sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

UM EXERCÍCIO CLARIVIDENTE E COERENTE


EVOLUÇÕES RÁPIDAS NO ÂMBITO DA IIIª GUERRA MUNDIAL 

Martinho Júnior, Luanda 

1 – A Rússia está a demonstrar na conjuntura internacional em curso, para além de suas surpreendentes leituras geoestratégicas transformadas em vantajosos processos, que está a ser capaz de, a quente, lidar de forma clarividente e coerente com os problemas globais e particularmente com aqueles problemas sócio-políticos que manifestam carácter neofascista e neonazi, provocados pelas alianças formuladas e instrumentalizadas pelo exercício da hegemonia unipolar e seus falcões, em prol dos interesses e conveniências de 1% (aristocracia financeira mundial) no seu afã de domínio sobre o resto da humanidade!

Essa clarividência e essa coerência estão fora do alcance do campo de caos e de suas próprias contradições internas, o campo criado pelo exercício no âmbito da insana procura de hegemonia unipolar desde o final da chamada Guerra Fria e foram elas que estimularam as surpreendentes vantagens geo estratégicas que a Rússia está a demonstrar, de tal forma que se vão tornando evidentes tanto as areias movediças, quanto os movimentos telúricos das placas tectónias que dão substância aos conteúdos sócio-políticos das projecções de seus adversários.

O exercício russo, tem sido produzido em função das experiências resultantes da implosão do socialismo real e particularmente da URSS, aproveitando com sabedoria as muitas iniciativas que tiveram suas raízes e trajectos no passado, como as Academias, autênticas articulações de conhecimento científico e tecnológico que têm sido excepcionalmente bem-sucedidas, nas profundidades antropológica e histórica dos seus termos, pela energia que vão demonstrando no presente e consolidando de forma a ainda melhor a Rússia poder exercitar sua afirmação clarividente e coerente no futuro.

2 – A Rússia respeita o relacionamento internacional entre os estados, as nações e os povos, nos termos do direito internacional vigente, demarcando-se contudo das falácias geradas pelos processos de hegemonia unipolar e seus falcões: tem sido nesse quadro que tem exercido o seu papel face às ameaças e aos riscos que têm sido contra ela tão diligentemente estimulados.

Para alguns esse é um exercício meramente “conservador”, mas no meu entender é de facto um sinal de clarividência e coerêncis.

Assumiu-o por exemplo nas duas guerras travadas na Chechénia, como em relação às provocações sistematizadas pelos percursos da Geórgia e da Ucrânia, não se deixando enredar por esses expedientes que lhe foram e são nocivos aos termos de sua afirmação.

As experiências acumuladas particularmente pela via político-diplomático tornaram a Rússia apta e aberta à clarividência e à coerência na leitura que seu governo tem feito no âmbito das relações internacionais, ao mesmo tempo que a nível interno faz prova de renascimento económico, científico, técnico e tecnológico, aproveitando o incontornável papel histórico e antropológico das Academias herdadas dos sovietes.

A base que projecta a Rússia nessa afirmação estimulou assim sua potencialidade geo estratégica, muito para além dum exercício limitado ao seu enorme espaço físico-geográfico (a Rússia é o único estado cujo território se estende por dois continentes).

3 – A superioridade geo estratégica que a Rússia está a demonstrar no quadro do socorro à Síria impedindo a sua fragmentação estimulada por tão traumáticas pressões externas via NATO e seus aliados feudais das monarquias arábicas, está a conseguir que o campo que semeou o caos experimente alguns dos efeitos boomerang dos seus projectos tenebrosos e se torne por isso pasto de suas próprias contradições.

Essas contradições estão patentes nos exercícios de relacionamento da União Europeia, dos Estados Unidos e da NATO, presos às teias que urdiram e estimularam, como nos casos de âmbito mais circunscrito como os da Ucrânia (governo Porochenco), da Turquia (governo Erdogan), de Israel (sionismo), da Arábia Saudita, ou do Qatar (monarquias arábicas de carácter feudal, salafista e wahabista).

A consistência da Rússia no quadro de sua superioridade geo estratégica foi gerada outrossim em função das capacidades inscritas nas manobras de inteligência e militares (o acervo de experiências à sua disposição é enorme), tirando substancial vantagem dos conceitos científicos, técnicos e tecnológicos criados ainda a partir das suas Academias e tendo em conta as equiparáveis capacidades científicas, técnicas e tecnológicas dos seus adversários reais, virtuais ou potenciais.

O poder de manobra da inteligência e do esforço militar russo na Síria está a provar a sua superioridade geo estratégica, científica, técnica e tecnológica, que se vai consumando e traduzindo rapidamente nos resultados favoráveis de suas vantagens sobre o terreno, a ponto de alguns dos poderosos adversários se verem obrigados a reconhecer finalmente e às pressas que o governo sírio ocupa um lugar central na mesa de quaisquer negociações, pois a indivisibilidade do território sírio já não mais se poderá pôr em causa.

Comparativamente à seriedade das opções russas na Síria, as da coligação liderada pelos Estados Unidos assemelham-se a um grotesco baile de mascarados, num carnaval (e numa carnificina) preparada nos laboratórios dantescos do caos e do neo liberalismo sem limites e sem qualquer tipo de escrúpulos ou responsabilidades planetárias!

A Rússia está a conseguir realizar essas vantagens, sem recorrer a todas as suas capacidades em termos de inteligência ou esforço militar, muito menos usando capacidades científicas, técnicas e tecnológicas que prudentemente guarda em reserva, num momento em que o caudal de inovações tende a aumentar.

Essas capacidades em reserva estão a ser testadas nos exercícios militares em larga escala, entre eles um que terminou esta semana no sul e sudoeste do território da Federação.

Face a esses esforços que tendem a consolidar vantagens no terreno, agora que se trava a batalha decisiva de Alepo, a última vértebra na coluna vertebral da Síria que falta ser tomada pelas forças governamentais, crescem as manobras de mascaramento da coligação liderada pelos Estados Unidos e a confusão que se estabeleceu no seu campo, com os mais diversos expedientes de propaganda, de contra propaganda e de até posicionamentos contraditórios e com efeitos em tensões intestinas recíprocas!...

Face a essa confusão, a Rússia de certo modo tem a chave em direcção à paz na mão, algo que se referirá à progressão que as forças que reforçam os dispositivos do governo sírio estão a fazer no terreno em Alepo.

