quarta-feira, 27 de abril de 2016

Salários só aumentam entre 4% e 12%, comida já aumentou mais de 20% em Moçambique



Adérito Caldeira - @Verdade

O pão que nos roubam no peso ficou 30% mais caro, a água que não é potável para a maioria do povo subiu mais de 15%, a electricidade de má qualidade aumentou 15%, o preço da comida agravou-se em mais de 20% porém o nosso empregado decidiu que o salário do seu patrão só vai crescer entre 4% e 12,5%.

Os trabalhadores moçambicanos, já habituados ao discurso do ano atípico (seja pela seca, devido às cheias, pela guerra ou por culpa da “mão externa”) não tinham grandes expectativas sobre os aumentos salariais anunciados nesta terça-feira(26) pelo Governo de Filipe Nyusi, ainda por cima com as dívidas secretas ilegalmente avalizadas pelo Estado e cujo valor ainda é desconhecido.

“Como tenho ouvido falar das dívidas (da EMATUM e da Proindicus) que o nosso país tem não espero que o salário aumente quase nada”, resignou-se Esmeralda.

Esta professora primária, numa escola pública nos arredores da cidade de Nampula, e que verá o seu salário aumentar menos de 500 meticais não tem ilusões, “nos anos anteriores aumentaram 6% a 7%, é este ano que devo esperar um aumento significativo com todos os problemas que ouço falar? Penso que não. Pelo contrário este suposto aumento ainda vai agravar mais os preços dos produtos. Se dependesse de mim era preciso aumentar no mínimo 20%, tendo em conta o custo de vida”.

O custo de vida que a professora Esmeralda refere-se aumentou, oficialmente, só no primeiro trimestre do ano 6,34% com o maior aumento na “divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas”, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

“Relativamente a igual período de 2015, o País registou um aumento de preços na ordem de 13,61%. A divisão de alimentação e bebidas não alcoólicas destacou-se com um aumento de 22,14%” refere o INE que baseia o seu índice em preços praticados nos estabelecimentos formais.

Outro funcionário da Educação, esse sector prioritário para o “Desenvolvimento do Capital Humano”, afecto no distrito de Rapale e que terá com este aumento anunciado verá o seu salário aumentar menos de 1000 meticais afirma que “estes aumentos têm sido de tal sorte que agravam o custo de vida. Eu penso se aumentassem, pelo menos 1300 meticais seria normal”, lamentou o professor Alexandre.

Agricultura que emprega a maioria dos moçambicanos volta a ter o menor aumento

A maioria dos moçambicanos, cerca de 68%, continuam trabalhar no sector que sempre foi considerado o mais importante nos discursos dos sucessivos Chefes de Estado, o ramo de agricultura, silvicultura e pesca. Porém estes trabalhadores, que do seu suor virá supostamente a segurança alimentar e a redução das importações, continuam a ser os que auferem os piores vencimentos no nosso país e, de forma recorrente, recebem os menores aumentos, no ano passado tiveram um aumento de 5,74% e este ano só terão 3,61% de melhoria salarial.

Eis os salários mínimos aprovados pelo Governo de Nyusi, e que estão em vigor desde o passado dia 1 de Abril:

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Função Pública terá aumentos entre 4% e 7%

“O nosso Governo não nos paga bem, disso ninguém tem dúvidas pelo menos nós do Ministério da Saúde. Este 2016 prefiro esperar a percentagem que eles quiserem aumentar”, desabafaou Felisberto, entrevistado pelo @Verdade na semana passada quando foi tornado público o acordo na Comissão Consultiva do Trabalho, que está preocupado com a possibilidade, bem real diga-se, que com este anúncio do Executivo os preços voltem novamente a agravar-se. “O que me preocupa é que o salário sobe uma vez por ano, mas os preços dos produtos, no mercado, são agravados quase todos os dias”, acrescentou o nosso entrevistado.

Este profissional de saúde, num dos distritos da província de Nampula, “gostaria que acrescentassem pelo menos 1500 meticais” ao seu vencimento actual, mas em função do aumento de 7% anunciado por Carmelita Namashulua, a ministra ministra da Administração Estatal e Função Pública, deverá ver o seu salário crescer menos de 1000 meticais.

Para a Função Pública o Governo de Nyusi determinou que o aumento para será de 7%, para quem ganha menos (professores primários, enfermeiros, auxiliares técnicos de saúde, assistentes técnicos de saúde, médicos, guardas policiais, serviço cívico e forças de defesa e segurança), e de 4% para os melhor remunerados.

O que a partida parece ser uma decisão positiva em termos reais quer dizer que os altos funcionários do Executivo, que ganham cerca de 100 mil meticais, terão um aumento igual ao que ganha actualmente um polícia ou enfermeiro, estes por sua vez verão o seu vencimento aumentar menos de 1000 meticais.

Como é o caso de Cristina, enfermeira na cidade de Nampula, que declarou ao @Verdade que o aumento deveria atingir, pelo menos, 25% para suprir as necessidades básicas. “Eu acho que o salário tinha que aumentar um pouco mais para cobrir as nossas despesas. Só para fazer compras de alimentação precisamos de mais de cinco mil. É complicado para alguém que recebem, por exemplo, nove mil”, desabafou a profissional de saúde.

Não recordando que na sua tomada de posse o Presidente Filipe Nyusi prometeu que a “alimentação condigna não deve constituir um privilégio. Ela é um direito humano básico que assiste a todos os moçambicanos” Júlio, um outro profissional da Educação e Desevolvimento Humano residente no município da Maxixe, disse ao @Verdade que “a luta é para garantir as refeições básicas: água, açúcar, folha de chá, pão ou mandioca cozida, arroz e carapau importado porque o peixe fresco sai mais caro. O coco que na altura comprávamos a 5 meticais agora custa 12 a 20 dependendo do tamanho”.

Os agentes da Polícia da República de Moçambique, que já prometeram reprimir qualquer manifestação popular mesmo que seja pacífica, verão o seu salário crescer somente 7%, o que representa um aumento de menos de 500 meticais para a maioria dos membros da corporação cujo salário ronda os 5 mil meticais.

Pelo menos trabalho não lhes faltará pois certamente o crime será uma alternativa para os milhares de desempregados, e até mesmo alguns trabalhadores, incapazes de ganharem honestamente o seu pão de cada dia em Moçambique.

*Adérito Caldeira/ Leonardo Gasolina

Fórum de Monitoria de Orçamento exige auditoria exaustiva da dívida moçambicana



Investimento estatal na área social poderá ser afectado, diz especialista em protecção da criança.

Voz da América

Em Moçambique, continua a pressão para o governo explicar ao povo o racional da avultada dívida contraída sem seguir a lei.

Com base nas últimas revelações – mais de 1.5 mil milhões de dólares contraídos para a Ematum, ProIndicus e Base Logística de Pemba – especialistas dizem que a dívida pública moçambicana atinge o equivalente a mais de 70 por cento do Produto Interno Bruto.

Desta feita, O Fórum de Monitoria do Orçamento exige uma auditoria exaustiva e uma pesquisa da Procuradoria da República para verificar prováveis ilícitos.

Indignado, o Fórum, constituído por organizações da sociedade civil, fala de vergonha nacional que mergulhou o país numa crise.

