segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Sahara Ocidental. O lápis é a nossa voz, com ele curamos as nossas feridas e a nossa dor




Reino Alauita incapaz de entender o que é um julgamento justo

Iniciou-se a 26 de Dezembro o julgamento civil de 24 activistas saharauis de direitos humanos saharauis, 21 dos quais estão detidos há mais de 6 anos. O julgamento foi suspendido e retomado no passado dia 23 de Janeiro. Após 3 dias de um julgamento em que os acusados foram impedidos de ouvir a totalidade dos procedimentos o processo foi novamente suspenso até ao próximo dia 13 de Março.

Em Fevereiro de 2013, este grupo foi julgado em tribunal militar. Neste julgamento inicial, 25 activistas foram acusados e julgados, 24 dos quais já estavam detidos há três anos sem julgamento e um com pedido de exílio em Espanha, que foi condenado à revelia.
As sentenças vão de 20 anos a cadeia perpétua, sendo que nunca nenhum crime foi provado pela acusação nem foram aceites as provas de inocência, as únicas provas presentes foram confissões obtidas sob tortura extrema que os acusados não puderam ler. Dois presos foram libertados com mais de dois anos de prisão efectiva e um está em liberdade condicional devido ao estado de saúde debilitado em que se encontra.

Após três anos de protestos, relatórios e acções de solidariedade, em que a comunidade internacional condenou este julgamento ilegal, Marrocos decide fazer um novo julgamento desta vez civil. Os 21 presos serão acusados e julgados de novo com as mesmas acusações, e não sendo isto ilegalidade suficiente para Marrocos (não se pode ser condenado duas vezes pelo mesmo crime) ainda irão julgar novamente os dois ex-presos que foram libertados com pena cumprida em 2013, assim como o activista que se encontra em liberdade condicional.

Asilo político em Espanha

Hassanna Aalia, a quem foi concedido o asilo político em Espanha, devido ao facto de ser acusado de crimes que não cometeu e correr perigo de vida, não foi incluído no processo, provavelmente porque Marrocos não está interessado em ouvir os advogados de defesa apresentarem a justificação da sua ausência e as razões pelas quais Espanha concedeu o asilo político. Este facto é sem dúvida um dos maiores problemas para Marrocos uma vez que desmascara a farsa destes procedimentos que são perseguição política de activistas de direitos humanos.

Naama Asfari, preso político com sentença de 30 anos, é outro problema para Marrocos uma vez que através da associação francesa ACAT foi apresentada uma denúncia/queixa a Comissão de Tortura das Nações Unidas que em Dezembro 2016 condenou Marrocos pela prática de tortura, detenção arbitrária e processo jurídico nulo, provando que tanto Naama Asfari como os restantes presos de Gdeim Izik são vítimas de perseguição política.

Tone Moe, observadora internacional da Noruega acreditada pela FUSO diz que, em primeiro lugar, é preciso notar que o direito a um julgamento justo é uma salvaguarda básica quando se respeitam os direitos humanos mais elementares. O julgamento de apelação contra o grupo de  Gdeim Izik é, a este respeito, um tanto hipócrita. Por um lado, temos um juiz que constantemente se refere ao “direito a um julgamento justo” e pede o direito para os réus. Entretanto, é evidente que o juiz não sabe o que significa um julgamento justo.

Julgamento hipócrita


Quando se trata do direito a uma audiência pública, o juiz do processo refere-se constantemente à divisão entre a sua sala de audiência e as “medidas de segurança que não são da sua conta”. Entretanto, havia uma clara segmentação na entrada, uma vez que membros das famílias dos acusados ​​e saharauis não podiam entrar. Esta segmentação violou o direito a uma audiência pública. Além disso, testemunha a discriminação em que vivem os saharauis, quando é explícito no artigo 14 do PIDCP (Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos) que a legislação nacional deve proibir qualquer tipo de discriminação.

Juíz não sabe o que é princípio da presunção da inocência

A presunção de inocência, conforme codificada no artigo 14 do PIDCP, é uma parte fundamental do direito a um julgamento justo. A presunção de inocência é claramente violado no julgamento do Gdeim Izik. A defesa das vítimas disse que os acusados ​​eram assassinos e tiranos brutais, não tendo o juiz jamais chamado a atenção para os termos utlizados. Os meios de comunicação e o promotor chamaram os acusados ​​de assassinos e as supostas vítimas como mártires, durante semanas, em todos os meios de comunicação social e continuaram com a mesma terminologia durante o julgamento. Isto dá uma indicação clara da falta de equidade, tendo em consideração que é fundamental que o juiz defenda o princípio do ónus da prova, que é colocado na acusação.

Confissões obtidas através de tortura

O artigo 293 do Código Penal marroquino proíbe o uso de “confissões” obtidas através da tortura e outros maus tratos, afirmando que uma “confissão” obtida por “violência ou coerção não deve ser considerada como prova pelo tribunal”. Neste caso a principal evidência contra os acusados ​​são documentos e confissões obtidos através de tortura violenta. Essa evidência é ilegal, mas foi admitida como prova pelo tribunal. Além disso, Marrocos não investigou as numerosas alegações de tortura dos prisioneiros, o que constitui uma violação adicional. O Procurador Geral desmentiu que tivesse havido denúncia por parte dos acusados,  o que é falso visto que, no julgamento de 2013, os observadores presentes presenciaram a denúncia, descrição e viram as feridas e cicatrizes dos activistas saharauis como foi publicado em vários relatórios.

Os 21 presos tiveram que assistir ao seu julgamento numa jaula de vidro sem possibilidade de ouvir todos os oradores, nem lhes foi facultada a possibilidade de tirar apontamentos não podendo ter consigo material para escrever, também foi denunciado o facto de um dos advogados de defesa nunca ter tido oportunidade de visitar os presos.

“Estamos presos por sermos activistas de direitos humanos, por defendermos o direito à autodeterminação”

No exterior, as famílias e cidadãos saharauis que se manifestaram  pacificamente durante os três dias de julgamento apoiando os acusados e exigindo a autodeterminação, foram atacados por “hordas” de marroquinos organizados e apoiados pela policia que lhes atiravam com garrafas de água, de ácido, laranjas e ratazanas mortas.

Abdallahi Sbaai que se encontrava dentro do tribunal foi chamado à parte por agentes da policia que lhe disseram: ou desapareces daqui ou levamos-te num saco para cadáveres.
Isto aconteceu após uma “explosão” de gritaria dentro do tribunal (ver video) quando uma das advogadas francesas da defesa invocou a ocupação do Sahara Ocidental, e foi impedida de continuar a apresentar o memorando que tinha preparado.