Todos os esforços inscrevem-se na nova doutrina de Segurança da Rússia, que entre outras coisas leva em muita atenção a ameaça das “revoluções coloridas” tendo em conta seu potencial na procura de implosões dentro da Federação, reconhece as fórmulas independentes das capacidades russas face aos instrumentos dos Estados Unidos em razão das medidas políticas, económicas, militares e informativas que a hegemonia unipolar tem desencadeado e faz uma detalhada análise do que se passa nas periferias, particularmente nas periferias oeste e sudoeste, Ucrânia, Turquia, Israel, Síria e Iraque incluídos.

4 – No momento em que uma nova aproximação entre Angola e a Rússia indicia estar na forja (não foi por acaso que o cruzador Moskva visitou Luanda em saudação aos 40 anos de independência de Angola), Angola apresentou na ONU, onde pela segunda vez integra o quadro dos Membros Não Permanentes do Conselho de Segurança, uma proposta de desarmamento dos arsenais nucleares à escala global.

Por aquilo que está a demonstrar a Rússia em relação às suas capacidades de inteligência e militares convencionais e às potencialidades de inovação de que se serve, as armas nucleares tornaram-se perfeitamente dispensáveis, senão supérfluas: as vantagens podem ser garantidas com recurso a processos correntes considerados como convencionais.

Assim sendo há potências que são Membros Permanentes do Conselho de Segurança da ONU, como a Rússia, que podem à mesa de negociações perfilhar a proposta angolana, o que conta a favor dos estímulos em prol dos relacionamentos bilaterais, aproximando Angola e Rússia e a favor da paz que Angola tanto persegue.

Creio que a paz na Síria está ao alcance por via da mesa de conversações, explorando o diálogo entre as partes com a exclusão dos terroristas do Estado Islâmico e da Frente Al Nushra, apesar do fogo cruzado das contradições no campo da coligação liderada pelos Estados Unidos e dos factores retrógrados dessa coligação.

Angola com base na leitura de sua própria experiência traumática em relação ao quadro da“guerra dos diamantes de sangue” que se estendeu durante uma década (entre 1992 e 2002), pode e deve incentivar os governos de Al Assad e de Putin, particularmente, na incessante busca da paz, até por que as vantagens no terreno são cada vez mais evidentes.

No quadro das potencialidades emergentes que animam os conceitos de globalização multipolar, essa aproximação em muitos aspectos pode também favorecer os esforços não só nos caminhos da paz em África, como em prol das necessidades no âmbito do renascimento africano, tendo em conta os factores, os aspectos e as questões que se levantam na luta contra o subdesenvolvimento.

Habituadas aos desafios inerentes à gestão da equação homem-ambiente nos enormes espaços nacionais da Federação Russa, as Academias russas podem inspirar os africanos, neste caso os angolanos em relação aos seus próprios espaços, priorizando a leitura relativa à equação omem-ambiente tendo como fulcro a questão da água interior em Angola e em África.

Uma das bases capazes de fazer incrementar as iniciativas de reaproximação recíproca é a indústria mineira, onde os russos possuem interesses importantes em Angola, como o caso da Alrosa; a Alrosa poderá ser um elemento facilitador importante na dinamização dos novos vínculos que importa criar.

O potencial de intercâmbio inteligente entre as Academias russas e as universidades angolanas recentemente instaladas é enorme, sabendo os angolanos de antemão que para se melhor afirmarem internamente e no contexto africano, afirmando os incentivos à paz, o conhecimento inteligente é indispensável, pois será ele que alimentará a geo estratégia de domínio e segurança em relação à água interior de Angola e de África e com isso os termos garantes, a muito longo prazo, de desenvolvimento sustentável.

Ilustrações e fotos:
- Disseminação do “Estado Islâmico”;
- Presidentes Al Assad e Putin;
- Presidentes José Eduardo dos Santos e Putin.

Transparência Internacional destaca o lado menos visível da corrupção e não incui Isabel dos Santos



SANCIONAR OS CORRUPTOS

Isabel dos Santos

Depois da votação pública dos 15 casos "mais simbólicos de grande corrupção" da Transparência Internacional, 9 casos foram destacados pela organização. A filha mais velha do Presidente angolano não faz parte, apesar dos 1418 votos. 

Segundo a TI, a seleção dos 9 foi baseada não só nos votos, mas também no impacto nos direitos humanos e na necessidade de destacar o lado menos visível da corrupção.

Deutsche Welle

Angola. FALTAM MEDICAMENTOS NOS HOSPITAIS PÚBLICOS



As constantes falhas de luz eléctrica também constam nas reclamações dos utentes dos serviços de saúde

Borralho Ndomba – Rede Angola

A falta de materiais básicos nos hospitais públicos constitui uma preocupação dos populares que beneficiam dos serviços de saúde. Os materiais gastáveis como as luvas, compressas e seringas são os que mais estão em falta nas principais unidades sanitárias de Luanda.

Durante a ronda que o Rede Angola efectou pelas principais unidades de saúde da capital do país, as queixas apresentadas pelos utentes foram quase semelhantes. Atraso no atendimento, negligência e principalmente a falta de fármacos.

Terça-feira, 12 de Janeiro, o sobrinho de Teresa Chaves completava três dias na sala de internamento do Hospital do Prenda. O menino Paulo Chaves padecia de uma doença respiratória. Eram 9h, Teresa encontrava-se entre os carros no estacionamento do hospital, ao lado de outras pessoas que, voltadas para a sala de espera, aguardavam pela hora das visitas.

“O serviço prestado é bom. Mas o maior problema é que o hospital encontra-se sem medicamentos”, afirmava.

O serviço de saúde no país é gratuito, segundo as autoridades, mas, na prática, os cidadãos, principalmente os que têm dificuldades financeiras, são obrigados a pagar preços altos para se livrarem de certas doenças, até mesmo do paludismo.

As unidades só têm homens para prestar assistência médica. Medicamentos nem vê-los. Os pacientes são obrigados a recorrer às farmácias, como explicava Teresa: “Para termos acesso aos medicamentos, o médico passou-nos a receita e fomos à farmácia”.

Julieta Matateu também tinha o pai doente no Hospital do Prenda. Infecção pulmonar foi a doença que os médicos diagnosticaram ao progenitor da jovem de 29 anos, moradora do bairro Rocha Pinto.

