Proposta
da RENAMO para a eleição de governadores provinciais deve ser aprovada quando
chegar à Assembleia Nacional, garante o líder Afonso Dhlakama após negociação
com a FRELIMO.
O
presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Afonso Dhlakama,
garante já ter acordo com a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO),
partido no poder, para a eleição dos governadores provinciais.
Dhlakama
fez a declaração este sábado (23.09) durante uma reunião da comissão política da
RENAMO na serra da Gorongosa, a sua primeira aparição pública desde que se
refugiou naquela região há pouco mais de um ano.
"Pela
primeira vez, a FRELIMO concordou e disse sim, haverá eleição de
governadores" nas eleições gerais de 2019, referiu o líder do principal
partido da oposição, citado pelo portal do jornal O País e em declarações
transmitidas pelo canal de televisão STV.
"É
um acordo entre Dhlakama e [o Presidente da República] Nyusi", que dirige
também a FRELIMO, acrescentou.
Descentralização
O
líder da oposição referiu que, graças ao acordo, o projeto de descentralização
da RENAMO deverá ser aprovado quando chegar à Assembleia da República, onde a
FRELIMO tem maioria.
"Conseguimos.
Em 2019 teremos governadores eleitos, da RENAMO, FRELIMO, MDM ou se calhar de
outros partidos", faltando definir se a eleição será feita por voto direto
ou por assembleia, referiu.
O
presidente do maior partido da oposição disse ainda que continua a ser
discutida a despartidarização das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e a
integração dos homens da RENAMO nas suas fileiras.
"Queremos
que os nossos comandos militares sejam enquadrados nos lugares de chefia. O
exército deve ser neutro. Não deve pertencer nem à RENAMO, nem à FRELIMO e nem
a qualquer outro partido".
Diálogo
para a paz
Dhlakama
terminou o discurso garantindo que continuará a manter contatos com o
Presidente da República para que se alcance um acordo de paz entre Governo e
RENAMO e exprimiu um desejo: "gostaria de governar, com democracia",
mesmo que fosse "por um mandato, como fez Mandela" e depois deixar a
tarefa para os jovens.
Também
no sábado, em Maputo, o Presidente Filipe Nyusi considerou que as Forças
Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) estão a dar "o seu máximo
contributo para que o diálogo com o líder da RENAMO resulte nos progressos que
todos estão a testemunhar".
Segundo
Nyusi, para alcançar a paz, "haverá necessidade de tornar algumas medidas
que deverão ter as forças armadas como principais atores", assinalando que
vai haver mudanças no cenário militar do país, mas sem detalhar quais.
"Haverá
processors conjugados e necessários de estabelecimento, organização, adequação
e coordenação de novas ações, num xadrez diferente na constituição das forças
armadas", adiantou o Presidente da República.
"Sinal
inequívoco"
Falando
sobre o anúncio feito pelo líder da RENAMO, sobre o acordo para a eleição de
governadores provinciais, o porta-voz da FRELIMO, António Niquice, disse este
domingo (24.09) que um "sinal inequívoco" do diálogo construtivo já
tinha sido dado no início de agosto com a visita do Presidente Filipe Nyusi a
Dhlakama, na serra da Gorongosa. Nyusi "foi visitar um irmão" num
processo "de aproximação das famílias moçambicanas".
Apesar
de Governo e RENAMO terem assinado em 1992 o Acordo Geral de Paz, e um segundo
acordo em 2014 para a cessação das hostilidades militares, Moçambique vive
ciclicamente surtos de violência pós-eleitoral, devido à recusa do principal
partido da oposição em aceitar os resultados, alegando fraude.
Em
maio, Afonso Dhlakama anunciou uma trégua nos confrontos com as forças de
defesa e segurança por tempo indeterminado, após contatos com o chefe de Estado
moçambicano.
Agência
Lusa, tms | Deutsche Welle
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