“Como moçambicanos, temos o direito, e o governo tem o dever de nos dizer exactamente qual é a situação destas dívidas”, exige Paula Monjane, em representação do Fórum.

Monjane diz que o seu grupo exige que o governo se debruce sobre as reais implicações para o país e sobretudo para o bolso do cidadão, a quem a soberania pertence (…) e a estratégia que tem para pagar as dívidas”.

Entre outros, fazem parte do grupo a Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, liderada por Graça machel; Action Aid, Nweti, Rosc, Centro de Integridade Pública, e Grupo Moçambicano da Divida.

A divida não transparente e recentemente "descorta" foi contraída no mandato de Armando Guebuza, que tinha Manuel Chang na pasta de finanças.

Monjane diz que o seu grupo quer clareza no papel dos governantes, especialmente no período 2010-2015.

“Esperamos que a Procuradoria-Geral da República investigue e responsabilize administrativa e criminalmente todos os dirigentes envolvidos na concertação da divida não transparente, violando a lei orçamental,” diz a activista.

Mais do que isso, o grupo exige “que também investigue, através do Gabinete de Combate à Corrupção, a possibilidade de existência de ilícitos criminais”.

Albino Francisco, coordenador do Rosc, rede de defesa da criança, não tem dúvidas que o escândalo que “beliscou a imagem e atingiu a credibilidade do país” terá impacto no investimento estatal nas áreas sociais.

Ele afirma que com o fardo da divida, o Estado poderá preterir a “realização dos direitos da criança, no que concerne aos cuidados de saúde, acesso à educação e protecção social.”

O cenário, adverte Francisco, irá atrasar mais o desenvolvimento do país. “Essa é a realidade que temos de encarar de forma frontal”, diz.

Grande parte do orçamento do Estado para as áreas sociais é apoiada por doadores, daí, diz Francisco, a importância de uma justificação plaúsivel sobre a dívida para recuperar a imagem beliscada.

O escândalo da divida moçambicana levou a Washington o primeiro-ministro, na semana passada, para encontros com o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Governo Americano. Os resultados dos encontros ainda não foram divulgados.

Angola. Confrontos entre membros da Unita e da Casa Militar da Presidência deixam 12 feridos



Deputado e secretário provincial da Unita revela incidentes no sábado, 23, em Cuando Cubango.

Manuel José – Voz da América

Elementos de uma delegação da Unita e membros da Casa Militar da Presidência da República no Mukusso, em Cuando Cubango, entraram num confronto no passado sábado, 23, que terminou com 12 feridos dos dois lados.

O secretário provincial do principal partido da oposição no Cuando Cubango disse à VOA que tudo começou quando membros afectos à Casa Militar da Presidência da República tentaram impedir um acto de massas da Unita na Comuna do Mukusso, município do Dirico, com o apoio de membros locais das Forças Armadas.

Adriano Sapinhala revelou que a perseguição da caravana por elementos da Casa Militar começou no Rivungo e culminou na comuna do Mukusso.

''Os homens da Casa Militar começaram a agredir os nossos membros, motoristas e seguranças, uma tremenda confusão se instalou, houve inclusive disparos de arma de fogo e eles ameaçaram queimar as nossas viaturas”, conta Sapinhala, revelando que dois elementos da Unita e 10 da Casa Militar ficaram feridos.

Aquele responsável questiona a competência da Casa Militar para intervir em questões politicas.

''A Casa Militar é afecta ao Presidente da República porque um órgão militar da Presidência da República tem que interferir e impedir actos políticos vendo os partidos como inimigos”, pergunta o também deputado Adriano Sapinhala.

A delegação da Unita, no entanto,prossegue a sua actividade politica por vários municípios da província do Cuando Cubango.

Apesar dos esforços não foi possível, até agora, falar com a Casa Militar da Presidência da República.

ISABEL DOS SANTOS, O WALL STREET JOURNAL, O FBI E O BPI



Rui Verde, 26 de Abril de 2016

Isabel dos Santos escolheu a máxima trompeta do capitalismo americano para lançar a sua ofensiva mediática internacional, o Wall Street Journal. Recentemente, dos Estados Unidos para o mundo, a história de Isabel dos Santos foi contada nas suas próprias palavras:

Este constituiu um passo interessante, porque simultaneamente americanizou e mundializou a questão dos movimentos financeiros de Isabel dos Santos. E assim permite-nos focar na utilização dos mecanismos legais americanos para lidar com a situação. Desde 2014, o FBI (Federal Bureau of Investigation), o Departamento Federal de Investigação Criminal norte-americano, desenvolve um programa intitulado Kleptocracy Assets Recuperation Initiative (KARI), que, entre outros relevantes sucessos, já recuperou dinheiros desviados pelo filho de Theodore Obiang, da Guiné Equatorial, e pelo general Sani Abacha, antigo homem forte da Nigéria.

Através deste programa, a jurisdição norte-americana declara-se dotada de competências para agir sempre que em qualquer parte do mundo sejam usados dólares norte-americanos ou seja utilizado o sistema financeiro dos Estados Unidos. Qualquer montante monetário que seja convertido em dólares é passível de investigação.

O mesmo programa tem legitimidade legal para arrestar e confiscar bens em qualquer parte do mundo, desde que as respectivas jurisdições colaborem. Um exemplo: a pessoa X de Angola é proprietária de um apartamento comprado com dólares em Portugal. Esses dólares foram obtidos através de corrupção. Então, os EUA podem confiscar esse bem, desde que Portugal colabore. E Portugal, devedor crónico do FMI, dominado pelos americanos e membro da NATO, não vai colaborar? Claro que sim. Portanto, neste momento, os bens portugueses dos angolanos corruptos estão ao alcance do FBI.

Acresce que, de acordo com a lei americana, não é necessário que tenha existido previamente uma condenação criminal para que o FBI dê início a esses procedimentos.

De igual modo, não é obrigatório que as denúncias sejam feitas nos Estados Unidos. Qualquer pessoa, em qualquer local do mundo, pode dirigir-se a uma embaixada norte-americana e proceder a uma denúncia, a qual será levada em conta e investigada  pelos EUA.

Finda a investigação e comprovando-se a ilegalidade, os bens apreendidos são posteriormente devolvidos aos povos dos respectivos países.

Esta iniciativa leva-nos a duas conclusões:

Os vários milhões retirados de forma ilegítima dos cofres angolanos ainda podem ser recuperados e devolvidos ao povo angolano.

Havendo notícia de Isabel dos Santos ter procedido a movimentações financeiras suspeitas em dólares, poderá iniciar-se uma investigação por parte do FBI, alargada a todo o mundo, e que cruzará com aquela que a Comissão Europeia lançou.

Na realidade, ao nível da União Europeia, desde finais de 2015 que a Comissão Europeia, na pessoa de Vera Jourová, comissária da Justiça, encetou diligências para averiguar a origem dos fundos e a utilização de empresas off-shore por Isabel dos Santos na compra da EFACEC portuguesa, na qual é consultor o famoso comentador português Luís Marques Mendes. A questão é que Isabel dos Santos é uma PEP (Pessoa Exposta Politicamente), e este estatuto parece ter sido esquecido em muitos negócios que efectuou em Portugal desde 2005.