Em conversa com o RA, Julieta disse que quando chegou com o pai ao banco de urgência, não tinha dinheiro para comprar medicamentos. Quando a informaram que não havia fármacos, teve medo pelo pai e implorou a uma das enfermeiras que procurasse no stock para lhe emprestar e que lhe devolveria no dia seguinte. Mas a enfermeira garantiu-lhe que não havia.

“Ontem como o meu pai estava muito aflito, pedi à enfermeira que estava a lhe acompanhar, que verificasse no stock, se tivesse a mesma ampola orientada pelo médico, para que nos emprestasse e que iríamos devolver noutro dia. Mesmo assim ela disse que no stock não tinha nenhum medicamento devido a crise económica”, contou.

O pai de Julieta Matateu só podia ser assistido no caso de ter a ampola de amoxicilina que o seu irmão comprou horas depois no valor de Kz 2000, numa das farmácias que está junto do hospital.

Enquanto conversamos, uma senhora aparentando pesar uns 90 quilos, cansada de esperar pela hora de o irmão ser atendido, aproveita a ajuda de uma outra mulher para carregar às costas o homem, que podia ter 45 anos, magrela e sem forças para andar.

Ao deixarem o hospital do Prenda, o homem lamenta-se por ser carregado em pleno dia por uma mulher: “Um homem como eu ser levado nas costas no meio de toda a multidão!”, exclamou. Ao que a mulher respondeu: “Não posso te deixar assim. Sou sua irmã, tenho que fazer isso por ti”.

Hospital Municipal da Samba

Inaugurado em Junho de 2011, pelo ministro da Saúde, José Van-Dúnem, localizado na vila da Gamek nas imediações da escola Comandante Pedale, o Hospital Municipal da Samba acolhe pacientes que vêm dos bairros Golfe, Benfica, Talatona, Fubu, Dangereux, Morro Bento e Rocha Pinto.

Nesta unidade de saúde, as constantes falhas de luz eléctrica constam entre as reclamações dos utentes. Para não mencionar a questão da falta de seringas, luvas, compressas e antipalúdicos.

“Estou aqui desde ontem, não me atenderam porque não tinham energia. Saí daqui com fortes dores de cabeça. Já recebi a minha ficha de espera. Se não me atenderem vou comprar medicamentos e vou tomar para aliviar a dor que estou a sentir”, desabafou Domingos, estudante de 22 anos.

Paulino João, de 33 anos, morador no Benfica, trabalha numa unidade hoteleira localizada no centro da cidade Luanda. No dia 4 de Janeiro, acompanhado de uma transferência passada pelo centro médico da comuna onde reside, dirigiu-se ao Hospital da Samba para ver se conseguia livrar o seu filho de cinco anos da hemorragia nasal.

Passou o dia todo à espera de atendimento. Paulino chegou as 6h ao hospital, até às 16h seguia sem ser ter contacto com nenhum médico. Nessa altura, uma das catalogadoras informou-o que o o médico só prestaria assistência ao filho no dia 10 de Janeiro, data em que a nossa reportagem esteve no local.

Com a transferência e a ficha de espera, disseram-lhe que não havia luvas no hospital. E foram os próprios funcionários que lhe indicaram onde poderia comprá-las. Neste caso, a um jovem no portão do hospital.

“Acho que hoje vou ser atendido”, contou Paulino, com ânimo de desespero. “Já comprei as luvas. disseram-me que o hospital não tem e indicaram-me um jovem que vende o material por Kz 100 aí na entrada do hospital”, afirmou.

Um enfermeiro que não quis ser identificado confirmou a escassez dos medicamentos. “Na verdade o hospital está sem os matérias gastáveis porque a direcção central não está a nos fornecer. Os principais materiais que estão em falta são as seringas, as luvas e também as compressas”, disse.

Negligência resulta em três mortes 

No mês de Janeiro, uma doença não identificada matou em dias seguidos três pessoas da mesma família. Os pais das crianças que faleceram no Hospital Municipal do Sambizanga alegaram que o atraso no atendimento e a falta de luz eléctrica contribuíram para o triste acontecimento.

Segundo a mãe, a unidade de saúde, inaugurada a 28 de Agosto de 2012, pelo Presidente da República, dispõe de dois geradores industriais, embora na altura a falta de combustível os impedisse de trabalhar.

A progenitora das meninas de 11, 13 e 15 anos, foi obrigada a comprar uma lanterna numa das cantinas próximas do hospital para que as filhas fossem assistidas pelo trabalhadores de saúde.

“Um hospital daquele com dois geradores, não tem combustível?”, questionou a mãe que chorava ao falar aos microfones da TV Zimbo, lamentando depois a fraca qualidade dos serviços de saúde em Angola: “A pessoa que tem paciente é que deve comprar a lanterna para o seu parente receber o tratamento. Isso não é justo!”

Bloco operatório encerrado por falta de analgésicos 

O problema não afecta somente os o hospitais e centros médicos da capital do país. Na província do Bengo, o Rede Angola constatou que devido à falta de analgésicos, o bloco operatório do Hospital Municipal da Barra do Dande está há mais de três meses sem funcionar.

Um funcionário daquela a unidade, que atende pacientes de algumas localidades da província e de alguns bairros de Luanda, contou ao RA que a falta de medicamentos é uma situação que preocupa tanto os utentes que já nem vão ao hospital. Normalmente, os pacientes não têm condições financeiras para comprar nem um paracetamol.

“Até hoje o bloco não está a funcionar porque não tem anestesias. Por conta disso os médicos-cirurgiões foram transferidos para o hospital central do Bengo. O bloco só vai voltar a funcionar quando tiver condições”, revelou uma fonte do hospital.

A mesma fonte revelou que há vezes em que os pacientes são assistidos à luz de vela ou lanterna, tudo por causa da falha constante de energia eléctrica. Em alguns momentos, o hospital fica sem água para lavar os materiais e também para a ser utilizada nas casas de banho.

Em Março de 2015, o director do hospital da Barra do Dande, João das Necessidades Fernandes, suspendeu a realização de consultas externas devido a uma ruptura na canalização de água, situação que impedia o funcionamento das casas de banho, de acordo com a Angop. No entanto, de acordo com a nossa fonte, o problema da falta de medicamentos, água e luz é constante: “Quando tinha medicamentos dava-se de favor, agora não tem mesmo nada”.

Rupturas de “stock” ou será sempre assim?

