Filipe
Nyusi não só sabia como foi um dos arquitectos dos empréstimos ilegais da
Proindicus, EMATUM e MAM
Há
cerca de seis meses o @Verdade revelou que Filipe Jacinto Nyusi
estava a par do processo de endividamento ilegal das empresas estatais
Proindicus, EMATUM e MAM. Documentos oficiais tornados públicos anonimamente
indicam que o então ministro da Defesa Nacional, no Governo de Armando Guebuza,
foi um dos principais arquitectos dos empréstimos secretos que violaram a
Constituição da República e as leis Orçamentais de 2013 e de 2014. Faz por isso
sentido que o agora Presidente de Moçambique, em vez de repudiar ao pagamento
dos mais de 2 biliões de dólares norte-americanos em dívidas ilegais, esteja a
transforma-las em Dívida Pública, de todos os moçambicanos.
Criada
em Dezembro de 2012, sob tutela do Ministério da Defesa Nacional dirigido por
Filipe Nyusi(2008 - 2014), a Proindicus, S.A., é a “empresa-mãe” dos
empréstimos ilegais. Tem como accionistas a Monte Binga, S.A., - outra empresa
estatal sob tutela de Nyusi, criada em 2007 “no quadro da intervenção directa e
activa do Sector da Defesa no desenvolvimento económico, social e humano” - e a
GIPS (Gestão de Investimentos, Participações e Serviços, Limitada) - empresa
participada pelos Serviços Sociais do Serviço de Informação e Segurança do
Estado (SISE).
“A
Proindicus foi financiada em Fevereiro de 2013. Inicialmente queríamos 2
biliões de dólares, 2,5 e 3 biliões. Se conseguíssemos todo, ao abrigo da
Proindicus, já não precisávamos de ir para as outras, a actividade de pesca
encontrávamos uma forma de se fazer. Mas quando a Proindicus faz a primeira
operação de financiamento de 372 e depois tem o segundo acréscimo, o banco
financiador, que é o Credit Suísse... foi através do sindicato bancário, já não
conseguiu mobilizar mais. Os investidores, os bancos que participaram do
sindicato já começavam a mostrar algum sinal de desconforto porque o passivo da
empresa é enorme num País como Moçambique quando não há (experiência) quando
está tudo a começar tudo de zero. A solução foi parcelar as actividades. Para nós
a Proindicus faria tudo, até estaleiros, centros de manutenção, porque era tudo
fechado. Tudo FDS(Nota do Editor: Forças de Defesa e Segurança, tuteladas por
Filipe Nyusi). A operação de financiamento da Proindicus foi tão bem-sucedida
do ponto de vista de conseguir os meios e a informação não sair”, declarou
António Carlos do Rosário, director da Proindicus, S.A., à Comissão Parlamentar
de Inquérito à situação da Dívida Pública.
Documentos
oficiais tornados públicos anonimamente no final da semana passada confirmam
que o então ministro da Defesa Filipe Nyusi não só estava a par das operações
da empresa Proindicus como também teve um papel activo na sua implementação no
âmbito do Sistema Integrado de Monitoria e de Protecção(SIMP).
Criado
a 31 de Dezembro de 2013 através do Decreto 91/2013 do Conselho de Ministros,
assinado por Alberto Vaquina, primeiro-ministro na altura, a “gestão e
implementação do SIMP é da responsabilidade das Forças de Defesa e Segurança”,
portanto sob a alçada do ministro da Defesa Nacional, Filipe Nyusi.
Porém
antes da criação do SIMP, em Setembro de 2013, o ministro Filipe Nyusi, de
acordo com uma carta tornada pública e assinada pela sua Chefe de Gabinete,
Amelta Muiquija, instrui a empresa Proindicus a “Juntamente com os juristas consolidar”
as contribuições sobre o Ante-projecto de Decreto que cria o Sistema integrado
de Protecção da Zona Económica e Exclusiva de Moçambique.
Nyusi
já legalizou dívida da EMATUM e vai legalizar os empréstimos da Proindicus e MAM
Numa
outra missiva, datada de Janeiro de 2014, endereçada ao então ministro das
Finanças, Manuel Chang(que assinou as Garantias ilegais do estado), o
ministro Filipe Jacinto Nyusi submete “para apreciação e formalização” a
proposta de “Contrato de Concessão do SIMP, a ser celebrado pelo Governo de
Moçambique e a Proindicus, S.A., bem como a proposta de Diploma Ministerial
destinado a consignação de receitas a favor da INAMAR”.
Aliás
o @Verdade revelou que o contrato de concessão do empréstimo entre o banco
suíço e a Proindicus foi assinado por um assessor do então ministro da Defesa,
Filipe Nyusi, Eugénio Henrique Zitha Matlaba na qualidade de Presidente do
Conselho de Administração da empresa.
Desde
que se tornou Presidente de Moçambique, e depois da descoberta da extensão dos
empréstimos ilegais, Filipe Jacinto Nyusi assumiu como compromisso do seu
Governo pagar as dívidas da Proindicus, Empresa Moçambicana de Atum(EMATUM) e Mozambique Asset Magement(MAM) embora a Assembleia da
República e o Tribunal Administrativo já tenham considerado que as Garantias
que o Estado emitiu violaram a Constituição da República e as Leis Orçamentais
de 2013 e de 2014.
Em Julho de 2016 o Governo de Nyusi legalizou a dívida inconstitucional
da EMATUM ao incorpora-la na Conta Geral do Estado de 2014 que foi
aprovada com os votos dos deputados do partido Frelimo na Assembleia da
República.
As
dívidas ilegais da Proindicus e da MAM deverão ser legalizadas, usando o mesmo
artifício, ainda durante a V Sessão Ordinária da VIII Legislatura da Assembleia
da República que está em curso.
Recorde-se
que as dívidas destas três empresas estatais totalizam 2,007 biliões de dólares
norte-americanos.
Investigações
do @Verdade apuraram que a implementação do Sistema Integrado de Monitoria e de
Protecção foi orçada em 372 milhões de dólares norte-americanos pelo
construtor naval Privinvest Shipbuilding SAL, que também forneceu as embarcações de guerra e de pesca por 350 milhões de
dólares norte-americanos. Existem portanto mais de 1,2 bilião de dólares
cujo uso não está justificado.
Na
Assembleia da República o actual ministro da Economia e Finanças, Adriano
Maleiane, afirmou que os mais de 2 biliões de dólares foram disponibilizados
pelos bancos directamente para o construtor naval, o grupo Privinvest que tem
sede em Beirute no Líbano, e que todo o dinheiro já foi gasto.
Está
em curso um Auditoria Internacional às empresas Proindicus, EMATUM e MAM,
cujos termos de referências não são públicos, mas espera-se que apure de que
forma foi gasto o dinheiro que os moçambicanos têm de pagar mas também quem
efectivamente o recebeu.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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