Guilhermino
Alberto | Jornal de Angola | opinião
Depois
de uma semana marcada por discursos acalorados de pré-campanha eleitoral,
dentro e fora de portas, onde não faltaram as velhas acusações de intolerância
e de falta de transparência, o país real foi acontecendo. Não parou.
Os
problemas básicos, como o fornecimento ou restrições de água e luz, foram
encontrando respostas assertivas da parte das empresas responsáveis por esses
serviços.
A comunicação fluiu mais. A Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL) e a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) comunicaram mais e melhor, utilizando as redes sociais para em tempo real informar o consumidor das razões e do período das restrições. E quando se fazem bem as coisas é preciso relevar isso.
Vários foram os cidadãos que, satisfeitos, nos fizeram chegar informações segundo as quais as facturas de energia e água têm beneficiado de reduções substanciais, na sequência das restrições que a província de Luanda vai viver até Julho próximo, devido ao processo de enchimento da albufeira da barragem de Laúca, em construção no rio Kwanza.
O mérito desta acção deve ser também aqui atribuído à Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC), que advogou junto dessas duas empresas públicas o direito das pessoas não pagarem pelo que não consumiram.
Reconhecemos que a água e luz são bens essenciais que no século XXI deviam estar à disposição do consumidor sem restrições. Mas não reconhecer o grande investimento que está a ser feito para levar água e luz a milhões de angolanos, é de todo injusto.
E não deixa de ser absolutamente incrível a forma como algumas pessoas, conhecedoras das obras em curso, levam para as redes sociais acusações violentas e gratuitas para atingir pessoas e instituições. Nesse caso concreto não é justo que se diga que não se está a fazer nada.
Houve ampla divulgação, incluindo a utilização das redes sociais, para levar ao grande público a informação de que o processo de enchimento da albufeira de Laúca, a 11 de Março, ia reduzir o volume de água para a barragem de Cambambe, maior centro produtor do país com 960 megawatts. Disse-se também bastas vezes que este processo ia afectar, como é óbvio, a capacidade de fornecimento de energia para o sistema norte, sobretudo em Luanda, que com mais de seis milhões de habitantes é o maior centro de consumo do país.
Só pode ser por má fé que os críticos militantes, que pululam pelas redes sociais, finjam não saber que Cambambe hoje funciona a um terço da sua capacidade instalada devido a esse processo de enchimento da albufeira de Laúca. Para levar a água ao seu moinho, os nossos profetas da desgraça não se coibiram em transportar para o léxico da língua portuguesa o verbo “laucar”, para denegrir todo um trabalho que está a ser feito para dar água e energia a milhões de angolanos, não obstante as actuais dificuldades financeiras e também ambientais, com o fenómeno “El Niño”.
Sem “atentados terroristas verbais” antecipados, devemos dar crédito à palavra dada e esperar que em Julho próximo a primeira das seis turbinas de Laúca, com capacidade de 334 megawatts, comece a gerar energia e reduza as actuais restrições.
É também minha esperança que, no quadro da diversificação da economia e de arrecadação de receitas, se comece a pensar seriamente na instalação de parquímetros nos grandes centros urbanos. Em muitas cidades do mundo, incluindo africanas, os parquímetros são hoje uma extraordinária fonte de receitas.
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