O Hospital Josina Machel, também conhecido por Maria Pia, o maior do país, não regista a falta de medicamentos por ser o regional, de acordo com um dos enfermeiros. Porém, pela ronda que o RA fez, foi fácil observar as irregularidades. No banco de urgência que está constantemente cheio, muitos pacientes estavam a ser assistidos no chão, o laboratório sujo, sem ar condicionado e, com a temperatura alta, os técnicos, alguns socorrendo-se de lenços de papel, queixavam-se do calor.

Um menino de 12 anos, acabado de sair da ortopedia com gesso na perna direita, visto que o hospital não lhe deu a cadeira de rodas que pudesse transportá-lo até a saída do hospital, precisou da ajuda do irmão que também teve dificuldades para escalar os degraus.

O mesmo enfermeiro, que pediu anonimato, disse que o excesso de procura faz com que os pacientes sejam atendidos dessa forma. “Talvez seja a demanda do pessoal. No hospital não tem problemas de macas, nem de medicamentos. Estes problemas registam-se mais nos hospitais municipais, no Josina Machel, como é regional, o ministério resolve de imediatos os problemas”, contou.

Os populares que recorrem ao Hospital Geral de Luanda também se queixam dos mesmos problemas. A reportagem RA procurou os responsáveis da unidade para darem explicações sobre assunto mas não teve sucesso.

O médico Carlos Van-Dúnem, que no mês de Janeiro ocupava o cargo de director clínico do Hospital do Prenda, foi o único responsável que se disponibilizou a falar sobre as denúncias apresentadas pelos populares sobre a falta de medicamentos nos hospitais públicos.

Segundo o Carlos Van-Dúnem, apesar do país estar atravessar um período difícil, as unidades de saúde continuam a oferecer os seus serviços. A inexistência dos remédios que os doentes apontam é resultado da má comunicação entre os funcionários e os pacientes, além de quebras na farmácia.

“Se eventualmente eles vieram e não houve, quer dizer que terá havido uma ligeira quebra no stock e depois repomos. Se tivéssemos que esperar que o paciente comprasse os medicamentos, penso que o hospital já teria parado de funcionar”, explicou. “O que é mínimo para o atendimento do pacientes, nós temos. Os medicamentos para o tratamento daquelas patologias que mais recebemos, como a malária, nós temos, temos o quinino, temos os soros. Por vezes, acontece uma ruptura quando há muitos pacientes, nomeadamente quando há acidente, o que pode provocar um incómodo no atendimento”, acrescentou.

O médico garantiu que não é comum indicar aos doentes e aos familiares que devem comprar os fármacos. São os próprios pacientes, referiu, que se oferecem para comprar, o hospital só aceita quando está sem reserva.

“Isso porque a enfermeira ou o médico disse que não há luvas. Às vezes é porque as pessoas não procuram as coisas dentro do hospital no sítio certo. Às vezes há ruptura no banco de urgência e se forem ao bloco do hospital podem encontrar os tais materiais gastáveis. De uma forma geral, os próprios familiares dos doentes oferecem-se para comprar isto ou aquilo e quando nós já estamos no limite dos limites, até aceitamos”, afirmou.

Funcionários de farmácias localizadas próximas dos hospitais confirmam receberem receitas médicas dos hospitais públicos. E há quem diga que a questão da falta dos medicamentos também se verifica nas clínicas privadas, onde a assistência médica custa caro. “Já recebi receitas da Multiperfil e até da clínica Girassol” de pessoas à procura “de medicamentos baratos”, contou Joana António.

Nas imediações do Hospital Geral de Luanda, nas três farmácias que o RA visitou, em todas já se atenderam pacientes vindos do hospital com receitas médicas.

O preço dos remédios variam consoante a localidade e a origem dos próprios medicamentos. Nas farmácias que comercializam somente produtos portugueses, os fármacos são mais caros. Já os do grupo Shalina são mais acessíveis.

A funcionária da farmácia que está junto ao hospital geral negou-se a revelar o preço dos produtos, mas sempre disse que a maior parte dos paciente do hospital chegam para comprar materiais básicos que deveria ser os serviços de saúde a fornecer. “Os pacientes vêm procurar arteméter de 80 mg, que serve para o tratamento do paludismo, vêm  procurar sistemas, soros, algodão, e outras coisas que o hospital devia ter”, disse.

“Isso é uma brincadeira de mau gosto”, comentou uma outra senhora que entrou na farmácia para comprar uma lâmina de vitamina C a Kz 200. Para Paula Martins, doméstica de 37 anos, a pergunta é muito simples: “Como é que um hospital grande como este, construído com dinheiro do Estado não tem medicamento? Onde vai o dinheiro disponibilizado para o serviço de saúde?”

Foto:  Sala de internamento do Hospital Municipal da Sambizanga / Ampe Rogério

Angola. MINISTRO DÓCIL AO PATRÃO



O ministro do Interior de Angola, Ângelo Veiga Tavares, foi a Moçambique descobrir a pólvora, se bem que a patente pertença a José Eduardo dos Santos. Ao melhor estilo do embaixador itinerante Luvualu de Carvalho, o ministro disse hoje, em Maputo, que o caso dos 15+2 activistas reflecte uma tentativa externa de colocar “governos dóceis” no poder.

Orlando Castro – Folha 8

Ogovernante angolano falava aos jornalistas à saída da audiência concedida pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, no âmbito da visita que está a realizar ao país, para – segundo a agenda oficial – reforço da cooperação no domínio da segurança e ordem pública.

“Há tentativas de ter no poder governos dóceis e, nalguns casos, são utilizadas algumas pessoas, sobretudo jovens, na tentativa de verem implementado em Angola aquilo que se vê nos outros países”, apontou Ângelo Veiga Tavares, mostrando mais uma vez a sua capacidade de repetição em série dos recados encomendados pelo “querido líder” de um governo nada dócil… para com os fracos.

Ângelo Veiga Tavares aludia ao processo que envolve 15 angolanos em prisão domiciliária em Luanda, além de duas jovens em liberdade, acusados de actos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, no poder há quase 37 anos sem nunca ter sido nominalmente eleito.

“Nós temos estado atentos e quando a lei é violada as pessoas que o fazem devem sentir o peso da lei e das autoridades. Este processo destes jovens é um processo normal, teve o seu curso normal de ponto de vista da sua instrução, e agora está na fase judicial”, disse ainda aos jornalistas o ministro com a tutela das polícias angolanas.