Sempre que entravam na sala ao serem conduzidos para a “jaula de vidro” os presos gritavam Labadil Labadil antakrir al massir (não há outra solução que a autodeterminação). Sidi Abdallahi Abhaha gritou em espanhol: somos activistas de direitos humanos, defendemos a autodeterminação, apoiamos a POLISARIO.

Naama Asfari, ao exigir material de escrita que lhes foi retirado logo na primeira sessão disse: a minha caneta é a minha arma, enquanto que El Bachir Boutanguiza  afirmou: “O lápis é a nossa voz, com ele acalmamos as nossas feridas e a nossa dor, tanto na intimidade como para o público”.

Isabel Lourenço – Jornal Tornado

30 DE JANEIRO DE 1933



Hélder Costa*, opinião

Foi neste dia, há precisamente 84 anos, que Hitler tomou o Poder na Alemanha. Quase em coincidência com a gloriosa ascensão do seu digno descendente Trump ao trono dos USA

Há quem diga que a História não se repete, que quando volta pode ser em farsa, outros dizem em tragédia, mas a verdade é que há curiosas coincidências.

No seu primeiro discurso, Hitler apela ao levantar outra vez da Grande Alemanha, de que é preciso excluir comunistas, socialistas, sociais democratas e centristas sem força nem coragem. Foi o Deutschland über alles, com o Franco Arriba España, o Trump America First, e até nas eleições da nossa paróquia em 2015 a coligação da direita lembrou-se de Portugal à Frente! Realmente, é gente que lê pela mesma Bíblia!

O tal Nacionalismo disfarçado de Patriotismo, a arrogância, a Censura, a exclusão, o Ódio em vez da Esperança, a farda e as botas a massacrarem o Cidadão.

E voltou a malvada fénix do Proteccionismo, destruindo Economias e criando o descalabro a aproveitar pelas extremas direitas, Exército islâmico, Ku-Klux- Klan e outras seitas – hoje, como dantes – apaparicadas pela indústria, grande capital e burlões da Finança.

Na Europa, alguém reagiu e acordou. A conferência, em Lisboa, dos 7 países do Sul é um bom sinal. Assim como a posição de Merkell condenando as restrições a refugiados e emigrantes. E gostei de ver a condenação desse Encontro de chefes de Estado pelo lacaio Passos Coelho recordando os temores e cobardias Cavaquistas de se estar a atirar gasolina para a fogueira!

Na crise de 1930 o presidente americano Herbert Hoover lançou o proteccionismo e decidiu enriquecer os Estados Unidos carregando de taxas altas os países a quem faziam importações. Precisamente o mesmo projecto e ameaças de Trump!

Claro que o comércio se reduziu a mais de um terço e assim prolongou a Grande Depressão em vez de a resolver. Consequência? essa miséria criou o terreno indispensável para a vitória do nazismo 3 anos mais tarde. Será que estamos a assistir a uma manobra especulativa com as mesmas intenções?

Termino recordando uma velha máxima. É necessário CONHECER o Passado, para COMPREENDER o Presente, e PREPARAR o Futuro.


Brasil. “É o próprio governo que provoca o déficit da Previdência”, alerta economista



“Essa reforma tem um conteúdo privatizante muito forte”, avalia a economista Denise Gentil, da UFRJ (Sérgio Amaral)

Mariana Haubert — Carta Capital

Ao não cobrar sonegadores e conceder renúncias fiscais, a União alimenta o problema que diz combater, avalia Denise Gentil, da UFRJ

reforma da Previdência proposta por Michel Temer no fim de 2016 tem como objetivo oculto privatizar o setor. Essa é a avaliação da economista Denise Gentil, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na avaliação dela, as exigências impostas aos trabalhadores são tão altas e as perspectivas de obter uma boa aposentadoria, com valor integral, foram reduzidas a tal ponto que estimularão a busca por fundos de previdência privada complementar.

A economista alerta, ainda, para o esvaziamento da própria Previdência pública, uma vez que, ao não vislumbrar o acesso a um benefício digno ao fim da vida, muitas pessoas podem acabar optando por não contribuir ao longo dos anos.

Em entrevista à CartaCapital, a professora explica que a reforma alterará o caráter da Seguridade Social passando a uma visão financeira do setor. Segundo ela, entre janeiro e outubro de 2016, os bancos venderam 21% a mais de planos nos fundos privados.

Denise participou do seminário “Em defesa do direito à aposentadoria para todos”, realizado pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e Associação Nacional dos Participantes de Fundo de Pensão (Anapar), em Brasília, na sexta-feira 27, com a presença de centrais sindicais e outras entidades representativas.

Confira, abaixo, a íntegra da entrevista:

Carta Capital: A reforma da Previdência acabará, de acordo com a senhora, por pressionar o trabalhador a buscar outras alternativas de renda para garantir uma velhice tranquila. Por isso que a reforma induz a uma privatização do setor?

Denise Gentil: Quando o governo anuncia uma reforma que vai exigir um tempo maior de contribuição e uma idade maior para a aposentadoria, ele sinaliza ao trabalhador que terá dificuldade para acessar essa aposentadoria e que, portanto, deve procurar uma previdência privada complementar. Essa reforma tem um conteúdo privatizante muito forte.

O recado é: Quem não buscar os fundos de previdência complementar pode cair na pobreza.  A reforma também tem outro objetivo: achatar os gastos públicos. Ao fazer isso com a Previdência e com a Assistência Social, ela também vai liberar mais recursos para pagar juros. E os grandes proprietários de títulos públicos no Brasil são os mesmos dos fundos de previdência, que são os fundos dos bancos.

CC:O governo anunciou a reforma como uma das soluções para a crise econômica, dentro do ajuste fiscal. Qual seria a melhor alternativa?

DG: Se a reforma tivesse a ver com ajuste fiscal, o governo tentaria aumentar as receitas da Seguridade Social. Ao invés disso, busca comprimir os gastos. O governo poderia, por exemplo, abrir mão das renúncias fiscais em favor de empresas que não dão nada em contrapartida ou cobrar a dívida dos sonegadores da Previdência.

“A União não cobra das empresas sonegadoras e ainda entrega a elas a possibilidade de pagarem menos tributos legalmente. Então, é próprio governo que provoca o déficit”

Ou seja, a União não cobra das empresas sonegadoras e ainda entrega a elas a possibilidade de pagarem menos tributos legalmente. Então, é próprio governo que provoca o déficit. Não é o aumento dos gastos. O governo sabe que tem superávit. Tanto tem que ele faz desonerações tributárias, se dá o luxo de não cobrar sonegadores.

