noite das legislativas, a derrota de Costa foi comemorada pelo próprio com sabor a vitória – afinal, já tinha na cabeça a criação da “gerigonça” que o levou ao cargo de primeiro-ministro –, a segunda profunda derrota do PS permite-lhe a erradicação final dos escombros de segurismo que, aqui e ali, incomodavam a sua direção. Afinal, foram esse restos do segurismo que estiveram na origem da candidatura de Maria de Belém – por muito que a candidata tenha apresentado uma plataforma de apoiantes imensamente abrangente, incluindo nomes como Manuel Alegre, apoiante de Costa desdeo primeiro minuto.

Mas ver Belém de rastos – e, com ela, os seus opositores internos no PS – foi um triunfo pessoal para António Costa. As coisas não são sempre o que parecem, mas foi ao lado de Belém que se juntaram todos os opositores à sua estratégia de governo: por junto, valeram 4,2%. Sampaio da Nóvoa, aquele que era o seu candidato mas depois não pôde efetivamente sê-lo por causa do avanço de Maria de Belém, perdeu as eleições com muito mais dignidade.

Costa é um derrotado da noite eleitoral porque o candidato da direita venceu as eleições e o PS não conseguiu chegar lá. Mas com a sua habilidade para transformar derrotas em vitórias, vai tentar a partir de agoraa melhor das relações com o novo Presidente da República. Marcelo será um aliado quando a geringonça falhar – e não é nada claro que,a dada altura, a melhor soluçãopara António Costa seja a convocação de eleições antecipadas. 

Costa não é Sánchez, tem mais poder que Sánchez e, por enquanto, nem Catarina Martins nem Marisa Matias têm o poder de Pablo Iglesias. Costa joga tudo na vitória final – e à direita até já se acredita nisso.

Portugal. PORTAS PODE SER PRESO? NEM PELOS SUBMARINOS!



A notícia é de ontem mas vale a pena repescá-la. Que Portas, o Paulo das Freiras, pode ser preso pelas declarações que proferiu no ato eleitoral. Deixem-nos rir. Nem pelos submarinos! Era agora que a tal justiça dos dos poderes e dos ricos ia prender Portas? Ora, ora!

Não que o jornalista do Notícias ao Minuto tenho escrito ficção, não. Se fosse um  desgraçado do povinho sim, podia ser preso. Era preso. Agora Portas? Nem por sombras. A lei só é dura para os que a justiça sabe serem fracos, e aí temos uma justiça forte que sobrelota as cadeias. Também todos sabemos que a justiça em Portugal é fraca, com os fortes. Constitucionalmente somos todos cidadãos de iguais direitos mas há uns que são privilegiados e têm mais direitos que a maioria dos cidadãos. Até direitos que se enquadram em possíveis crimes graves mas que são abafados pelo tempo, por desaparecimentos misteriosos, por atirar para o cesto dos papéis, por os registarem em pedras de gelo – de preferência no verão.

E é assim… que acontece em Portugal. Brandos costumes? Não. Sacanagem! E isso é triste de constatar. Nem é esse o Portugal que queremos.

Siga para a notícia, por João Oliveira. Obrigado pela sua transmissão de humor, João.

Redação PG / MM

Declarações podem valer a Portas até seis meses de prisão

Outra penalização pode ser uma "multa de dez contos"

"Acho que se houver boa participação hoje (ontem) o assunto pode ficar resolvido à primeira volta e eu sou daqueles que acho que o que pode ser resolvido à primeira volta não se deve deixar para uma segunda volta, que não se sabe como termina”, estas foram as palavras de Paulo Portas momentos depois de ter depositado o seu voto nas urnas e que rapidamente geraram muita controvérsia.

As declarações foram imediatamente retiradas dos meios de comunicação e a Comissão Nacional de Eleições já exigiu ouvir o centrista, mas ainda não há data prevista para a audição. Segundo a lei, “aquele que no dia da eleição ou no anterior fizer propaganda eleitoral por qualquer meio será punido com prisão até seis meses e multa de 500$00 a 5 000$00” e pode ser esse o ‘destino’ de Paulo Portas.

João Almeida, da CNE, contou ao Notícias ao Minuto que ontem a entidade deu ordens para que as declarações de Portas não fossem transmitidas, por considerá-las “uma declaração de apoio” a um dos candidatos.

No entanto, a mesma fonte lembra que é preciso “ouvir todos os intervenientes” e que é muito provável que o inquérito “vá demorar”, visto que os recursos são “extremamente limitados” e que ainda decorrem “deliberações relativas às eleições autárquicas”.