Recorde-se, neste contexto, que a NATO afirmou que nunca discutiu qualquer acção militar em Angola, desmentido as teses do Luvualu de Carvalho, camarada de Ângelo Veiga Tavares, que andou a correr os areópagos afectos ao regime para garantir que a actividade “conspirativa” dos jovens visava uma intervenção em Angola da Aliança Atlântica.

Crê-se que Luvualu de Carvalho, tal como Ângelo Veiga Tavares, descobriu que os jovens queriam provocar era uma intervenção do Pacto de Varsóvia. E apostavam tudo nessa versão. Acontece, contudo, que alguém os alertou que essa organização militar comunista tinha acabado em Junho de 1991. Estes dois peritos do regime corrigiram o tiro e substituíram Pacto de Varsóvia por NATO.

Tudo isto começou quando, socorrendo-se das afirmações feitas em Luanda exactamente pelo ministro do Interior do regime, Ângelo Veiga Tavares, o embaixador itinerante repetiu que os activistas pretendiam realizar uma marcha até ao Palácio Presidencial, “levando com que fossem quebradas as regras de segurança (…) para que a guarda presidencial ou a polícia presente reagisse, matasse crianças, matasse senhoras e matasse idosos para provocar a comoção internacional e justificar então uma intervenção vergonhosa”.

“É isto que se procurava. Que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) ou alguns países que dela fazem parte fizessem um ataque a Angola, para que se verifique o horror que se verifica agora na Líbia ou se verificou e verifica na Tunísia”, acentuou o diplomata itinerante fabricado à medida e por medida por José Eduardo dos Santos.

Os 15 activistas detidos em Luanda, considerados presos de consciência pela Amnistia Internacional, mais duas mulheres que estão a aguardar o julgamento em Liberdade, vão começar a ser julgados na capital angolana a 16 de Novembro, acusados de rebelião e de tentativa de assassínio do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

O julgamento (que virou, como esperado, uma farsa) destes activistas – 15 estiveram em prisão preventiva entre Junho e Dezembro, passando nessa altura à situação de prisão domiciliária – arrasta-se desde Novembro na 14ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda e hoje voltou a ser suspenso, até 23 de Fevereiro, pela ausência de declarantes, certamente todos – parafraseando com a devida vénia o ministro Ângelo Veiga Tavares – vendidos aos que querem em Luanda um “governo dócil”.

“Os dados são públicos, as afirmações e as contestações estão ser tratadas no quadro judicial e esperamos que o tribunal faça o seu trabalho”, disse ainda Ângelo Veiga Tavares. Desconhece-se se o ministro sabe qual é a diferença entre um Tribunal num Estado de Direito Democrático e um, como o de Luanda, que não passa de um palco circense.

“Isso [forças externas interessadas em desestabilizar a Angola], em certa medida, nunca deixou de existir desde as nossas independências”, apontou o ministro, certamente referindo-se à África do Sul mas pensando (e não é certo, reconhecemos, que Ângelo Veiga Tavares… pense) em Cuba e na União Soviética.

Quem não é dos nossos…

O ministro do Interior de Angola, Ângelo Veiga Tavares, entende desde o início deste caso dos activistas como “prudente” a detenção dos jovens para, diz, não permitir o desenvolvimento de planos apoiados por forças estrangeiras para a desestabilização do país, que previam “mortes”.

Quando Ângelo Veiga Tavares leu o improviso do “escolhido de Deus” na conferência de imprensa sobre o plano das comemorações dos 40 anos da independência de Angola, ficou a saber-se que a cartilha era a de sempre, a do partido único.

Nessa altura apontou, a título de exemplo, que o Governo convidou em 2014 uma cidadã europeia (italiana) a abandonar o país, porque esta se reuniria com aquele grupo, supostamente dando indicações para que nas manifestações de contestação ao regime deveriam ser provocados confrontos com a polícia, gerando entre 20 a 25 mortos.

“Por isso é que em alguns casos, a polícia prefere não permitir que tais manifestações atinjam um nível de confronto para atingir esse fim. Portanto, essa cidadã europeia foi convidada a abandonar o país”, frisou.

Segundo o ministro, também em alguns círculos diplomáticos, alguns cidadãos com esse estatuto instigavam esses jovens “e coincidentemente sempre na mesma perspectiva”.

“Haver confrontos para permitir – era o termo que utilizavam – a intervenção do ocidente e, por caricato que pareça, a cifra era sempre a mesma, entre 20 e 25 mortos”, acrescentou.

“Portanto, o que se estava a passar não era aquela habitual tentativa de simples manifestação, era coisa bem diferente, era coisa bastante ousada. Ou seja, no meu entendimento, havia sim alguém por trás a arregimentar e a aproveitar o estado de alma desses jovens para fins diferentes daqueles que estão mais desenvolvidos do ponto de vista democrático”, acusou o ministro.

Ainda sobre as investigações, Ângelo Veiga Tavares disse que em finais de 2013 transmitiu à UNITA, o maior partido da oposição, que alguns núcleos daquela força política estavam, naquela altura, a procurar localizar a casa dos ministros da Defesa e do Interior, do chefe do Serviço de Inteligência, do Comandante Geral da Polícia Nacional e do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.

O titular da pasta do Interior frisou ainda que havia também informações sobre a preparação de alguma desordem na capital angolana, com a ocupação de novas centralidades habitacionais, a destruição de viaturas e de multibancos.

“Nós, confrontados com esses dados que tínhamos do passado, com essa ingerência de fora, que perspectivava que se criasse condições de confronto e mortes para que houvesse intervenção do ocidente, achamos prudente ter algumas atitudes que permitissem cortar e não permitir o desenvolvimento de acções dessa natureza”, afirmou o ministro.

O ministro sublinhou que as autoridades angolanas não têm “o prazer de prender quem quer que seja”, realçando que o processo de paz em Angola ainda “não está totalmente consolidado”, por isso há necessidade de algumas cautelas na abordagem de certos assuntos.

Novamente sobre a ingerência externa nos assuntos de Angola, e sem concretizar (acusar sem provar está no ADN do regime), Ângelo Veiga Tavares frisou a necessidade de os angolanos preservarem “um ganho muito importante”, que foi terem conseguido alcançar a paz “metendo de fora os estrangeiros”.

“Hoje, há a tentativa e o agrado do estrangeiro, porque estamos a abrir outra vez uma brecha para que esses estrangeiros venham determinar e voltar ao passado de desentendimento”, realçou.

Admitindo “problemas por resolver” no país, sublinhou que o tempo é dos políticos resolverem internamente.