CC:Então o déficit é uma falácia?

DG: Sim. Em primeiro lugar, porque o déficit foi provocado pelo pagamento de juros, o maior gasto do orçamento do governo. Enquanto o déficit anunciado da Previdência pelo governo é de 149,7 bilhões de reais, o governo entrega ao setor privado algo em torno de 501 bilhões ao ano, ou seja, 8% do PIB. A conta não fecha, principalmente, pelo gasto com a dívida pública.

O ajuste fiscal que pretende cortar os gastos da Previdência não vai resolver o problema das contas do governo porque, para isso, é preciso corrigir a política monetária. A verdadeira reforma teria que ser na política monetária e cambial do Brasil, porque é responsável pelo crescimento da dívida pública. A população precisa saber disso.

CC:A reforma tramita no Congresso. A senhora acredita que pode haver grandes mudanças na proposta inicial ou não haverá muito debate?

DG: O Congresso é muito conservador e favorável à reforma da Previdência, mas ele também é sensível aos apelos da população. Acredito, também, que os parlamentares têm uma boa dose de desconhecimento das suas consequências, porque uma reforma como essa não é favorável ao crescimento econômico. Isso impacta muito a sociedade, inclusive os empresários, porque ela vai reduzir drasticamente o consumo das famílias e isso tem impacto no crescimento do PIB.

“O desemprego aumentou, o consumo das famílias caiu e a produção das empresas também. Então, não há porque ter essa expectativa de crescimento diante desse cenário”
Se os congressistas tiverem o devido esclarecimento das consequências dessa reforma, do quanto eles perderão de voto… Os idosos são eleitores, os trabalhadores também. Será que o Congresso vai querer se indispor com a grande massa de eleitores? Precisa ter uma conta muito bem feita sobre o benefício e o custo de ser favorável a uma reforma da Previdência.

CC:A análise do Tribunal de Contas da União sobre as contas apresentadas pelo governo poderá trazer resultados divergentes?

DG: A sociedade espera do TCU clareza sobre isso, porque ele também é responsável por avaliar o quanto o governo desvia da Seguridade Social. Ele julga as contas do governo. Se o governo estiver praticando atos ilegais, tem de ser responsabilizado por isso dentro das leis. TCU tem que zelar pela verdade dos relatórios que são entregues pelo governo.
CC:Alguns economistas têm dito que economia brasileira já dá sinais de melhora. A senhora concorda com essa análise?

DG: O cenário não é de crescimento. O PIB deve fechar negativo em 4%, essa é a expectativa. O desemprego aumentou, o consumo das famílias caiu e a produção das empresas também. Então, não há porque ter essa expectativa de crescimento diante desse cenário. O governo diz que essas reformas sinalizam para o investidor e o setor produtivo que a economia vai crescer, mas não adianta anunciar ilusões. Ficções não funcionam. Na prática, tem que de haver mercado para as empresas investirem.


Brasil. NAVEGANTES: TRADIÇÃO E FÉ




Há 142 anos, em Porto Alegre, no dia 02 de fevereiro, ocorre uma das maiores manifestações populares de fé: a procissão de Nossa Senhora dos Navegantes. De tradição açoriana, ela reúne católicos e adeptos das religiões de matriz africana, constituindo-se no maior evento religioso do Rio Grande do Sul. Em 2010, foi reconhecida como o primeiro patrimônio cultural imaterial da capital gaúcha. Em relação a outras cidades do Brasil, ocupa o 2º lugar em grandeza e importância, reunindo milhares de pessoas.
    
Há registro de que, em 1500, encontrava-se entre os tripulantes da Nau Capitânia, da esquadra de Pedro Álvares Cabral, uma imagem da Nossa Senhora da Boa Esperança. Na época das “Grandes Navegações”, ao se deparar com o desconhecido, os marujos rogavam à santa a proteção durante as tempestades, para que os livrassem dos perigos presentes no misterioso mar. A associação da Mãe de Jesus com o elemento água é bastante antiga, pois este simboliza a vida e o nascimento em diversas culturas desde a Antiguidade.
    
A Procissão

A cada ano, no mês de janeiro, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes é   conduzida numa procissão até a Igreja Nossa Senhora do Rosário, no centro da Capital gaúcha, ficando exposta, durante um período, à visitação de milhares de fiéis. A primeira imagem de Nossa Senhora dos Navegantes foi esculpida em Portugal, no ano de 1871, pelo artista lusitano João de Affonseca Lapa. Um grupo, de moradores portugueses, formado por João José de Farias, Joaquim Assunção, Antônio Campos e Francisco Lemos Pinto, foi o responsável pela encomenda da escultura.

No feriado de 02 de fevereiro, pela manhã, a imagem da santa - acompanhada por uma multidão de fiéis - retorna à sua igreja de origem. Um “mar de devotos”, com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, segue em procissão num cenário muiticolorido, composto por velas, flores, rosários, crianças vestidas de anjo e cânticos em seu louvor.

 O incêndio

No ano de 1875, após ter sido construída uma singela capela de madeira, no antigo Arraial dos Navegantes, ocorreu a primeira procissão em honra a Nossa Senhora dos Navegantes. Esta capela, infelizmente, sofreu um incêndio avassalador.  No ano de 1896, no mesmo local, os moradores ajudaram a construir uma igreja em alvenaria.

Em dezembro de 1910, o ano em que o Cometa Halley cruzou o céu, ocorreu um segundo sinistro, destruindo totalmente a igreja, e a imagem da santa sofreu danos irreparáveis. Graças ao empenho da comunidade, um novo templo foi concluído, em 1912, e reinaugurado, em 1913, com a presença de uma nova imagem esculpida pelo mesmo autor lusitano da imagem original.

A tradição desta procissão, por via fluvial, interrompeu-se, em 1989, devido ao naufrágio do barco Bateau Mouche, no Rio de Janeiro Desde este incidente, a procissão se constitui numa longa caminhada dos devotos, que percorrem um trajeto em torno de cinco quilômetros. Em 2013, esta grande “Festa da Fé” passou a fazer  parte do calendário oficial de eventos do Rio Grande do Sul.

O sincretismo com Iemanjá

No dia 02 de fevereiro, nossa orla marítima se cobre de flores e perfumes que são ofertados, pelos adeptos das religiões de matriz africana, à Iemanjá. A origem do nome Iemanjá é do dialeto yorubá. A expressão “Yèyé omo ejá “, traduzida para o português, significa a mãe cujos filhos são peixes. O sincretismo deste orixá com a Nossa Senhora dos Navegantes remonta à época da escravidão no Brasil, fazendo parte, ao longo do tempo, da tradição do nosso imaginário religioso.  

