A
notícia já tem uma semana mas é de realçar a ação que os partidos da oposição
moçambicana puseram em prática durante a visita do ditador Obiang a
Moçambique: boicotaram a ida de Teodore Obiang ao parlamento, por discordia com a pena de morte que ainda não foi abolida definitavente na Guiné Equatorial, perante a passividade da CPLP.
Da nossa lavra (PG), quase fora do contexto, é de salientar a pérola que na comunicação social da lusofonia abunda sobre Teodore Obiang. Teodore (do francês) e não o recém aportuguesado Teodoro. Muda de nome por ter aderido à CPLP? Que camaleão consentido pelos média, por muitos média, demasiados.
Aqui tem a
seguir, via Deutsche Welle, para que tome conhecimento. Apesar de conhecimento adquirido
tardiamente, como nós, é sempre bom saber que a resistência ao ditador e assassino
Obiang nos países da CPLP existe. Neste caso em Moçambique. Parece que o mesmo
não acontece com Angola nem com outros países da CPLP. Antes pelo contrário,
recebem o ditador com mordomias.
Continue a ler, para saber mais. (CT / PG)
Oposição
boicota visita de Teodoro Obiang ao Parlamento moçambicano
RENAMO
e MDM criticaram a visita do Presidente da Guiné Equatorial a Moçambique.
Questão da abolição da pena de morte no país de Obiang voltou a ser levantada.
Os dois países assinaram três acordos de cooperação.
A
oposição parlamentar em Moçambique boicotou, esta quinta-feira (06.04), a
visita do Presidente da Guine Equatorial, Teodoro Obiang, àquele órgão
legislativo. Como fizeram saber, os partidos da oposição não irão marcar
presença em qualquer ato oficial enquadrado na visita de três dias que Obriang
está a efetuar a Moçambique, desde quarta-feira, e a convite do seu homólogo,
Filipe Nyusi.
RENAMO
e MDM criticam
Ivone
Soares, chefe da Bancada da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO),
explicou que a bancada parlamentar do seu partido "não se compactua”
com países ou personalidades que vêm na pena de morte” ou no "golpe de
Estado uma solução”.
Também
José de Sousa, deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM),
abordou a questão da pena de morte. O responsável afirma ser
"estranho” convidar-se para uma visita a Moçambique, um "indivíduo
que defende aquilo que a nossa Constituição não permite, por exemplo, a pena de
morte”. "A pergunta que não se quer calar é esta: o que é que o nosso
país quer aprender ou partilhar com este Senhor, um autêntico ditador a
moda antiga?”, interroga.
Já
a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) considerou que a visita é
bem vinda. Margarida Talapa, chefe da bancada do partido no poder, dá conta que
o Presidente da Guiné Equatorial "vem com uma agenda bem definida para
troca de experiências”. "Todas as áreas que ouvimos aqui estão na
mesa de negociações”, acrescenta.
Moçambique
é um dos países que se bateu pela adesão da Guiné Equatorial como membro da
Comunidade de Estados de Língua Portuguesa (CPLP), concretizada em 2014.
"Fizémo-lo para valorizar e eternizar a história comum de irmandade que
nutre a unidade dos nossos povos e países”, explicou o Presidente Filipe Nyusi.
Por
seu turno, o Presidente Teodoro Obiang, defendeu o divórcio de África das
potências estrangeiras, sublinhando que o desenvolvimento do continente está
nas próprias mãos dos africanos e no intercâmbio entre si. Para o presidente da
Guiné-Equatorial, esta "é a única maneira de salvaguardar a nossa
independência política, a soberania dos nossos Estados e o desenvolvimento
genuíno das nossas sociedades”.
Assinatura
de acordos
No
quadro da visita, os chefes das diplomacias de Moçambique e da Guiné
Equatorial, Oldemiro Baloi e Domingo Mituy, respetivamente, assinaram um acordo
geral de cooperação económica, cultural, científica e técnica, um acordo para o
estabelecimento de uma comissão conjunta de cooperação e um memorando sobre
consultas políticas e diplomáticas.
Enfoque
particular será dado à exploração de hidrocarbonetos, tendo a Guiné Equatorial
manifestado abertura para cooperar em diferentes fases - "desde a
contratação, passando pela exploração até à comercialização, incluindo os
cuidados que se deve ter na negociação dos preços de venda, de modo a garantir
maiores benefícios ao país produtor”, disse Oldemiro Baloi.
Teodoro
Obiang visitou, esta quinta-feira, o porto de Maputo, depositou uma coroa
de flores na Praça dos Heróis e recebeu a chave da cidade de Maputo, no
Conselho Municipal.
Vontade
em abolir a pena de morte?
A
abolição da pena de morte foi um dos compromissos assumidos pela Guiné
Equatorial para aderir à CPLP. Um governante daquele país recordou,
recentemente, que a organização comprometeu-se em dar o seu apoio nesse
sentido, durante a última cimeira da CPLP, em Brasilia.
Quisemos
saber, junto do analista Fernando Gonçalves, até que ponto pode Moçambique
ajudar a Guiné Equatorial neste domínio. Gonçalves recordou que quando, em
1990, Moçambique adotou a nova constituição, abrindo espaço ao
multipartidarismo, os "parlamentares decidiram que a pena de morte não
devia fazer mais parte do ordenamento jurídico-constitucional do país”.
Assim,
"se há vontade extrema de se abolir a pena de morte na Guiné Equatorial é
possível que isso aconteça sem a intervenção de qualquer outro país. Não
precisa de muita experiência para abolir a pena de morte”, concluiu.
Leonel
Matias (Maputo) – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário