Pela
segunda vez em menos de ano, o topo da hierarquia militar é abalado por
acontecimentos que nos mostram que também nas Forças Armadas o exemplo já não
vem de cima!
AbrilAbril,
editorial
O
exemplo e a confirmação disso mesmo estava estampado na primeira página do
Diário de Notícias (DN) do passado sábado, onde brilhava o título «Trapalhada
com Generais - Uma Demissão, Uma Exoneração Antecipada e Uma Vaga Criada à
Medida».
Tudo
isto acontece alguns meses após o Correio da Manhã (CM) especular
sobre uma eventual «conspiração de almirantes», ao melhor estilo da América
Latina dos anos 60/70, notícia que mergulhou num silêncio tumular por parte dos
mais altos responsáveis políticos e militares.
Desta
vez, à luz da notícia do DN, tratar-se-á de uma manigância, com o alto
patrocínio do general que ocupa o topo da cadeia hierárquica militar, com o
objectivo de promover um oficial, ao que parece com protecção à prova de bala,
e que deveria ter transitado para a situação de reserva se a normalidade das
regras e da legislação tivesse sido cumprida.
Neste
caso, ao contrário do que aconteceu com a notícia do CM, a montanha
política moveu-se e um partido chegou-se à frente. Talvez porque as notícias
surgem sustentadas em factos concretos, o PCP, segundo o DN de ontem,
questionou o Ministro da Defesa Nacional (MDN) através de um requerimento
parlamentar sobre as condições do Chefe do Estado-Maior General das Força Armadas
para se manter no desempenho do cargo.
Também
a Associação Nacional de Sargentos exige esclarecimentos e sublinha que os
«cidadãos militares que servem o País nas Forças Armadas, com denodo,
dedicação, espírito de entrega e de cumprimento do juramento feito, não podem
ficar, todos, sob suspeita nem podem ser, eventualmente, alvo dos efeitos
nocivos que a prática relatada neste artigo poderá causar».
E
se, no caso da Marinha, mesmo com uma providência cautelar, com um
vice-almirante sem funções há meses e com um comando funcional sem titular, o
poder político continua a assobiar para o ar, neste caso deverá ser mais
difícil ao MDN passar pelo intervalo dos pingos da chuva.
Por
fim, não vamos esperar que o Comandante Supremo das Forças Armadas, a quem
alguns acusam de falar de tudo e de nada, se pronuncie publicamente sobre o
caso, mas que exerça a sua magistratura de influência para que tudo não fique
na mesma!
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