A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, com seu caráter sincrético, demostra para o mundo que é possível conviver com a diversidade e suas múltiplas manifestações.  A tolerância e o respeito ao próximo devem ser o fio condutor, para que possamos vivenciar uma sociedade mais fraterna e plural.

*Pesquisador e coordenador do Setor de Imprensa do Musecom

Referências Bibliográficas:
ANJOS, José Carlos Gomes; ORO, Pedro Ari. Festa de Nossa Senhora dos Navegantes / Sincretismo entre Maria e Iemanjá. Porto Alegre: Secretaria Municipal de Cultura (SMC), 2009.
FERREIRA, Walter Calixto. Ago-iê, vamos falar de Orishás? Porto Alegre: Renascença, 1997.
LICHT, Henrique. Nossa Senhora dos Navegantes / Porto Alegre 1871-1995. Porto Alegre: Editora UE, 1996.
ORO, Ari. Religiões Afro-brasileiras do Rio grande do Sul: Passado e presente. Estudos Afro-Asiáticos vol. 24, nº 02, Rio de Janeiro, 2002.

APOIAR JOÃO LOURENÇO NÃO SIGNIFICA APOIO A JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS



Raul Diniz, opinião

Apoiar João Lourenço deve ser considerado um acto voluntarioso e da exclusiva responsabilidade da militância atenta do MPLA, é de facto um proposito necessário em nada reprovável.

Porém, esse esforço de apoiar a candidatura de JL como cabeça de lista, não é de modo algum um sinal de apoio a JES, e, muito menos significa apoiar Bornito de Sousa, o insigne ministro de JES sensor da fraude eleitoral em marcha.

A militância não pode continuar no decrepito conformismo medieval de procrastinação eterna.

Os militantes extra CAPs do MPLA, terão de ser pacientes em aceitar humildemente abandonar a dinâmica individualista, que permitirá sair do ostracismo da pirâmide profaníssima do sistema político messiânico inoperante, imposto pelo ditador José Eduardo dos Santos.

Não sabemos quais foram os objetivos que levaram JES a apresentar o nome de JL ao comité central, nem a razão que o levou a colocá-lo nessa saia justa de torna-lo em um inexpressivo cabeça de lista, sem que JL ao menos detenha na mão a presidência do MPLA. No mínimo essa candidatura é bizarra, porém necessária e útil.

Sabemos que o MPLA é expugnável como qualquer outro partido, sobretudo por permanecer mais de 40 anos no poder. Por isso existem motivos óbvios que ajudam a clarear a necessidade dos militantes aceitar apoiar a candidatura de João Lourenço, como cabeça de lista do MPLA.

A primeiro delas, seria analisar os efeitos dessa candidatura a curto, médio, e longo prazo, a avaliação não deve conter nenhuma leviana concepção, a avaliação deve ser vista como necessidade única posta, que poderá levar o MPLA e o país a uma mudança radical benéfica.

Acresceria outras inflexões interrogativas como as seguintes: quais os benefícios que essa candidatura traria para o país e para o futuro do MPLA? Quais os objetivos que a candidatura preconiza alcançar?

Será que se trata de uma candidatura tampão, que serve apenas para proteger o ditador e a sua família e acólitos? Não seria uma candidatura que surge para continuar a postergar os direitos inalienáveis das nossas liberdades de ir e vir, de expressão e de manifestação pública?

Em segundo lugar avaliaria a condição que levaram a apresentação de João Lourenço como cabeça de lista do MPLA. Fica claro que apesar da segunda reflexão parecer produzir alguma substancia, na verdade uma e a outra são taxativamente de uma evidente ambivalência discricionária.

O cidadão tem o direito de conhecer qual será a plataforma eleitoral de João Lourenço.

A esse respeito as perguntas são inúmeras, de todos os gostos, porém, destaco apenas algumas; Que João Lourenço teremos nas próximas eleições? Ou melhor ainda, João Lourenço renovara o MPLA? JL está talhado para realizar uma governação transparente? Sairá bonito na fotografia familiar de “M” eventualmente renovado?

João Lourenço terá de satisfazer não só a curiosidade da militância do “M”, como a toda sociedade civil e castrense votante, falando claramente de quais são as suas reais intenções, ou seja, o que pretende fazer com a Sonangol e a Endiama.

O eleitor quer saber de JL, se manterá a filha de sua excelência o tirano inescrupuloso JES, a excêntrica Isabel dos Ovos Santos, na presidência da Sonangol? E quanto ao outro filho malandro do ditador, Filomeno dos Santos Zenú, continuará a brincar de dono do nosso dinheiro, empregue no simulacro fundo soberano EDUARDINO?

Temos o dever de tudo fazer para nos livrar de uma vez por todas, do barão exportador absoluto da corrupção, e promotor enigmático da desordem social, econômica, e financeira de Angola.

Além disso, os militantes e amigos do MPLA querem muito saber como aparece como segundo cabeça de lista o sinistro Bornito de Sousa O camarada João Lourenço, enquanto cabeça de lista, cabe-lhe escolher o seu par, e prepara-lo para essa batalha eleitoral.

João Lourenço é dos nossos, é batalhador, e sabe muito bem o que quer, ao contrário do refinado intriguista bajulador, e corrupto Bornito de Sousa. Nós os militantes adversários de JES e da sua quadrilha, conhecemos bem JL, e a toda sua família da qual faço vênia.

Ainda sobre Bornito falaremos num próximo texto aqui, no Planalto de Malanje Rio Capopa

Não convém a JL tornar-se prisioneiro da fraude eleitoral já em marcha, essa situação vai fragiliza-lo e torná-lo-á futuramente refém do ditador infame, e Bornito será utilizado como seu permanente polícia.

Nós militantes do MPLA, sabemos que Bornito de Sousa é um descarado caloteiro, não paga as dividas milionárias ao credor (leia-se povo angolano) que o tornaram rico, e o promoveram automaticamente para o escalão máximo de um dos fabulosos herdeiros da corrupção endêmica, que grassa por toda administração do estado.

Taxativamente JL não precisa da fraude para se eleger, vamos ajuda-lo a vencer esse pleito, sem ter por perto o malicioso Bornito de Sousa. Bornito de Sousa está caracterizado pela maioria absoluta dos angolanos, como exímio bajulador especializado em intrigas.

Ainda Sobre Bornito de Sousa, vamos documenta-lo aqui em outro texto.