Na mesma linha se encontram as dificuldades com que Isabel dos Santos se deparou na concretização da operação no BPI. A questão é o cerco legal imposto pela sua qualificação como PEP pela União Europeia; daí que seja impossível assegurar-lhe a entrada na Bolsa de Lisboa, que não é comandada por Portugal, mas pelo EuroNext (grupo de mercados bolsistas com sede na Holanda), ou garantir certificações de idoneidade bancária, que também estão sujeitas a regulações junto do BCE (Banco Central Europeu).

Concluindo: os dois mais poderosos sistemas legais globais (Estados Unidos e União Europeia) condicionam forçosamente o comportamento de Isabel dos Santos e acabaram por colocá-la debaixo de foco.

Provando-se que os fundos utilizados por Isabel dos Santos provêm do Tesouro angolano, facilmente se procederá à apreensão dos seus bens nos Estados Unidos e na União Europeia (Portugal incluído), seguindo-se a sua devolução, em tempo oportuno, ao povo angolano.


Investigador português critica atuação da CPLP nas presidenciais da Guiné Equatorial



O investidor português Paulo Gorjão criticou hoje a missão de observação eleitoral da comunidade de países lusófonos às presidenciais de domingo na Guiné Equatorial, considerando que a presença legitimou uma votação que "não foi justa nem livre".

Num artigo de opinião, o também presidente do Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS) lembrou que a conclusão tirada pela missão de observação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - "votação correu de forma ordeira e pacífica" -, "evita a questão de fundo".

"Como se constata a partir da leitura da nota, percebe-se rapidamente o intuito que esteve por detrás do convite do Governo da Guiné Equatorial para que a CPLP enviasse uma equipa de acompanhamento da votação", afirmou Paulo Gorjão, notando os 98% dos votos obtidos pelo reeleito Teodoro Obiang Nguema, há 37 anos no poder.

Lusa

Brasil. A OPERAÇÃO SALVA-CUNHA ESTÁ EM MARCHA



Após o impeachment, a tropa de choque do presidente da Câmara prepara sua anistia 


Nos dias que precederam a votação doimpeachment, tornou-se cristalina uma trama de venda casada. Enquanto trabalhava pela abertura do processo contra Dilma Rousseff, uma expressiva bancada de parlamentares articulava uma “anistia” ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Nem mesmo a delação de Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, constrangeu a turma. O empresário entregou aos investigadores da Lava Jato uma tabela que aponta 22 depósitos, no valor total de 4,6 milhões de dólares, em propinas repassadas ao peemedebista entre 10 de agosto de 2011 e 19 de setembro de 2014. A planilha foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira 15, dois dias antes da derrota do governo no plenário.

Antes mesmo do desfecho, os aliados mais próximos do peemedebista não escondiam as cartadas lançadas nos bastidores. “Sem ele não teríamos o processo de impeachment. Por isso, Cunha merece ser anistiado”, afirmou o deputado Paulinho da Força, do Solidariedade, ao site Congresso em Foco.

Com o placar consolidado, Osmar Serraglio, do PMDB do Paraná, também passou a defender publicamente uma “retribuição” ao correligionário pelo presente. Integrante da tropa de choque de Cunha no Conselho de Ética, Carlos Marun, do PMDB de Mato Grosso do Sul, já ensaia o discurso: “Entendo que deva haver uma punição, mas não entendo que deva ser a cassação”. 

Com o apoio de partidos do chamado Centrão, entre eles PP, PRB e PSD, além do Solidariedade e de parte do DEM, Cunha mostra-se confiante na absolvição no Conselho de Ética da Câmara, onde enfrenta processo por quebra de decoro parlamentar.

“Não tenho nenhuma preocupação, estou absolutamente em condições de ser inocentado”, afirmou na tarde da segunda 18, após entregar a papelada do processo contra Dilma ao presidente do Senado, Renan Calheiros.

A representação no Conselho de Ética, que pode levar à cassação do mandato do presidente da Câmara, foi apresenta pelo PSOL e pela Rede em outubro de 2015, mas os trabalhos não avançam graças às sucessivas manobras protelatórias do parlamentar e de seus aliados.

Cunha é acusado de mentir à CPI da Petrobras há cerca de um ano, quando negou possuir contas no exterior não declaradas à Receita Federal. Ato prosaico, perto das graves acusações que pesam contra o candidato à anistia.

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal acolheu, em março, uma denúncia contra o peemedebista pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Convertido em réu, Cunha é acusado de receber 5 milhões de dólares em propina de contratos de navios-sonda da Petrobras.

Mais dois inquéritos foram autorizados pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte. Um deles apura se o deputado recebeu repasses que somam 52 milhões de reais de empresas envolvidas nas obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O outro investiga as milionárias contas secretas do parlamentar na Suíça.

Os extratos bancários revelados pelas autoridades suíças respaldam a acusação contra ele no Conselho de Ética, mas o colegiado nem sequer consegue ouvir as testemunhas arroladas. Em março, sete depoentes foram convidados a comparecer ao Congresso, incluídos o lobista Júlio Camargo, o doleiro Alberto Youssef e o ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo Vaz Musa.

A maioria dos convocados havia delatado o presidente da Câmara anteriormente à Justiça e à Polícia Federal. Em 7 de abril, a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia negou uma liminar apresentada pela defesa de Cunha para anular os depoimentos. A Direção da Câmara tardou, porém, a autorizar a emissão de passagens aéreas para as testemunhas, e as sessões tiveram de ser postergadas.

Nesse interregno, o primeiro relator do processo, Fausto Pinato, do PP, defensor da cassação de Cunha, afastou-se do Conselho. Em seu lugar entrou uma deputada do PRB da Bahia, Tia Eron, que faz mistério sobre seu voto, mas despertou dúvidas após declarar ter “admiração e respeito” pelo trabalho do peemedebista na Casa. Se assim for, o deputado terá uma maioria de 11 votos a 9 no colegiado. “Durante a votação doimpeachment, muitos dedicaram votos a parentes. Pois bem, parece que uma ‘tia’ pode salvar Eduardo Cunha agora”, ironiza Chico Alencar, líder do PSOL na Câmara.

Alessandro Molon, da Rede, não se diz surpreso com o movimento pela anistia. “Cheguei a denunciar essa articulação na tribuna da Câmara, alertando que ela fazia parte do pacote. É um movimento conjugado, a incluir a absolvição dele como compensação pela aprovação do impeachment”, afirma.

“Cunha tem enorme influência sobre um grande número de parlamentares, e isso ficou explícito no domingo 17. Quando alguém o criticava, o Plenário vaiava efusivamente.” Foi o que aconteceu quando Glauber Braga, do PSOL, o chamou de “gângster” ou quando o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo, do PR, lembrou que Cunha era a “bola da vez”.

Na terça-feira 19, o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, do PP, decidiu limitar a investigação no Conselho de Ética à mentira contada por Cunha na CPI da Petrobras. A decisão impede que o Conselho aprecie as provas recolhidas pela Operação Lava Jato.