“Porque há uma tendência muito grande de dar espaços muito bem desejados por alguns estrangeiros, para desvirtuarem e criarem situações de muitas dificuldades, que podem ser muito graves e trazer-nos consequências muito perigosas”, concluiu.

Ângelo Veiga Tavares foi, apesar de tudo, modesto no enquadramento. Esqueceu-se de dizer que foi descoberto em poder dos jovens diverso material bélico, altamente letal, a saber: 12 esferográficas BIC (azuis), um lápis de carvão (vermelho), três blocos de papel (brancos) e um livro sobre como derrubar de forma pacífica as ditaduras.

Sabe-se, igualmente, que a Polícia Nacional do regime descobriu que os jovens activistas tinham mísseis escondidos nas lapiseiras, Kalashnikovs camufladas nos telemóveis e outro armamento pesado e letal disfarçado nos blocos de apontamentos. São, reconheça-se, provas mais do que suficientes para provar que estavam a preparar um golpe de Estado.

Os jovens estavam (era isso, não era senhor ministro Ângelo Veiga Tavares?) no seu quartel-general, por sinal uma residência em Luanda, numa reunião dos seus estrategas militares que planeavam o golpe a partir da leitura do livro “Da ditadura à democracia — Uma estrutura conceptual para a libertação”, do norte-americano Gene Sharp.

No quintal, debaixo de uma mangueira, o exército mobilizado por esses jovens (talvez uns milhões de guerrilheiros) afinava os códigos para lançamento dos mísseis e, talvez, até de ogivas nucleares contra a residência de Eduardo dos Santos…

Perante este manancial de provas, o Ministério Público do regime provou que os jovens activistas estavam envolvidos numa conspiração para a “destituição do Presidente da República e de outros órgãos de soberania”, plano que estava a ser congeminado há muito, muito tempo. Cerca de três meses.

QUE FEZ ANGOLA AOS 468 MIL MILHÕES DE DÓLARES DO PETRÓLEO?



Paulo Guilherme – África Monitor, opinião

Com as prateleiras vazias em várias cidades do país e filas à porta de mercados e supermercados para comprar bens essenciais, é difícil de acreditar que Angola tenha encaixado 468 mil milhões de dólares durante o “boom” petrolífero dos últimos 13 anos. Muitos se perguntam agora: para onde foi este dinheiro?

Enquanto o Jornal de Angola faz (quinta-feira) manchete com a aprovação de “Programas dirigidos para o aumento da produção na Agricultura e Indústria” – ilustrada com uma foto do presidente José Eduardo dos Santos, a realidade, fora de Luanda, parece ser mais complicada. Segundo a DW África, a falta de alimentos está a “gerar desespero e revolta em Cabinda”. “O acesso aos produtos já é limitado e as filas para comprar alimentos aumentam diariamente.

Um vídeo partilhado nas redes sociais mostra um grupo de populares a invadir um estabelecimento para tentar obter alimentos básicos. Em Benguela, relatos de grupos de populares de madrugada à porta de armazéns. Mesmo a agência oficial Angop relata a escassez de produtos básicos, como arroz, fuba de milho, açúcar e óleo no Namibe. No Africa Monitor Intelligence, damos conta da escassez em muitos supermercados. Mesmo os de cadeias detidas por elementos da elite e/ou ligados a empresas de distribuição influentes.

Como pode um país que encaixou quase 500 mil milhões de dólares nos últimos anos estar a restringir importações para poupar divisas? Para onde foi o dinheiro?

"O sentimento geral em Angola é que o dinheiro do petróleo ou foi mal gasto ou foi gasto no estrangeiro, e que muito pouco contribuiu para criar postos de trabalho ou para o desenvolvimento de comunidades locais ", diz a antropóloga social Cristina Udelsmann Rodrigues, num artigo para o Instituto Africano Nórdico.

Os anos de crescimento económico após os acordos de paz de 2002 levaram à criação de “uma classe de novos ricos dispostos a gastar sua riqueza em carros de luxo, casamentos caros e viagens de compras para Europa e EUA”, refere o artigo do IAN.

Luanda passou a ser conhecida como a cidade mais cara do mundo para expatriados. Apesar de alguns investimentos na economia local, a crise de preços de petróleo em 2014 apanha o país totalmente dependente da indústria petrolífera. As receitas e as divisas começaram a escassear e os “kinguilas” (cambistas) devolta às ruas de Luanda trouxeram de volta memória do passado da guerra. Os bancos deixaram de emitir cartões de crédito para uso no exterior.

"A falta de moeda estrangeira está a afetar a todos em Angola de uma maneira ou outra. Os ricos têm parado viajar para o exterior, e os pobres têm dificuldade em comprar produtos importados como arroz, carne ou medicina em mercados locais como os preços sobem ", diz Udelsmann Rodrigues.

De um ponto de vista otimista, esta pode ser a oportunidade de que Angola precisava. Um choque que obriga o país a virar-se para a criação de riqueza fora do petróleo, diversificando a economia e gerando mais empregos.

Muitos angolanos “esperam que o financiamento internacional para o desenvolvimento, há muito em baixa, possa ser reactivado, uma vez que os líderes angolanos, humilhados pela recessão económica, podem não ser mais capazes de resistir a ofertas de ajuda do FMI e outros”.

Para Udelsmann Rodrigues, a crise é também uma lembrança da capacidade de a sociedade angolana se adaptar a novas realidades. "As pessoas se adaptam. Se uma fonte de renda desaparece, eles buscam diferentes maneiras de ganhar a vida".

Guerra em Moçambique com requintes de terrorismo segue dentro de momentos



Como consta no título, a guerra em Moçambique ganha forma, os requintes de terrorismo talvez superem os do passado recente. Nas estradas a Renamo prepara-se para emboscar viaturas civis e assassinar ou ferir os seus ocupantes. Foi assim antes e será assim dentro de momentos, dentro de dias, de semanas ou meses. É para isso que se prepara Afonso Dlhakama, o líder da Renamo. Ao que ele chama guerra não é mais nem menos que requintes de terrorismo. É disso que se trata e é sobre isso que elaborámos um compacto de notícias de hoje, da Agência Lusa, sobre o tema. Só duas das notícias não correspondem ao tema da guerra mas relacionam-se com Moçambique.