Sem falsas modéstias, a atual momento que o MPLA atravessa, transporta-nos lastimavelmente a uma situação crítica medieval abalável, e seriamente desconfortante. Essa situação leva-nos a outros inviáveis patamares que urge detectar e resolve-los.

Seria um erro crasso continuar a procrastinar a exigível mudança de rumo que o MPLA tanto precisa. Enquanto militante do MPLA, entendo que devamos aceitar a situação de mudança como uma necessidade, que nos levará a exautorar de uma forma perene, a oligarquia delinquente do poder.

Mesmo sabendo tratar-se de uma mudança limitadíssima, o facto é que exige uma imediata aceitação cabível e tolerante da militância inteligente. O país está sitiado e, essa mudança poderá potenciar a formula de democratizar estruturalmente o MPLA. Todos os militantes juntos ainda somos poucos para retirar o MPLA do estado de letargia amorfa que o degrada cada vez mais.

É preciso fazer-se alguma coisa já para retirar o MPLA do tradicional fissuramento inqualificavelmente antidemocrático de partido-estado, afastar o MPLA da letargia amorfa latente em que fora mergulhado é tarefa difícil, mas possível.

Essa colagem de partido-estado, que caminha lado a lado desde a fundação mediática da republica popular de Angola, deixaram seviciadas marcas profundas na população que inviabilizaram até o momento a democratização não só do MPLA, como também do país.

É tempo de mudança apesar do momento ser tortuoso, acredito que tal situação produzirá uma providencial alteração substancial na forma de agir do MPLA, a partir do momento em que o ditador for apeado e/ou mesmo torpedeado da aparatosa máquina do poder executivo.

Se JES e sua família forem de uma vez erradicado do poder, o MPLA será forçado a deixar de lado o insustentável ostracismo, que ajudou a fundia-lo no oceano da obscuridade letárgica, onde se encontra.

Aqueles que, como eu não se reveem nos importunáveis CAPs, por sinal trata-se de verdadeiras centrais de excentricidades irascíveis, onde os impiedosos corruptos passeiam impunemente a sua inusitada vaidade de imponentes cidadãos de consciência congelada.

Ainda assim, a massa militante pensante, aqueles que caminham distanciados dos ideais defendidos pelo do EDUARDISMO no interior do MPLA, com elegância, e, movidos de elevado espirito altruísta, deveríamos propor-nos em apoiar a candidatura de JL a presidência da república.

Não vamos novamente aceitar ser trados como carneiros, tratam-nos como soberanos enquanto votamos e, como escravos descartáveis após votar. Os militantes e os cidadãos não podem de maneira nenhuma servir apenas como armas de arremesso, para justificar as variáveis contradições políticas existenciais do ditador.

Ajudar a eleger o camarada João Lourenço é uma necessidade de mudança urgente, penso que JL merece o benefício da dúvida. Apoiar JL não significa estender a mão a Bornito de Sousa, e muito menos apoia-lo nessa odisseia falseadora de resultados eleitorais fraudados.

Angola. CASA-CE ADMITE GOVERNAR COM MPLA



Chivukuvuku está convencido de que será “governo ou parte de governo” e não descarta coligação com MPLA de “patriotas”.

O presidente da CASA-CE, terceira força política no país, Abel Chivukuvuku, está convencido de que será “governo ou parte de governo” em resultado das eleições deste ano, e não afasta a hipótese de governar com o MPLA.

“Com este MPLA que conheço hoje não haveria possibilidade de convergência. Partimos de bases completamente diferentes. Agora, não ponho de parte a possibilidade do próprio MPLA também se transformar”, afirmou em entrevista à agência Lusa o presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE).

“Os fenómenos humanos e políticos são mutáveis. É possível que venha uma nova liderança do MPLA que queira também a democracia, que queira a boa governação. Se houver esses patriotas, sim senhor! Mas com os dirigentes de hoje não temos convergência possível”, acrescentou Abel Epalanga Chivukuvuku, 58 anos, antigo combatente da UNITA e ex-dirigente do partido fundado por Jonas Savimbi, que chegou a apontá-lo como o seu sucessor.

O presidente da CASA-CE vem a afirmar há cerca de um ano a convicção de que será “governo ou parte de Governo” em resultado das eleições do país previstas para Agosto próximo, uma “formulação” que mantém e diz estar alicerçada em “estudos de opinião”.

“Mantenho essa formulação. Em primeiro lugar, temos acesso a estudos de tendências de opinião. Não temos sido nós a requisitar, mas temos tido acesso. Se conseguirmos realizar em Angola eleições justas, livres e transparentes, não tenho dúvida absolutamente nenhuma de que haverá mudança em Angola, [e nós] temos condições para ser uma força política determinante para o futuro de Angola. E para sermos uma força política determinante teremos que ser governo ou parte do governo”, afirmou.

Quanto aos resultados que espera obter, Chivukuvuku foi evasivo, afirmando apenas que está a lutar para obter “os resultados que permitam à CASA ser governo ou parte do governo”, mas sublinhando também a convicção de que o cenário de uma maioria parlamentar “é realizável”.

“O importante – reforçou – é conseguirmos eleições livres, justas e transparentes”. “A CASA-CE conseguiu transmitir confiança e esperança a vários segmentos populacionais que já não acreditavam no jogo político angolano, conseguiu entusiasmar segmentos que no passado eram apáticos, particularmente a juventude. Hoje, a CASA-CE precisa só de transmitir confiança em determinados segmentos ligados ao sistema para perceberem que, mesmo as pessoas ligadas ao sistema têm a ganhar com a mudança. É isso que vai fazer com que se realizem os objectivos”, concretizou Abel Chivukuvuku.

Quanto a eventuais alianças futuras, caso os resultados eleitorais venham a dar razão à convicção do líder da CASA-CE, Chivukuvuku não abriu o jogo. “Nas circunstâncias presentes não determinamos que partido” ou partidos poderão ajustar-se numa coligação governamental, disse.

“Nas circunstâncias presentes determinamos a nossa visão, estruturamos as grandes bases de programação da nossa governação. Depois, em função dos resultados eleitorais e da avaliação, serão os partidos com uma identidade que se aproxime da nossa aqueles com que poderemos trabalhar”, acrescentou.

“Não poderemos trabalhar com um partido corrupto, quando somos contra a corrupção, não poderemos trabalhar com um partido insensível ao sofrimento e pobreza da população, quando o que queremos é realizar o cidadão, não poderemos trabalhar com um partido antidemocrático, quando o que queremos é afirmar os princípios e valores da democracia. Serão essas as bases de avaliação”, disse ainda o líder da CASA-CE, o que, foi também claro, exclui o “MPLA de hoje”.