Molon antecipa: se o Conselho de Ética rejeitar a cassação, vai apresentar recursos para levar a discussão ao plenário. Além disso, pretende reunir um grupo de parlamentares para solicitar ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, a inclusão na pauta da Corte do pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara, apresentado pela Procuradoria-Geral da República em dezembro de 2015.

Para Alencar, só uma mobilização popular mudaria o cenário. “Cunha tem a seu desfavor o fato de ser uma unanimidade nacional. Mesmo nos atos pró-impeachment, quase 90% defendiam a sua cassação, segundo o Datafolha”, observa.

“Refiro-me à massa que saiu às ruas, e não às lideranças desses movimentos, que também são gratas ao Cunha, ganharam até credenciais para circular pela Câmara durante a votação do impeachment. Desses não espero muita coerência.” 

Na foto: Livrar o deputado seria uma retribuição por seu desempenho na aprovação do impeachment de Dilma (Foto: Jefferson Rudy/ Agência Senado)

*Colaborou Débora Melo.

*Carta Capital - Reportagem publicada originalmente na edição 898 de Carta Capital, com o título "Operação Salva-Cunha"

Jogos Olímpicos Rio2016. Amnistia Internacional diz que habitantes das favelas vivem terror



11 pessoas foram mortas este mês em tiroteios com a polícia.

A Amnistia Internacional denunciou esta quarta-feira que os habitantes das favelas do Rio de Janeiro, cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos, estão a viver num clima de terror, após 11 pessoas terem sido mortas este mês em tiroteios com a polícia.

O grupo defensor dos direitos humanos disse que pelo menos 307 pessoas foram mortas pela polícia na cidade no ano passado e pediu às autoridades brasileiras que tomem medidas antes do início dos Jogos Olímpicos Rio2016, que começam a 5 de agosto.

De acordo com os dados recolhidos pela Amnistia Internacional, um em cada cinco homicídios cometidos por elementos das forças policiais no Brasil verifica-se no Rio de Janeiro, cidade que dentro de 100 dias irá acolher os Jogos Olímpicos.

"Residentes em muitas das favelas do Rio de Janeiro estão a viver num verdadeiro clima de terror, depois de, pelo menos, 11 pessoas terem sido mortas desde o início do mês em tiroteios com a polícia", refere em comunicado a organização.

De acordo com a nota à imprensa distribuída pela Amnistia Internacional, as autoridades brasileiras "têm cada vez mais uma abordagem de linha dura contra os protestos de rua, que, na sua grande parte, são pacíficos”.

"Apesar da promessa de uma cidade segura para receber os Jogos Olímpicos, mortes por elementos das forças policiais têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos no Rio", reconheceu o diretor da Amnistia Internacional no Brasil, Atila Roque.

O responsável acrescentou ainda que “muitos foram gravemente feridos por balas de borracha, granadas de gás e até mesmo armas de fogo utilizadas pelas forças policiais durante os protestos".

De acordo com dados da Amnistia Internacional, a polícia do estado do Rio de Janeiro matou 580 pessoas em 2014, quando o país recebeu o Mundial de futebol. Esse número foi superior em cerca de 40 por cento em relação a 2013 e continuou a crescer em 2015, que registou 645 mortes.

A Amnistia admite que "não é possível relacionar esse aumento de mortes cometidas por polícias diretamente com os preparativos para os Jogos Olímpicos", mas "as estatísticas revelam um claro padrão de uso excessivo de força, violência e impunidade que fere instituições de segurança pública".

SAPO Desporto c/ Lusa  - Foto: Tasso Marcelo / AFP

Brasil. REGIME DE FORÇA JÁ RESPIRA ENTRE NÓS



Engenheiros sociais já falam em cortar 15% do Bolsa Família e milícias da Fiesp executam o policiamento ideológico da Avenida Paulista.

Saul Leblon – Carta Maior, editorial

A barbárie já respira entre nós. Da leitura atenta dos jornais, em ordem e com atenção inversa à pretendida pela edição, sente-se o sopro do regime de força a pulsar seu passo de ganso no metabolismo nacional.

O assoalho da democracia range, enquanto a narrativa dominante tenta naturalizar judicialmente o que é, na verdade, uma ruptura do chão institucional.

É possível ouvir a voz dos personagens icônicos da conspiração em marcha batida.

Já se vive em uma sociedade em que a suprema corte da justiça age como um anexo dos que, sem voto, se avocam a prerrogativa de ‘corrigir o voto popular’, na expressão feliz do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.

Tome-se personagens do calibre de um Gilmar Mendes, ou de Celso de Mello –dois retificadores empenhados em desasnar as urnas.

Ou aspirantes ao mesmo posto mas de estatura inferior, a exemplo de um Dias Tofolli, ou  Rosa Weber e Cármen Lúcia (‘não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica assim o permite’).

O conjunto afasta qualquer ilusão em uma instancia isenta –a última instância a qual o impasse previsível do desenvolvimento em uma sociedade de desiguais poderia ser mediado em pé igualdade e em busca de um equilíbrio reordenador.

Os membros do STF cuidam diuturnamente de desautorizar a fé da sociedade nessa última instância também conhecida como justiça.

Diante do golpe em curso, o STF brasileiro se apresenta à sociedade não como um garantidor da lei e da Constituição

A cena que as togas protagonizam neste filme é a de um salão de chá de boçais que declamam afetação, enquanto um estupro coletivo acontece na sala ao lado.

O golpe tem como uma de suas âncoras fundamentais o combate seletivo à corrupção.

No PT, como se sabe, ela é sistêmica; no resto do sistema ela é pontual.

Das comportas da Lava Jato emana esse diktat.

Do qual se vale a  crispação midiática para irradiar uma indignação seletiva, sancionada, afinal, pelo coquetel de cumplicidade, cinismo e acoelhamento das togas da Suprema Corte.

‘Se fazem isso com uma Presidenta da República, o que será do cidadão comum?’, arguiu Dilma Rousseff diante da manipulação intrínseca ao golpe do qual é vítima e para o qual as togas se oferecem como o lubrificante obsequioso.

É esse o bafo frio que arrepia a consciência democrática da nação e só lhe deixa como janela de ar fresco a rua.

Assiste-se a uma radicalização aberta dos interesses dominantes, na qual a  isenção parece, enfim, não representar mais um valor passível sequer de ser simulado.

Sugestivo dessa depuração conservadora foi o conselho da ombudsman da Folha, Vera Magalhães, na nota de despedida do cargo, neste domingo.

Ao criticar a manchete do jornal no dayu-after da votação na Câmara (‘Impeachment’, em garrafais idênticas às utilizadas na cassação de Collor, quando o que foi aprovado dia 18/04 foi a autorização para a abertura do processo de impeachment), a jornalista sugeriu um pouco mais de ‘comedimento’ ao jornal.

‘Mantenham a aparência, ao menos a aparência, please’, parece ter sido o seu recado.

Ao que tudo indica, tardio e obsoleto.

Essa era a batalha do dia anterior dos  ombudsman do jornalismo conservador --não há mais espaço para simulações.

Sobriedade, comedimento, nunca foi o forte do sistema de comunicação monopolizado do país.

Não será agora que a temperança ecumênica mediará a abordagem das grandes questões nacionais pelo jogral dos interesses que ele vocaliza.

