terça-feira, 16 de maio de 2017

Portugal | CDS: UM APOIO DE PESO


Ana Alexandra Gonçalves*

A candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa não foge à regra do que CDS nos tem habituado nos últimos tempos: mediocridade e inanidade casaram e serão felizes para sempre. Mas agora a candidata do CDS contou com um apoio de peso: o PPM cujo vice-presidente Gonçalo da Câmara Pereira nos brindou com palavras inesquecíveis sobretudo se fossem proferidas há dois séculos atrás.

O apoio de peso do PPM começou com os elogios de Gonçalo da Câmara Pereira à candidata do CDS, lembrando que Assunção é uma mulher "casada que provou, como a maioria das portuguesas, que pode trabalhar e ter filhos, já que não descurou o trabalho e não descurou a casa". E o marido de Assunção? Não sabemos. Não interessa. Afinal de contas estamos em pleno século XIX.

Não satisfeito, Gonçalo da Câmara Pereira enveredou pelo caminho das analogias, entre mulher e a cidade. Assim sendo "Lisboa é neste momento agradável à vista e fotogénica, mas de espartilho (neste particular recuamos até ao século XVI, embora com um efémero regresso já no século XXI) e saia travada". Continuamos em pleno século XIX. E o apoio de peso a Cristas continua: "...com dificuldades em respirar e andar. Como mulher a Dra. Cristas sabe bem que, para se trabalhar, não se pode usar espartilho nem saia travada e, se necessário, vestir calças que ultimamente não se sabe bem onde andam, custam a ver". Já para não falar das críticas à circulação de bicicletas e "corridinhas em fato de treino".

Cristas responde que "calça botas e veste calças de ganga muitas vezes para estar nos bairros sociais".

É todo um admirável mundo velho. De há pelo menos dois séculos.   É isto que Assunção Cristas e seus apoiantes têm para oferecer à cidade de Lisboa, ao país, ao mundo, isto e 20 estações de metro - um plano antigo e já anteriormente proposto por outros partidos. É todo um admirável mundo velho, com um sorriso nos lábios e a indumentária certa.

* Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Salvador Sobral | PEQUENOS GESTOS QUE INTERPELAM GRANDES ESCOLHAS


Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

Portugal ganhou a Eurovisão, e o país emocionou-se. É compreensível que assim seja. Mas também é justo pedir que não percamos o pé, a noção precisa do Mundo que avança apesar do nosso alheamento. Pelo menos em teoria, a Eurovisão pretende celebrar e evocar princípios de tolerância, de encontro de nações e culturas de dentro e fora da Europa. É difícil por isso compreender que essa celebração possa ser tão asséptica, tão artificialmente alienada da violência que, de tão banalizada, já não merece especial atenção.

Ficámos a saber na semana passada que as autoridades italianas deixaram morrer 268 pessoas, entre elas 60 crianças, que fugiam da guerra pela Líbia. E a palavra "deixaram" neste contexto não é simbólica. A guarda costeira italiana esteve ao telefone durante cinco horas com um médico sírio que implorava ajuda enquanto afundava com os restantes 267 refugiados perto de Lampedusa, e nada fez. São só mais algumas centenas a juntar aos milhares que já perderam a vida a tentar atravessar o mar que não é mais que um muro que a Europa mantém guardado e armado para impedir uma passagem segura.

Pode a Eurovisão resolver um problema político e humanitário desta dimensão? Certamente que não. Mas isso não quer dizer que lhe deva ficar indiferente. E teria ficado, não fosse o gesto de Salvador Sobral. Com a naturalidade de quem só está a fazer a coisa certa, o candidato português escolheu usar a sua visibilidade para revelar o drama de outros, de todos na verdade.

“PARA O BEM DE TODOS, URGE ENCERRAR ALMARAZ” | Marisa Matias




Estudo de 2010 estima em 800 mil o número de vítimas decorrentes de um hipotético acidente na central nuclear.

Marisa Matias considera que encerrar a central nuclear de Almaraz é uma necessidade premente. A justificá-la está um estudo feito em 2010 pelo Exército português que dava conta de que um acidente afetaria 800 mil pessoas em Portugal.

“Há sete anos, o Exército português concluía que um acidente nuclear grave em Almaraz poderia afetar 800 mil pessoas em Portugal. Passaram sete anos, as instalações continuam a funcionar para além do tempo previsto e os acidentes nos últimos anos têm sido recorrentes”, lamenta a eurodeputada.

Numa publicação na rede social Facebook, Marisa Matias escreve que, “para o bem de todos, urge encerrar Almaraz”.

“Os números são de 2010. Não sei quantas seriam as vítimas hoje em Portugal e em Espanha porque, como todos sabemos, o nuclear não conhece fronteiras”, acrescentou.

Goreti Pera | Notícias ao Minuto

“SÁBIOS” DA EDUCAÇÃO REÚNEM EM ENCONTRO OCDE… E EXCLUEM OS PAIS


Educação 2030. Já ouviu falar disso? Pois então fique sabendo que é um programa da OCDE que reúne professores, alunos, investigadores e responsáveis políticos de mais de 30 países. Curioso é que não têm abertura aos pais dos alunos. A não ser que tratem somente do ensino dos maiores e dos recém-adultos. Pois é, os pais ficam de fora… E são esses que têm também tanto a dizer. Porquê a exclusão? Para não “incomodarem”? Pois. Os senhores dos “canudos”, a coberto das suas sapiências, é que sabem. Os pais são os tais broncos que produzem com os órgãos genitais a matéria com que depois os encanudados trabalham. Isto está “grosso”, mas merecem esta fórmula. Se não gostam de ser assim tratados podem ter a certeza que os pais também não gostam de ser assim excluídos em coisa tão importante, que é a instrução dos filhos. É que educação dão eles em casa mas depois nas escolas é-lhes proporcionada outra, pior, na generalidade. Pelo menos em Portugal nas escolas públicas. A instrução é dada nas escolas, a educação vem do berço e da vivência. Que há escolas que também educam, pois há. Mas quais?