Chivukuvuku indicou também que a coligação que dirige está “neste momento a absorver vários cidadãos de vários segmentos políticos, populacionais e sociais, que se juntam à CASA”, num “fenómeno crescente”, mas escusou-se a indicar se está a convidar expressamente estes “segmentos” para o fazerem.

O ex-primeiro-ministro Marcolino Moco, é um dos nomes sonantes que têm sido identificados como em órbita de aproximação à CASA-CE, porém, instado a dizer se tenciona convidá-lo a integrar a coligação nesta recta para as eleições, Chivukuvuku foi particularmente lacónico. “Recebemos todos. Não temos parâmetros de recusa. Cada cidadão é livre de optar”, disse.

“Temos trabalhado bastante com o meu conterrâneo e amigo Dr. Marcolino Moco. Ele esteve no nosso congresso, participou em seminários organizados pela CASA no Huambo, em Benguela e em vários outros locais. Ele tem vontade, como cidadão, de dar o seu contributo e é livre, se assim o entender, de dar outros passos na vida. Colocamos isso como um acto de liberdade de cada cidadão angolano”, acrescentou.

Perigo de repetição da “abstenção induzida”

O líder da CASA-CE mostrou-se preocupado com o processo do registo eleitoral e alerta para o perigo de repetição da “abstenção induzida”, se os cadernos eleitorais não forem publicados “com tempo”.

“Quando é que os cadernos eleitorais vão ser afixados?”, perguntou, explicando que nas eleições de 2012 o país viveu “o fenómeno da abstenção induzida”, e o mesmo não pode ser acontecer nas eleições previstas para Agosto próximo.

“A lei determinava que os cidadãos tinham que votar onde estivessem inscritos nos cadernos eleitorais e máquina fez confusão com todos os cadernos, de modo que o nome de um cidadão residente na Maianga aparecia no caderno eleitoral do Bié, o nome de um cidadão residente em Cabinda aparecia no Huambo… Isso foi abstenção induzida”, acusou o político.

O processo de preparação das eleições, acusou ainda Abel Chivukuvuku, está desde logo manchado pelo facto de o governo ter chamado a si a responsabilidade do registo eleitoral dos cidadãos, em sede do Ministério da Administração do Território – tutelado por Bornito de Sousa, eventual número dois da lista do MPLA e candidato a vice-Presidente da República -, em vez de o deixar nas mãos da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), como até aqui.

“No capítulo do registo dos cidadãos, entendemos que houve violação das normas constitucionais por parte do governo. A Constituição determina que todos os actos ligados ao processo eleitoral são da competência exclusiva da CNE. Mas como temos um governo que faz a interpretação casuística das normas constitucionais e legais, forçaram o Tribunal Constitucional a suportar a interpretação de que o registo eleitoral não faz parte do processo eleitoral”, defendeu.

Lusa, em Rede Angola

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ABRAÇOS PELA FRENTE, PUNHALADA PELAS COSTAS



Os delegados da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), reunida no seu II Congresso Ordinário, decidiram a favor da transformação da mesma formação política em partido político. Todos aceitaram, democraticamente, a vontade da maioria? Alguns disseram que sim mas, na primeira oportunidade, saltaram a barricada.

Orlando Castro*, opinião

Integram (ou integravam) a CASA-CE os partidos PADDA – Aliança Patriótica, o Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), o Partido Pacífico Angolano (PPA) e o Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA).

A decisão (transformação em partido) foi democraticamente concretizada depois de fortes debates, devido à resistência de um dos líderes da coligação quanto à passagem a partido, Alexandre Sebastião, líder do PADDA, vice-presidente eleito neste II congresso.

Entretanto, o Tribunal Constitucional (TC) revelou as razões formais pelas quais, diz, indeferiu o pedido da CASA-CE para passar a partido. Segundo o TC, na origem dessa decisão estiveram cartas de três partidos que, a fazer fé no que é público, resolverem abraçar pela frente e apunhalar pelas costas o líder Abel Epalanga Chivukuvuku.

A decisão de não permitir a transformação da CASA-CE em partido político “não tem nada de político”, garantiu Marcy Lopes do gabinete de partidos políticos do Tribunal Constitucional de Angola, revelando que já após o pedido de transformação ter sido recebido pelo tribunal, três dos partidos da coligação escreveram cartas solicitando ao Tribunal para não os extinguir como partidos políticos.

Uma delas subscrita por Alexandre Sebastião André (presidente do PADDA), vice-presidente da CASA-CE com o pelouro dos “Assuntos Institucionais” que, aliás, integrou a comitiva da coligação (chefiada pelo presidente Abel Epalanga Chivukuvuku e que integrava também o vice-presidente William Tonet) que no dia 20 de Outubro esteve no TC a solicitar a passagem a partido.

“O resultado que se pretende não pode ser feito sem que se extingam os partidos que se fundem”, disse aquele funcionário do Tribunal que confirmou, por outro lado, que não tinham sido cumpridos os “procedimentos estatutários” para a extinção dos partidos.

Antes de chagar à CASA-CE, Alexandre Sebastião André foi chefe-adjunto do Departamento Geral do Gabinete do Chefe do Estado Maior General das FAPLA Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (1985 a 1988), Chefe do Gabinete Jurídico do Instituto de Geografia e Cartografia de Angola – Ministério da Defesa (1988 a 1998), Vice- Presidente do “PAJOCA – Partido Angolano da Juventude Operária, Camponesa de Angola (1991 a 1998), Secretário da Comissão dos Direitos Humanos, Petições e Reclamações dos Cidadãos da Assembleia Nacional (1993 a 2008), Presidente do PAJOCA (1998 a 2008), Membro do Conselho de Estado da República (1999 a 2008) e Presidente do Partido PADDA- Aliança Patriótica (2009).

Quando à saída do Tribunal Constitucional, no dia 20 de Outubro, foi questionado sobre a sua divergência quanto à passagem da CASA-CE a partido, Alexandre Sebastião André foi peremptório em declarar que “o passado ficou mesmo para trás” e que a “CASA avança célere, mais sólida e unida como nunca”, dissipadas que estavam aquilo que ele considerou de “diferenças de opiniões em volta das vantagens e inconveniências da transformação”.

Durante o Congresso, alguns dos participantes manifestaram a ideia de que, perante a posição assumida, Alexandre Sebastião André deveria abandonar o barco. Outros diziam que a sua permanência mostrava que a CASA-CE era de facto uma organização, aberta, democrática e plural.

Com amigos assim, Abel Epalanga Chivukuvuku não precisa de inimigos. Falta agora saber se vai continuar a preferir ser assassinado pelo elogio ou salvo pela crítica. Os angolanos gostavam de ter uma resposta cabal.

- Nota exclusiva para alguns dirigentes da CASA-CE. Este é um artigo de opinião. Como TODOS os artigos de opinião, vincula apenas e só o seu autor.

*Orlando Castro é Sub-Diretor do Folha 8

Folha 8


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Angola. PASMO, CONSCIÊNCIA PESADA E BATOTA ELEITORAL – Fernando Vumby



PASMA-ME COMO O JES/MPLA TEM UTILIZADO O SILÊNCIO, TRUNGUNGO E ARROGÂNCIA COMO ARMAS MORTÍFERAS!

ENQUANTO O REGIME SE SENTIR MAIS FORTE, POR BIRRA E TRUNGUNGO VAI IGNORAR SEMPRE AS CRITICAS, DENÚNCIAS E RECLAMAÇÕES DA OPOSIÇÃO POLÍTICA!


Fernando Vumby, opinião

Já é tão humilhante e revoltante o comportamento do regime perante os montões de denuncias , criticas e reclamações da oposição política angolana sobre tantos assuntos que mereciam ser levados em consideração e que necessitam de soluções que agradem a maioria dos angolanos.

Angola tem um regime brutal , casmurro , arrogante , corrupto e que mesmo sendo incompetente se recusa á dar ouvido aos seus opositores políticos simplesmente por vontade de humilhar e não querer ser correto porque não dá lucro.

O pior é que o regime tem consciência de que não tem governado bem , por não serem capazes e que estão a tratar todo o processo eleitoral atual com base em manobras para humilhar mais uma vez uma oposição política ja humilhada em si desde vários anos um pouco por própria culpa.

O regime não possui outra habilidade para líder com esta qualidade de opositores que tem pela frente , e assim escolheu o silencio como única opção que lhe resta perante criticas e denuncias sem conta de gente que não passa disto nem mesmo para mostrarem que tem outras armas mais enérgicas.

O regime tem mostrado que apesar de inseguro , é matreiro porque com este seu silencio ignorando completamente os apelos , criticas e denuncias da oposição tem conseguido manter sob seu controle todos os seus contras .

Me arrojo mesmo em afirmar de que o silencio tem sido uma das grandes e melhor arma do regime , pois conscientes de que são rejeitados pela maioria dos angolanos , com tanta falta de vergonha na cara e como ja não sabem como expressarem os seus sentimentos usam o silencio criminoso acompanhado com a força brutal , arrogancia e assim vão se mantendo no poder.

Os angolano devem se preparar para o pior , porque enquanto a oposição não mudar o seu comportamento o regime não se sentirá com necessidade de mudar ate porque seria estupidez visto que deste jeito trungungueiro e musculado tem tudo sob o seu controle e está preparado para continuar a sua caminhada sem grandes sobressaltos .

Esta aventura de se querer derrubar um regime destes , só mesmo com criticas e denuncias não está a ser mais vantajoso para o JES / MPLA ?

EXCESSO DE TRUNGUNGO & CONSCIÊNCIA PESADA BARALHA (PGR) NA HORA DE TENTAR CONTROLAR, MANIPULAR E INTIMIDAR!

Este tal dito cujo (PGR) entre aspas sim, porque por aquilo que se conhece dele , o mesmo não merece tal designação .

Faz bastante tempo que optou pelo pior ao não querer ouvir os sentimentos , as emoções e as preocupações dos outros.

O que se nota nele de mais marcante é mesmo só arrogância , prepotência e trungungo querendo se valer da força e poder que se julga ter , para humilhar quem quiser , prender , mandar julgar , fabricar criminosos e testemunhas ao seu bel prazer .

É um tipo com tendências passivo -agressivas , que pode estar sentindo um bocado de auto -piedade , estar ressentido com gente que denuncia os seus podres , com a situação , encurralado ou simplesmente um mau carácter que está achando tudo muito difícil de se lidar.

É como já dizia outro " Estes tipos tem todos uma pancada " roubam tanto que se fartam , ao ponto que nem sabem como gastar , á quem confiar , acreditando que não dão nas vistas e que estão altamente seguros acabam meio - malucos , falam atoa e como resultado de insegurança dão nas piores bestas quadradas que são a maioria dos corruptos que desgovernam Angola.

O comportamento deste senhor , seu silencio em torno de tantas queixas apresentadas e os argumentos vazios falaciosos que geralmente busca para tentar justificar a sua impotência moral e masturbada nos tomando todos por parvos e idiotas do seu nível corrupto e insensível, já me levou a pensar varias vezes que este homem deve estar a sofrer de transtorno de personalidade como muitos dos seus camaradas.

É um fraco que utiliza mal e porcamente testar os seus próprios limites , para ver o susto que pode pregar e a desgraça que pode causar ás vitimas que seleciona para humilhar e perseguir sem que eles reclamem e aceitem tudo de boca fechada inclusive serem condenados como inocentes.

"SE ELES FOSSEM MERCADORIA SERIAM TODOS MINISTROS"

DE CABEÇA ERGUIDA E COM ORGULHO BLOCO DEMOCRÁTICO FAZ UMA TRAVESSIA PELO DESERTO!

O que mais gosto realçar quando falo do Bloco Democrático não é propriamente o Partido em si , mais sim as tantas pessoas que conheço pessoalmente ligadas á este Partido que me marcaram profundamente pela positiva e muito do que sei hoje graças á alguns deles.
Foi na pensão " Diá Uzeka Utanga Si Uandala " (Comes, Dormes e Lês se Quiseres) naturalmente quando não és surrado, era assim que ironicamente tratávamos a cadeia de S. Paulo onde conheci a maioria daqueles que mais tarde se tornaram em grandes referencias e autênticos professores para mim.

Encontrei jovens com uma coragem incrível , muito fora do comum , com verdadeiro espreito patriótico e com grande amadurecimento político já na altura , que acabaram por me contaminar .

Claro que há nomes e grandes referencias que o momento me aconselha á não menciona-los , mais ainda bem que eles sabem quem são , que estaremos sempre juntos e que mesmo no silencio nos comunicaremos .

Ainda me recordo como se fosse hoje de uma figura muito importante do regime que ocupava já na altura uma posição de destaque no MPLA , que ia quase todas as semanas a cadeia de S.Paulo claro tinha direito á entrada a qualquer altura , para tentar convencer um jovem seu familiar para que este abandonasse a sua organização política contra o MPLA , em troca de liberdade e cargo e para tal bastava assinar um documento.

