Martinho Júnior | Luanda
Hoje
pelas 18H00 é lançado o terceiro livro em que comparticipo,, desta feita com
Leopoldo Baio, que foi o Director do desaparecido semanário “ACTUAL”.
O
livro “Angola – Séculos de solidão – do colonialismo à democracia – cronologia
histórica baseada numa pesquisa analítica” vai ser lançado em Angola pela
Editora LeArtes, com uma tiragem de 1000 exemplares, com produção duma gráfica
de Luanda e em resultado de alguns financiamentos locais.
Foi
graças ao esforço e à tenacidade de Leopoldo Baio que o livro dá à estampa.
O
livro enquadra-se, em época eleitoral, na necessidade de reforçar as linhas
progressistas do MPLA, tendo em conta muitas lições que nos acodem não só do
seu passado de luta, mas também e inclusive da contemporaneidade.
Para
quem pensava que num quadro democrático, de forma aberta e em busca de harmonia
em função de teorias que se prendem ao “mercado” neoliberal, se
poderia melhor aproveitar o sector dos diamantes em benefício do estado
angolano e dos privados nacionais e estrangeiros, a existência de factores de
desagregação como o Movimento do Protectorado Lunda-Tchokwe está aí,
interligando-se a outros factores promotores contínuos de desestabilização em
Angola.
Os
múltiplos braços do “lobby” dos minerais e os interesses do cartel,
apesar das contrariedades deste último, continuam a espreitar em Angola,
movendo enlaces internacionais que incluem“caixas-de-ressonância” internacionais
ao nível por exemplo do Bilderberg e seu peso mediático (por exemplo em
Portugal, sob a batuta de Francisco Ponto Balsemão), duma DW, na Alemanha, ou
duma VOA nos Estados Unidos…
É
evidente que as potências, nos seus relacionamentos para com Angola, não estão
indiferentes a isso.
Em
época de terapia (2002/2017), após o choque neoliberal (1992/2002), Angola está
vulnerável e pelas fissuras “transversais” estão a crescer tendências
que põem em causa além do mais as parcas conquistas em prol da identidade
nacional, da paz e da premente necessidade de luta contra o subdesenvolvimento.
Nos
diamantes, os factores de desestabilização que atingem Angola a partir da RDC,
seguindo os velhos trilhos de Mobutu e de Savimbi, subsistem na sombra e quando
se desestabiliza a vasta região do Kassai, para dentro de Angola há que esperar
um aumento considerável de tensões e conflitos.
Angola
paga caro pela sua riqueza natural e para muitos que chegam em catadupas do
exterior, aliados de muitos que estão dentro e incluem bastantes angolanos
em “parcerias” de “alto risco”, em tempo de “open
society” não passa de “um corpo inerte onde cada abutre vem depenicar
o seu pedaço”…
UM
CORPO INERTE À ESPERA DE MAURICE II
Na
primeira metade da década de 80, do século XX, assistiu-se em Angola a uma
disputa acérrima:
Enquanto
o governo, procurava manter num bom nível a produção de diamantes da “Diamnag”,
os interesses do cartel procuravam desestabilizar a referida companhia, quer
pela via dos “dealers”tradicionais, quer por sabotagens de gente ao nível
dum Christian Rudolf Glaubrecht Hellinger, quer pela gradual ascensão das
linhas operativas controladas por Savimbi, de sul para norte, a partir dos
dispositivos integrados nas forças do regime do “apartheid” no Cuando
Cubango e na faixa do Caprivi, em vias de se deslocarem para os apoios do
regime de Mobutu.
O
Sector dos diamantes em Angola caracterizava-se assim, desde a independência,
por viver uma luta constante de interesses, em que o estado angolano procurava
opor-se à acção continuada e persistente dos “dealers” ligados ao
cartel, (que integravam também a acção armada de Savimbi), estabilizando
a “Diamang”, controlando o “mercado interno” e procurando dar
combate à subversão armada aglutinada nos múltiplos dispositivos operativos e
militares do regime do“apartheid”.
Tendo
em conta a análise das receitas, no ano de 1985 os interesses do estado
angolano haviam recuperado preponderância:
De
facto, se nos anos de 1976 e 1977, logo a seguir à independência, a diferença
entre os valores oficiais e os valores conseguidos pelos “dealers”,
revertia completamente a favor do estado angolano, nos anos de 1980, 1981 e
1982 por exemplo, a balança inclinava-se precisamente para o sinal contrário,
havendo uma recuperação do estado que não teve continuidade, só em 1985,
imediatamente antes dos esforços no sentido do início das conversações.
A
sorte do país esteve em jogo durante todos esses anos, apesar da justiça que
assistia aos angolanos que, dando continuidade à sua própria luta de
Libertação, suportaram estoicamente os encargos de apoio à Libertação de outros
povos mais a sul, ao mesmo tempo que procurava contribuir para desmantelar o
regime do “apartheid”, construindo o mais forte baluarte dos países que
compunham a “Linha da Frente”.
