Martinho Júnior, Luanda
1-
Menos de três meses desde que começou a preencher o lugar da Casa Branca, o
novo Presidente de turno rende-se e reduz-se à insignificância de todos os
anteriores, enquanto sargentos-às-ordens da aristocracia financeira mundial,
mais concretamente do núcleo duro do “abrangente” grupo belicista,
que responde à agenda de defesa do dólar como irrevogável moeda padrão das
transacções internacionais, sobretudo as ligadas aos produtos energéticos, num
quadro prevalecente de hegemonia unipolar.
A
moeda padrão está refém da poderosa banca privada de famílias tradicionais
oriundas da velha Europa, conforme denunciou Louis McFadden e por isso o
papel-moeda continua a ser reproduzido pela banca privada, o que propulsa o
esforço militar e o militarismo “além mar”, num ciclo vicioso que a
administração Trump e seus aliados “protecionistas” não conseguirão
reverter.
Impossível
reverter também alterações substanciais ao valor das matérias-primas, por muito
raras que elas sejam: é a aristocracia financeira mundial, em função do seu
domínio avassalador assenhoreado com a manipulação global do dólar, que dita a
regra de todos os jogos, reservando para si o mais suculento por via de
carteis, ou de consórcios que há muito eliminaram qualquer veleidade de
concorrência.
Sendo
esse o único plano estratégico em vigor de âmbito unipolar, a hegemonia
unipolar obrigando a “formatação” de Trump à sua determinação, lança
mão de todos os planos constituintes de ingerência, manipulação, caos,
terrorismo e domínio no absoluto, pelo que qualquer que seja o inquilino na
Casa Branca, qualquer que seja o programa eleitoral com que cada novo inquilino
for eleito, é essa a trilha a cumprir e ponto final no assunto.
2-
Os Estados Unidos e seus aliados-vassalos (os da NATO e os das monarquias
arábicas), estão por dentro da gestação do caos e do terrorismo, enquanto armas
que são atiçadas contra qualquer tipo de obstáculo que não aceite as regras de
domínio da hegemonia unipolar, ou se proponha à concorrência.
Desde
logo foi assim quando o caos e o terrorismo enquanto plasma de acção
neoliberal, fizeram desaparecer do mapa euroasiático o socialismo enquanto
conduta de um dos campos concorrentes da “Guerra Fria”!
O
enredo da criação de organizações vinculadas ao caos e ao terrorismo, de sua
orientação e da exploração dos mais odiosos métodos que elas empregam (o
emprego por exemplo de armas proibidas), inscreve-se no exercício do domínio da
hegemonia unipolar vitoriosa, que para levar a efeito maquiavelicamente a
desestabilização (os fins justificam os meios), desde a guerra no Afeganistão
ocorrida no tempo da administração de Ronald Reagan que desenvolve capacidades
psicológicas de largo espectro, que “invadiram” os media de
referência e são as razões profundas da sobrevivência desses órgãos de
comunicação pública.
O
carácter do capitalismo neoliberal que apaga do mapa qualquer hipótese de
concorrência, é o fluido condutor para todos os interesses e actos de
conveniência da aristocracia financeira mundial, desde as operações bancárias
tuteladas pelos mais poderosos privados, aos meandros da implantação das novas
tecnologias em função da corrente Revolução Tecnológica, até à proliferação de
bases militares (já vão em 800 espalhadas pelo mundo) tensões, conflitos e
guerras “assimétricas”capazes de criar armadilhas e surpresas aos incautos
emergentes, procurando fazer com que sua concorrência, por fim, morra no ovo!
3-
A evolução da situação no Médio Oriente indicia atingir um clima envenenado no
superlativo, pois a rendição de Trump ao “diktat” pode constituir um
acto escalonado no tempo e no espaço capaz de se reflectir em múltiplas nuances “assimétricas” a
fazer evoluir em ordem geométrica, que incluem e arrastam as nuances “soft
power”.
É
fácil criar, onde quer que seja, justificação para uma qualquer aumento de
tensão, conflito, ingerência, manipulação ou agressão… não haverão travões
capazes de impedir a forja de justificações, nem o uso e abuso de pretextos,
não sendo para a aristocracia financeira mundial muito de preocupar sequer as
questões tradicionais que se prendem aos relacionamentos internacionais cuja
arquitectura remonta ao período que se seguiu imediatamente à IIª Guerra
Mundial, algo que o capitalismo neoliberal se encarregou de varrer para as
calendas gregas do “fim da história”...
A
forja das contradições está na mão do 1% que constitui a aristocracia
financeira mundial e assim elas podem surgir do nada, ou desaparecer, ou apenas
mudar de intensidade, ou de lugar… tudo isso para que os 99% se vão
autodiluindo, esquecendo a razão do seu antagonismo face ao avassalador domínio
imposto.
É
esse o quadro com que devem contar os emergentes multipolares!
O
medo e a violência no colectivo por outro lado, moldam as comunidades, as
nações e os povos, colocando-os em “ponto rebuçado” para as condutas
privilegiadas de propaganda, contrapropaganda, mentira deliberada, omissão de
factos e passagem de todo o tipo de mensagens que o domínio avassalador
pretenda a seu bel prazer fazer passar!
O
ambiente e os cenários que se vivem são mesmo próprios duma IIIª Guerra Mundial“assimétrica” e
o objectivo maior no fundo, é a tomada da inteligência e da alma cultural dos
povos em todo o mundo, reduzindo-os à impotência e colocando-os à descrição da
barbárie acumulada, ela própria o maior segredo dos negócios que visam dar
lucro quando a concorrência é eliminada do mapa.
No
Médio Oriente o plano geoestratégico maior que constitui a “rota da seda”,
da qual faz parte a rede de oleodutos e gasodutos russos, sofre em cheio os
efeitos da subversão “assimétrica” nos termos precisos da IIIª Guerra
Mundial e a administração Trump ao render-se a esse “diktat”, dá
oportunidade a jogos ainda mais perigosos e radicais que os levados a cabo
pelas administrações antecedentes!
Imagens:
contra os antecedentes que são factos de avassalador domínio, nenhum argumento
eleitoralista é válido e os obstáculos, na continuação da saga neoliberal que
anima a hegemonia unipolar, correm o risco de serem reduzidos a pó!
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