GUINÉ-BISSAU
Abdulai Keita* | opinião
A
detenção prisional de camarada Comandante Manecas, um alto oficial das nossas
gloriosas FARP na reserva, tendo-se desengajado dessa nossa sociedade castrense
sem mácula nenhuma, ao contrário, só com distinções, é uma asneira grande. E
pensada no fundo, no fundo, é uma DESGRAÇA NACIONAL. Condenável e a condenar,
exigindo a sua libertação imediata, pelas seguintes razões.
1
– Os membros da sociedade castrense de todo o mundo e desde sempre, são
cidadãos comuns à partida, como todos os outros cidadãos. Os membros das nossas
gloriosas FARP, sobretudo, aqueles da geração de camarada Comandante Manecas,
dos anos entre 1963 e 1980 e que sempre se mantiveram firmes na linha
originária desta nossa instituição não escapam a esta regra. Uns já nos
deixaram e outros ainda encontram-se no nosso seio, estando ainda de vida.
Visto
portanto em geral, são cidadãos comuns, mas caraterizados por um elemento
particular de destaque das suas vidas. Decidiram ou são os que foram/são
chamados a defenderem todos os membros das suas sociedades contra todos os mais
feios géneros de ameaças de destruição imediata, particularmente do tipo
bélico. Isso, em qualquer momento e sob quaisquer circunstâncias. Tudo sob o
empenhamento total e direto das suas vidas.
Por
isso é que, os membros da sociedade castrense em todo o mundo, sobretudo quando
são elementos dos mais destacados no seu seio, os altos oficiais, tendo
cumprido todo o período dos seus serviços sem mácula; portanto, altos oficiais
na reserva, são sempre respeitados. Muito respeitados.
Em
outras palavras, não podem ser tratados de qualquer maneira. Porque são gente
merecedora de grande respeito e honra. E isso se faz e é assim porque beneficia
eternamente toda a sociedade. Beneficia toda gente em cada sociedade, em termos
da criação permanente e do cultivo de referências benéficas a sua preservação
sã no espaço (de imediato) e perpetuação sã no tempo (no futuro).
O
camarada Comandante Manecas pertence a esta categoria dos mais destacados altos
Oficiais na reserva, das nossas gloriosas FARP. Ele como tantos outros da sua
geração que ainda estão de vida, como os camaradas Comandantes Luís Correia,
Lúcio Soares que me vêm agora assim de imediato na memória e que já estão
na reserva.
Estes
cidadãos nossos, devem e merecem muito respeito e honra, pelo bem da nossa
sociedade inteira. Por isso, tratar mal qualquer um deles, tal como no caso
aqui in causa, significará sempre, pensado no fundo, no fundo, uma desgraça
nacional, e portanto, uma asneira grande, quando perpetrado pelos próprios
agentes do nosso poder estatal.
2
– Mas há mais. Porque esta detenção prisional agora do camarada Comandante
Manecas, acontece pelas simples razões deste ter dito numa longa entrevista de
pelo menos 10 páginas, entre várias outras coisas, de que, se o nosso atual S.
Exa. So Presi, Dr. JOMAV continuar não querer ir (marcar) para as eleições
legislativas, nem antecipadas e nem regulares, numa posição totalmente
anticonstitucional, pode haver daqui a um ano e meio um Golpe de Estado Militar
na Guiné-Bissau.
Essa
detenção, assim executada pela simples razão portanto desta afirmação, é uma
afronta, um gritante atropelo a um dos direitos fundamentais nos Regimes de
Democracia Parlamentar Representativa e de Estado de Direito. O direito à
liberdade de expressão de opiniões.
Mas
sendo o camarada Comandante Manecas, um alto dirigente do PAIGC, o Partido que
o nosso atual S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV, veio forçar para a oposição contra
ele mesmo (JOMAV), desde o dia 12 de Agosto de 2015; quando é detido esta
personalidade política e apenas por esta tal razão, este ato então não
constitui simplesmente um ato de abuso de poder, contra única e exclusivamente
só este Partido PAIGC, mais sim contra todos os Partidos do atual mosaico de
uma trintena existente no nosso país. E é por isso que, este ato, pensado no
fundo, no fundo, é mesmo também e até, contra aqueles que mandaram perpetrá-lo
eles mesmos. E eis, também aqui e sendo assim, não pode ser outra coisa senão
uma asneira grande, um ato de desgraça nacional.