A rota de colisão entre o noticiário político local centrado na destruição do governo e do PT, e a denúncia do golpe, predominante da mídia internacional, dá a dimensão do que se pode e do que não se deve esperar dessa pata dianteira do galope conservador.

Graças à blindagem jurídico-midiática, a natureza ostensivamente antipopular, antinacional e espoliativa do golpe pode (por ora) manter-se mitigada aos olhos da maioria da população.

Cunha e Bolsonaro são tratados como desvios pontuais, quando na verdade detém representatividade superior àquilo que a palavra excrecência costuma designar.

A ação violenta que eles personificam já atravessou a soleira da ameaça para a  rua.

A desenvoltura das milícias fascistas, contratadas e pagas por uma entidade empresarial, a maior do país, a Fiesp, foi fartamente documentada na avenida Paulista, neste final de semana em que a via foi tomada por protestos contra o golpe (veja a sequência documentada pelo ‘Jornalistas Livres’ no twitter de Carta Maior https://twitter.com/cartamaior?ref_src=twsrc%5Etfw ).

De novo, não estamos diante de um ponto fora da curva.

O que se desenrola aos olhos de quem quiser enxergar é um ensaio da violência intrinsecamente indispensável à sustentação da curva de expropriação de direitos arquitetada pelo compasso do ajuste golpista.

Em dúvida, consulte-se a curva.

O documento ‘Ponte para o Futuro 2 – a Travessia Social’, que o golpe coloca na praça nestes dias,nasceu da necessidade esquizofrênica de se distrair a atenção popular, oferecendo-lhe uma cenoura pré-abate, ao mesmo tempo em que endereça perolas aos ouvidos da plutocracia e da classe média fascistizada.

Quais pérolas?

Todas aquelas provenientes da concha do Banco Mundial que preconiza a substituição dos direitos sociais universais por um ‘focalismo’ associado ao Estado mínimo, ao qual caberá  ‘fazer mais com menos’.

O Banco Mundial é a mais importante usina de difusão, treinamento e reeducação neoliberal em ação no planeta.

Crédito não é a especialidade dessa instituição.

O empréstimo oferecido pelo banco funciona apenas como isca para enredar países, governos, técnicos e burocracias públicas – bem como algumas ONGs – na obra jesuítica de satanizar o Estado, catequizar e remodelar os aparatos públicos, converter corações e mentes das elites e tecnocracias nativas, adestrando-os nas excelências do mercado como remédio para todos ao males.

No Brasil, o Banco Mundial implantou uma bem urdida hegemonia no modo de pensar de várias esferas do setor público.

Dentro do Ipea, por exemplo –parcialmente remodelado no ciclo de governos do PT, com Pochmann e agora, com Jessé Souza--   formou-se uma tropa de choque de aplicados discípulos que funcionam como correia de transmissão do pensamento do Banco Mundial.

Um exemplo arrematado dessa cepa é Ricardo Paes de Barros, apontado como o ‘fomulador’ do golpe na área da política social.

E o que diz o especialista nas artes do focalismo na entrevista publicada nesta 2ª feira no Estadão?

Exemplos:

1. ‘é claro que o Bolsa Família está inchado’;

2. ‘com 15% de dinheiro a menos consigo ter o mesmo 100% de redução da pobreza’;

3. ‘se numa casa de 5 pessoas, o sujeito declara R$10 a menos de renda própria, o governo vai gastar R$ 50 a mais por mês com essa família’

‘inventou-se essa ideia de que creche é um direito de todos’

‘(quando você arrumar a política) obviamente tem gente que vai sofrer’

O desempregado primeiro terá que conseguir um emprego, para depois ter direito ao Pronatec...’

Vai por aí  a gororoba destinada a tropicalizar os ditames do focalismo, empanturrando governo e colunistas com inesgotáveis papers que atestam a virtuosa conjunção entre Estado mínimo e economia máxima com os pobres, em substituição aos direitos do Estado de Bem-Estar Social.

É justamente esse o sentido da acenada ‘Travessia Social’ de Temer.

Conforme relata o insuspeito jornal Valor, em editorial nesta 2ª feira: entre as medidas que discutidas pelos assessores mais próximos do vice-presidente estão a ‘desvinculação das verbas orçamentárias, desindexação dos gastos sociais da variação do salário mínimo, a reforma tributária, a flexibilização do mercado de trabalho e a reforma da Previdência Social’.

Um mutirão restaurador da agenda neoliberal.

O relato do jornalista Paulo Gama, da Folha, publicado neste domingo sobre o 15º Fórum Empresarial realizado em Foz do Iguaçu, é ilustrativo do ambiente que impulsiona essa escalada.

O jornal não deu o destaque, a manchete ou o espaço que  o assunto  justificaria. Mesmo assim, propiciou um relance ilustrativo do clima de euforia de botim que predomina na divisão de sesmarias entre os apoiadores e articuladores do golpe.

Nesse circuito puro sangue, palavras como ‘trabalhador’, ‘pobre,’ ‘salário’ e ‘direitos sociais’ entram apenas na lista dos problemas, nunca na relação dos convidados do tucano João Dória Jr, candidato a prefeito de São Paulo e promotor do encontro de Iguaçu.

Trechos da reportagem da Folha:

‘...apito na mão depois de um longo "priiii" para pedir silêncio, João Doria Jr, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, dava as boas-vindas a 300 dos maiores nomes do setor produtivo do país e políticos de oposição-quase-virando-governo que se reuniram, no feriado de Tiradentes, para quatro dias de seminários e "networking" em Foz do Iguaçu...’

‘. (os articuladores do golpe presentes eram) ... Romero Jucá (PMDB-RR), o elo de Michel Temer com o setor empresarial, José Agripino (RN), presidente do DEM, e os tucanos Cássio Cunha Lima (PB) e Antônio Anastasia (MG), o provável relator do processo de deposição de Dilma Rousseff no Senado’.

‘Além de Jucá, o resort recebeu Rodrigo Rocha Loures, assessor do peemedebista na Vice-Presidência, e Gaudêncio Torquato, consultor e estrategista de longa data do presidenciável’.

‘...os convidados andam com crachá de identificação pendurado "à altura do plexo". O de Rocha Loures já o indicava como assessor da Presidência, não mais da Vice...’

‘Jucá passou os dois dias em que esteve no encontro recebendo demandas. De deputados que queriam ser ouvidos para a formulação da política econômica do possível governo, já dado como certo, a empresários e consultores que queriam fornecer estudos e avaliações –além de saber que rumo tomaria o início da gestão’.

‘Nas palestras abertas, o governo Dilma era tratado por políticos e empresários como "nefasto" e "avesso ao lucro".

Esse é o ponto do desmonte em que nos encontramos.

Empenhados centuriões se esfalfam para despejar na fornalha  do “ajuste” e da “retomada da consistência macroeconômico” o estorvo que sujou o mercado e a boa teoria nos últimos 13 anos.

