Martinho Júnior | Luanda
As
escolas portuguesas começam a reagir no sentido da desmistificação da história
que tem perdurado até aos nossos dias.
O
25 de Abril de 1974 não foi suficiente, por não ter em si garantido a
maturidade em termos de consciência histórica, para se fazer essa
desmistificação e isso prolonga o sopro da superestrutura doutrinária e
ideológica do Estado Novo até aos nossos dias, em Portugal.
Este
exemplo salutar que se cita, é ainda um caso isolado e não há esforços oficiais
no sentido da desmistificação.
No
meu entender há outro tema que se deveria associar, respondendo a uma
pertinente questão; por que razão Portugal não integrou o pelotão dos europeus
que foram realizando, no todo ou em parte, a Revolução Industrial e hoje
realizam a nova Revolução Tecnológica!?
Os
portugueses estão ainda condicionados ao “diktat” estruturalista,
doutrinário e ideológico conforme ao “Le Cercle” e aos vocacionados
interesses de vassalagem do quadro da NATO : a“civilização cristã
ocidental” tem de responder à “ameaça comunista”, (hoje também ao “terrorismo
islâmico” conforme por exemplo a interpretação de Donald Trump), por que
antes havia a “missão civilizadora” em relação ao resto do mundo, um
termo que escondeu a escravatura e o colonialismo, em todos os seus processos
abertos ou camuflados, desde então.
Quer
dizer: é ainda muito útil a doutrina e a ideologia que animava o Estado Novo,
que foi um dos estados fundadores da NATO, pois isso é determinante
no papel de Portugal hoje, em especial no papel de ambiguidade redundante duma
vassalagem ideológica, económica e sócio-política que não teve fim!
Por
isso é para mim tão necessário a todos nós, seres humanos, avaliar o impacto da
revolução escrava no Haiti, a primeira revolução que levou à independência
daquele país na América Latina, bem como os seus reflexos, inclusive na
revolução cubana.
É
importante a esse respeito ler-se Eduardo Galeano!
Fazer
essa avaliação é ganhar consciência dum imenso resgate que há que realizar, de
forma a lutar contra o subdesenvolvimento que, nos dois lados do Atlântico e
particularmente na América Latina e em África, a hegemonia unipolar está a
procurar, a todo o transe, manter a fim de garantir a exploração barata de
matérias-primas, em relação às quais é determinante quanto aos preços
praticados, o que por si justifica a “internacionalização” do dólar e
das outras moedas fortes do cabaz essencial que compõe essa hegemonia (“As
veias abertas”…).
Colectiva
ou individualmente há que pagar uma dívida histórica, conforme uma ideia de
carácter humanístico e geoestratégico de Fidel… quantos fazem a sua parte?
Posso
responder: enquanto houver essa “internacionalização” forçada do
cabaz de “moedas fortes ocidentais” (é também por causa disso que
existem o Bilderberg, a Trilateral e o “Le Cercle”), a humanidade estará a
ser orientada para a vertigem dum desequilíbrio que é fruto do poder dominante
da aristocracia financeira mundial, os tais 1% que a todo o custo e à custa dos
outros 99%, procuram dominar da forma mais perversa que é possível, por via do
capitalismo neoliberal!
Assim
à maior parte da humanidade, continua a ser negada a desmistificação da
história, para que ela não seja partícipe na luta contra o subdesenvolvimento e
por isso não seja possível à maioria ganhar consciência da ética e da moral que
essa luta impõe ao homem como parte integrante do caminho certo entre as
trevas!
A lógica
com sentido de vida é de facto esse caminho e não o reconhecer nas suas
implicações essenciais, é corresponder ao domínio da hegemonia unipolar e dar
continuidade à maior das vassalagens.
Ler
em Página Global
*Os
títulos acima mencionados são da autoria de Fernanda Câncio no Diário de Notícias
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