3
– E agora uma interrogação. Então, essa tal afirmação de camarada Comandante
Manecas, pela qual é detido agora, o que é na realidade?
Resposta.
Na realidade e com efeito, é uma afirmação de alerta. Tida corajosamente,
publicamente e em voz alta. Uma alerta dirigida, mais uma vez, nesta forma, a
nós todos bissau-guineenses. É a afirmação de uma verdade de todas as verdades
sobre a dinâmica lógica podendo resultar a qualquer momento da nossa
atual situação política de crise vergonhosa vigente no país desde há já 21
meses e pico.
Uma
situação vigente desnecessariamente. Porque construída, instalada e sustentada,
apenas pela teimosia do nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV. Ele que se destacou
de ser aquele que não aceita conselhos sábios nenhuns de ninguém. Desde que são
conselhos indo no sentido do respeito irrestrito das leis da governação do
nosso país nestes tempos. Ele, à frente de tudo, com os apoiantes de todos os
bordos da sua posição totalmente errada e equivocada.
Tudo.
Errada e equivocada em relação aquilo que devia e deve ser constitucionalmente,
atualmente e hoje mesmo nestes segundos, o papel de um Presidente da República
da Guiné-Bissau na governação deste país, na Democracia, após o “caso 12 de
Abril” de 2012, entre outros e tudo mais.
Pois
é então, sendo tudo assim e conhecendo bem a nossa história bem recente, só
quem tem a pedra na totona não reconheça analiticamente neste momento, a
veracidade de uma tal afirmação. De que o nosso país vive de facto, neste
momento, no risco da eminência de um eventual Golpe de Estado Militar.
E
repito, só quem não quer ver analiticamente e quase a olho nu, que se esquivará
desta verdade. Existe sim Senhor, neste momento na Guiné-Bissau, o grande risco
da probabilidade eminentíssima do cenário de um eventual Golpe de Estado
Militar. Este pode tornar-se, infelizmente e ai, uma realidade pura e dura
nesses tempos neste país e a qualquer momento.
Portanto,
mandar deter alguém, do gabarito de camarada Comandante Manecas por ter chegado
a esta conclusão nas suas análises, exprimindo-a corajosamente em voz alta,
advertindo-nos, nós todos, bissau-guineenses, não passa, como já registado, de
uma asneira grande. E como tratando-se evidentemente, precisamente de camarada
Comandante Manecas, e não de outro alguém, um destacado alto oficial na
reserva, das nossas gloriosas FARP, não é e não pode ser algo de outra coisa
nenhuma, senão esta asneira grande e desgraça Nacional.
4
- É asneira grande e desgraça nacional ao par! Talvez que os seus perpetradores
não o saibam assim ainda hoje. Não estão em condições de tomarem consciência
clara disso. Pela simples ignorância ou porque tapados por uma lógica centrada
pura e simplesmente na singularidade dos seus interesses mesquinhos. Não são
capazes de ver o que é comum. O que deve constituir “Tabus” protetores, já foi
dito mais acima, de toda gente na nossa sociedade toda. Uma proteção válida no
espaço e no tempo, para todos.
E
chegado a este ponto, eis a imperatividade de mais uma interrogação. Vejamos.
Nós todos, bissau-guineenses, colocados diante de tudo tido e visto até a
preste data, no desenrolar dos 21 meses e pico desta ainda sempre prevalecente
situação política de crise vergonhosa no nosso país; colocados diante de tudo
que se viu acontecer portanto até aqui, onde é que está nesta história de
detenção de camarada Comandante Manecas, a igualdade dos cidadãos perante à
Lei? Por causa do declarado na sua afirmação. Onde?
Sabendo
que, por exemplo, o Sr. Botche Candé, o atual Ministro de Estado e do Interior
(do atual 2º Governo de Iniciativa Presidencial desta presente IX Legislatura,
ilegal desde já há 107 dias), convidou bem recentemente e publicamente a gente
(jovens), sob olhares do nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV em Gabú, de ir
atacar/invadir a ANP (o Parlamento) em Bissau.
