Ana
Alexandra Gonçalves*
A
candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa não foge à regra do que CDS
nos tem habituado nos últimos tempos: mediocridade e inanidade casaram e serão
felizes para sempre. Mas agora a candidata do CDS contou com um apoio de peso:
o PPM cujo vice-presidente Gonçalo da Câmara Pereira nos brindou com palavras
inesquecíveis sobretudo se fossem proferidas há dois séculos atrás.
O
apoio de peso do PPM começou com os elogios de Gonçalo da Câmara Pereira à
candidata do CDS, lembrando que Assunção é uma mulher "casada que provou,
como a maioria das portuguesas, que pode trabalhar e ter filhos, já que não
descurou o trabalho e não descurou a casa". E o marido de Assunção? Não
sabemos. Não interessa. Afinal de contas estamos em pleno século XIX.
Não
satisfeito, Gonçalo da Câmara Pereira enveredou pelo caminho das analogias,
entre mulher e a cidade. Assim sendo "Lisboa é neste momento agradável à
vista e fotogénica, mas de espartilho (neste particular recuamos até ao século
XVI, embora com um efémero regresso já no século XXI) e saia travada".
Continuamos em pleno século XIX. E o apoio de peso a Cristas continua:
"...com dificuldades em respirar e andar. Como mulher a Dra. Cristas sabe
bem que, para se trabalhar, não se pode usar espartilho nem saia travada e, se
necessário, vestir calças que ultimamente não se sabe bem onde andam, custam a
ver". Já para não falar das críticas à circulação de bicicletas e
"corridinhas em fato de treino".
Cristas
responde que "calça botas e veste calças de ganga muitas vezes para estar
nos bairros sociais".
É
todo um admirável mundo velho. De há pelo menos dois séculos. É isto que
Assunção Cristas e seus apoiantes têm para oferecer à cidade de Lisboa, ao
país, ao mundo, isto e 20 estações de metro - um plano antigo e já anteriormente
proposto por outros partidos. É todo um admirável mundo velho, com um sorriso
nos lábios e a indumentária certa.
*
Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão
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