Inclua-se nessa montanha desordenada de entulho: 60 milhões de novos consumidores ingressados no mercado, a cobrar cidadania plena;um salário mínimo 70% maior em poder de compra;  um sistema de habitação popular ressuscitado; bancos públicos a se impor à banca privada; uma Petrobras e um BNDES fechando as lacunas da ausência de instrumentos estatais destruídos no ciclo tucano etc

A faxina requerida é tão virulenta que necessita árduo trabalho de escovão e detergente ideológico para dissolver a resistência alojada em estruturas de consumo, serviços e participação política instituídas para atender a 1/3 da sociedade e não a sua totalidade.

O fato é que o golpe se depara aí com uma montanha de tamanho e resistência muito superior ao poder destrutivo do politicídio imposto ao PT pelo juiz Moro e seus assessores de vazamento na mídia.

O ciclo iniciado em 2003 tirou múltiplas dezenas de milhões de brasileiros da pobreza; deu mobilidade a outros tantos na pirâmide de renda.

Os novos protagonistas formam hoje a maioria da sociedade.

Lula criou um novo personagem histórico – ainda que não um protagonista da própria história (seu erro capital).

A presença desse personagem em fraldas, de qualquer forma, dificulta sobremaneira rodar o software conservador no botim festivo da plutocracia e do conservadorismo.

Devolver a pasta de dente ao tubo requer uma assepsia repressiva dificilmente realizável em ambiente de liberdades democráticas.

O espinho de peixe na garganta do golpe não deixa de cutucar também a omissão histórica da agenda progressista.

Hoje ela enfrenta suas provas cruciais, sem dispor de base organizada, nem de instrumentos indispensáveis para isso -- entre os quais, um sistema de comunicação plural e ecumênico.

Se há tempo para providencia-los no longo e traumático ciclo de enfrentamento deflagrado a partir da reeleição de Dilma, em outubro de 2014, só a história dirá.

O terreno é mais adverso que nunca e os blindados da crise e do conservadorismo avançam para um enfrentamento de vida ou morte.

Sim, há autocrítica a fazer e equívocos a corrigir. Todos aqueles em debate e mais alguns que não interessa à emissão conservadora contemplar.

Mas só há duas formas de descascar o abacaxi.

Uma, implica a construção democrática de linhas de passagem negociadas para um novo estirão de crescimento ordenado pela justiça social.

A outra preconiza simplificar a tarefa, terceirizando o timão à “racionalidade” dos livres mercados.

É o arrocho.

A escolha conservadora dispensa o penoso trabalho de coordenação da economia pelo Estado, ademais de elidir a intrincada mediação política dos conflitos inerentes às escolhas do desenvolvimento.

Sua receita pressupõe replicar aqui a panaceia neoliberal que depauperou o mundo do trabalho nos EUA e desmontou o Estado do Bem-Estar Social na Europa.

Com a consequências sabidas.

Embora o jornalismo isento afirme que a crise da Petrobrás é fruto do aparelhamento ‘lulopetista, averdade é que se vive desde 2008 a mais longa, incerta e frágil recuperação de uma crise do sistema capitalista desde 1929.

Com uma agravante aqui: em uma sociedade na qual não existe a gordura do Estado de Bem-Estar Social  --apesar de Paes de Barros considerar que o Bolsa Família está ‘inchado’-- será preciso cortar no osso.

O osso dos mais pobres.  Reconduzindo-os para uma invalidez de direitos apenas esboçados.

São os albores dessa batalha cruenta que explicam a presença armada de porrete dos bate-paus da Fiesp em autonomeada fiscalização ideológica da rua mais importante na principal cidade do país.

A mãe de todas as batalhas gira em torno dessa questão. A questão do método de repactuação do desenvolvimento brasileiro.

Golpe e porrete? Ou mais democracia e a construção negociada do passo seguinte do desenvolvimento?

Quem opta pela segunda alternativa não pode faltar neste domingo, no Anhangabaú, em São Paulo, no 1º de Maio em defesa de Dilma, da legalidade e dos direitos sociais.

O regime de força já respira entre nós.

A democracia ainda não expirou, mas carece de nervos e musculatura que só a largueza das ruas poderá propiciar-lhe.

O PACTO COM O DIABO



Miguel Guedes – Jornal de Notícias, opinião

Aberto até de madrugada, sem o argumento de Tarantino. Podemos esperar até às 00.20 horas do dia 25 para cantar a Grândola mas as revoluções acontecem na madrugada dos amanhãs que cantam e são precedidas pelas maiores declarações de amor e compromisso na véspera. Foi assim a 24 de Abril de 1974 nas operações do MFA em Portugal e assim foi a 24 de Abril de 2016 no pacto Ted Cruz/John Kasich para as eleições primárias do partido Republicano nos EUA. Em ambas as situações, medidas à escala, a vontade de salvar a pele ou a pele dos outros. Em ambas as situações, o desejo de se verem livres do carrasco ou do ditador, do "estado a que chegámos" (como dissertava o capitão Salgueiro Maia, sobre as diversas modalidades de Estado). No 24 de Abril de 74 para o MFA, o desejo do fim de Marcelo Caetano, o ditador progressista. No 24 de Abril de 2016 para Cruz e Kasich, o desejo do fim de Donald Trump, o ditador em progressão.

Aberta a cronologia da madrugada, só os republicanos podem ter visto o filme de Robert Rodriguez. Mas é verdadeiramente inacreditável que não tenham percebido que o acordo de 24 de Abril, dois dias antes da vitória de Trump na Pennsylvania nesta madrugada, é mesmo uma admissão de derrota perante o multimilionário que lidera todas as sondagens. O MFA tinha o apoio do povo democrata, Donald Trump tem o apoio do povo republicano. Ainda que a história possa vir a contar que há uma enorme distância entre delegados e o povo.

O sinal expresso não é dado apenas pela mais do que previsível vitória de Hillary Clinton e de Donald Trump nas "primárias de Acela" nesta madrugada portuguesa. O mais significativo é que, nas sondagens, Trump consegue - pela primeira vez - liderar maioritariamente o apoio nacional entre os republicanos com 50% de intenções de voto, com Cruz a registar 26% e Kasich apenas 17% (fonte NBC News). A soma dos dois não chega a Trump. Ainda que, entre Trump e Cruz, saia o Diabo de dentro deles e escolha. A mais cómica das eleições e também a mais perigosa.

O pacto de Ted Cruz e John Kasich é aparentemente simples: o primeiro abandona a corrida por Oregon e New México e o segundo deixa cair o estado de Indiana. O que parece um mero tacticismo é uma efectiva admissão de falência técnica no momento em que Trump desfila com apoio maioritário. A dupla deste pacto está matematicamente morta e só pode ressuscitar pela diferença que separa a opinião dos delegados em Congresso da opinião do povo nas urnas. Várias formas de recordar, sem as imagens de Roman Polanski, o pacto com o Diabo e a sua semente ou de soletrar a forma como as elites na revolução podem mesmo manter o tasco aberto.

DIOGO LACERDA MACHADO FALA EM “MOMENTO DIFÍCIL”



O consultor Diogo Lacerda Machado afirmou que aceitou dar ajuda técnica ao Governo movido pelo "espírito de serviço público", lamentando que tenha sido alvo de "notícias falsas e maldosas".

"Tive momentos muito difíceis na vida, mas nunca me foi tão difícil enfrentar uma circunstância da vida como esta", afirmou o advogado Diogo Lacerda Machado, numa intervenção inicial na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, agradecendo a oportunidade de "prestar todo o esclarecimento público".

