@Verdade,
editorial
Um
mero olhar sobre os acontecimentos do país é notório que estamos longe de ser
um país normal, onde os moçambicanos gozam os seus direitos de forma plena e
têm a liberdade de fazer as suas escolhas. É bom que se diga que a insana
ambição declarada de alguns moçambicanos, particularmente frelimistas, em
reduzir o esforço dos moçambicanos à insignificância, propalando a ideia
segundo a qual os indivíduos que têm opinião contrária ao regime da Frelimo é
inimigo e perseguem interesses obscuros ou estão simplesmente ao serviço de
estrangeiros empenhados em empurrar a bela “Pérola do Índico” para o abismo.
É
preciso que se compreenda que a diversidade é um factor que enriquece uma
sociedade, ou um país. E os que pensam de modo diferente não são, de modo
algum, inimigos. Porém, infelizmente alguns moçambicanos ainda não
compreenderam isso. Não deveria haver dúvidas que as posições que assumimos são
parte fundamental do esforço colectivo de edificação desta pátria. Todos
queremos uma nação justa e próspera. Uma nação em que ninguém tenha de ficar
preocupado se a Justiça ou a Polícia vira defendê-lo ou condená-lo com base nas
suas cores políticas.
Este
comportamento, digamos demente, encontra fundamento na seguinte situação:
grande parte dos moçambicanos cresceu ou foi criado debaixo da árvore do
monopartidarismo; desde a infância, centenas de milhares de moçambicanos
nutriram-se (e continuam a nutrir-se) de discursos demagógicos segundo os quais
quem tiver ideias diferentes é inimigo, está contra o desenvolvimento, não pode
ser patriota e deve ser veemente combatido.
Ontologicamente,
por razões históricas, alguns moçambicanos acreditam que apenas um partido tem
o direito legítimo de conduzir a nau desta nação. É dentro dessa realidade que
assistimos impávidos à partidarização do Aparelho do Estado, da sociedade
moçambicana e, consequentemente, resulta na intolerância política, para além de
vermos atitudes como a do Serviço Nacional de Salvação Pública que forneceu à
residência do água ao ex-comandante-geral da Polícia, numa altura em milhares
de moçambicano debatem-se com a crise do precioso líquido.
É,
diga-se em abono da verdade, caricato o facto de a Procuradoria-Geral da
República comunicar o adiamento do resultado da auditoria internacional às
dívidas escondidas contraídas por Armando Guebuza e seus títeres do partido
Frelimo, com a desculpa de que se pretendia desenvolver o país.
Os
moçambicanos, erradamente, têm sido levados a acreditar em tudo que reluz como
sinal de desenvolvimento, quando na verdade reflecte o sucesso material de um
indivíduo ou grupo de indivíduos pertencentes a Frelimo. O desenvolvimento,
portanto, de um país não se mede pelo sucesso de meia dúzia de empresários
ligados ao poder, mas pelo desenvolvimento sócio-cultural da população, pela capacidade
dela organizar-se para ser protagonista e quando é dotada de consciência
crítica.
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