O
ano de 1986, no que diz respeito ao “caso angolano” e tendo como base
a “placa giratória” que constituía o Zaire, correu muito bem para o
cartel de diamantes e, por tabela, para os interesses de Maurice Tempelsman na
região, componentes desse quadro.
Foram
factores favoráveis aos interesses do cartel:
1)
O início das conversações entre o estado angolano e outros componentes
políticos interessados nos assuntos da região, o que criou inusitadas
oportunidades para um lento, mas progressivo aumento de influências, por parte
do cartel, tirando partido aliás das articulações operativas “deep
inside” Angola, que passaram a usufruir dum certo beneplácito oficial, ou
oficioso do governo.
2)
Com os traficantes de diamantes do 105/83 presos, ou julgados à revelia, foi
contudo possível ao cartel criar impactos de sua conveniência, por dentro das
próprias estruturas do estado angolano, particularmente explorando roturas na
sua coesão interna.
3)
A segunda metade da década de 80 do século XX, inaugurava possibilidades
operativas, com a relativa neutralização da segurança angolana, que antes havia
sido muito difícil alcançar, contribuindo para estabelecer melhor os nexos dos
vários serviços de Inteligência interessados em Angola e as várias componentes
político-operativas, entre elas, a de Savimbi.
Em
relação a este último aspecto, o aumento da intensidade dos combates, variaram
na razão inversa dessa relativa neutralização, mais do destino que seria
determinado para com as FAPLA.
No
primeiro trimestre de 1986, o Presidente Ronald Reagan, dos Estados Unidos,
recebeu na Casa Branca, Jonas Savimbi e logo de seguida a UNITA começa as
operações no norte de Angola, tendo como retaguarda o território do Zaire. Os
Estados Unidos reactivaram por essa altura, a base de Kamina, para garantir
parte do apoio a Savimbi e, em Março desse mesmo ano, a UNITA rapta 150
estrangeiros de Andrada (a praça forte das oficinas da “Endiama”, onde
Christian Rudolf Glaubrecht Hellinger tinha a central de apoio ao material
Caterpillar). No dia 1 de Abril de 1986, Savimbi recebe os primeiros mísseis
solo-ar, “Stinger”.
Mantendo
os critérios da velha escola, produto dos Rothschild e dos Oppenheimer, ou
seja, lidar com todas as componentes, tirando partido conveniente das
manipulações estabelecidas, Maurice Tempelsman foi dos primeiros a reagir.
Em “Les
gemmocraties – l’économie politique du diamant africain”, François Misser e
Olivier Vallé, na parte da « Reconversão Angolana », explicam:
«Terá
sido a experiência dos golpes duros, que conduziu Lawrence Devlin e Maurice
Tempelsman a Angola? Em todo o caso, o velho homem da CIA e o diamantário Nova
Yorquino, desembarcaram em 1986 em Luanda, a fim de explorar os
desentendimentos que existiam entre a De Beers e o Governo e se prolongavam nas
raízes da história agitada da Companhia Nacional de Diamantes. Desde 1971 que
os diamantes constituíam, depois do café, a segunda exportação de Angola, com
cerca de 2 milhões de karats (uma média anual), com uma maioria de gemas de
elevada qualidade.
Na
origem das pedras angolanas, estava a Diamang, que depois de 1921 regia no
nordeste de Angola. Essa soberania confirmou-se durante a guerra da
independência, quando a sociedade exercia o seu poder com um exército privado
munido de helicópteros e de artilharia e empregava dezoito mil trabalhadores,
excluindo aqueles implicados nas operações de triagem e de talhe, na DIALAP, em
Lisboa. Esta companhia, inteiramente privada, era detida na maioria dos seus
interesses, pelos portugueses. A Companhia dos Diamantes de Angola tinha o
monopólio da extracção, contando ainda com interesses americanos, belgas e
sul-africanos, entre os seus accionistas. Em 1971, a De Beers associa-se à CDA
para prospectar um gigantesco perímetro de 50.000 km2, ao norte do Caminho de
Ferro de Benguela. Mas o nó principal dos diamantes, encontrava-se na Lunda
Norte, com pontos de extracção no Dundo, Chibito, Lucapa, Cuango, não longe do
Cassai Zairense.