Diogo Lacerda Machado, que mediou as negociações da reprivatização da TAP em nome do Governo de Costa, está a ser ouvido no parlamento por requerimento do PSD, que exige explicações sobre o processo e o seu papel como "negociador".

Na intervenção inicial, o advogado agradeceu a possibilidade de "finalmente poder responder às questões sobre o envolvimento" no processo de reconfiguração do modelo acionista da TAP, depois de ter assistido "em silêncio (...) às notícias, comentários e juízos que foram circulando".

"Intervim no processo, a pedido e sob instruções do primeiro-ministro e do senhor ministro do Planeamento e das Infraestruturas [Pedro Marques], a quem prestei apoio técnico por ter tido a convicção que a minha experiência de 30 anos de advocacia e a minha familiaridade com os temas da aviação comercial poderiam ser úteis ao Governo e ao país", declarou Lacerda Machado.

O consultor do Governo - que desde 15 de abril tem um contrato de prestação de serviços de consultoria estratégica e jurídica que vigora até ao final do ano - explicou que foi "o espírito de serviço público" que o levou a aceitar "prontamente" o pedido de apoio técnico feito por António Costa e Pedro Marques.

"E foi ainda esse espírito que me levou a nem sequer equacionar então a necessidade de exigir ou acordar qualquer retribuição para o mesmo", acrescentou.

Lacerda Machado defendeu que "a ausência de retribuição e de qualquer documento escrito não significam a ausência de vinculação às regras de atuação", realçando que, no apoio técnico prestado, não dispôs de poderes de "vinculação ao Estado".

"E todas e cada uma das reuniões em que participei - e em que jamais estive sozinho - aconteceram sempre na presença de membros do Governo", sublinhou.

Jornal de Notícias - Na foto: Diogo Lacerda Machado na Comissão de Economia / Paulo Spranger/Global Imagens

TANTOS PENSIONISTAS A OCUPAREM O PARTIDO DO ESTADO



Francisco Louçã – Público, opinião

Otema aparece aqui e ali e é sempre um refrão: temos pensionistas a mais e colonizam o partido do Estado (e portanto, argumento OCDE e Comissão Europeia, toca de cortar-lhes nas pensões, as actuais, as futuras, tudo o que vier à rede é peixe), junto com outra malandragem como os desempregados, os polícias, os militares, os professores, as enfermeiras, as médicas, outros funcionários públicos e tutti quanti. Mas os pensionistas são o maior número e vai daí o cisma grisalho, a luta de gerações, a divisão etária, a sobrecarga dos reformados aos ombros dos trabalhadores, que sei eu? Reforma estrutural com essa gente, que o país não pode aguentar mais.

O número de facto seria estarrecedor – 3,6 milhões de pensionistas – mas ainda assim convinha que fosse verdade. Diz o Pordata, ou melhor, dizem vários autores que o Pordata diz tal número (aqui, ou logo gulosamente repetido aqui), só que é mentira.

De facto, não é esse o número do Pordata. O Pordata diz que há 3.627.161 pensões em pagamento (dados de 2014). É muita gente? Parece que sim, só que não são 3.627.161 pensionistas. Basta pensar um segundo e a razão é evidente: é que há muita gente que recebe mais do que uma pensão. Lembram-se do ex-presidente Cavaco Silva? Recebe três e o assunto foi bastante falado. Pois muitos dos pensionistas recebem mais do que uma pensão, cumprindo a lei (como Cavaco Silva cumpre a lei, assinale-se para evitar falsos debates). É o que acontece a quem tem pensão de velhice e, sendo viúva ou viúvo, também tem uma pensão de sobrevivência, mas aplica-se igualmente noutros casos em que há acumulação de pensões (mais uma vez, é o que acontece com Cavaco).

Por isso, em contas mais certas, o The 2015 Ageing Report da Comissão Europeia apresenta um número total de pensionistas que é realista porque informado: 2.552 mil. É só um milhão a menos do que as contas que são tão comuns na imprensa e entre vários autores pouco dados ao estudo. Um milhão a menos é muito engano junto.

Do mesmo modo, se nos disserem que há doze milhões de telemóveis em Portugal, não vamos concluir que há doze milhões de habitantes, pois não? No caso da segurança social, ainda por cima, as contas já foram feitas, o aviso foi dado, mas parece que não foi ouvido por quem tem conveniência argumentativa num número exagerado.

É certo, este número é um problema e são muitas pessoas. Muitas mesmo. Mas não vale a pena fantasiar. Para se pensar sobre o futuro da segurança social (ou do Estado) é preferível conhecer bem o problema e ignorar o preconceito ou o exagero. Já agora, é preferível usar a estatística verdadeira.

TRUMP E AS MULHERES, AS CENTENAS DE CENTENO E AS OFFSHORES DO ESTADO



Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Pedro Candeias – Expresso

Trump e as mulheres, as centenas de Centeno e as offshores do Estado

A lógica de Donald Trump: "Ser-se presidenciável é a coisa mais fácil do mundo. Vocês acham que eu precisava de tornar-me presidenciável depois de ter ganhado em todo lado? Isto é como no futebol: não tiras o quarterback de uma equipa que está a vencer, pois não?" Um lobo será sempre um lobo e nunca um cordeiro.

O bilionário candidato republicano (ou será suprarepublicano) às eleições presidenciais dos EUA venceu os cinco estados da Costa Leste envolvidos na Super Tuesday desta madrugada: Maryland, Connecticut, Pensilvânia, Delaware e Rhode Ilsand. E não foram vitórias magras mas gordas sobre John Kasich e Ted Cruz, os outros dois republicanos que já tinham prometido juntar-se para tramar Trump na Convenção Aberta. Donald diz que o melhor que eles têm a fazer é porem a viola no saco, porque quem vai a votos para ser presidente é ele. Gostem ou não gostem.

É simples. Os democratas não gostam de Trump. Os republicanos não gostam de Trump. Muitos americanos gostam de Trump. E gostam dele na versão crua, misógina, racista e populista, e por mais que Paul Manafort, o assessor contratado para conter o que não se contém, se esforce, Trump é o que é. E Trump também gosta de Trump e, sobretudo, gosta de ser Trump.

Ora leia: "Eu acho que a única coisa que a Hillary Clinton tem a favor dela é ser mulher. A ´serio, não tem mais nada a favor dela. Se ela fosse um homem, não teria sequer 5% dos votos. E o mais incrível nisto tudo é que nem as mulheres gostam dela, ok?" Quando Trump disse isto, em frente à Trump Tower (Freud poderia explicar), tinha nas suas costas Mary Pat Christie, mulher de outro ex-candidato republicano, Chris Christie.

A tática de Trump resultou e agora chega a segunda fase da sua estratégia: atacar Hillary Clinton ad hominem. Hillary bateu Bernie Sanders em quatro dos cinco estados e muito teria de mudar para não ser ela a candidata democrata à presidenciais. Trump vai vestir-se de macho alfa, repetir que Hillary "é fraca e não tem resistência para fazer frente aos chineses" e que "não percebe nada de emprego".