João Oliveira – Notícias ao Minuto (ontem)

O BANDO DE MENTIROSOS ANDOU A ENGANAR PORTUGAL. É OFICIAL, SÓ AGORA?


Que o Bando de Mentirosos nos enganou é o que vai encontrar mais em baixo. Não é novidade mas parece que houve quem esperasse todo este tempo para o reconhecer porque… é oficial. Bernardo Ferrão faz disso título sobre a devolução da sobretaxa. Ai sim!? Não sabíamos! Olha a novidade! Coitados, enganaram-se!

Porém, Bernardos, Angélicos e Aparícios deste país, quem não sabia e não sabe que o Bando de Mentirosos foi e é isso mesmo na pessoa de Pedro Passos Coelho? Todos! O que acontece é que existem uns quantos, demasiados quantos, que pretenderam à viva força insistir na candura e honestidade daquele bando cujo protetor e chefe de orquestra foi Cavaco Silva, o “horribilis” PR que tem andado há décadas a fazer “aplicações” sobre os viventes e os já cadáveres de imensos portugueses. Simplificando: a viver do bom e do melhor à nossa conta. Bando de Mentirosos, seita, facção, máfia… E por aí adiante.

Dirão os tais alguns demasiados que Passos e Cavaco também fizeram coisas boas para o país. Pois, dirão. Também há quem diga que foram, são, desonestos. Aposto que esses são a maioria. Dessa maioria existem os que já se finaram, suicidando-se – devido às dificuldades e desumanidade das políticas defendidas e impostas por aqueles títeres. Bem para os imensamente ricos eles fizeram, compensando com o que existia e existe de muito mau (mal) para os mais pobres. Foram os portugueses que os escolheram (elegeram) em eleições, dirão os alguns demasiados… Pois foram. Graças às promessas mentirosas, graças a certa comunicação social que os “vendem” sem serem penalizados por publicidade enganosa, graças a ainda hoje não esmifrarem em jornalismo investigativo os eventuais “podres” de Cavaco e muito provavelmente de Passos, nem de Portas (submarinando e etc.). Isso, em jornalismo, já que a chamada justiça nada faz aos que estão lá pelos topos… mas que topamos. São esses maduros que contribuíram e contribuem para a descredibilização dos políticos, das instituições, do país. Cavaco foi exímio em descredibilizar a Presidência da República. Passos e Portas (fiquemos só por estes) também foram exímios na desonestidade enquanto governantes. Curiosamente um e outros – juntamente com a restante pandilha – estão orientados na vida. Soberbos, continuando a viver à grande (alguns deles) à custa dos que vilipendiaram, mentiram, esbulharam. E estão prontos para mais esbulho se lhes derem novas oportunidades.

Chega. Basta de escrever tão repetidamente sempre o mesmo e que se resume a frase simples: tivemos décadas e estes últimos quatro anos uma cambada de sacanas nos poderes. Oxalá tudo se venha a recompor e regresse à decência.

Como São Tomé, ver para crer. E queremos muito ver isso. Precisamos.

A seguir, o Expresso Curto, do Bernardo Ferrão. Leitura interessante que informa, à moda do Expresso do tio Balsemão do Bilderberg. Bilderberg, aquela “coisinha” tipo seita opaca que vicia os dados com vista ao tal governo mundial – que até já existe. Dizem e... sente-se? Ai não!

Tenha um dia o melhor possível. Cuidado com as carteiras (os que as usam com alguma coisa). Cuidado com os mafiosos que só são desmascarados "oficialmente" muitos tempo depois porque é assim que dá jeito ao sistema dos malfeitores que ascenderam a políticos preponderantes “desinteressadamente” e enquanto faziam (fazem) a rodagem aos automóveis novos.

Arranque sem fazer poerira, expressamente.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Bernardo Ferrão - Expresso

É oficial: fomos mesmo enganados na devolução da sobretaxa

Lembra-se?

Maria Luís Albuquerque - “Se o ano acabasse agora esse crédito fiscal de sobretaxa será de 25%, mas se me pergunta a minha expectativa é que o resultado possa ser ainda melhor do que esse.”

Jornalista – “E não fará disso uma bandeira eleitoral na campanha?”

Maria Luís Albuquerque – “Não.”

Esta conversa da ex-ministra das finanças com os jornalistas aconteceu no final de agosto do ano passado. Um mês depois, a 25 de setembro – faltavam poucos dias para aslegislativas de outubro -, o Governo subia a fasquia: afinal a devolução da sobretaxa podia ser ainda melhor. Chegava já aos 35%.

O resto da história já todos sabemos. Depois das eleições, adevolução cai de 35% para 9% (“um embuste”, gritou a oposição), e nos meses seguintes percebemos todos que afinal ia ser ZERO.