O tema aborda a disposição do líder da Renamo em prosseguir nos seus intentos de possuir um bando de homens armados a que chama exército da Renamo mas que não passam de marginais terroristas que sem mais o que fazer se acoitam ao terrorista-mor, Afonso Dlhakama. Líder da oposição que alega que pretende o diálogo com o governo mas que se refugia nas desculpas mais esfarrapadas para não permitir que o diálogo persista. Diz ele que pretende a democracia para Moçambique para a seguir argumentar que quer dividir o país ao arrepio dos moçambicanos. Democrata de pacotilha, para não avaliar ainda pior.

Desfrute o constante em compacto a seguir.

Redação PG / LV

Angola e Moçambique assinam acordo de facilitação de vistos

Os ministros do Interior de Moçambique e da Angola assinaram hoje em Maputo um acordo para a facilitação de vistos para passaportes ordinários dos cidadãos dos dois países.

"Este acordo vai permitir um incremento de visitas e troca de experiências a nível dos dois países", disse o ministro do Interior de Moçambique, Jaime Basílio Monteiro, falando à imprensa, momentos após a assinatura do acordo com o seu homólogo angolano, Ângelo de Barros.

Destacando a importância do mecanismo para "dois países que partilham laços históricos", Jaime Basílio Monteiro sublinhou que o acordo vai dinamizar as relações entre os estados no que respeita às atividades do setor privado.

"É nosso desejo que os homens de negócios não experimentem mais dificuldades nas operações que envolvem os dois estados", sublinhou o governante, acrescentando, sem muitos detalhes, que os dois países estão a envidar esforços para aumentar o nível de cooperação na segurança.

Por sua vez, o ministro do Interior da Angola disse que o acordo irá permitir o crescimento da movimentação de pessoas entre os dois estados, aproximando os dois povos no âmbito do fortalecimento das relações bilaterais.

"No quadro desta visita, identificámos novas áreas para a cooperação e é nossa ambição fortalecer essa relação", afirmou Ângelo de Barros, que manteve também um encontro hoje com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

O governante angolano observou ainda que "este tipo de cooperação entre os países africanos é muito importante e deve continuar", apontando também a área da segurança como uma das prioridades para as partes.

"Nós queremos aumentar a cooperação a nível de formação de quadros na área policial, uma forma de aumentarmos a cooperação no que respeita à segurança", declarou Ângelo de Barros, sublinhando que as autoridades moçambicanas e angolas têm mantido contacto regularmente.

A assinatura deste acordo acontece após a visita de Estado que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, realizou a Angola, em novembro passado.

EYAC // PJA - Lusa

Novos ataques da Renamo no centro de Moçambique - Polícia

Homens armados da Renamo protagonizaram três ataques a viaturas civis em Muxúnguè e Maringué, centro de Moçambique, ferindo três pessoas, uma das quais com gravidade, disse hoje à Lusa fonte policial.

Sididi Paulo, oficial de imprensa no comando da Polícia de Sofala, disse que no princípio da manhã de hoje, entre as 07:00 e as 09:00 (menos duas horas em Lisboa), três viaturas civis foram metralhadas em dois ataques na zona de Zove e Gorungudji, no troço Save-Muxúnguè, junto à N1, a principal estrada que liga o sul, centro e norte de Moçambique.

O ataque resultou em duas pessoas feridas e que foram tratadas no hospital rural de Muxúnguè.

Segundo a polícia, já perto das 11:00 locais, a quase 300 quilómetros a norte do local dos primeiros ataques, uma viatura foi atingida por balas no distrito de Maringué, no troço Nhamapadza-Caia, na mesma N1, feriu com gravidade o motorista do carro, tendo os restantes ocupantes saído ilesos.

"As forças de defesa e segurança, que condenam estas ações, estão no terreno, e prontas para garantir a ordem, segurança e tranquilidades públicas", destacou Sididi Paulo, adiantando ser ainda prematuro para se falar na reativação de colunas de escoltas militares a viaturas civis nos troços sob ameaça.

Sididi Paulo referiu que a situação mantém-se calma e controlada nas duas regiões dos ataques de hoje e que a polícia está a tentar neutralizar e responsabilizar os respetivos autores.

Na quinta-feira, a polícia moçambicana acusou a Renamo de ter protagonizado dois ataques a cinco viaturas junto à N1, no troço Save-Muxúnguè, em Sofala, que resultou no ferimento de três pessoas por estilhaços de vidros.

A Renamo, através do seu departamento de defesa e segurança, anunciou a pretensão de implantar postos de controlo nas principais estradas do centro de Moçambique, para travar a onda de raptos e execuções de seus membros, segundo fontes do partido.

A medida, saída de uma reunião entre antigos generais e oficiais militares da Renamo e o líder Afonso Dhlakama, pretende fiscalizar viaturas suspeitas, para parar execuções, deter os raptores e entregá-los à polícia.

O porta-voz da Renamo, António Muchanga, disse entretanto à Lusa que os postos de controlo só serão erguidos se continuar a alegada perseguição a membros do seu partido.

Em 2013, a Renamo bloqueou a circulação rodoviária no troço Save-Muxúnguè (Sofala), junto a N1, com frequentes ataques a viaturas civis e militares.

A situação condicionou a circulação à existência de colunas de escoltas militares naquele troço e só terminou com a assinatura do acordo de cessação das hostilidades, a 05 de setembro de 2014.

Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo ameaça tomar o poder, a partir de março, em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

Nas últimas semanas, o país tem conhecido uma escalada de violência política, com relatos de confrontos militares e denúncias de raptos e homicídios de membros das duas partes.

AYAC // VM - Lusa

Primeira-dama escolhida para liderar organização feminina da Frelimo

A primeira-dama de Moçambique, Isaura Nyusi, foi escolhida na noite de quinta-feira presidente da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), órgão da Frelimo, anunciou hoje o partido no poder.

Isaura Nyusi foi escolhida no quarto congresso da OMM e sucede à antiga primeira-dama Maria da Luz Dai Guebuza, que esteve nove anos no cargo.

"Quero assegurar às camaradas que, juntamente convosco, tudo faremos para dar a nossa contribuição para a elevação contínua e acelerada da mulher moçambicana", prometeu a nova presidente da OMM.

Lusa

Líder da Renamo reaparece e insiste que vai governar seis províncias em Março

O líder da Renamo recebeu quinta-feira um grupo de jornalistas numa base militar no sopé da serra da Gorongosa, centro de Moçambique, para acabar com especulações sobre o seu paradeiro e insistiu que governará seis províncias em março.