E Hillary, escrevem o Guardian e o New York Times, tentará distanciar-se da guerrinha pessoal para tentar marcar a diferença para o adversário. No discurso de ontem, não fulanizou a questão: "Um democrata, um independente ou um republicano com consciência, sabe que a outra proposta não vai criar uma América com mais oportunidades e menos desigualdades".

OUTRAS NOTÍCIAS

Hoje apresenta-se o Programa de Estabilidade no Parlamento, que não irá a votos, pelo que o que Jerónimo disse ontem ("O PCP não apoia esse Programa") pouco conta. O que realmente conta, porque são contas, é o défice, que piorou €108 milhões relativamente aos três meses do ano passado. O PS disse, a dois tempos, que está tudo bem com a execução orçamental, por Carlos César e Mário Centeno, mas aUTAO e o Conselho de Finanças Públicas desconfiam.

Para desconfianças bastam estes dígitos: o Estado, o nosso Estado, tem 148 milhões de euros em paraísos fiscais, em Jersey (Canal da Mancha) e na Jordânia. O João Silvestre explicou a história noExpresso Diário de ontem

Está por perceber-se o que terá acontecido no Monte Txota, em Cabo Verde. São 11 mortos, oito militares e três civis, alegadamente vítimas de Manuel António Silva Ribeiro, um soldado que terá confessado aos familiares a autoria dos homicídios. A informação é da Oceanpress.

Ainda das coisas que não se percebem, um grupo de rapazes e raparigas saiu de uma discoteca, tentou comer fora de horas numa loja de kebab no Cais do Sodré e instalou-se a confusão. Houve um salto a pés juntos nas costas do dono, a espátula de desfiar carne na mão do dono e na cara de quem o pontapeou, um tiro de uma pistola de um tipo na cara de toda a gente, várias fontes da PSP que identificaram os autores do caos, e mais um caso da noite que está a ser investigado. O Expresso Diário escreveu sobre o assunto aqui.

Para quem, como eu, perde o rasto ao tempo: a Espanha andava há cinco meses sem governo e ninguém se entendeu para a formação de um executivo que envolveria uma espécie de geringonça de esquerda (diz-se artilugio do lado de lá da fronteira) à qual faltou combustível para arrancar. Posto isto, o Rei de Espanha, escreve o El Pais, não propôs nenhum candidato para liderar e convocou novas eleições, para junho.

Em junho há Europeu de futebol e o Super-Homem português não está como o aço. É uma das três verdades universais: todos morremos, mais cedo ou mais tarde; todos pagamos impostos, mais ou menos, e Cristiano Ronaldo marca golos, mais do que os que falha.Sem ele, em Manchester, frente ao City, o Real Madrid ficou a zero e deixou tudo para a segunda mão da meia final da Liga dos Campeões. A Mariana Cabral explica-lhe o que aconteceu. Hoje, há Atletico de Madrid vs. Barcelona (19h45), um confronto de ideias e de formas diferentes de estar na vida.

Da vida para a morte. Ontem, em Inglaterra, só se falou de Hillsborough, a tragédia que matou 96 adeptos de futebol durante um jogo que opôs o Liverpool ao Nottingham Forest, a 15 de abril de 1989. Nos anos que se seguiram, construiu-se a narrativa segundo a qual a culpa era dos fãs do Liverpool, mas um primeiro inquérito independente, em 2012, concluiu o contrário, após serem conhecidas provas que tinham sido escondidas pela polícia; ontem, o fecho de outro inquérito concluiu que quem matou os 96 adeptos foram as falhas da polícia, da organização e da reposta das ambulâncias. Vale a pena ler este texto do Guardian, ver este vídeo também do Guardian, e ouvir o relato de um radialista que lá esteve.

Para ouvir, ler e ver, a Beyoncé fez o seguinte: lançou um álbum que é um filme, que é uma variante do documentário autobiográfico, que tem a história dela e do marido, Jay-Z, que a traiu e ela não gostou. E ela escreveu sobre isso, cantou sobre isso, dançou sobre isso, claro, e convidou muita gente a participar nisto (de Serena Williams a Father John Misty) - e a plataforma que ela usou para partilhar o trabalho foi o Tidal, que é do marido. Irónico. O Público dá-lhe cinco estrelas e diz que este é o seu "Purple Rain". O Guardian, a Slate e a Time,entre outras publicações, também se renderam ao que ela fez e, sobretudo, ao que ela é: corajosa e temível.

Da série, jornais:

O Público faz manchete com o horário da GNR, que será de 40 horas semanais.

O Diário de Notícias escreve que será difícil o consenso pedido por Marcelo Rebelo de Sousa entre PS, PSD e CDS porque há coisas que os separam do as que os unem (Segurança Social, proporcionalidade na AR e exigências para a banca).

O Jornal de Notícias garante que as multas de trânsito estiveram paradas durante meio ano e faz alusão, também, a uma história macabra: o corpo de uma portuguesa foi encontrado desmembrado, em Leipzig, na Alemanha.

O Correio da Manhã usa a palavra arrastão para definir a rixa no Cais do Sodré.

O Jornal de Negócios titula que "Bloco e PCP não votam, mas chumbam as contas de Costa"

FRASES

"Se pudesse voltar atrás teria actuado da mesma forma" Azeredo Lopes, ministro da Defesa Nacional, durante uma comissão parlamentar na qual garantiu que o general Frederico Rovisco Duarte, Chefe do Estado-Maior do Exército, pediu que fosse feita uma inspecção ao Colégio Militar após as denúncias de discriminação por orientação sexual."

"Estamos a ser a cobaia [da banca[" Vítor Bento, em entrevista ao Observador

"Isto não pode continuar no ténis. Não se pode falar e acusar sem ter provas. Por favor, tornem públicas as minhas informações, o meu passaporte biológico e toda o meu historial de controlos antidoping e testes" Rafael Nadal escreveu uma carta aberta à Federação Internacional de Ténis (ITF). No mesmo dia, disse que ia processar a antiga ministra do desporto francesa, Roselyne Bachelot, por insinuações.

"A monarquia é a face da supremacia branca. O Prince era mais 'real' que a Rainha Isabel". Morrissey sendo Morrissey.

O QUE ANDO A LER

Vou lendo, espaçadamente, duas biografias que nada têm de novo (porque têm anos) e que nada têm a ver uma com a outra.

A primeira é Life, de Keith Richards. É um livro que obriga releituras, não pela linguagem ou pelo pensamento do autor, mas porque tudo nos parece tão inacreditável que contado ninguém acreditaria. Fico com a ideia que não há nada que o guitarrista dos Rolling Stones não tenha feito - e sobreviveu a tudo.

A segunda é Messi, de Guillem Balagué. E este também é um livro que obriga a releituras, porque são muitos os nomes dos intervenientes que aparecem para contar o seu quinhão de experiências com o argentino. Família, amigos de infância, colegas de balneário de hoje e de ontem, agentes, olheiros, treinadores, etcetera. Fico com a ideia de que não há nada que o futebolista do Barcelona não consiga fazer com uma bola nos pés depois de ter sobrevivido a um físico pouco saudável.

Por hoje é tudo. Acompanhe-nos no Expresso, no Expresso Diário (às 18h) e tenha um bom resto de dia.

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