Fomos enganados? Sim, fomos. E entretanto passámos a confiar menos na máquina fiscal de Maria Luís e de Paulo Núncio que tanto exigiu: os contribuintes não podem falhar, mas eles prometeram ao país um cheque gordo (ao sabor da campanha) que afinal não tem cobertura. E até lançaram um simulador (uma boa ideia, diga-se) que não serve paraNADA.

Maria Luís não foi a única a acenar-nos com mais uns euros na carteira. Passos também fez das suas, e também na véspera das eleições:

“Assumimos este compromisso: se a receita fiscal no IVA e no IRS ficar acima do que nós projetamos, então tudo o que vier a mais será devolvido aos contribuintes. E sabemos hoje queestamos em condições em 2016 de cumprir essa norma do Orçamento e que eles irão receber uma parte importante dessa sobretaxa, 27 de setembro de 2015.

Pois, agora é oficial. Os contribuintes não vão receber qualquer devolução da sobretaxa paga em 2015, porque a evolução da receita de IRS e IVA durante o ano não foi superior à prevista no Orçamento do Estado de 2015.

Depois de tudo isto, pergunto-me: como é que Paulo Núncio conseguiu dizer em novembro, no Parlamento, que a“devolução da sobretaxa nunca tinha sido uma promessa”?

Viremos de página e de ministro.

A agência de rating Moody’s diz que o esboço do OE/2016 de Mário Centeno é otimista e repete erros do passado.A notícia tem destaque no Económico que escreve que a agência concorda com os riscos destacados pelo Conselho de Finanças Públicas.

Correio da Manhã traz em manchete que a Função Pública escapa a travão das reformas. Os trabalhadores do setor público podem continuar a reformar-se a partir dos 55 anos e 30 de descontos. Mas o Governo vai voltar a congelar as reformas antecipadas no setor privado.

Entretanto, os técnicos da Comissão Europeia já estão em Lisboa, para aquela que é a terceira missão da Troika em Portugal desde que o país deixou o programa de assistência. As reuniões entre o ministério das finanças e os chefes de missão da Comissão, BCE e FMI – que servem para monitorizar a recuperação económica e financeira do país e a consolidação das contas públicas - só devem arrancar amanhã ou na quinta.

Do Terreiro do Paço, para Belém:

Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República eleito, quer contar em livro toda a história da sua candidatura, desde o momento da decisão até à noite da vitória. Como nos revela aqui o Filipe Santos Costa, a obra será lançada ainda antes de Marcelo se instalar no palácio e terá palavras do próprio e fotos de Rui Ochoa que o acompanhou na campanha.

O novo Presidente – que conseguiu o inédito de ganhar em todos os distritos numa primeira eleição - andou ontem entre a Faculdade de Direito e a Fundação de Bragança, a que preside, a preparar a passagem de pastas. Pelo meio, ainda teve tempo de dar boleia à SIC.

Na reportagem do Pedro Benevides, Marcelo, enquanto conduzia o seu carro, confessou: “é uma vida diferente”– agora tem segurança -, mas “não vou deixar de ser quem sou”. O novo PR contou que no domingo recebeu milhares de sms e voltou a garantir que não vai ter primeira-dama: “O mundo está cheio de chefes de Estado que viajam sozinhos.”

No capítulo dos derrotados, diz o Negócios que as eleições abriram um buraco de 1,4 milhões nas contas de quatro candidatos. É que só os que conseguiram pelo menos 5% dos votos é que recebem subvenção pública – o que permite uma poupança ao Estado de dois milhões de euros.

“Maria de Belém tem a maior fatura - 790 mil euros. Edgar Silva, o candidato do PCP, previa receber um apoio público de 378 mil euros. Henrique Neto precisa de encontrar 199 mil euros para cobrir as despesas que orçamentou. E Paulo Morais fica com um prejuízo de 61 mil euros.”

Morais já fez um apelo a pedir donativos dos cidadãos para pagar a campanha. No caso de Maria de Belém, o DN escreve que o PS não a vai ajudar: é “um problema privado”, dizem.

A estas contas juntam-se as faturas políticas. No PS, como escreve a Cristina Figueiredo, a fuga de eleitorado foi evidente. É verdade que são eleições diferentes, mas é impossível não reparar que entre as legislativas de outubro e as presidenciais,o partido perdeu quase meio milhão de votos. Ainda assim, António Costa terá suspirado de alívio com a eleição de Marcelo. Se houvesse uma segunda volta, o líder socialista teria de apoiar Nóvoa e ai a derrota do PS seria mesmo indisfarçável. Ufa!