O jovem mesmo depois de tanta surra e todo tipo de tortura física e psicológica não cedeu um único milímetro das suas velhas e bem assumidas convicções em não alinhar nunca , com um MPLA já na altura tão assassino e corrupto ate mesmo aos dias de hoje.

Essa estratégia do regime depois alargou-se e tudo tentaram para ver se conseguissem enquadrar aquela malta toda jovem mais bem madura e com grande visão política como uma espécie de parceiros do MPLA nas roubalheira e naquilo que é hoje Angola , um país onde o saque das suas riquezas ate parece obedecer á algum decreto institucionalizado e oficializado.

Os duros e sem preço como nunca aceitaram pactuar , desde então ficaram condenados á serem queimados de todas as formas e feitio , seja em que sector for onde algum deles queira ou tente sobresair , mesmo se pintando em cores exóticas as barreiras acabam sempre montadas.

E é assim que se percebe as razões desta enorme cortina de ferro que o regime montou ao Bloco Democrático , que se constituiu no fim ate num grande motivo de orgulho para o Partido , e todos nós que conhecemos o potencial que está metido nele e naquilo que ainda tem para dar ao país .

PARA MELHOR REINAR JES/MPLA DIVIDIU-NOS ENTRE OBEDIENTES E DESOBEDIENTES!

E com isto criou um ambiente tão brutal de convivência entre os angolanos , onde se nota claramente de que , quem respeita e aceita as regras impostas sem refilar é acolhido , e quem perturba as ordens impostas pela lei da represália é marginalizado.

É uma atitude do ponto de vista estratégico de JES/MPLA , que me parece pré-meditada , e com vários objetivos concretos a atingir , sendo um deles o de e para evitar com que haja solidariedade e colaboração entre os angolanos , os impedindo assim deste modo de juntos se defenderem da melhor maneira.

E assim criou o ambiente reinante de medo e insegurança que conduziu aos extremismos da subordinação dos ( desobedientes ) , inferiorizados e desprezados em relação aos ( obedientes ) protegidos , com todos os privilégios , e que se sentem superiores ,e da manipulação e opressão dos obedientes ( superiores )em relação aos desobedientes ( inferiorizados ).

PARABÉNS RAFAEL MARQUES  POR MAIS UM  TÃO MERECIDO PRÉMIO!

Como um de entre  tantos  milhares de pessoas  que se sentem abençoadas e privilegiadas por serem amigos de  Rafael Marques , um grande e lutador de betão que não quebra , não podia deixar de parabeniza-lo  mais uma vez , pelo seu recente prémio sobre os Direitos Humanos oferecido no Canada .

Sendo um dos mais profundos princípios da natureza humana a sede de estima e apreço , Rafael Marques este merece sim , a nossa estima e apreço por tudo que tem feito em prol de Angola e de todos angolanos mesmo correndo os riscos que tem corrido num país como Angola onde a vida de qualquer cidadão raramente não depende dos caprichos do regime.

E se por todos nós  angolanos e para bem de todos nós  sem qualquer distinção Rafael Marques tem respondido á desafios apertados , tem enfrentado enormes obstáculos muitos quais não passa pela cabeça de muita gente , e tem posto em exercício todas as suas capacidades de conhecimento e acção , manos porque não , todos nós juntos dizermos em coro " Parabéns Rafael Marques ?  "

Por mais inteligentes que somos , todos nós seres humanos gostamos da aprovação alheia por algo de bom /bem que fizemos , pois tal reforça sempre a nossa auto estima e este texto é um sinal do meu apreço , muito respeito , consideração e atenção por aquilo que Rafael Marques tem feito em prol desta Angola sofredora.

DEPOIS DA BATOTA ELEITORAL SEREMOS MAIS FAMOSOS E CONHECIDOS NO MUNDO!

Eu não tenho dúvidas, e não retiro mesmo nenhuma palavra sobre tudo que já escrevi partindo de factos que apontam claramente de que em Agosto de 2017 Angola vai conhecer a maior fraude eleitoral de sempre , quem sabe do século ?

Num pais onde os policias e os militares que vieram do povo , viraram costas ao povo , e se tornaram serventes de umas poucas dezenas de corruptos e criminosos , é natural que os chamados votos de curral e do chicote falem mais alto do que propriamente o voto limpo popular.

O voto em Angola é uma fantasia e a maior pimpa nacional porque nunca foi ate agora fator determinante para se conquistar o poder , pois o que tem imperado é a lei da musculatura e a prova disto é que desde 2012 em que os motores de todas as fraudes e farsas no país , os chamados poderes judiciários , os garantes da bandidagem no poder , nunca respondeu ás provas apresentadas pela oposição de que foram batotados.

Um regime que nunca foi sério , tem consciência de que sê-lo em período eleitoral é a pior besteira que pode cometer , e assim para não perder o já têm consolidado não vão de formas nenhuma jogar na transparência eleitoral .

Vão sim antes pelo contrário explorar ainda mais e da melhor maneira todas as facilidades que a própria oposição lhes tem oferecido para manter o seu pé no pescoço dos seus adversários.

Todas as pesquisas sérias feitas ate agora apontam que sem fraude o JES/MPLA não tem hipotese de continuar no poder e o mal dos angolanos é que eles sabem disto e têm tudo do seu lado e sob seu controle para manobrar como quiser..

E como tal tudo vão fazer para não deixarem o poder nem mesmo que para tal continuem utilizando o seu exercito e a policia para obrigar os seus opositores á ficarem calados e deixarem de protestar como aconteceu das outras vezes e ate deu bons resultados ao regime.

Se mesmo agora toda uma serie de situações que já aconteceram e que mereciam serem protestadas , nada aconteceu , quem pode acreditar que depois da fraude algum líder da oposição política assuma comandar uma mega manifestação de protestos ate a verdade ser reposta ?

A oposição política angolana como é o mais provável poderá não se prestar á reconhecer os resultados das próximas eleições , mais protestar de forma enérgica não acredito , pois os tempos dos heróis mortos , já lá se vão , mas vale engolir sapos e continuar vivo , do que morrer e se dizer depois que morreu por Angola e pelos angolanos , dizem os patriotas e nacionalistas da ultima carruagem ?

Isto é o que vai acontecer pois hoje tornou-se tão normal aceitar-se tudo e mais alguma coisa , ate mesmo abrir as pernas e nos enfiarem o dedo no ( c´...) em nome de uma paz , vista por um canudo que uns querem e outros fazem dela a sua fonte de inspiração para humilhar os seus contras.

Fórum Livre Opinião & Justiça

Fernando Vumby

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