Com
a independência, os engenheiros, empregados e accionistas portugueses saíram da
Diamang, pelo que o estado começou a investir, cultivando os seus laços com a
De Beers, por sua vez interessada na comercialização do produto em bruto
angolano. O governo acabou por nacionalizar a parte dos portugueses na Diamang
mas, quando o Presidente Neto visitou as minas em 1977, ele constatou o
desaparecimento de equipamentos e de pessoal qualificado, que resultavam numa
baixa de produção. Apesar da boa colaboração com a CSO, a cadeia de produção
angolana sofria, por um lado, por causa da partida dos portugueses, por outro,
por causa da mobilização dos trabalhadores, favoráveis ao MPLA, enquadrados nas
tropas que combatiam a UNITA e a África do Sul. Uma nova política económica
mineira impunha-se e isso passava pelo desenvolvimento da participação, da
tecnologia e do savoir faire estrangeiros, em ligação com a sociedade do
estado, que havia mantido a responsabilidade da herança colonial.
De
1981 a 1989, a sociedade do estado Endiama, que detinha o monopólio da extracção
e da comercialização do diamante angolano, colaborou com o aventureiro
germano-sul-africano Chris Hellinger. Este era a testa-de-ponte dum conjunto de
sociedades (RST, Intraco, Transafrik, etc.) associadas ao grupo ITM, animado
por um cipriota, Andrew Sardanis, colaborador próximo de Kenneth Kaunda. Este
mesmo Andrew Sardanis, encontrava-se ligado a Babacar N’Diaye, nas operações do
BAD, o que lhe permitia o acesso à rede africana do seu banco (Banco Meridien)
e adquirir uma grande parte da rede do banco francês BIAO, que fora a primeira
instituição francesa da África Colonial Francesa.
Circunstâncias
atribuladas propiciavam o negócio a aventureiros como Chris Hellinger, que
obtém um contrato na região do rio Cuango, rico em depósitos aluviais, em
benefício da companhia Roan Selected Trust (RST). Associado a um outro antigo
homem da CIA, Gerry Connolly, na companhia aérea Transafrik, Hellinger fará a
logística, com um C–130 cedido em regime de leasing pela Força Aérea da
Bolívia, da mina da Endiama situada no Dundo, junto à fronteira com o Zaire e
completamente isolada. Esse foi um momento particularmente difícil: era preciso
trinta dias aos temerários camionistas filipinos para ir de Luanda até às minas
da Lunda Norte, passando normalmente por pelo menos duas emboscadas…
Os
negócios correram, em todo o caso, muito bem para Hellinger. Segundo um
Relatório endereçado em 1990 ao Presidente dos Santos, pelo Gabinete do
Ministro do Estado para a Inspecção e Controlo, a RST falsificava as cifras de
produção e sobre facturava os pagamentos que ela devia receber da Endiama, de
1986 a 1989. Um contrato estranhamente mal decidido, entre a companhia aérea
nacional TAAG e a Transafrik, tinha-se saldado pela isenção de taxas
aeroportuárias em benefício da companhia de Hellinger, que efectuou 7.500 voos.
Isso resultou num prejuízo de 5,8 milhões de USD para o Tesouro Público. Não
era tudo porém: essa mesma companhia efectuou ainda 446 voos sem pagar o
carburante fornecido pela companhia petrolífera Sonangol, entre os muitos
malefícios que eram atribuídos ao Director Geral da Endiama e às Sociedades de
Hellinger, tais como os que foram descritos no Relatório do Ministro de Estado
encarregue da Inspecção e Controlo do sector público angolano.
Esses
malefícios e a guerra civil entre as forças políticas do post Independência,
vão-se traduzir por uma queda notável da produção de diamantes.
Com
efeito, os combates mortíferos entre o MPLA, que detinha o poder central em
Luanda e a dissidência nacionalista próxima da África do Sul, que recruta numa
base étnica, pesaram em relação à evolução da exploração diamantífera. As
fontes de rendimento do petróleo, atenuaram as contas de Angola em guerra, em
crise com a queda dos rendimentos provenientes do sector dos diamantes. No
princípio, com os portugueses, e a estatização da economia, conduziram à
transformação da CDA em Diamang, propriedade a 77% do Estado, sendo o resto
pertença da Sociedade Geral da Banca (Bélgica). A De Beers encarregava-se da
comercialização e do manuseamento técnico. Com os seus técnicos, a produção
cresceu, mas os ataques da UNITA (apoiada pelos sul-africanos) determinaram
nova queda de produção, entre 1982 e 1983.
Essas
variações da produção física, foram agravadas pela desaparição duma boa parte
das receitas atribuídas aos diamantes.
As
receitas registadas eram as que apareciam nas estatísticas do comércio exterior
angolano, inferiores às receitas reais, estimadas a partir da produção e
considerando o valor aproximado do karat no mercado. Os valores foram
multiplicados por quatro, entre 1977 e 1980. Em 1985, o valor médio do karat
foi de 160 USD, segundo a Hoge Voor Diamant, bem como fontes de Antuérpia e
angolanas.
