Jacob
Zuma começa a entrar numa encruzilhada de onde dificilmente terá hipóteses de
sair sem ser chamuscado. Enquanto Presidente e líder do Governo, Zuma pode
proceder às remodelações que considerar mais vantajosas para a governação
nacional, para a preservação da sua popularidade e do seu partido, o ANC.
O
problema, começa quando essas remodelações visam mais afastar os seus próprios
críticos internos do que a salvaguarda governativa. E a recente alteração do
seu gabinete foi um destes casos, De
entre elas, a demissão do Ministro das Finanças, Pravin Gordhan. Gordhan,
considerado como o paladino da combate à corrupção e defensor de um corte nas
despesas públicas, algo que Zuma não acolhe com satisfação.
Sabe-se
que há muito que Zuma vem sendo fortemente criticado quer no seio da Justiça,
quer no seio da comunidade económica sul-africana, quer, principalmente, dentro
do ANC ainda que este acabe sempre por o salvar nos maiores apertos). Algum
despotismo, uso indevido – e já judicialmente condenado – de fundos públicos em
proveito próprio, saneamento de críticos são alguns dos problemas que Zuma tem
acumulado.
E
esta remodelação não parece ter caído bem quer entre a população, quer entre os
seus colegas de partido e, até, de gabinete. O vice-presidente sul-africano e
previsível candidato à sucessão de Zuma na liderança do ANC, Cyril Ramaphosa,considerou
a medida "inaceitável”. Só da ala juvenil do ANC, Zuma obteve total e
incondicional apoio.
Lembremos
que ainda recentemente e pelas cerimónias fúnebres do antigo
companheiro, de luta anti-apartheid, de Madiba, Ahmed Kathrada, o próprio
portal do ANC afirmava que Zuma estaria presente nas mesmas, mas não
discursaria porque a sua presença não era bem-quista pela família do histórico
membro do ANC, dada a controvérsia havida recentemente entre Kathrada e
Zuma.
Recorde-se
que aquele, em carta aberta, há cerca de um ano, solicitou a Zuma que se
demitisse da presidência sul-africana. Para Kathrada só a demissão de
Zuma, envolvido em casos de corrupção, «permitiria
ao governo do país recuperar "da crise de confiança" em que se
encontra mergulhado. “Tendo em conta a onda de críticas, de condenações e
exigências, é demasiado expressar a esperança de que opte por tomar a decisão
certa e considere pedir a demissão?"».
Acresce,
para tornar mais obscura a vida política de Zuma, o que emergiu quando foi
tornado público um relatório independente de 355 páginas da autoria da advogada
e ex-mediadora pública (ou “public protector” para a luta contra a corrupção e
de nomeação presidencial), Thuli Madonsela, onde se declara
que há uma obscura e suspeitosa ligação entre Zuma e a família, de origem
indiana, Guptaque poderão ter influenciado decisões governamentais,
incluindo a nomeação de ministros.
Ora,
acontece que este relatório, sobre a corrupção, pronto desde o terceiro
trimestre de 2016 do ano passado viu a sua publicação ser questionada e posta
em causa, por via de um processo
judicial colocada por Zuma para impedir a sua publicação; acabou por ser publicado
e publicitado, no início de Novembro, por ordem do Tribunal Superior de
Pretória.
Não
esquecer, também o
recente imbróglio ocorrido no parlamento sul-africano em que antes do “Discurso
à Nação” de Zuma (em Fevereiro passado) e durante cerca de uma hora
ocorreram vaias, insultos e mesmo trocas de murros entre deputados
que consideravam ilegítima a presença e comunicação de Zuma no parlamento.
Desta embrulhada, que teve de ser “tratada” com a presença de cerca de 400
militares, resultou a expulsão de 30 deputados. De notar que entre os membros
mais contestatários à presença de Zuma, estavam afiliados do Partido dos
Lutadores da Liberdade Económica (Economic Freedom
Fighters (EFF)), de Julius Malema (um dos seus maiores detractores e
inimigo político e antigo líder juvenil do ANC).
A
presença destes militares não foi bem aceite e a oposição terá solicitado aoSupremo
Tribunal a futura proibição da presença dos mesmos armados no Parlamento, por
considerarem inconstitucional.
Até
onde conseguirá Zuma sobreviver? Certo é que há cerca de um ano, Zumasobreviveu
a uma destituição (vulgo “impeachment”), lançada pela oposição, para o
retirar da Presidência, com os votos favoráveis dos deputados, incluindo,
críticos, do seu partido.
Terá
sido esta remodelação o seu canto do cisne? Aguardemos, porque Zuma já mostrou
ser um sobrevivente!...
(foto ©SABC news)
(foto ©SABC news)
Partilhado
pelo portal "Pravda.ru", em 2 de abril de 2017: http://port.pravda.ru/news/mundo/02-04-2017/42988-jacob_zuma-0/ e
no portal do Jornal Folha8: http://jornalf8.net/2017/quo-vadis-jacob-zuma/
4
de Abril 2017, Dia da Paz e Reconciliação Nacional
Hoje,
é 4 de Abril , Dia da Paz e da Reconciliação Nacional
Passados que são 15 anos de Paz, penso que continua a fazer sentido este artigo que, há 3 anos, escrevi para o Novo Jornal «Há 12 anos de Paz militar mas não faltará a Paz social?...»
E este texto hoje do Novo Jornal, «Dia da Paz comemorado longe da guerra, mas ao lado das dificuldades diárias,...» vem, de certa forma, atestar as minhas dúvidas.
Passados que são 15 anos de Paz, penso que continua a fazer sentido este artigo que, há 3 anos, escrevi para o Novo Jornal «Há 12 anos de Paz militar mas não faltará a Paz social?...»
E este texto hoje do Novo Jornal, «Dia da Paz comemorado longe da guerra, mas ao lado das dificuldades diárias,...» vem, de certa forma, atestar as minhas dúvidas.
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em Pululu
*Investigador
e Pós-Doutorando.
**Eugénio
Costa Almeida – Pululu -
Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em
Relações Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo
Relações Internacionais - nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de
opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
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