quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Portugal. Forças Armadas. O EXEMPLO NÃO VINHA DE CIMA?



Pela segunda vez em menos de ano, o topo da hierarquia militar é abalado por acontecimentos que nos mostram que também nas Forças Armadas o exemplo já não vem de cima!

AbrilAbril, editorial

O exemplo e a confirmação disso mesmo estava estampado na primeira página do Diário de Notícias (DN) do passado sábado, onde brilhava o título «Trapalhada com Generais - Uma Demissão, Uma Exoneração Antecipada e Uma Vaga Criada à Medida».

Tudo isto acontece alguns meses após o Correio da Manhã (CM) especular sobre uma eventual «conspiração de almirantes», ao melhor estilo da América Latina dos anos 60/70, notícia que mergulhou num silêncio tumular por parte dos mais altos responsáveis políticos e militares.

Desta vez, à luz da notícia do DN, tratar-se-á de uma manigância, com o alto patrocínio do general que ocupa o topo da cadeia hierárquica militar, com o objectivo de promover um oficial, ao que parece com protecção à prova de bala, e que deveria ter transitado para a situação de reserva se a normalidade das regras e da legislação tivesse sido cumprida.

Neste caso, ao contrário do que aconteceu com a notícia do CM, a montanha política moveu-se e um partido chegou-se à frente. Talvez porque as notícias surgem sustentadas em factos concretos, o PCP, segundo o DN de ontem, questionou o Ministro da Defesa Nacional (MDN) através de um requerimento parlamentar sobre as condições do Chefe do Estado-Maior General das Força Armadas para se manter no desempenho do cargo.

Também a Associação Nacional de Sargentos exige esclarecimentos e sublinha que os «cidadãos militares que servem o País nas Forças Armadas, com denodo, dedicação, espírito de entrega e de cumprimento do juramento feito, não podem ficar, todos, sob suspeita nem podem ser, eventualmente, alvo dos efeitos nocivos que a prática relatada neste artigo poderá causar».

E se, no caso da Marinha, mesmo com uma providência cautelar, com um vice-almirante sem funções há meses e com um comando funcional sem titular, o poder político continua a assobiar para o ar, neste caso deverá ser mais difícil ao MDN passar pelo intervalo dos pingos da chuva.

Por fim, não vamos esperar que o Comandante Supremo das Forças Armadas, a quem alguns acusam de falar de tudo e de nada, se pronuncie publicamente sobre o caso, mas que exerça a sua magistratura de influência para que tudo não fique na mesma!

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