No PCP, o ambiente não está famoso. A Rosa Pedroso Lima adianta que o acerto de contas começa hoje na reunião do Comité Central. E os comunistas têm muito para discutir: Edgar Silva deu o pior resultado de sempre ao partido.

Adiante, se é daqueles que gosta de se perder no pormenor dos números, aconselho o trabalho da Raquel Albuquerque e da Sofia Miguel Rosa que nos explicam como votaram os portugueses no último domingo. Está aqui.

Na opinião. Nicolau Santos atira: “O dr. Costa deve estar muito preocupado, deve”. Henrique Monteiro confessa:“Sete coisas que eu sei sobre Marcelo”. Daniel Oliveiratitula: “Marcelo é rei, Costa nas suas sete quintas e PCP mais nervoso”. E finalmente, Henrique Raposo escreve que “dos fracos reza a história”.

FRASES

“Marcelo não será um monge como Cavaco, um chato como Sampaio ou altivo como Soares”. Vítor Matos, biógrafo do Presidente eleito ao i

“Se o secretário-geral diz que o PS não apoia nenhum candidato, acho que, por exemplo, o presidente do partido [Carlos César] deve coibir-se de tomar uma posição que diz ser a título pessoal. Nestas coisas não há posições a título pessoal. Ou se apoia um ou apoia outro ou as pessoas não apoiam ninguém”, Vera Jardim, apoiante de Maria de Belém na Renascença

OUTRAS NOTÍCIAS

Público explica que Cavaco Silva será obrigado a promulgar a adoção por casais gay antes de sair de Belém. Depois do polémico veto conhecido ontem (no dia seguinte à eleição do novo PR), o assunto volta ao Parlamento já no início de fevereiro. PS, PCP, BE e PEV vão confirmar a lei para “ultrapassar veto”, obrigando Cavaco a promulgá-lo antes de sair.

"A minha atitude é muito simples: é de disponibilidade". A frase é de António Guterres que assim confirmou a vontade de liderar a ONU. O ex-PM falava esta noite numa conferência em Serralves sobre refugiados, onde admitiu que a corrida não vai ser fácil.

Durão Barroso considerou que o regresso das 35 horas na função pública é um “descalabro completo”. O ex-presidente da Comissão Europeia disse-o numa conferência em Lisboa onde também defendeu que a “A Europa precisa de mais, não de menos, trabalho”.

A Organização Mundial de Saúde alerta que o zika vírusdeve afetar quase todo o continente americano com exceção do Canadá e Chile. O zika é transmitido por picada de mosquitos infetados e está associado a complicações neurológicas e malformações em fetos.

Depois do whatsapp de Pablo Iglesias para Pedro Sanchez, ontem Mariano Rajoy e Albert Riveraconversaram ao telefone. Os dois líderes acordaram iniciar conversações entre as equipas do PP e do Ciudadanos para tentar encontrar uma solução para o impasse político. Rivera informou Rajoy que também pretende falar com o PSOE.

Bruce Springsteen regressa ao Rock in Rio Lisboa. Quatro anos depois da sua última atuação, o Boss sobe ao Palco Mundo no dia 19 de maio.

A Antárctida voltou a matar. O britânico Henry Worsleynão resistiu ao desgaste físico e morreu sem cumprir o objectivo de atravessar o continente antártico a pé, sozinho e sem assistência. Estava a 48 quilómetros do fim da expedição.

preço do barril de petróleo Brent, para entrega em março,abriu hoje em baixa no mercado de futuros de Londres, a valer 29,50 dólares, menos 3,2% do que no fecho da última sessão.

O QUE ANDO A LER

Daqui a pouco mais de um mês, a 9 de março, Cavaco Silva passa o testemunho a Marcelo Rebelo de Sousa. Além da mudança de Presidente, esse dia marcará também o fim de uma era: o “cavaquismo”. Um período que começa em 1985, e no célebre congresso da Figueira da Foz de onde saiu aquele que se tornaria num dos políticos mais importantes do pós 25 de abril.

Cavaco Silva sai de cena com a popularidade arrasada, e debaixo de muitas críticas – e o veto conhecido ontem desgastou-lhe ainda mais a imagem -, mas leva no curriculum 4 maiorias absolutas, dez anos de Governo e mais dez de Presidência. Foi sobre esta última década que a Luisa Meireles escreveu na revista do Expresso no passado fim-de-semana. Um balanço da presidência de Cavaco Silva que vale a pena ler.

Hoje fico por aqui. O Expresso Curto de amanhã é do Henrique Monteiro.

Tenha um excelente dia. Até à próxima.

Mais lidas da semana