Ana
Alexandra Gonçalves*
Passos
Coelho decidiu assinalar o 1.º de Maio com a afirmação de que terá sido durante
a vigência do seu mandato que o emprego mais subiu, proferindo palavras
carregadas de azedume e que pretendiam concluir que este Governo está a colher
aquilo que ele e os seus apaniguados terão semeado.
Passos
Coelho, procurando a todo o custo contrariar a tese de que está morto
politicamente, faz nova prova de vida (ou tenta) acusando do Governo de ser
ridículo. E já que falamos em ridículo, regressemos, por momentos, ao passado:
Durante
o Governo de Passos Coelho a desregulação do mercado de trabalho conheceu o seu
auge. Durante aqueles mais de quatro anos infernais o emprego criado era não só
parco como acentuadamente precário, tanto mais que foram adoptadas tímidas medidas
para fazer face aos elevados números do desemprego e todos estarão recordados
das aldrabices em torno desses números quer com estágios quer com formações
inconsequentes. Durante o tempo em que Passos Coelho era primeiro-ministro as
desigualdades cresceram exponencialmente afectando também os que trabalhavam.
Durante esse tempo e mesmo agora o anterior primeiro-ministro recusava e recusa
qualquer aumento do salário mínimo. E sobretudo durante o seu tempo Passos
Coelho - mesmo que o negue agora - convidou os portugueses a emigrarem, num
gesto absolutamente inédito entre os mais altos representantes políticos do
país.
Ora,
o tal que mandou emigrar vem agora reclamar para si louros da redução do
desemprego, quando ele próprio, para além de ter mandado emigrar, fomentou
desigualdades, promoveu o enfraquecimento do Estado Social, transformou a vida
de trabalhadores num inferno de call-centers, baixos salários, precariedade e
aldrabices, deixando de fora da equação qualquer laivo de esperança quer para
trabalhadores quer para desempregados.
Passos
Coelho, ávido por um qualquer exercício que lhe permita demonstrar que ainda
respira (politicamente), não percebe que já nem são tanto os números que chamam
a atenção das pessoas, números esses que são amiúde trabalhados a nosso
bel-prazer. O que realmente interessa aos cidadãos é sentir alguma melhoria nas
suas vidas e ter a convicção de que essa melhoria seja apenas o princípio, não
vivendo refém de políticas carregadas de austeridade num contexto de extrema
culpabilização, tal como viveram trabalhadores e pensionistas, nunca sabendo se
o dia de amanhã contaria com mais cortes nos seus salários e pensões; tal como
viveram tantos trabalhadores sob o jugo de uma elevada taxa de desemprego que
tanto puxa os salários para baixo e a precariedade para cima.
O
que Passos Coelho não percebe é que a política não se faz apenas de números,
faz-se também olhando para as pessoas, não lhes sonegando a esperança num
futuro melhor, nem as convidando para sair do país.
*
Ana Alexandra
Gonçalves | Triunfo da Razão
Sem comentários:
Enviar um comentário