O
contrabando de diamantes em direcção ao Zaire começou a partir das FAPLA, que
conseguiam uma parte da produção, escoando-a em direcção ao país vizinho a
troco de dólares, de farinha e de cerveja. O escândalo toma uma tal proporção
que acaba por jogar um papel na renovação do Bureau Político, no Congresso do
MPLA em 1985.
Como
num western sangrento contudo, a UNITA apropria-se também da produção de
diamantes e, quando pôde, tomou as minas de Andrada em 1986. Para além das
minas, os depósitos sedimentares passaram também para o controlo da UNITA, que
encaminhou para o trabalho os seus próprios soldados.
Em
represália aos ataques da UNITA contra as zonas mineiras (que tinha o apoio do
gigante sul-africano), o governo angolano decidiu pôr fim aos contratos com o
império De Beers e diversificar os seus parceiros. Com a esperança de associar
outras companhias aos encargos de prospecção, através de acordos de produção, o
governo enviou também, na mesma ocasião, uma advertência a Pretória, que
apoiavam os rebeldes da UNITA nos ataques cada vez mais mortíferos. A UNITA
abatera um Hércules em Andrada, na Província diamantífera da Lunda.
Não
é surpreendente que as exportações oficiais da companhia do estado Endiama
declinassem, passando de 234 milhões de USD em 1980, a 32 milhões em 1985.
Durante esse período, a posição da UNITA como fornecedor de diamantes
afirmou-se.
Em
1983, o jornalista britânico Fred Brigdland testemunhou, no seu livro
consagrado a Savimbi, ter feito um périplo nas áreas controladas pela UNITA, na
companhia dum comerciante inglês de diamantes, que tinha vindo comprar pedras
provenientes da exploração aluvial e da fraude organizada nas minas da
companhia Diamang, fraude essa conseguida por membros clandestinos do movimento
de Savimbi, tal como dos golpes de mão operados contra a sua produção”.
O “aventureiro” germano-sul-africano
Christian Rudolf Glaubrecht Hellinger, cuja trajectória se assemelhava à
trajectória tida no passado por alguns dos ramos dos Rothschild e pelos
Oppenheimer, terá jogado um papel importante no desequilíbrio da balança, em
relação ao sector dos diamantes, em prejuízo do estado angolano, pelo menos a
partir de 1986, altura em que terá sido contactado, em solo angolano, por
Maurice Tempelsman e por Lawrence Devlin.
Ninguém
atendeu aos oficiais da Segurança do Estado que haviam sido presos, julgados e
condenados através do Processo 76/96, que por alturas do seu julgamento haviam
sido peremptórios: “os elementos informativos recolhidos através das
investigações no âmbito do Processo 105/83, permitiam chegar à conclusão que,
com a relativa neutralização da Segurança do Estado, só se iria beneficiar
Savimbi e todas as articulações que o apoiavam, a partir do exterior”.
Os
acontecimentos que se foram sucedendo a partir de 1986, acabaram por lhes dar
inteira razão no que diz respeito à evolução da situação nos teatros
operacionais, com reflexos gravosos no sector dos diamantes, mas nem por isso a
sua saga foi tida em devida consideração, acabando por ter mais anos de prisão
que muitos daqueles que, ao serviço do “apartheid”, ou da “tribo dos
diamantários”, haviam trilhado a subversão armada, ou a desestabilização
económica.
Essa
falta de capacidade dos instrumentos do poder do estado de Angola, a partir de
1986, reflectiram-se com a abertura das negociações, na falta de medidas de
carácter preventivo em relação aos itens dos Acordos que se foram
implementando, em especial os de Bicesse e de Lusaka, o que acarretaria
prejuízos incalculáveis para Angola na guerra que iria eclodir após 1992,
quando o sector angolano dos diamantes se converteu num sector alvo de todas as
manipulações e ingerências do cartel.
Reflectiram-se
também no seguinte: enquanto o estado angolano prendia, julgava e condenava os
oficiais que o serviram até 1985, em abono dos “dealers” distribuídos
numa ampla frente no país (o que correspondia aos interesses do cartel e de
Maurice Tempelsman, numa altura em que os Estados Unidos recebiam o encargo de
apoiar Savimbi, tendo como placa logística o Zaire), o estado cubano actuou
precisamente ao contrário, ao prender, julgar e condenar aqueles oficiais que
tinham aceitado alinhar com esses “dealers”, o que não deixou de
influenciar na velocidade com que foi assinado o Acordo quadripartido de Nova
York, a 22 de Dezembro de 1988.
O
espaço operativo de manobra em direcção a Angola, estava assim escancarado para
a actuação dos interesses fluidos pela via de Maurice Tempelsman, enquanto eram
drasticamente cortados em direcção a Cuba.
O
Zaire onde pontificava o regime de Mobutu garantia no princípio da década de 90
do século XX, um suporte inestimável e alternativo ao suporte antes conferido a
Savimbi pelo regime do“apartheid”.
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