É evidente que tudo o que aqui atrás é referido destina-se a ser considerado vão ou até estúpido para os que “estudaram superiormente” longe das dificuldades da maioria da sociedade constituída por trabalhadores mal remunerados  e a trabalhar para o fausto de muitos grandes patrões parasitas e negreiros. Mas a realidade do quotidiano mostra que sem pais participativos não há educação e que por isso eles devem de ter mais tempo destinado aos filhos em vez de aos empresários para quem trabalham por uma tuta-e-meia durante um ror de horas e de abusos patronais (há também professores vítimas disso). De exploração pura e dura. Pois é, viver em sociedade implica que está tudo encadeado. As horas de trabalho, os transportes, o tempo de percurso, as remunerações esclavagistas, os filhos, as escolas, a instrução, a cultura, o lazer, a saúde mental e intelectual, etc..

É salientado no título da peça que se segue, na TSF, que “os alunos chumbam demais e passam horas em excesso nas aulas”. Está tudo ligado novamente. A saturação pelo abuso de horas de aulas talvez se destine a “treinar” os alunos para depois também estarem preparados para trabalhar, trabalhar, trabalhar… A troco de vencimentos de miséria. Claro que isto pode ser ironia… No caso de Portugal nem tanto.

O tema tem pano para mangas mas o insucesso escolar talvez seja fruto de como esta sociedade portuguesa é miserável nos rendimentos familiares e também na própria cultura de alguns pais. Há milhentos portugueses que mal sabem ler e escrever, são produto de uma iletracia impressionante. E assim se fazem novos broncos que servem quase somente para escravos de patronato sem escrúpulos, muitas vezes sem condições para serem empresários por falta de quase tudo, principalmente de respeito e consideração pelos seus empregados e famílias.

O melhor, por agora, é terminar. Não cabe aos professores resolverem estes problemas da sociedade, mas cabe aos políticos. Cabe principalmente a ambos os profissionais, resolver o que devem resolver em prol de o melhor para as famílias, para as empresas, para as escolas, para os alunos, para os professores, para o país e respetivas sociedades – presente e futura. Em tudo isso, têm, devem, englobar os pais, em vez de somente os classificar como objetos de fornicação e reprodução das próximas vítimas daquilo a que chamam educação.

MM / PG

OLHO VIVO… E ATÉ AO NOSSO REGRESSO


Tudo está bem quando acaba bem, dizem. Como Portugal não acaba pelos tempos mais próximos, talvez séculos, não está tudo bem. Há por aí uns sucessos que nos põem felizes justificadamente, mas também há por aí insucessos que nos carregam de dificuldades, de infelicidade, de fome, de desemprego, etc. A pobreza extrema abunda em Portugal e na Europa do Sul. Porém, não se duvide que se acaso Passos Coelho, Portas, Cavaco e os seus correligionários se mantivessem nos cargos que ocuparam até 2016, tudo estaria muito pior. Costa e a tal chamada geringonça (gosto do nome mas desconfio muito do autor) vieram despoluir o cinzentão podre com que Cavaco, Passos, o PSD, Portas, o CDS e etc. contagiaram Portugal e os portugueses. Os índices na economia sobem e mostram-se positivos, o otimismpo dos portugueses está em alta, a confiança idem, e a esperança em melhores dias regressou, enquanto que com Passos o que já se andava a perspetivar era como correr com ele e a sua cambada. Adiante.

Se continuar a ler terá de seguida o Expresso Curto do costume. É um balanço razoável para começar o dia. Convém ler com o cérebro a funcionar e ver os prós e contras do que contém. Por nada, mas é que por ali às vezes surgem umas rasteiras à Bilderberg Balsemão & Companhia. Cousa que acontece em todos os jornais e outros órgãos de comunicação mais para o enriçado e manutenção do sistema emporcalhado em que se movem os exploradores dos grandes capitais sacados aos otários que são a força do trabalho que rende e à especulação dos negócios que tantas vezes se deviam chamar roubos. Enfim, é o que temos.

E então siga para o Curto. Como vamos fazer uma suspensão no acompanhamento do Curto aqui no PG deixamos a si especialmente a possibilidade de o continuar a acompanhar na origem. Comodamente deparará no final de toda a prosa de Rui Gustavo – que é quem serve a chávena cafeeira -  com a possibilidade de receber a newsletter diária que nos serve de razão para estas “entradas” à má-fila no PG. Siga para bingo que está com sorte. Por nós havemos de criar modo de começar o PG de outro modo. Vamos pensar nisso. Agradecidos por estar connosco. E não se deixe “adormecer” com certos e incertos blá-blás que são uma grande tanga. Passos Coelho é um desses tanguistas… mas há muitos mais. Olho vivo. Adeus, até ao nosso regresso!

MM | PG

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