Afonso Dhlakama reapareceu magro na base militar da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) de Sadjundjira, na Gorongosa, província Sofala, onde ele afirmou ter chegado em janeiro, depois de caminhar dois meses e meio desde a cidade da Beira, após o cerco à sua residência, a 09 de outubro, numa operação policial de alegada entrega de armas em posse do maior partido de oposição.

"O objetivo é sem dúvida continuar a lutar pela democracia", justificou Afonso Dhlakama ao grupo de jornalistas, entre os quais a Lusa, sobre o seu regresso a Sadjundjira, enquanto exibia a esteira, onde afirma dormir todas as noites.

Num tom de reconciliação, Afonso Dhlakama afirmou que o seu regresso às matas da Gorongosa "não é vingança", mas complemento da luta iniciada em 1977, para "ensinar a África e ao mundo a democracia", recusando a ideia de reiniciar uma guerra.

"Não vim para pegar a luta e armas", declarou o líder do principal partido da oposição, acrescentando que não pretende "mostrar capacidade belicista, mas demonstrar a capacidade de um líder, pacifico e ainda com vontade de negociar".

Comparando-se apenas a Nelson Mandela, antigo Presidente da África do Sul, Afonso Dhlakama disse que está comprometido com o futuro de Moçambique, considerando as estratégias de sua luta como normais e que pode cumprir os seus objetivos a partir da sua base militar, onde garante sentir-se mais seguro.

"Como o [Presidente Filipe] Nyusi dizia, queremos buscar o presidente [Afonso] Dhlakama para vir para uma vida normal. Eu estou na vida normal. A vida normal para o Nyusi é estar no palácio em Maputo, com meia dúzia de pessoas, sem apoio, e eu estou aqui com milhões e milhões", declarou Afonso Dhlakama, para quem o regresso à Gorongosa é motivo de satisfação para as famílias rurais.

O líder da Renamo reafirmou o seu plano de governar a partir de março nas seis províncias do centro e norte de Moçambique, onde o partido de oposição reclama vitória nas últimas eleições gerais, e só depois negociar com o Governo.

O aquartelamento militar que acolhe Afonso Dhlakama fica a um escasso quilómetro da sua antiga base, agora controlada por uma posição das Forças Armadas, que em outubro de 2013 tomaram de assalto a unidade e desalojaram o líder da Renamo.

O presidente da Renamo não era visto em público desde 09 de outubro, quando a polícia cercou a sua residência na Beira, alegadamente numa operação de recolha de armas, no terceiro incidente grave em menos de um mês envolvendo a comitiva do líder da oposição.

No dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique e o seu guarda-costas morreu no local, num caso que continua por esclarecer.

Apesar da disponibilidade para negociar manifestada pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo diz que só dialogará depois de tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país (Tete, Niassa, Zambézia, Nampula, Sofala, Manica), onde o seu movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

AYAC // PJA - Lusa

Dhlakama diz que perdeu total confiança no Governo moçambicano

O líder da oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, afirmou que perdeu total confiança no Governo de Moçambique e apenas estará disponível para eventuais negociações em nome do futuro da democracia no país.

Falando para um grupo de jornalistas, entre os quais a Lusa, numa base militar da Renamo no sopé da serra da Gorongosa, centro de Moçambique, Dhlakama disse que os recentes incidentes com a sua comitiva, a invasão da polícia moçambicana à sua casa na Beira e as denúncias de raptos e assassínios de membros do seu partido condicionam a sua disponibilidade para o diálogo.

"Depois do que aconteceu nos dias 12 e 25 de setembro [incidentes com a sua comitiva na província de Manica], não há confiança. Uma coisa é atacar a base, mas atacar a minha viatura a andar, qualquer ser humano, mesmo que tivesse acontecido com o papa, colocaria a condição de segurança e confiança para o diálogo", declarou.
Lusa

Governo moçambicano não permitirá "o mais mesquinho sinal de interrupção das estradas"

O ministro do Interior de Moçambique disse hoje que não permitirá "o mais mesquinho sinal" de interrupção das estradas devido a alegados ataques da Renamo, avançando que já há "resultados positivos" nas operações policiais.

"Não será permitido o mais mesquinho sinal de interrupção das estradas nacionais", afirmou Jaime Basílio Monteiro, falando à imprensa, momentos após um encontro com ministro do Interior angolano, Ângelo de Barros, para a assinatura de um acordo de facilitação de vistos para passaportes ordinários entre Angola e Moçambique, em Maputo.

A Polícia moçambicana acusou a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] de ter protagonizado dois ataques a cinco viaturas nas primeiras horas da quinta-feira na estrada nacional N1, entre o rio Save e o posto administrativo de Muxúnguè, no centro de Moçambique, numa região onde o partido de Afonso Dhlakama ameaça instalar postos de controlo caso continuem as alegadas perseguições aos seus membros.

Destacando que é da responsabilidade das forças de defesa e segurança garantir a proteção das populações, o ministro do Interior de Moçambique disse que as autoridades foram instruídas para não poupar esforços nas ações de recuperação da "estabilidade ameaçada", classificando como "errante" o comportamento dos autores dos alegados ataques.

"Já decorrem ações de perseguição e neutralização destes elementos e já há resultados positivos", declarou o Jaime Basílio Monteiro, prometendo para mais tarde detalhes sobre a operação.

"As nossas operações para garantir a paz e estabilidade continuarão", reiterou o governante, que garante que as forças de segurança de Moçambique "não vão poupar esforços nem diligências".

Nos últimos meses, Moçambique tem conhecido um agravamento da violência política, com relatos de confrontos entre o braço militar da Renamo e as forças de defesa e segurança, além de acusações mútuas de raptos e assassínios de militantes dos dois lados.

Em menos de um mês, a polícia moçambicana responsabilizou o braço armado do maior partido de oposição por três ataques a civis.

O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, não é visto em público desde 09 de outubro, quando a polícia cercou a sua residência na Beira, alegadamente numa operação de recolha de armas, no terceiro incidente grave em menos de um mês envolvendo a comitiva do líder da oposição.

No dia 20 de janeiro, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi baleado por desconhecidos no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, província de Sofala, centro de Moçambique, e o seu guarda-costas morreu no local, num caso que continua por esclarecer.

Apesar da disponibilidade para negociar manifestada pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, o líder da Renamo diz que só dialogará depois de tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o seu movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

EYAC (AYAC/HB) // VM - Lusa

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