O
que é que se fez contra este ato? Nada! Nem um puto do desmentir pela parte do
Governo e muito menos pela parte do nosso S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV. Tanto
mais para se distanciarem e condenarem um tal ato de incitamento direto à
violência, assim como, pelo menos, para mandarem destituir este governante.
Pela perpetração in flagrante à vista e sob ouvido de todos, de um tal crime de
incitamento direto e público à violência.
E,
agora venham aí deter alguém, do gabarito de camarada Comandante Manecas pelo
crime de “simulação” de uma eventual violência. Eis uma vergonha! Asneira
grande! Desgraça nacional e tudo mais. Não tenho outra qualificação.
5
– Enfim e finalmente, eis de outro lado, a minha posição pessoal diante desta
afirmação de camarada Comandante Manecas, subscrevendo tudo o antes aqui
registado. Em como analista, sociólogo bem versado na área da Sociologia
política, com atenção centrado (entre outros) nos Estudos de relações de poder
no quadro do exercício da Democracia Parlamentar Representativa e de Estado de
Direito na Guiné-Bissau. Portanto, a minha posição pessoal em como quadro
bissau-guineense, um intelectual engajado, mas sempre mantendo o seu papel e
responsabilidade do intelectual.
Eis
então a minha posição pessoal diante desta afirmação de camarada Comandante
Manecas.
Com
efeito, esta detenção executada, pelas razões desta tal afirmação livremente
exprimida, deste Comandante, e repito, um destacado alto oficial das nossas
gloriosas FARP na reserva, encontrando-se doente, internado numa clínica; esta
detenção numa tal circunstância é cúmulo de tudo. Bárbaro! Porque é, em
primeiro lugar e muito particularmente, uma falta de respeito gritante do
simples ponto de vista humano, contra todos os membros das nossas gloriosas
FARP, antigos e novos, no ativo e na reserva. E, em segundo lugar, em geral,
contra todos os cidadãos muito conscientes do seu papel e obrigação do
exercício de cidadania.
É
um ato forte, gritante, grosseiro e bárbaro de atentado contra a democracia e
implantação do Estado de Direito na Guiné-Bissau. Porque, questiona-se.
Podendo-se agir assim contra este nosso conterrâneo cidadão muito destacado,
onde estará o limite da gente estando agir agora assim exatamente desta forma
contra todo o mundo.
Bom,
por isso, este ato, na minha posição pessoal, não é qualificável senão, tendo
sido pensado, ordenado e perpetrado apenas por quem ainda não entendeu e não
entende nada! Do mínimo do que é a noção do Estado. Mas que se encontra a
governar-nos. Efeitos perversos da democracia. Uma desgraça nacional, total.
Desgraça!
Porque pois, agir assim tal como procedido, não passa disso. De mais uma das maiores
asneiras, tal como tantas quantas muitas outras já a figurarem no catálogo já
muito repleto dos atos do género, já perpetrados neste fanfarrão do Regime de
não-sei-quê, que o nosso atual S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV quer instalar no
nosso país. Errado! Não passará puto!
Estou
escandalizado e muito indignado. Pelo que condeno e exijo ao par, em voz
gritante, a libertação imediata deste nosso conterrâneo e camarada de luta.
Nosso mais velho. E que, todos e todas daquele bordo que assim estão agir nestes
minutos, leiam bem os dados da República da Guiné-Bissau neste capítulo da
perpetração das asneiras grandes e desgraças do género; dados da nossa história
bem muito, muito recente; para que saibam que, com este tipo de asneiras, cá,
aí, ninguém vai longe. A ver vamos.
Ao
camarada Comandante Manecas, grande filho do nosso povo bissau-guineense, de
Cabo Verde e de África inteira, coragem! Minha total indignação e condenação
forte deste mais um ato de asneira grande dessa atual gente governante do nosso
país. Asneira e desgraça nacional.
LIBERTAÇÃO
IMEDIATA DE CAMARADA COMANDANTE MANECAS. IMEDIATA!
Obrigado.
Que
reine o bom senso.
Amizade.
A.
Keita
*Pesquisador
Independente e Sociólogo (DEA/ED) | E-mail : abikeita@yahoo.fr
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