O
Secretário-Geral da ONU, António Guterres, quando foi eleito, foi visto de modo
muito positivo e esperançoso por parte de imensos milhares de milhões de cidadãos
do mundo. Esses mesmos criaram a expetativa de que o seu desempenho naquele
cargo viria a contribuir significativamente para a paz, mais e maior respeito
pelos direitos humanos, etc. Não aconteceu assim e já lá vão 100 dias do seu
desempenho no cargo. Dias que foram marcados por uma ação censória do SG sobre
o diferendo (se assim se pode chamar) Israel-Palestina. Ação censória de um
relatório que mostrava quanto Israel infringe os direitos humanos e outras
regras através da sua criminosa atuação contra a Palestina e seus cidadãos. Guterres
simplesmente ordenou que o relatório fosse retirado de publicação pública, o
que claramente condenou ao limbo o conhecimento e o esclarecimento dos cidadãos,
proporcionando proteção e vantagem a Israel.
Vem
agora a Amnistia Internacional criticar o secretário-geral da ONU apontando
falta de ação e assertividade a Guterres. Sustentando essas criticas com
factos. O que pode ler na íntegra se continuar a ler. Temos assim que nos 100
dias de Gueterres houve inação e muita desilusão, ao contrário do que se esperava quando
da sua eleição. (CT / PG)
Amnistia
Internacional aponta falta de ação e assertividade a Guterres
Os
100 primeiros dias de António Guterres à frente das Nações Unidas ficam
marcados pela "completa inação" no conflito do Iémen e pouca
assertividade na questão dos colonatos israelitas em Gaza, na análise de uma
alta responsável da Amnistia Internacional.
"Entramos
no reino em que a Amnistia Internacional já mostra preocupação. Uma das
principais áreas, para nós, é o conflito do Iémen. Ele [Guterres] disse que
este é um dos principais temas que iria atacar e ouvimos coisas muito positivas
sobre a forma como gosta de se envolver pessoalmente na mediação. No entanto,
não vimos nada", disse à agência Lusa a diretora do gabinete da Amnistia
Internacional junto das Nações Unidas, em Nova Iorque.
"Não
vimos qualquer ação, quaisquer esforços tangíveis. Apesar das viagens que ele
fez à região há uns meses, logo no início do seu mandato", realçou Sherine
Tadros, britânica de origem egípcia que assumiu a liderança do gabinete da
Amnistia Internacional na ONU em 2016.
As
agências da ONU têm reportado o Iémen como "o maior desastre
humanitário" que têm em mãos, com várias áreas em situação de fome e uma
ameaça de fome generalizada.
"O
que está ele a fazer para pressionar a Arábia Saudita, a coligação [árabe] para
parar esta guerra? O que está ele a fazer para mediar entre os huthis
(rebeldes) e os sauditas? Não vemos esforços", afirmou a antiga
jornalista.
O
governo do Iémen, apoiado por uma coligação árabe liderada pela Arábia Saudita,
tem vindo a combater uma insurreição armada de rebeldes huthis (apoiados pelo
Irão) pelo controle do país. Desde 2015, a guerra já fez mais de 7 mil mortos.
Sherine
Tadros também se mostrou "desiludida" com a ação de Guterres na
questão dos colonatos israelitas em Gaza, nomeadamente quanto à resolução 2334,
adotada pelo Conselho de Segurança da ONU no final do ano passado e que condena
a ação israelita.
"Em
vez de apresentar um relatório escrito sobre a falta de aplicação da resolução
por parte de Israel, o Secretário-Geral mandou um dos seus enviados fazer um
'update' oral - sem nada escrito - aos membros do Conselho de Segurança",
criticou Sherine Tadros.
Para
Tadros "isto mostra que Guterres não usou na totalidade os poderes que lhe
foram dados pela resolução para trazer Israel à responsabilidade".
Sobre
a questão da Síria, Tadros considera que "mais uma vez vimos Guterres a
dizer todas as coisas certas e a exigir moderação".
"Mas
ainda está por ver como é que ele poderá ajudar a unir o Conselho de Segurança.
Esta é a guerra que define [a futura prevenção de conflitos]. Tem de haver
ação, se não num cessar-fogo, pelo menos na questão dos refugiados",
apelou.
A
diretora da Amnistia Internacional ressalvou que é "sempre muito difícil
fazer uma apreciação dos 100 primeiros dias", mas disse que existe na ONU
uma expectativa "de que Guterres faça imensas coisas, porque vem da agência
para os refugiados".
Por
outro lado, a Amnistia -- que considera "muito positivo" o
envolvimento de Guterres com a sociedade civil -- destacou, sobretudo, "o
compromisso de Guterres quanto à igualdade de género".
"Aqui
tem sido mais do que palavras. Temos visto ação", disse Sherine Tadros,
dando como exemplo a nomeação de três mulheres para cargos de muito alto nível
no gabinete executivo.
Também
em declarações, por escrito, à Agência Lusa o presidente do Comité
Internacional da Cruz Vermelha enalteceu a abordagem de Guterres virada para
enfocar a ONU nas "soluções políticas" e na "prevenção dos
conflitos".
"Esta
abordagem vai dar grande apoio à comunidade humanitária internacional, como um
todo, na redução das necessidades das pessoas, na assistência e na
proteção", considerou Peter Maurer.
Para
o responsável máximo da Cruz Vermelha, a ação do novo secretário-geral
"tornou mais fácil dar uma resposta à fome em vários países".
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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